Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 21
Capítulo XXI




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Quando finalmente chegou até o local onde Stéffanie escreveu que ela devia estar, Anna só encontrou uma grande e confusa bagunça. Demorou alguns segundos para ela entender o que acontecia, mas ao que parecia, a garota chamada Kaori, parceira de Matthew, resolvera atacar por si só, e os guardiões estavam se defendendo dela.

Nesse momento, eles estavam em uma passagem entre dois prédios, da rua comercial, que deveria normalmente ser usada para carga e descarga das lojas grandes, mas que agora era apenas o lugar perfeito para que eles pudessem se transformar sem que ninguém na rua os notasse. Kaori parecia decidida a atraí-los para fora dali, e fazer confusão na rua mesmo, mas os guardiões relutavam e se defendiam como podiam.

— Ah, Anna-tan chegou! – Yaya anunciou, fazendo com que a inglesa perdesse qualquer chance de atacar sorrateiramente, com sua chegada surpresa. Na verdade, ela estava sob efeito do ataque de Kaori, pois ela pretendia acertar Nagihiko, e Yaya por engano foi atingida, e agora ela não parava de falar sem parar, o que estava deixando tanto a vilã quanto os seus próprios aliados completamente atordoados.

A maior parte deles já estava transformada, exceto por Stéffanie, que por ter usado o seu chara change anteriormente, ajudando Anna, não tinha mais tanta energia assim para se transformar, e Yaya, que fora atacada antes de poder fazer chara nari. Giovanni havia saído segundos antes dali, voando para chamar Miguel e Kukai, que ainda estavam na escola.

Amu, Kairi e Tadase faziam uma frente de batalha, rebatendo toda energia negativa que Kaori acumulava no seu microfone, para depois tentar atingi-los, e Nagihiko estava um pouco mais atrás, protegendo Stéffanie que tentava ajudar o pouco que podia com o seu chara change.

Anna se apressou em transformar-se também, e juntou-se aos colegas rapidamente desenhando um personagem ágil e rápido, de capa verde e duas espadas longas de metal, que foi logo tentando atacar Kaori, pelo alto.

— Ah, maldita fedelha, quem foi que chamou você aqui, hein? – Kaori defendeu-se do ataque com a energia negra, então teve que parar de atacar os outros nesse meio tempo – Se não fosse aquele inútil do Matt, eu não teria que fazer isso sozinha… - ela sibilou para si mesma, inconformada. Ela não sabia manejar os batsu tamas da mesma forma que ele, então tinha que se virar como podia apenas com a energia deles, e com o seu próprio poder.

— Pega ela, Desenho da Anna-tan! – Yaya continuava a gritar ensandecida, movida pelo incontrole da sua língua causado pelo ataque de Kaori – Waaaa, a vilã-san usa uma roupa tão curta!!! É indecente!!!

— Alguém faça essa garota parar!!! – Kaori gritou de volta, depois de atacar o desenho de Anna e fazê-lo sumir – Ninguém precisa de tanta sinceridade assim!

— A culpa é toda sua, agora aguenta! – Amu replicou, lançando o seu spiral heart na direção de Kaori, e fazendo-a perder o equilíbrio e quase ir ao chão, e então retornando para Amu como um boomerang.

— Hey, hey, a Yaya acha o penteado da Amu-chan muito estranho!! – ela continuou com sua sinceridade, enquanto tentava ajudar lançando os seu patinhos, que seguravam as cordas do Tightrope Dancer para tentar amarrar Kaori, mas ela desviou a tempo, pulando para trás.

Tadase lançava raios dourados do Holy Crown, para tentar prendê-la, mas não conseguia acertar nenhum. Enquanto isso, Nagihiko e Kairi defendiam a energia negra que a garota emanava, de alguma forma impedindo que os outros fossem atingidos por elas.

— O que você quer de nós, Kaori? – Tadase bradou, irritado, depois de errar o quinto tiro seguido. A loira riu alto, pulando agilmente de um lado para o outro, e parando na beirada da sacada de um dos prédios, sentando-se ali e cruzando as pernas, displicentemente.

— Acha mesmo que eu vou dizer para vocês? – ela devolveu um olhar provocador, achando graça das carinhas furiosas de todos os guardiões para ela. Deveria escolher bem o seu próximo alvo, ou acabaria sendo outro desastre. Seu ataque era limitado, e ela só podia acertar uma pessoa de cada vez.

— A Yaya sabe de onde vêm os bebês!!!! - Como nota mental, ela acrescentou a informação de que não deveria mais acertar aquela garotinha ruiva novamente.

