Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 25
Capítulo XXV




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Miguel estava a caminho da sala do diretor, logo após o término da reunião no Royal Garden. Enquanto todos se preparavam para ir embora, nos dias em que Kukai tinha treino de futebol, ele costumava ir até ali, e ver o batsu-tama de Matthew. Não sabia explicar exatamente quando ou como aquele tipo de ligação entre ele e o ovo teve início, mas ele estava tão acostumado a apenas ir até lá e conversar com ele durante algum tempo, que nem fazia mais diferença.

— Eu ainda penso que tu não deverias perder tempo com este ovo, Miguel… – Grace reclamava, sentada no ombro dele – Tens um namorado, agora! E não apenas isso, mas ele é lindo! Você devia estar passando o tempo com ele, praticando! Tem taaanta coisa que vocês podiam fazer juntos, que é muito mais proveitosa do que conversar com o ovo! – ela revirou os olhinhos dourados, aborrecida – És um tolo mesmo, Miguel….

— Eu já entendi, Grace – ele respondeu, acostumado a ser repreendido pela Chara por coisas como essas – Eu só vou conversar com o Ovo Negro por um instantinho, e depois vou encontrar com ele, está bem? Tenho a impressão de que ultimamente ele tem respondido melhor a isso, acho que até me ouve…

— Está bem… mas da próxima vez que estiver com Shunsuke, deixe-me ativar o Chara Change! Por favooooor! – ela implorou, queixosa.

— Absolutamente não! – Miguel foi categórico – De jeito nenhum, eu vou deixar você afugentar o Shunsuke dessa forma! Não quero assustá-lo, e eu sei muito bem que você perde o controle quando se transforma, e me deixa em maus lençóis depois!

— Miguel, tu és muito tedioso! – ela resmungou, saindo do ombro dele para flutuar em frente os seus olhos – Não quero mais saber, tu não sabe meeeesmo como se divertir! Vou procurar os outros charas, eles sim sabem brincar! – ela mostrou a língua pra ele, e então saiu voando escada abaixo – Seu chato!

— Ah, está bem – Miguel suspirou, e continuou em seu caminho. Bateu na porta do diretor, mas ninguém respondeu. Ele deveria estar fora, pois quando Miguel abriu uma fresta da porta, não havia realmente ninguém na sala. Ele esperou alguns segundos, imaginando que talvez Tsukasa tivesse saído por alguma das passagens secretas, mas como ele não apareceu de volta, seguiu pelo caminho conhecido, e andou até a enorme estante que rodeava todo o cômodo, parando em frente à pequena gaiolinha negra. Pessoas comuns não veriam nada dentro dela, mas Miguel podia enxergar o pequeno ovo negro, marcado com um X, que estava envolto por uma pesada energia negativa, que fazia o coração de Miguel apertar-se só de se aproximar.

— Olá, pequeno… - ele chamou, tocando com os dedos a gaiola. Ela transmitia pequenos choques elétricos, oriundos do contato com o batsu-tama, mas Miguel não se importava. – Está tudo bem contigo hoje? – O ovinho se virou para ele, parecendo acuado, mas ainda ouvindo o que dizia. Miguel sorriu, e ele se aproximou um pouquinho mais da borda, como um pequeno animal amedrontado que ainda está desconfiado, mas curioso. – Está a sentir muito a falta do seu dono, não é? Deve ser doloroso, ficar longe dele por tanto tempo assim… mas seu dono não está fazendo algo certo, eu sei que tu entendes, que nós o mantemos aqui por que é o melhor, tanto para você quanto para ele. Quando tudo isso terminar, e nós conseguirmos purificar você e todos os outros ovos modificados, você poderá voltar para onde ele está. Talvez até consiga convencê-lo a parar de recolher os ovos das crianças, não é? Por que eu sei que você é um ovo muito bom, que virou batsu-tama por algo ruim que te aconteceu… nenhum desejo do coração nasce malvado, e eu tenho certeza de que você nasceu de um sonho lindo e puro, do coração do Matthew… e é para lá que você quer voltar, não é? Vais voltar a ser um ovo branco, eu sei disso…

