Paralelas escrita por MrNothing


Capítulo 4
Te aprochega patrício!




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– Ôh piá! Prepara o mate e busca a mãe pra escutar essa, que ela ainda não sabe.

– Ta, pai.

– Vem ca guri, não terminei. Se encontrar a nega veia com a tua mãe, chama também, diz que o anjo chamou e pedido de Deus não se recusa.

– Ta, pai.

– Vai aonde peste? Não terminei de falar. Se o Nicolau tiver pelas banda, diz que o Venceslau encontrou com o Juvenal, e ele disse que a Mimosa já deu leite que chegue, e que ta na hora do abate. Pede pra não se amarrar.

– Ta, pai.

– E vê se não te demora.

Vou te dizer filho, essas cria de hoje não prestam como antigamente. No meu tempo, gente nascia no barro e fazia estrago. Hoje esses moleque tomam leite no bico e querem só deita de barriga pra cima.

Mas aqui em casa é tudo gente da boa. Hora de trabalhar é hora de trabalhar, mas hora da prosa é hora da prosa. E como é bom prosear, cumpadi.

Sabe que as minhas história aqui viram lenda, nunca ouviste do padeiro que fugiu com o forno nas costa pra não pagar aluguel? Ôh se é verdade, pergunta pro Linguiça. E da loirona de São Lourenço que fez aquelas reza braba pra tirar o budum da chana? Nossa cumpadi, essa é de matar.

Mas não nos amarremos nessas histórias que podem ficar pra depois. Vamo pro que interessa. Enquanto o moleque não sossega o facho, eu fico entretendo o leitor pra não dormir antes da hora. Porque convenhamos né vivente, não tem coisa pior do que gente que fica enrolando a história. Ah mas que vá para o diabo com isso! Eu aqui comigo gosto de gente direta! Gente que vai no ponto, sem delongas.

Ao contrário do meu Pedrinho, que se amarra nas tarefa até dizer chega. A recém to ouvindo a chaleira chiar, aposto que o guri nem foi chamar a mãe ainda. Sabe de uma coisa patrício? Não sei mais o que fazer com esse moleque.

Esses dias a Dona Guilhermina, aquela santa, chegou pelas banda pra botar as conversas em dia, e o moleque maldito me pregou uma desaforada nela. Enquanto a coitada tomava o chá descansada e tagarelava feito uma chinoca velha, o diabo amarrou um laço nas sapatilhas da Dona que quando levantou saiu cambaleando porta afora. Deus me livre, cumpadi.

Mas não deixei assim, peguei a cinta e marquei o coro do capetinha até ficar vermelho de vergonha. Chorou que saiu pedindo pela mãe.

Mas aonde se meteu essa cria, senhor?

Patrício, tu não te acanhas, mas teu amigo aqui precisa tirar uma água do joelho que só o psicológico da falta do mate já fez efeito. Fica a vontade que a casa é tua, e volte qualquer hora pra terminarmos essa prosa. Porque se for pra esperar pelo pia, ah se vai os minuto tudo!


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