No creo que ella puede tomar huevos negros de los niños, o de lo contrario lo habría hecho. Creo que sólo Matthew tiene ese poder, pero por alguna razón no está aquí hoy ... (Eu acho que ela não pode tirar batsu-tamas das crianças, ou do contrário já teria o feito. Acredito que apenas o Matthew tenha esse poder, mas por algum motivo, ele não está aqui hoje…) - Stéffanie disse rapidamente, enquanto eles esperavam pelo próximo movimento de Kaori, observando-a cuidadosamente.

— Por que nós não a atacamos logo?? A Yaya quer derrotá-la de uma vez!!

— Temos que aguardar, e não sermos precipitados, ou não conseguiremos descobrir o objetivo dela. – Kairi explicou, colocado em posição defensiva com sua espada.

Preparando-se para atacar, Kaori se colocou de pé, deixando os guardiões em estado de alerta. Anna desenhou novamente o homem com duas espadas, colocando-o logo a frente para defender-se de qualquer coisa que Kaori pudesse mandar. Ela se posicionou, e ergueu o microfone, iluminado por uma forte luz amarelada, e então lançou-a em frente.

— Hidden Truth! – ela bradou, e a luz avançou sinuosamente, até atingir seu alvo, Stéffanie, que estava ajoelhada no chão, sem conseguir mais escrever nada, absolutamente exausta. Sem pensar duas vezes, Nagihiko se colocou a frente dela, e recebeu todo o impacto do ataque. Kaori riu alto, triunfante. Ela ainda tinha sua implicância especial com a espanhola, mas aquilo poderia também ser vantajoso.

— Meu nome é Fujisaki Nagihiko, mas eu me vesti por muitos anos de mulher por causa da tradição da minha família. Eu sou Fujisaki Nadeshiko. – ele disse automaticamente, sem controle nenhum sobre sua língua. Kaori sorriu ainda mais abertamente, esperando reações bombásticas e confusão vinda de todos os lados, mas nada aconteceu.

— Ah, todo mundo já sabe disso! – Amu revirou os olhos, fazendo pouco caso, e Stéffanie soltou um sorriso de canto, arqueando a sobrancelha para Kaori com ar de superioridade. Dessa vez, ela tinha se enganado, e parecia indignada sobre isso.

— Vocês vão me pagar, pirralhos idiotas! – ela pulou, lançando outro ataque do microfone, que dessa vez visava diretamente Anna. Ela a acertou, e sorriu, ensandecida – Conte a verdade, princesinha!

I do not know cycling! (Eu não sei andar de bicicleta!) – ela recitou automaticamente, e o rosto de Kaori se contorceu de raiva.

— Não essa verdade, droga! Fale quem você é para seus amigos!!

— Tarde demais, Kaori-san! Nós já sabemos tudo sobre isso também! – Tadase bradou, colocando-se à frente de Anna, protetoramente – Você não tem mais nada para usar contra nós!

— Ah, é? E se eu fizer você se confessar bem aqui, na frente de todo mundo, hein Reizinho? Você vai achar legal, passar vergonha na frente de uma certa Megane-chan? – Kaori desafiou, e logo depois atirou outro raio, dessa vez em Tadase. Porem, ele foi rápido o bastante para fazer um escudo com o Holy Crown, que o manteve a salvo. Kaori bufou, inconformada, mandando vários ataques em sequência, mas sem acertar ninguém.

Cansando rapidamente daquele joguinho, ela voltou a usar a energia negativa dos batsu-tamas, enquanto tentava chamar Shunsuke, sem sucesso. Sem ele para retirar ovos do coração e controlar os batsu-tamas, não havia nenhum propósito nesse ataque. Onde é que ele havia se metido, que não respondia suas ligações?

— Ataquem, seus idiotas!!! – ela gritou para os batsu-tamas que haviam ao seu redor, inutilmente. Eles a fitaram com ar de impaciência, e começaram a gritar e revoar para todos os lados, descontrolados, atacando tudo o que viam pela frente, inclusive Kaori. – Ah, não! Saiam do meu cabelo, seus trocinhos chatos! É para atacar lá em baixo, lá em baixo!

Enquanto tentavam evitar serem atingidos pelos ovos negros, os guardiões notaram a aproximação de alguém, uma sombra projetada na parede, de alguém com uma longa capa. Na hora, ficaram em posição de alerta, pensando ser Matthew, mas o que surgiu foi simpático e gentil rosto de Rosário, irmã de Stéffanie.