O ovo ouvia tudo o que Miguel dizia com atenção, e fazia pequenos sonzinhos, que pareciam soluços de um choro muito baixo. Miguel colocou os dedos por entre as grades, e o acariciou de leve, sentindo-o estremecer ao seu toque. Ele estava tão frio, e desamparado. Se Miguel pudesse, teria o abraçado. Ele era apenas um ovo, longe do seu dono, frágil e sensível. Ele era apenas o sonho de alguém, e mesmo que essa pessoa pudesse usá-lo sem a melhor das intenções, ainda merecia ter a chance de cumprir seu destino. Era isso o que Miguel pensava, mas é claro que não podiam devolvê-lo a Matthew simplesmente, e deixá-lo ainda mais forte para lutar. Era como entregar armas aos inimigos, essencialmente errado. Mas, de alguma forma, Miguel julgava que era ainda mais errado manter o ovo preso daquela maneira, cada dia ficando mais fraco, correndo o risco de sumir para sempre.

Repentinamente, Miguel ouviu batidas na porta, e sobressaltou. Uma fresta se abriu, e com o coração dando um salto, ele reconheceu quem se aproximava.

— Então você estava aqui, Miguel-kun… - Shunsuke abriu um enorme sorriso, que fez o português balançar. – Eu te procurei por todo canto, a ruivinha disse que você estaria na sala do diretor...

— B-bem, sim, eu estava a fazer uma tarefa dos guardiões. – Miguel respondeu, hesitante, aproximando-se do lugar perto da porta onde Shunsuke parara.

— Você ainda vai demorar? Ou está… esperando pelo diretor? – Shunsuke indagou, curioso.

— Eu já estava indo, na verdade, hoje o Tsukasa-san não está aqui ao que parece… - Miguel respondeu simplesmente, dando uma outra olhada na direção do ovo, vendo que ele parecia um tanto mais agitado, trêmulo, parecendo querer sair da gaiola de qualquer maneira, como se estivesse sendo atraído para a direção onde eles estavam.

— Está tudo bem se eu roubar você agora, então? – Shunsuke acariciou o rosto do português, fingindo não notar a agitação do seu ovo ao fundo.

— E-eu não sei… - Miguel estava preocupado com a forma estranha que o batsu-tama estava agindo, mas ao mesmo tempo, o toque de Shunsuke o confundia, e não deixava que raciocinasse direito.

— Vamos, é só por algum tempinho, ninguém vai saber… -Shunsuke o segurou pela mão, trazendo-o na direção do corredor sutilmente. – Eu estou com saudades de você, Miguel-kun…

— T-tudo b-bem… - Miguel, pouco acostumado a ter tanta atenção, não conseguiu resistir. Deixou que Shunsuke o levasse, e como ele ainda o segurava pela mão enquanto andavam, não havia como escapar. Ele nunca andara com ninguém de maõs dadas, e estava tão absorto pensando nisso, que não percebeu quando Shunsuke fez um sinal discreto com a mão, atrás das costas.

Aparentemente não havia ninguém no corredor, porém, assim que Shunsuke sumiu com Miguel pelas escadas que levavam até o telhado, uma garota magra, de cabelos loiros amarrados em um alto rabo de cavalo, e óculos de leitura esquisitos, que pareciam muito estranhos no rosto dela, surgiu de trás de uma pilastra. Ela usava o uniforme feminino da escola, mas seria fácil perceber que ela não era uma aluna como as outras. Além de aparentar ser mais velha do que a média de idade dos alunos do ginásio, a garota tinha uma expressão muito maliciosa no rosto.

Ela se aproximou da sala do diretor, tirando os óculos grandes e guardando no bolso do paletó, e adentrou o local sem nenhuma cerimônia. Tão inebriado pela presença de Shunsuke, Miguel saiu sem nem mesmo pensar em fechar a porta ou algo assim.

Como era evidente, a garota disfarçada era Watanabe Kaori, a parceira de Matthew. Ela entrou na sala do diretor, enquanto sua Chara, Jun, que a acompanhava, ficou cuidando a porta. Logo seus olhos focaram na pequena gaiola da estante, que se agitava tanto que podia cair lá de cima a qualquer instante.

