Uma Noite, mudou Tudo. escrita por Amras Fefalas


Capítulo 2
Conhecimento.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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"Então?", Stiles sorria vendo-me gemer em desgosto.

"Aconselho contar.", Deaton deu de ombros olhando para mim.

"Não!", quase gritei, não queria que ele soubesse. Afinal, não importaria.

"Se é o que você quer...", Derek disse compreendendo.

"Derek, eu não sou muito experiente em gravidez, principalmente em machos.".

Ele me chamou de macho? Homem, por favor!

"Mas sei que o parceiro precisa ficar perto do engravidado, ajudá-lo com a gravidez.", Deaton disse sério me encarando, me julgando.

Derek faça-o parar.

"Peter não chegará perto dele, nem mesmo da criança.", Derek disse firme e forte.

Obrigado, Alfa.

"Quando ele descobrir, vai querer se aproximar. Sabe que é instintivo.", Deaton fechou os olhos suspirando.

"Ele não tem cheiro de prenho.", Derek deu de ombros, puxando os lábios para baixo.

Prenho? Não era grávido?

"Alguma hora ele saberá.", Stiles segurou no ombro de Derek.

"Derek, não! Por favor...", pedi quase chorando.

 O vi se agachar e sentar nos calcanhares. Segurou minha mão.

"Será do seu jeito.", ele sorriu.

Ele me entendia. Eu não queria Peter, não mais. Não perto de mim agora, pelo menos.

"Você precisará de ajuda.", Deaton me encarou mais uma vez.

"Eu estou aqui para isso. Se a criança precisar de um pai, eu serei um pai para ela.", então vi o sorriso dele brilhar.

"Derek, você e Stiles estão tomando cuidados? Se aconteceu com Isaac pode acontecer com um de vocês.", Deaton cruzou os braços agora encarando os dois.

Eu ri dos rostos apimentados de vermelho. Stiles tentou abrir a boca para falar alguma coisa, mas travou. Derek levantou o olhar para o teto. Foi muito cômico.

"Tomaremos...", Derek bufou forte.

Logo Deaton e Derek saíram, deixando Stiles e eu a sós. O rosto dele dizia algo, algo que eu não queria saber.

"Derek quer cuidar do seu filho.", ele murmurou baixo.

"Vai ser um beta dele.", disse sorrindo. 

Ele concordou, mas seus olhos discordavam. Aqueles olhos castanhos de compreensão não me encaravam, o que me encarava era um olhar de dúvida, de medo de ser trocado por mim.

"Por que não quer contar para o Peter?", ele perguntou sentando-se ao meu lado, passando as mãos nas pernas.

"Não acho que faria diferença.", dei de ombros.

Mas que droga! Iria para mim.

"Isaac, ele continuará aparecendo aqui. Não podemos esconder para sempre, sua barriga vai crescer.", ele gesticulou um balão enchendo as bochechas de ar.

Engraçado. Ele sempre era engraçado.

"Está chateado?", perguntei. Não queira, mas tinha, "Sobre Derek...".

"Não. Claro que não!", ele tentou passar despercebido com aquele revirar de olhos. "Tá, um pouquinho. Afinal, não é sempre que ele se candidata à pai.", deu de ombros rindo, nervosamente claro.

"Stiles, eu não...", tentei.

"Eu sei, loirinho. Eu estarei aqui também se esse bebê crescendo aí dentro precisar de um terceiro pai. Estarei aqui, eu juro!", ele levantou a mão direita.

Eu saiba que podia confiar nele.

Sorrimos e ele me trouxe um copo da água.

--

"Como assim um bebê?", Scott ficou de boca aberta. Todos nós ríamos da cara de bobo dele.

"Um bebe, ué. Feto, fedelho, pirralho, criança, neném...", Stiles tagarelava rindo.

"Entendi! Só não entendi a parte do homem em questão ficar grávido!".

É realmente ele estava surpreso.

"É uma capacidade que os lobos machos têm para procriar quando encontram um parceiro do mesmo sexo.", explicou Derek sério e de braços cruzados.

"Quem é o pai?", Allison perguntou quase se escondendo dentro das mãos. Eu sabia que essa pergunta viria.

"Peter é obvio!", Lydia soltou com um sorriso sabichão.

Droga, Lydia.

Todos olharam espantados para a ruiva, até mesmo eu. Foi tipo “Como você sabe?”.

“Qual é? Allison está com Scott, Derek com Stiles, sobrou só o Peter!", ela gesticulou e apontou para os outros, "A não ser... que Derek tenha pulado o canil!", levantou a sobrancelha e riu sacana.

Piadinha sem graça.

Todos olharam para Derek, inclusive Stiles.

"Claro que não!", ele disse abrindo bem a boca, fazendo todos rirem. Depois encarou Stiles, "Você sabe muito bem que não!".

"Eu não disse nada.", Stiles ergueu as mãos em defesa.

"É do Peter sim...", desabafei, eles saberiam de qualquer jeito. Eram curiosos o bastante para descobrir.

E os dias foram seguindo. Melissa estava me ajudando. Acho que o tempo que fiquei na casa do Scott ajudou a aproximá-la um pouco. Vitaminas e remédios para enjoos. Ela ria muitas vezes quando olhava minha barriga, não acreditava.

Deaton disse que minha gestação seria de sete meses, que seria o intermédio entre a gravidez humana e a dos lobos. Peter aparecera algumas vezes, mas sempre me escondia no andar de cima. Não queria vê-lo.