— Dios mío, ¿qué estás haciendo aquí? Y con este montón de huevos negros? (Meu Deus, o que estão fazendo aqui? E com esse monte de batsu-tamas?) – ela exclamou, surpresa por vê-los ali também.

— Rosário-san? C-como nos encontrou aqui? – Tadase exclamou, externando a surpresa de todos ali.

Finalmente, logré... (Finalmente, consegui…) – Stéffanie respirou aliviada, e logo depois o seu chara change evaporou. Ela ia cair para o lado, cansada demais para se manter, mesmo sentada, mas Nagihiko, que já estava ao seu lado, segurou-a.

— Esse tempo todo… você estava escrevendo para trazer sua irmã para cá? – ele perguntou, preocupado.

Por supuesto que sí! ¿De verdad crees que me voy a sentar aquí y no hacer nada? (Claro que sim! Acha mesmo que eu ia ficar aqui sentada sem fazer nada?) – ela resmungou, com a voz fraca e cansada, e Nagihiko riu da cara irritada que ela fazia mesmo nessa situação.

— Então descanse aqui… - ele a ajeitou na calçadinha rente ao prédio, e a escorou na parede, cuidadosamente – Você já fez muito por hoje. Apenas assista eu sendo legal e derrotando aquela garota – ele piscou um dos olhos, metido e superconfiante como Rhythm certamente se orgulharia de ver. Stéffanie apenas virou o rosto irremediavelmente corado para o lado oposto, bufando de desdenho.

Quando Nagihiko retornou para a luta, Rosário já havia dado ordens para os outros reunirem os Ovos no centro. Kaori, ainda tonta por causa dos gritos e ataques desmedidos dos batsu-tamas que ela não conseguia controlar, escondeu-se em outra das sacadas dos prédios, confiante de que qualquer que fosse o plano dos pirralhos, não conseguiria mesmo purificar os seus Super Batsu-tamas modificados.

Anna desenhou um ninja vestido de preto, que saltou habilmente, e junto com seu outro desenho começou a afugentar os ovos com as espadas, pela esquerda. Tadase fez extensas barreiras douradas, com seu cetro, que foram cercando os ovos pela direita, e Yaya mandou seus patinhos, com uma rede de cordas construída por Rima com o Tightrope dancer, e impediu que os ovos fugissem por cima.

Com todos contidos dessa forma, Rosário pode começar a agir. Ela fechou os olhos, segurando com força a cruz em seu pescoço, e começou a recitar inúmeras orações, em voz baixa e rápida demais para qualquer um ali entender, fazendo o crucifixo começar a brilhar.

Están llenos de sueños y esperanzas de gloria, pura y blanca ... Y que todo mal y toda impureza que pueda estar en estos corazones se retira, y en su lugar, toda la felicidad instalarlo! (… Estejam cheios de sonhos e esperanças gloriosas, puras e brancas… e que todo o mal e toda a impureza que possa estar nestes corações se retire, e em seu lugar, se instale a felicidade!) – ela exclamou, um pouco mais alto e claro - Purifica tu corazón! – ela gritou por fim, e a luz azulada vinda do seu crucifixo aumentou consideravelmente, até tomar por inteiro o espaço entre os dois prédios onde eles se encontravam. Todos tiveram que proteger os olhos da luz em demasia, até mesmo Kaori, lá do alto, que não sabia mais o que fazer.

A luz se espalhou, chegando até os ovos, fazendo ressoar um coro de vozes que pareciam vir do céu, mais intenso a cada segundo. Em meio à todo aquele brilho, os ovos negros se renderam, cintilando e se purificando, retornando ao seu tamanho normal e ao branco que era a sua cor natural.

Todos demonstraram surpresa ao ver que realmente, o poder de Rosário havia purificado os ovos que eles tanto penaram para conseguir, e Kaori soltou um resmungo, sem conseguir acreditar que tivesse sido vencida. Aquele idiota do Matthew ia pagar, da próxima vez que o visse, por ter ficado namorando por aí e não vir ajuda-la! E ainda, ela iria ouvir reclamações do chefe, depois, por ter deixado escapar tantos ovos assim de uma vez.

A luz diminuiu, e enquanto todos os ovos flutuavam para longe, de volta para seus donos, os guardiões se reuniram ao redor de Rosário, parabenizando-a e comemorando o sucesso. Enquanto eles riam e se distraiam com isso, Kaori tentou escapar sem ser vista. Pulou de uma sacada para outra, ainda agachada, e se esticou na beirada para chegar até a escada lateral, e dessa forma conseguir pular para o telhado.

