Aprendendo Amar ... escrita por MA


Capítulo 9
O som de um coração




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- Anda Beatriz, vamos logo. Vem! – Armando já estava impaciente, era a décima vez que ele a chamava para irem ao médico, porém ela continuava tomando nota dos papeis e nem se movia, apenas o mandava esperar que ela já estava terminando – Betty, depois você faz isso – Ele se aproximou dela e tirou a caneta de sua mão.

- Doutor Armando, você sabe que ainda falta uma hora para a consulta e o consultório fica a uns 10 minutos daqui, então me devolva a caneta e me deixe terminar isso – Betty tinha a voz irritada e imperativa, ele apenas bufou, soltando uma grande quantidade de ar pelo nariz e lhe entregou a caneta, logo ela voltou a fazer anotações. Betty olhou disfarçadamente para ele que tinha se jogado no sofá e olhava para o teto com cara de tédio, ela sorriu rapidamente e depois voltou a se concentrar no seu trabalho, Armando tinha passado o dia todo agoniado e nervoso, nada parava na sua mão, tinha quebrado dois copos, um lápis e o puxador de uma gaveta em sua mesa de trabalho, definitivamente o nervosismo transcorria pelo seu corpo, a todo momento ele olhava o relógio em seu pulso e Betty apenas balançava a cabeça negativamente o reprovando. Foi quando faltou apenas quinze minutos para o horário da primeira consulta que Betty se levantou da mesa e pegou sua bolsa.

- Levante logo doutor Armando, já estamos quase atrasados, daqui a pouco perdemos a hora por culpa do senhor – O tom impaciente de Betty fez Armando querer gritar e dizer que qualquer atraso seria culpa dela e somente dela, pois para ele, eles praticamente já estariam no consultório nos primeiros minutos da manhã e ficariam lá até a noite no aguardo de escutar pela primeira vez o coração de sua filha e saber se sua primogênita passava bem assim como a mulher que ele amava.

Betty preferiu ir andando até a clinica, ele por sua vez preferia ir de carro, mas acabou fazendo a vontade dela sem contestar, o caminho foi coberto de silêncio, ambos estavam agora borbulhando de dúvidas e expectativas sobre essa consulta. Como eram os últimos naquele dia, o consultório estava vazio, apenas a secretária se encontrava por ali, Betty fez uma nota mental de sempre marcar no último horário, seria menos arriscado de encontrar alguém conhecido.

Não demorou muito para eles serem chamados, Armando segurou na mão de Betty que não se opôs e ambos entraram de mãos dadas no consultório. O médico era um homem bastante atraente, de cabelos negros, olhos azuis e com a barba levemente aparada, poderia ser facilmente um modelo e isso deixou Armando incomodado.

- Boa tarde, melhor dizendo, boa noite – O médico se levantou de sua cadeira e cumprimentou o casal com um aperto de mão e depois fez um gesto para que eles se sentassem – Então quer dizer que daqui a pouco tempo está chegando no mundo mais um bebê? – Era uma pergunta retórica de modo que o médico continuou falando – Pelo que vejo vocês são um casal novo, creio que é o primeiro filho, certo? – Armando fez que sim com a cabeça, Betty continuou calada, ela estava assustada, tinha passado o dia calma e tranquila, mas naquele momento estava com medo e se pudesse certamente sairia correndo pela porta – Adoro pais de primeira viagem, são mais divertidos e atrapalhados – O médico riu de sua própria teoria.

O médico fez várias perguntas de protocolo, sempre tomava nota de tudo e tentava fazer amizade com o casal para criar um laço de confiança, afinal o esperado é que ele acompanhasse a gravidez até o final e até mesmo fizesse o parto. Depois das perguntas ele encaminhou o casal até uma cama hospitalar que ficava ao lado do aparelho de ultrassonografia. Betty deitou na cama com a blusa levantada, deixando sua barriga totalmente exposta.