— Aqui está. Finalmente, bom trabalho com suas pesquisas, ou melhor, investigações, Matt… - ela sorriu abertamente, andando até a gaiola e segurando-a entre as mãos. – Então é você o sonho daquele grande idiota…

Matthew havia pesquisado cuidadosamente sobre os horários de Tsukasa e de Miguel durante aquela semana, então sabia exatamente em que dia e hora Tsukasa não estaria no seu escritório. Claro que isso batia com o dia em que Miguel ia visitar o seu ovo, mas para superar isso, ele só precisava distrair Miguel por tempo suficiente, e, modéstia a parte, nisso ele era especialista.

O plano de Kaori consistia basicamente em pegar o ovo e fugir, mas Jun ainda não havia indicado nenhum sinal de perigo, e havia sido tão fácil encontrar o batsu-tama, era como se tivessem praticamente o entregado de bandeja. Kaori não sentia nenhuma emoção nisso, e como era uma pessoa sempre muito ávida por informação, ela resolveu dar uma olhada na mesa de Tsukasa, tentando verificar se encontraria alguma coisa interessante.

Ela abriu uma a uma as gavetas da escrivaninha. Na primeira, haviam revistas de numerologia, tarô, adivinhação e previsão do futuro, zodíacos, e todo tipo de assunto esotérico. Não parecia o tipo de assunto que normalmente atrairia um diretor de escola, mas Kaori estava pouco se importando. Na segunda gaveta, havia sim alguns papéis, mas a maioria era de assuntos burocráticos, financeiros, nada que a atraísse. A última gaveta estava trancada com chave. Isso ativou o senso de jornalista da garota, e automaticamente, seu chara change, materializando um chapéu em sua cabeça, e uma vontade louca de abrir aquela maldita gaveta.

— O que tem aqui dentro… - sibilou, fazendo força – Eu quero saber! - Ela forçou ao máximo, e vendo que não conseguiria abri-la, puxou um grampo do cabelo, colocando-o o buraco da fechadura, e movimentando-o da maneira correta, para conseguir destrancar a abertura.

— Kaori, o que está fazendo?! – depois de sentir o chara da dona sendo ativado por descuido, Jun correu até ela – Nós temos que ir logo embora, antes que alguém volte!

— Mas… tem algo escondido aqui, eu preciso saber o que é! – ela reclamou, muito concentrada no que fazia. Jun revoou ao lado dela, preocupada.

— Os Charas deles vão poder sentir o seu chara change de longe, e não vai demorar para que eles venham até aqui checar! – Jun reclamou – Nós temos que ir embora logo!

— E a sua curiosidade, Jun-chan, você não quer saber o que tem aqui?

— Eu quero, mas o meu senso de urgência é muito mais forte do que o de investigação! Vamos logo embora daqui!

Antes que Jun pudesse convencer a dona a fugir, porém, vozes foram ouvidas ao longe. Kaori agarrou a gaiola com o ovo, e se escondeu debaixo da mesa, rapidamente. No mesmo momento, ouviram as vozes ainda mais altas, e o barulho da porta se abrindo.

— Eu juro, nós sentimos uma onda de energia que só podia ser do Chara Change! E se não foi nenhum de nós que ativou, então tem que ter algum outro chara por aqui! – Kaori não sabia identificar as vozes, mas ao que parecia, havia muitas pessoas, e seus charas, na porta.

— Eu sinto o poder de algum Chara diferente vindo daqui!

— Um ataque!!! Invasão!! Tadase faça alguma coisa, estão invadindo seu território! É uma guerra, defenda-se!

— Calma, Kiseki! Vamos apenas verificar por enquanto… - a voz deveria ser do pequeno reizinho, que andava a frente dos outros. Kaori não enxergava nada do seu esconderijo, mas sentiu que se aproximavam.

— O Micchan não deveria estar aqui? – a voz feminina parecia pertencer àquela Joker de cabelo rosa, mas Kaori não tinha certeza.