Ela estava indo relativamente bem, mas Yaya a notou, e gritou em alto e bom som.

— Kaori-chii está fugindo!

Kaori a amaldiçoou até a oitava geração, já completamente exausta, e sem forças para continuar lutando. Ela tentou atacá-los mais uma vez, eKairi pulou antes de todos, desviando dos ataques da garota habilmente, atacando-a com a espada, forçando-a a recuar mais uma vez. Anna ordenou que seu desenho fizesse o mesmo, e Kaori lançou raios negros ao acaso, tentando confundi-los e deixá-los para trás. Tadase ainda tentou mais uma vez prendê-la com o Holy Crown, mas ela os despistou, aproveitando a intensidade dos raios para pular, de sacada em sacada, até o telhado do prédio, e se escondeu atrás do muro de proteção.

— Esses malditos pirralhos, e aquele Matthew, eles vão me pagar por isso! Será que esse idiota não notou o monte de mensagens que eu estou mandando para ele? Eu vou matá-lo! – ela resmungava consigo mesma, espiando lá embaixo e vendo os guardiões desorientados, procurando pela inimiga, que tinha simplesmente evaporado diante dos seus olhos.

Eles ainda estavam discutindo o paradeiro dela, quando viram Giovanni, Miguel e Kukai, correndo naquela direção. Atrás dele, parecendo um tanto perdido, vinha também Shunsuke. Kaori praguejou, irritada. O que aquele idiota pensava que estava fazendo?

— Vocês acabaram vindo por nada… as coisas já se resolveram… - Nagihiko disse rapidamente, tentando não dizer nada comprometedor na frente do amigo de Miguel. – Rosário-san… cuidou de tudo para nós… -ele sorriu sem graça para a irmã de S´teffanie, que retribuiu ao seu sorriso gentilmente.

— Ah, que ótimo então! – Kukai sorriu aliviado – Eu não sabia o que fazer para esconder tudo do Shunsuke… - ele cochichou apenas para o valete, fitando o loiro com o canto dos olhos, conspiratório – Ele veio nos seguindo esse tempo todo!

— Bem, não importa mais, tudo acabou bem, não é? – Tadase sorriu, otimista. As perspectivas que o poder de Rosário trazia, e a vitória indiscutível, fez o humor dele melhorar várias vezes.

Hey, why do not we take advantage of what we're here for ice cream? (Por que nós não aproveitamos que estamos aqui para tomar um sorvete?) – Anna sugeriu, animada com a conquista recente de todos. Yaya foi a primeira a concordar, animadamente, e Kukai também parecia animado com a ideia.

— Mas não está meio frio para tomar sorvete? – Tadase alertou, preocupado.

No! – Anna negou veementemente – The weather is always perfect for ice cream! (O clima está sempre perfeito para sorvete!).

— Acho que não tem nenhum mal em um sorvete de vez em quando, certo? – Amu sorriu sem graça, concordando com a inglesa – É para comemorar, afinal.

— Haai!! Sorvete, sorvete, sorvete! A Yaya quer sorvete!~ - a ás cantarolou, animada demais para qualquer um conseguir controlá-la.

Assim como Amu, Kairi, Stéffanie, Rima e Giovanni também aceitaram. Nagihiko disse que teria que ir para casa, ensaiar como sempre, e não poderia ir junto, mas prometeu que na próxima vez daria um jeito de ir também. Miguel se manteve neutro, e na verdade, estava apenas esperando que Shunsuke se pronunciasse e dissesse se iria junto ou não. Sendo assim, esmagado pela maioria, Tadase concordou por fim, em irem até algum lugar perto dali, afinal.

Vienes también, hermana? (Você vem também, irmã?) – Stéffanie fitou Rosário, enquanto todos tomavam a dianteira para a sorveteria mais próxima.

No esta vez. Estoy cansada, y lo único que quiero es tomar una ducha y caer en mi cama. Esta zona horaria me está matando. (Não desta vez. Estou cansada, e tudo o que eu quero é tomar um banho e cair na minha cama. Este fuso horário está me matando.) – Rosário desculpou-se, suspirando, exausta –Sólo ... – ela riu sem graça, passando a mão pelo véu negro que cobria seu cabelo – Bien, yo no sé el camino desde aquí hasta el convento ... (Bem, eu não sei o caminho daqui até o convento...).