Eduardo, o médico, não pode deixar de observar parte daquele belo corpo que se escondia entre roupas largas e estampas sem sentido, quando ele viu aquele casal entrar, não pode deixar de se assustar um pouco, afinal era um homem belo, que se via de longe que tinha porte e clamor social, que entrava de mãos dadas com uma mulher simples e feia, com roupas baratas e fora de moda. Aquele era um quadro pouco convencional e ele não pode deixar de se assustar, embora nada demonstrou. Ao longo da conversa se pôs mais a observar os dois do que qualquer outra coisa, a curiosidade sobre aquele casal o possuiu e ele viu que Armando era um homem que provavelmente possuía uma postura austera, porém naquele momento se encontrava desarmado e ansioso, já Beatriz não era uma mulher feia, olhando mais atentamente e usando a imaginação para tirar aquela ridícula franja e colocar uma roupa decente, ela era uma mulher bonita, porém parecia em pânico, era notório que ela estava a ponto de sair correndo.

- Vocês estão prontos para a hora da verdade? – Eduardo já tinha passado o gel na região ventral de Betty e já estava com o aparelho sob a barriga dela, só faltava liga-lo.

Armando olhou para Beatriz e viu o olhar de terror no rosto dela, ele sorriu e se aproximou, tinha ficado em pânico o dia todo, mas agora ele estava bem, afinal não falta mais nenhum segundo sequer para ele saber como estavam seu bebê e sua mulher,  porém ele entendia o terror dela e com isso se aproximou de Betty e segurou sua mão – Você está pronta? – O olhar dele era doce e passou a segurança que ela precisava.

- Estou – Ela sorriu levemente para ele.

- Estamos prontos doutor – Armando disse para o médico que ao ouvir ligou o aparelho e no mesmo instante a sala foi invadida por um som inconfundível de coração batendo, Armando sentiu Betty apertar mais forte sua mão e ele apenas deixou algumas lágrimas escorrendo.

- Você está chorando? – Ela perguntou ao olha-lo e vê as lágrimas em seu rosto.

- Eu acho que esse é o momento mais feliz e inesquecível da minha vida – Ele enxugou as poucas lágrimas e beijou levemente os lábios dela – Obrigada por isso meu amor, obrigada –

Eduardo se concentrou no feto e nas informações que eram importantes sobre o feto, deixando assim o casal ter um momento deles como se estivessem sozinhos, afinal ele entendia que aquele era um momento particular.

- E então doutor, como esta a menina? – Armando perguntou enquanto mantinha um sorriso no rosto.

- Menina? – O médico disse confuso.

- Sim, minha filha, ai na barriga – O médico riu com o modo e os gestos de Armando.

- O senhor deve ser um gênio, ou melhor, um médium, porquê só sendo médium para já saber o sexo de um feto na sexta semana – Eduardo não foi grosseiro, apenas resolveu brincar com Armando, de alguma forma ele tinha gostado daquele casal.

- Eu que fiz, é claro que sei se é uma menina ou um menino– Armando estava começando a se irritar com aquele galãzinho metido a engraçado, já Eduardo ria cada vez mais das sandices que aquele homem dizia e Betty por sua vez se sentia no meio dos dois, e pior, totalmente vulnerável, já que estava deitada e ambos os homens estavam em pé.

- O feto – Eduardo fez questão de frisar a palavra só mesmo para irritar Armando – Está por volta da sexta semana, é bastante saudável, aparentemente não tem nenhuma anomalia genética e está dentro do padrão de medida e peso, o sexo só vai dar para saber daqui a mais algumas semanas, por volta da 15° – Betty suspirou aliviada com a noticia, seu bebê passava bem e isso era o que mais importava. O casal saiu feliz da consulta e Eduardo se despediu deles com um sorriso, dessa vez um sorriso verdadeiro e não aquele de praxe por mera educação, o aperto de mão que selou a saída deles do consultório, selou também o inicio de uma amizade entre aqueles três.


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