Apuesto a que está caminando por ahí con aquello Shunsuke! Últimamente estos dos van juntos mucho más de lo normal ... (Aposto como ele está passeando por aí com aquele Shunsuke! Ultimamente esses dois andam muito mais juntos do que o normal…) – a espanhola figurou, insinuantemente.

I think so too! Are they doing something suspicious... (Eu também acho! Será que eles estão fazendo alguma coisa suspeita…) – o tom de voz da inglesa era de quem estava muito animado com a perspectiva, e Kaori desejou mais do que tudo que eles continuassem essa conversa interessante longe dali.

— Aaaah, eu realmente espero que sim! – outra voz fininha, que provavelmente pertencia à Chara de Miguel, dado a sua risada escandalosa, e parecia ter que se conter muito para esconder a verdade dos outros.

— Hotori-kun, aqui… - agora quem falava era um garoto, e pela voz comedida, Kaori tinha o palpite de que se tratava do valete de cabelos compridos – Onde está o batsu-tama que capturamos?

Todos arquejaram, só reparando agora no vazio da estante. Kaori se encolheu, abraçando a gaiolinha inconscientemente, e Jun se escondeu no bolso do paletó dela.

Maybe... Micchan has taken him home again, like that time? (Talvez... Micchan tenha levado ele para casa de novo, como naquela vez?) – Anna sugeriu, inocentemente, mas todos já haviam começado a olhar ao redor, procurando por outro rastro daquele sinal anterior.

Kaori sentiu a aproximação, e viu os passos de alguém chegando perto da mesa. Sem mais nenhuma escapatória, ela resolveu abandonar o bom senso, e agir por impulso, como sempre fazia. Esse era seu modo de operar. Ainda com a gaiola bem segura nas mãos, ela rolou para fora da mesa, dando um salto e indo para o alto da mesa, revelando sua presença para todos.

— Certo, vocês me descobriram! – ela gritou, desamarrando o rabo de cavalo e olhando para cada rosto atônito dos guardiões que a olhavam de baixo. Eram apenas Tadase, Amu, Nagihiko, Anna e Stéffanie, mas Kaori sabia que não tardaria até que eles chamassem os outros, e ela tinha que ser mais esperta e escapar enquanto ainda tinha a vantagem. – Acho que tinha que ser assim, afinal, a vida fica muito chata sem emoção, não é? Jun-chan, agora!

Por um breve momento, todos ficaram atordoados com a forte luz que ofuscou seu seus olhos, e quando finalmente foram capazes de enxergar, Kaori já estava no Chara Nari, e saltava para fora da sala com a gaiola em mãos.

— Rápido, todos atrás dela! – Tadase ordenou.

Os cinco guardiões saíram o mais rápido que podiam atrás da inimiga. Amu fez o chara change com Ran, já que não havia tempo para se transformar totalmente agora, e saiu voando com as asas que surgiram em seus pés.

Os outros eram mais lentos e acabaram ficando para trás, mas enquanto Kaori escapava pela escadaria, com Amu em seu encalço, Tadase os conduziu por uma passagem secreta do corredor, e eles chegaram ao pátio antes das duas. Logo Kaori surgiu pela porta principal, e deu de cara com os guardiões, que já estavam inclusive, transformados no chara nari. Amu aproveitou e se transformou também.

Kaori estava cercada, e sem nenhuma escapatória. Matthew estava com o português fazendo sabe-se lá o que, e ela não tinha como fugir. Maldito meio-americano gay! Era tudo culpa dele e da sua estúpida mania de só fazer o que convinha a ele. Ela estava com vontade de quebrar aquele batsu-tama idiota ali mesmo, por tê-la colocado em uma circunstância como essa.

— Você não tem como fugir daqui, Kaori-san! – Tadase gritou, apontando para ela seu cetro – Entregue o batsu-tama, e nós a deixamos ir… - ele tentou negociar, mas Kaori sorriu superiormente, como se realmente estivesse por cima da situação.