— Sem problemas, Rosário-san! – Nagihiko se apressou em dizer – Eu a levo até lá. Fica mesmo no meu caminho!

En serio? Estaría agradecido por su bondad ...! (mesmo? Eu ficaria agradecida por essa gentileza...!) – ela juntou as mãos junto ao peito, sorrindo docemente. Stéffanie olhou de um para o outro, estarrecida com aquele movimento tão rápido.

Lo que sea. Voy entonces, hasta mañana. (Que seja. Estou indo então, até amanhã.)Stéffanie deu as costas aos dois, e saiu na direção em que todos haviam ido – No se olvide el juego que prometió prestarme! (Não se esqueça do jogo que prometeu me emprestar!) – ela exclamou, sem virar as costas, e Nagihiko concordou, acompanhando Rosário na direção oposta.

Segundos antes disso, Miguel havia virado-se para Shunsuke.

— Você vem conosco? – ele indagou para o amigo. Ainda sentia-se inseguro, depois de ter contado toda a verdade a ele, mas no fundo, tinha quase certeza de que aquilo não iria afetar o relacionamento deles. Ele confiava em Shunsuke, e sabia que ele não era o tipo de pessoa que julgava por aparências. Porém, não podia evitar aquela chamazinha de esperança que se acendia, cada vez que Shunsuke, como sempre, sorria daquela maneira para ele.

— Sinto muito, hoje não vai dar. Tenho que ir para casa cedo, e eu moro bem perto daqui, afinal. – ele sorriu como quem se desculpa, e não resistiu a passar a mão nos cabelos castanhos de Miguel, bagunçando-os ainda mais do que o normal – Da próxima, com certeza.

— Okay… - o menor assentiu, e sorriu também, timidamente. - então… tchau… - Seu coração havia acelerado apenas com aquele toque, e ele se sentiu patético por isso. Aproveitou o fato de que todos já se afastavam para ir à sorveteria, e saiu correndo dali, deixando Shunsuke para trás, a sós.

Assim que ele teve certeza de que não havia mais ninguém aos arredores, voltou para dentro do beco escuro, e com habilidade invejável, saltou de sacada em sacada até o telhado, onde Kaori o esperava, sentada displicentemente, com o Chara Nari desfeito.

— Você demorou, hein? Jun e eu já estávamos apostando aqui, se você viria ou se iria tomar sorvete com seus amiguinhos novos… - ela bufou, assim que viu o parceiro chegando.

— Você deixou a Kaori lutar sozinha, seu irresponsável! Seus superiores irão ficar sabendo disso! – resmungou, indignada, a pequena, que vestia um terno vermelho de risca de giz, com uma saia curta e um chapéu de jornalista, cheio de notas na aba, com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo baixo e cheio de ondas.

— Estava fazendo o que com o portuguesinho, posso saber? – Kaori voltou a falar, com a voz alta e aguda ferindo os ouvidos do garoto – Ou é algo indecente demais para dizer em voz alta?

— Para de reclamar, bitch, quem perdeu para os pirralhos foi você. – ele virou os olhos, retirando os óculos, guardando-os no bolso do paletó. – Eu disse para você não atacar hoje, não disse?

— Então, quando você quer atacar, Matthew? Quando o seu namoradinho não estiver por perto, para ele não se machucar? Francamente, garoto, se você está tão amiguinho dos guardiões assim, devia apenas desistir e me deixar ficar com todos os créditos! Aposto que se você pedisse com jeitinho, eles criariam um cargo só para você entre eles. De mascote, talvez – ela riu estridentemente da própria piada, acompanhada da sua Chara, e Matthew fechou a cara. – E o que você estava fazendo de tão importante que não pode atender meus chamados?

— Eu estava tentando me aproximar dos guardiões, para conseguir meu Chara de volta! Não tem como eu vencê-los se não tiver meu ovo, não é? – ele replicou de volta, irritado – E você deveria ser aquela a me ajudar, e não atrapalhar mais ainda, realizando ataques sem propósito quando não sabe nem ao menos controlar os batsu-tamas! Nós perdemos vários deles hoje, e foi sua culpa!

— Eu não teria feito isso se você se recusasse a me ajudar! – ela gritou de volta, pulando de pé e encarando-o mortalmente – Por que você veio seguindo o português, hein, Matt? Era para você ter vindo disfarçado, para ataca-los de surpresa, e não assim!

— Quando o italiano apareceu para chamar ele e o outro… e-eu não pensei que pudesse ser você… - Matthew admitiu, a contragosto. Na verdade, ele estava tão preocupado com Miguel e Guilherme, que apenas o acompanhou sem pensar no assunto, pensando que talvez o motivo do chamado de Giovanni pudesse ser qualquer coisa, menos um ataque.

— Tá certo, eu vou fingir que acredito em você, dessa vez – Ela balançou a mão, cansando rapidamente daquela história – Se você diz que só quer recuperar seu ovo, está bem. Eu vou ajudar você com seu ovo. E então, você vai parar de ter que se aproximar do português e vai voltar a se concentrar nas nossas missões, não é mesmo? Ou será que tem outro motivo para você querer ficar perto dele? – ela sorriu maliciosamente, muito tentada a usar seu chara nari nesse exato momento, para saber a verdade.

— Waa~que furo! – Jun exclamou, animadíssima, puxando um microfone sabe-se lá da onde – Vamos lá, Matt-san! Conte-me tudo sobre seu romance proibido com o inimigo! Isso vai dar uma ótima reportagem…

— Que romance, o que, bitch, enlouqueceu? – ele gritou, espantando Jun como se fosse uma mosca – É tudo parte do meu plano, tá entendendo? Para de bagunçar as coisas nessa sua cabeça loira, e se concentra no que importa! – ele bradou por fim, dando as costas para a garota, e saindo pelo lado oposto – Se voltar a repetir uma idiotice dessas, eu juro que atiro você daqui de cima, garota!

Ele chamou vários batsu-tamas, que se juntaram em volta dele, e o fizeram sumir no ar. Kaori sorriu para si mesma. Não era impressão, era jurava ter visto o rosto de Matthew um pouco corado, antes de ele virar as costas para ela.

— Parece que temos uma ótima história aqui, Jun-chan… - o sorriso dela alargou – Eu vou pegar o ovo do Matt, e então nós vamos saber a verdade. O que é truque e o que não é…. Eu mal posso esperar!





Algumas quadras longe dali, indo pela direção oposta, Nagihiko acompanhava Rosário, em um desconfortável e repentino silêncio. Ela sorria, gentil como sempre, mas Nagihiko sabia muito bem quando um sorriso escondia mais do que aparentava. Ele reparou que ela andava alguns passos mais a frente, e então percebeu. Ela sabia o caminho para o convento. Então, por que motivo iria pedir para alguém acompanhá-la? Ainda mais quando a única pessoa que provavelmente se ofereceria, já que não estava indo com os outros para a sorveteria, seria ele.

Nagihiko sabia que estava certo, ao pensar que não era apenas sua companhia que a irmã de Stéffanie queria, pois tão logo pensou nisso, a mulher virou-se para ele, com o semblante ainda tão calmo como sempre, mas com os olhos sérios.

— Nagihiko… hay algo que tengo que hablar con usted. Es un tema delicado, pero ... (Tem algo que eu preciso falar com você. É um assunto delicado, mas...) – ela hesitou, e Nagihiko assentiu, tendo enfim suas suspeitas confirmadas.

— Pode falar, Rosário-san. Tem algo que a preocupa?

En realidad, sí. Desde hace algún tiempo que quería tener la oportunidad de hablar con usted, Nagihiko, sobre algo que he observado. Entre tú y mi hermana, para decir la verdad. (Para falar a verdade, sim. Já há algum tempo eu queria ter a oportunidade de falar com você, Nagihiko, sobre algo que venho observando. Entre você, e a minha irmã, para falar a verdade.) – ela fitou Nagihiko de canto de olhou, medindo sua reação, mas como ele permanecia impassível, ela prosseguiu – No niego que me alegro de que llevarse bien con todo el mundo, y eso hice verdaderas amistades aquí. ella nunca fue muy bueno en lo que respecta a la interacción social, y eso me da una gran preocupación ... pero ella fue capaz de salir adelante, y se acercó a todos. (Não nego que eu esteja feliz que ela está se dando bem com todos, e que fez amizades verdadeiras aqui. Ela nunca foi muito boa com relação a convívio social, e isso muito me preocupa... mas ela foi capaz de dar um jeito, e se aproximou de todos).

— Se é bom vê-la se dando bem com todos, então por que está preocupada com isso? – Nagihiko indagou, como se não soubesse exatamente onde aquela conversa iria parar. Ele sabia, claro que sabia. Mas não iria dar o braço a torcer tão facilmente.