— Vocês tem tanto medo assim do meu ataque que até mesmo vão me deixar ir? Ah, guardiões tolinhos, aposto como devem estar cheios de segredos sujos que querem guardar a qualquer custo, não é? – ela ameaçou, segurando a gaiola com uma só mão, enquanto materializava seu microfone com a outra.

“Kaori devolveu a gaiola sem pestanejar…” – Stéffanie ia escrevendo, mas a loira percebeu. Lançou o fio do microfone sua na direção, e um tipo de choque elétrico transpassou, tirando o livro das mãos dela antes que pudesse terminar de escrever.

— Não vou deixar você controlar minhas ações, queridinha, não hoje! – ela gritou, e Stéffanie teve o impulso de pular no pescoço dela e tirar a gaiola das suas mãos à força, mas Nagihiko a segurou, a tempo, evitando que ela tomasse outro choque, dessa vez ainda mais forte.

Enquanto Stéffanie continuava a gritar palavrões em espanhol para a garota, Tadase aproveitou para chamar cada um dos guardiões que não estavam ali. Rima e Giovanni apareceram quase no mesmo segundo, pois estava saindo da biblioteca juntos quando receberam o chamado, então estavam relativamente perto. Kukai ainda estava no treino de futebol e não tinha como atender, e Yaya e Kairi estavam no Royal Garden, mas Tadase não conseguiu contatar Miguel.





Muitos andares acima do pátio, no telhado do prédio, Miguel estava enfrentando outro problema, um pouco mais agradável, por sinal.

— S-shunsuke, nós temos que ir… a e-escola vai fechar… n-não tem mais ninguém aqui… - ele gaguejava indistintamente, e no mesmo instante, foi interrompido por outro beijo de Shunsuke, que o abraçava com força, trazendo-o para ainda mais perto de si.

— Você não precisa… - ele murmurou, ainda com os lábios colados no dele – Vamos ficar aqui mais tempo, vamos?

— N-não… e-eu… t-tenho que ir para casa… - ele ainda relutava, embora sua mente estivesse completamente enevoada… Ele nem lembrava mais o motivo pelo qual tinha que ir. Shunsuke aprofundou o beijo, explorando com a língua a boca do português, fazendo-o perder o fôlego e a razão de uma só vez. O telefone dele vibrava sem parar, e Shunsuke abriu os olhos, ainda beijando-o, e tirou o celular do alcance de Miguel. Eles não precisavam de interrupções agora.

— Hm-hum… Daqui a pouco… - ele sussurrou no ouvido dele, depositando beijos rápidos na sua bochecha, no nariz, na testa…. Até chegar novamente nos lábios, e roubá-los para si mais uma vez, sem dar a ele a chance de pensar. Desceu pelo pescoço, fazendo Miguel soltar um ruído abafado, e quase sorriu para si mesmo.

Há essa hora, Kaori já devia ter pegado o batsu-tama e saído dali sem que ninguém notasse, mas ela ainda não enviara a mensagem confirmando que estava tudo terminado, e como o celular de Miguel não parava de vibrar, era evidente que ela havia sido notada, e agora estava lutando com os guardiões. Aquela idiota, nem mesmo isso conseguia fazer sozinha.

Miguel não tinha como reagir, e apenas se deixava levar pelos atos de Shunsuke, que realmente parecia saber o que estava fazendo. Apesar disso, Matthew sentia que deveria dar um jeito de sair dali antes de Miguel, e ajudar Kaori a escapar dessa… porém, mesmo sabendo disso, ele não sentia nenhuma vontade de sair dali agora.

— Ah, ouviu alguma coisa, Shunsuke? – Miguel o interrompeu de repente, afastando-se alguns centímetros.

— Não, não ouvi nada… - ele estava pronto para voltar a ocupar os lábios de Miguel com outra coisa que não fosse falar, mas o moreno levantou, correndo até a grade lateral.