Ella nunca tuvo relaciones tan cerca como esto antes, en España ... y no sé si será capaz de manejar bien ... (Ela nunca teve relações tão próximas assim antes, lá na Espanha… e eu não sei se ela será capaz de lidar bem com isso…) - Rosário baixou os olhos, aflita.

— Stéffanie é esperta. Ela consegue lidar com qualquer coisa. – ele colocou as mãos no bolso, sem hesitar ao falar.

Puede parecer fuerte e independiente, pero ella es sólo una chica, Nagihiko! Me temo ... que ella puede llegar a sufrir cuando todo ha terminado ... (Ela pode parecer forte e independente, mas ela é apenas uma garotinha, Nagihiko! Eu tenho medo… de que ela possa acabar sofrendo, quando tudo acabar…) - Rosário ergueu a voz ligeiramente, pela primeira vez, parecendo verdadeiramente consternada.

— Do que você está falando? – Nagihiko ergueu os olhos, franzindo o cenho.

Algún día volverá a España. No puede quedarse aquí para siempre, no? (Algum dia ela vai voltar para a Espanha. Ela não pode ficar aqui para sempre, não é?) – Rosário sorriu melancolicamente, e Nagihiko ofegou. Ele sabia disso… tentava não pensar, na maior parte do tempo, mas sempre tinha em mente… de que o quer que ele tivesse com Stéffanie, um dia acabaria. Era um dos maiores motivos pelo qual ele ainda não havia feito nenhum movimento efetivo. Mas agora, que Rosário falava disso tão repentinamente, é claro que ele se abalou – Cuando este problema con los huevos tienen un fin, ella y otros extranjeros ... todos se van a sus países. No quiero que ella sufra, Nagihiko, se mantenga alejado de sus nuevos amigos ... y alejarme de ti, especialmente. (Quando esse problema com os ovos tiver um fim, tanto ela quanto os outros estrangeiros… todos irão embora para seus países. Eu não quero que ela sofra, Nagihiko, por ficar longe dos seus novos amigos… e por ficar longe de você, principalmente.)

— Rosário-san… eu e a sua irmã, nós… nós não temos nenhuma relação, entre nós… você sabe disso, não sabe? – ele insistiu, encarando-a firmemente.

Estoy seguro de que las cosas que veo, Nagihiko. (Eu tenho certeza das coisas que eu vejo, Nagihiko.) – A freira parecia resoluta em sua conclusão – Incluso estar aquí por un corto tiempo, yo conozco tus sentimientos por mi hermana y ella para ti, no se reducen simplemente a "rivalidades" o "amistad". Y eres consciente de ello, también. No hacer que las cosas sean más difíciles, querido ... sólo escuchar lo que estoy diciendo ... (Mesmo estando aqui por pouquíssimo tempo, eu sei que os seus sentimentos pela minha irmã, e os dela por você, não se resumem a simplesmente “rivalidade” ou “amizade”. E você está ciente disso, também. Não faça as coisas serem mais difíceis, querido… apenas escute o que eu estou dizendo…)

— Você quer que eu me afaste dela, é isso? – o garoto evitava pensar daquela maneira, mas era exatamente como parecia. Enquanto caminhava, sentiu um peso assomar-se em seu coração. Não importava o que Rosário dissesse, ele nunca conseguiria fazer isso, nem que quisesse.

No, no te vayas, no es así ...! (Não, se afastar não, não é isso…!)– ela se apressou em dizer – Así que lo haces sonar como si yo fuera una mala persona que sólo quiere verlos sufrir, y no es eso. Muy por el contrario, de hecho. Estoy tratando de hacerles entender, es por el bien de ustedes. (Assim você faz parecer que eu sou uma pessoa má, que só quer vê-los sofrer, e não é isso. É exatamente o contrário, de fato. Estou tentando fazê-los entender, é para o próprio bem de vocês.) – Rosário enfim o encarou novamente, e parecia convicta e certamente queria que Nagihiko a entendesse também – Yo no quiero que salgas de ella. Te estoy pidiendo que no se acerque demasiado. Sin profundizar aún más la relación, que ya es confuso, de ustedes. (Eu não quero que você se afaste dela. Eu estou pedindo para você não se aproximar demais. Não aprofunde ainda mais a relação, que já é confusa, de vocês).

— Rosário-san… esse seu pedido… acho que não posso levá-lo em consideração… - Nagihiko sorriu sem jeito, e fitou o céu, tentando evitar o olhar perspicaz da religiosa. – Gomenasai… eu realmente não vou fazer isso.