Ao longe, ele viu os guardiões todos lutando, com aquela que parecia ser Kaori. Rima tentava alcançá-la com o Tight Rope Dancer, e Giovanni sobrevoava o local, impedindo que ela de alguma forma fugisse pelo alto. Anna desenhara um elfo, loiro e alto, que atirava flechas na garota, mas ela conseguia se defender delas, usando a energia negra do ovo que tinha consigo, enquanto Tadase tentava prendê-la no Holy Crown, e Amu a atacava com o Heart Rod

— Eu tenho que ir, Shunsuke! – ele disse imediatamente, e saiu correndo no mesmo instante, sem dar nenhuma explicação, e sem nem reparar que seu celular havia ficado com Shunsuke.

— Droga… - ele tirou os óculos e colocou no bolso, assim que viu Miguel sumir escada abaixo. Desarrumou os cabelos, até eles cobrirem parte da sua face, e puxou a capa negra por cima da roupa.

Ele invocou os batsu-tamas que controlava, e eles vieram em horda. Matthew pulou na direção deles, e então, aterrissou exatamente no local onde os guardiões lutavam.

— Finalmente! – Kaori praguejou, desviando ao mesmo tempo das flechas do elfo de Anna e de uma bolada de Nagihiko – Vamos, me tira daqui, seu inútil!

— Você não consegue nem escapar de umas criancinhas, Kaori? Que vergonha! E olha que nem estão todos aqui…

— Eu já peguei seu ovo, vamos só sair daqui logo!! Esse problema todo não teria acontecido, pra começar, se você não fosse tão idiota, e deixasse seu ovo ser capturado, não é?

— Chega de reclamar… - ele suspirou, revirando os olhos, e ergueu os braços. no mesmo segundo, todos os ovos vieram em alta velocidade, e atacaram um a um os guardiões.

Giovanni, que ainda estava sobrevoando o local, inclinou-se para voar baixo e rápido, retirando Rima do lugar onde os batsu-tamas a atacariam diretamente. Ele a pegou no colo, e voou para o lado, impedindo que fosse atingida.

— Obrigada, Agostinni-san… - ela murmurou em voz baixa, ainda surpresa com a sequência rápida de eventos. Ela nem havia reparado no que a atacaria, e já estava a salvo nos braço de Giovanni.

N-non era niente. Tutto bene? (Não foi nada. Você está bem?) – ele indagou, corando ligeiramente.

— Sim. pode me colocar no chão, agora… - ela lembrou, e ele, corando furiosamente, finalmente percebeu que ainda estava com ela nos braços.

Scusami! (Me desculpe) – Ele se apressou em dizer, pousando e a colocando de volta no solo em segurança.

Enquanto isso, todos os outros tentavam se livrar da chuva de batsu-tamas que os atacavam ao mesmo tempo. Tadase tentava contê-los com o Holy Crown, mas eles eram realmente muitos e não paravam de aparecer mais. Amu tentou purifica-los, é claro, mas nada do que fazia surtiu efeito.

— Você não pode trazer sua irmã como fez naquela vez? – Nagihiko sugeriu para Stéffanie, enquanto evitava que os ovos a atingissem, como sempre fazia.

Lo intento, pero no sé dónde está, no puedo llevar de esta manera ... (Eu estou tentando, mas não sei onde ela está, não posso trazê-la dessa forma…) – ela replicou, impaciente, tentando de alguma forma escrever algo que pudesse ajudar aos outros.

Miguel chegou ao pátio naquele exato momento, ofegante por ter corrido os lances de escada todos e sem nem conseguir respirar direito. Viu Matthew e Kaori lutando com os outros, e então, Grace veio vindo na sua direção, agitada.

— Aonde é que tu esteve, Miguel! Tadase estava ligando para ti feito um louco! – ela gritou, ao vê-lo.

— Agora não, Grace, depois conversamos direito. Vamos lá, Chara nari! – ele disse, e ela acatou, milagrosamente sem dizer mais nada.

Depois que ele se transformou, correu até os outros, lançando seu chicote assim que chegara perto o suficiente para alcançar Matthew.

Ele conseguiu prendê-lo, mas Matt desvencilhou-se com facilidade. Quando viu que Miguel chegara, ofegou, e não fez nenhum dos comentários ácidos que costumava desferir sempre que o via. Estava sério, e queria sair dali o mais rápido possível, sem enrolar mais. Kaori já estava com o ovo, ele não precisava de mais nada.