Pensé que su respuesta sería algo ... (Eu imaginei que sua resposta seria algo assim…) - ela sorriu levemente, parecendo decepcionada – Pero piensa en lo que te digo. No quiero verte sufrir, es sólo eso. Yo sé lo que estoy hablando, confía en mí. Las relaciones a distancia nunca funcionan. Y usted es muy diferente ... (Mas pense no que eu digo. Eu não quero ver vocês sofrendo, é apenas isso. Eu sei do que estou falando, confie em mim. Relações à distância nunca dão certo. E vocês são diferentes demais…).

— Sinto muito, Rosário-san. Você pode ter razão, mas… eu não me sinto pronto para desistir. Ainda não. E você não pode tomar uma decisão como essa sem ouvir o que a sua irmã pensa a respeito. Ela não é mais uma criancinha, sabe? E ela é mais forte do que você imagina. Por que não conversa com ela, também? – ele sugeriu, tentando por tudo no mundo não dizer o que realmente queria. Que Rosário não tinha nada a ver com aquele assunto. E que ele não faria Stéffanie sofrer, em hipótese alguma. Mas ele sabia que pareceria apenas infantil, se saísse reclamando dessa maneira, sem pensar antes de falar.

Usted sabe muy bien, ella no me escucha. (Você sabe como ninguém, ela não me escutaria.) – Rosário sorriu mais uma vez, e dessa vez Nagihiko teve que concordar. Stéffanie não escutava ninguém. Nem a si mesma.

— Tem razão. – o valete disse apenas, querendo terminar de vez com aquele assunto. Sentiu um alívio imenso, ao ver a enorme construção bem a sua frente, indicando o final do percurso – Bem, acho que nós já chegamos ao convento.

Es verdad! (É verdade!) – ela pareceu só perceber isso agora, e então abraçou Nagihiko longamente – Oh ... bueno, espero que pienses con cariño en lo que he dicho, querido. (Bem, espero que pense com carinho no que eu disse, querido.) – ela disse, ao se afastar e Nagihiko concordou, meio a contragosto, apenas para não prolongar aquele assunto. – Sólo quiero la felicidad de mi hermana. No haga sufrir... por favor. (Eu só quero a felicidade da minha irmã. Não a faça sofrer… por favor.) – ela se afastou por fim, voltando para o convento. Nagihiko ficou ainda alguns segundos a mais ali, sozinho, pensando no que ela disse. Por mais que não quisesse ter ouvido aquilo, ainda mantinha na sua mente. Rosário estava certa. Mas ele também estava.

— Eu sei disso tudo. – ele sussurrou para si mesmo, virando-se e dando as costas, na direção da sua casa – Não a farei sofrer. Eu cuidarei bem dela…


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Notas finais do capítulo

Yoo minna~ Shiroyuki desu!! Estou exaaausta! Acabei de voltar de uma entrevista de emprego, e como isso cansa '-' é muita coisa, isso de ser adulto é demais pra mim, agora eu entendo a Yaya, sabe, quero ser um bebê pra sempre também!!!!!

Infelizmente isso é impossível~ então vamos falar do capítulo!

A quem interessar, hoje temos imagens dos desenhos da Anna! Sim, aqui estão:

http://24.media.tumblr.com/3a7913c784f145069d328d63b560bbda/tumblr_mst7liSy061ra62dio2_500.gif

http://mathmunch.files.wordpress.com/2013/03/ninja.jpg


Acabou de me ocorrer que a gente ainda não postou a foto do Guilherme pra vocês verem como imaginamos.... bem, aqui vai: http://www.zerochan.net/110969

~~
Finalmente eles conseguiram purificar alguns ovos!! E precisou a Rosário vir laa do outro lado do oceano pra exorcizar esses ovinhos, para os guardiões conseguirem uma vitória, francamente~ mas pelo menos eles conseguiram! E agora... será que os guardiões vão continuar vencendo, ou Kaori vai fazer alguma coisa para estragar? E o Matt, está sendo sincero com o Micchan, ou só quer saber de pegar o shugo chara dele de volta pra derrotar os guardiões?? Micchan vai conseguir se livrar do seu "amigo" Guilherme, ou será que seu antigo amor ainda não morreu?? Nagihiko ficou perturbado pelas insinuações da Rosário, e finalmente vai fazer alguma coisa?? Tudo isso e muito mais..........no próximo capítulo! Com a senpai!

Entãaao, não esqueçam de deixar reviews, dizendo o que acharam do capítulo, no que podemos melhorar, isso tudo! É mesmo muito importante para nós!



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