— Vamos acabar com esses pirralhos agora, Matt! Você tem seu ovo, e eles estão perdidinhos! – ela apontou para todos os guardiões, que tentavam a todo custo escapar dos batsu-tamas, mas estavam cada vez mais cercados por eles, sem escapatória.

— Não, ele ainda está fraco. – ele respondeu apenas, tirando a gaiola da mão da garota. Olhou de relance para Miguel, que ainda o encarava seriamente, em posição defensiva. Enquanto todos os outros estavam sendo atacados pelos ovos, ele era o único que podia detê-los, mas sabia muito bem que não ganharia uma luta contra os dois, estando em menor número. – Vamos embora.

— O que? Seu viadinho covarde! Vamos lutar!!!!! – ela reclamou, nem parecendo a garota que quase foi pega em flagrante minutos antes, e Matthew a segurou pelo braço. Os ovos voltaram para ele, com um único comando, e então, todos sumiram ao mesmo tempo.

Os guardiões se entreolharam, confusos com o término tão súbito da sua luta. Miguel se aproximou deles.

— Desculpem-me por ter demorado tanto. Eu não vi meu celular tocando e… perdoem-me por isso. – ele baixou os olhos, constrangido.

— Está tudo bem… - Tadase respondeu, suspirando. – De alguma forma, ela conseguiu se infiltrar nessa escola, e já estava com o ovo quando a vimos. Ela teria conseguido escapar de qualquer forma, com a ajuda de Matthew. Eles estavam muito bem organizados, e nós não estávamos realmente preparados para uma luta. Acho que baixamos nossa guarda…

— Mas… era para eu estar com o ovo! A culpa é minha… - Miguel insistiu, arrependido.

It’s all right, Micchan, is not your fault. We were all wrong, and fumbled to fight ... (Está tudo bem, Micchan, não é sua culpa. Todos nós fomos mal, e no atrapalhamos para lutar...) – Anna sorriu tranquilizadoramente para ele, passando de leve a mão em seu braço. Como ela chegou mais perto, notou algo que ninguém mais perceberia. – What's that on your neck? (O que é isso no seu pescoço?) – ela indagou, surpresa.

— N-nada! – ele respondeu, nada convincente, escondendo a região com a gola da capa vermelha. Por sorte, ninguém mais ouviu a conversa, pois Yaya vinha chegando pelo outro lado, correndo a toda velocidade, e com Kairi seguindo-a mais atrás, completamente acabado.

— Descuuuulpa, a Yaya se enrolou com uns problemas no Royal Garden, não conseguiu vir!!! – ela gritou – Os estudantes estavam todos lá, querendo exigir coisas, a Yaya não sabe lidar com isso!!!

— D-desculpem… a… demora… - Kairi mal conseguia falar, e se apoiava nos joelhos, com os óculos quase escorregando pelo nariz. Evidentemente, era ele quem estava cuidando dos tais problemas de verdade.

— Mas.. parece que a diversão toda já terminou! Que chato! O que aconteceu?

— Vamos voltar pro Royal Garden. Vou fazer um chá, e nós discutimos direito o assunto – Nagihiko sugeriu, e todos aceitaram a ideia.

Anna lançou um último olhar desconfiado para Miguel, mas ele fingiu não notar, e depois de todos desfazerem suas transformações, foram seguindo lentamente de volta para o Royal Garden, discutindo sobre o que deveriam fazer agora. Haviam perdido o grande trunfo que tinham sobre Matthew, de uma forma bem patética, ninguém sabia muito bem o que pensar sobre isso. No entanto, com toda a certeza, nada bom poderia vir disso.








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Notas finais do capítulo

Legolas desenhado pela Anna: http://www.zerochan.net/301097

Eu adoro esse capítulo XD espero que tenham gostado também... Matt finalmente recuperou seu ovo, e agora, o que os guardiões vão fazer, já que perderam a única vantagem que tinham? E como vai ficar o namoro do Miguel ? Palpites sobre o que é o sonho do Matt? Ah, deixem reviews, são sempre bem-vindos XD

Até o próximo, com a senpai!



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