Na verdade, queria. Mas não seria tão fácil.

--

"Vamos ver o bebê?", Stiles sorriu descaradamente enquanto eu acordava.

Cocei os olhos, sabia do que ele estava falando. Afinal, já eram três meses e minha barriga parecia de quatro. Mas na verdade parecia maior. Melissa dizia que era por eu ser alto e magro. Fazia sentido.

Linda aquela barriga.

Eu o vi. Vi o meu bebê no ultrassom. Chorava segurando a mão de Stiles que também chorava. Lydia sorria. Derek sorria. Scott entortava a cabeça tentando ver...

"Essa parte Scott...", Deaton revirou os olhos, explicando e apontando para tela.

"Menina?", Allison perguntou curiosa.

"Menino!", respondi convicto. Não sabia o porquê da certeza, mas era. Um garotão.

"Parabéns, papai.", Stiles sussurrou olhando para mim e apertando minha mão com um sorriso, um lindo sorriso sincero.

Chorei mais ainda. Tinha ele, Derek e Scott. Minha matilha, minha família e agora meu bebê.

“Banheiro!", gritei pela milionésima vez.

Todos me seguiram. Aquela semana estava horrível, não conseguia ir para escola. Derek cuidava de mim quando Stiles estava estudando e no restante do tempo Stiles e Scott serevezavam.

"Está bem?", Stiles pegou-me pelo ombro.

"Não...", resmunguei.

"Vamos deitar.", ele me apoiou em seu ombro e me levou.

"Stiles!".

Meu Deus, alguma coisa aconteceu. Eu senti.

"Ele mexeu!", gritei sorrindo.

Stiles rapidamente me colocou no sofá e levantou minha camisa, colocou a mão dele, mas nada aconteceu.

"Ele deve estar querendo um lobisomem.", Stiles disse entortando a boca, "Derek, vem cá!", gritou.

Eu ri.

Derek desceu e logo teve a mão capturada pela de Stiles que a colocou no meu abdômen. Nada aconteceu.

"Não sinto nada, só as batidas do coração.", Derek disse sem reação.

"Mas ele mexeu.", sorri fracamente.

Sim. Meu bebê, meu menino mexeu. Poderia estar mais feliz? Sim, poderia. Mas alguém sempre estraga.

"Estou perdendo alguma coisa?", escutei a voz de Peter, e pareceu que o bebê também.

"Não, só que...", Stiles tentou, mas a sobrancelha de Peter sabia que sim.

"Isaac, vamos lá para cima.", Derek me ajudou, tentou esconder minha barriga.

Olhei para Peter, sua boca aberta e seus olhos curiosos diziam que alguma coisa estava errada.

"O que o lobinho tem?", ouvi-o perguntar para Stiles.

"É só um mal estar...", Stiles gaguejou.

"Está mentindo!", sua voz pareceu irritada.

Derek me colocou na cama e olhou para mim. Puxando a boca para o lado, ele se desculpou. Não entendi o porquê, mas fiquei nervoso e com medo.

"Ele está prenho!", Derek firmou a voz descendo as escadas.

Grá-vi-do! Por favor!

Meu Deus, ele contou. Por que ele contou? Ele me prometeu. Derek, não!

"O filhote é seu!", Stiles apontou com a voz descontente.

Filho! Que coisa!

"Como assim meu?", sua voz saiu irritantemente convencida de que era.

"Bom, digamos... você transou com ele e engravidou-o.", a voz de Derek ainda se mantinha firme, como a de um Alfa.

"Preciso conversar com ele!", escutei os passos corridos, mas não nas escadas, "Não, não precisa. Você já estragou demais as coisas por aqui.", eu conhecia aquela voz, não era a voz de Derek. Era a voz do Lobisomem Alfa.

Vi Stiles correr as escadas e sentar-se ao meu lado. Segurou minhas mãos e disse que ficaria tudo bem. Só entendi quando comecei a ouvir barulhos de briga e coisas quebrando. Tentei levantar, mas na hora o bebê começou a se remexer demais, estava doendo. Quando abri os olhos, Stiles olhava para as escadas. Quando olhei ele estava lá, parado e me encarando psicoticamente. 

"Meu filho?", sua expressão mudou, "Meu filhote?", ele sorriu, secou os olhos e veio até mim.

Ele se ajoelhou. Stiles pensou em fazer algo, mas apertei a mão dele em um não, disse-lhe com os olhos para ir ajudar Derek. Ele foi.

"Não, Peter. Meu bebê.", afirmei tentando ser forte. Tentando mostrar o que Stiles havia me aconselhado.

"Nosso.", ele sorriu, tocou minha barriga.

O bebê mexeu com seu toque.

"Ele reconhece o pai.", ele mirou meus olhos.

Agora nós dois chorávamos.

"Ele têm quatro pais e nenhum é você!", eu desviei o olhar, limpando meu rosto. Ele não me veria chorar.

"Como assim?".

"Scott, Derek, Stiles e eu.", minhas palavras saíram sem dúvidas. Era a verdade.

"Não, ele é meu!", Peter fez que não com a cabeça, ainda com a mão na minha barriga.

Ele parecia feliz. Eu estava feliz, o pai do meu menino estava comigo.

Por que eu não o odiava mais?

"Você vai lá pra casa, vou cuidar de você e do nosso filhote.", ele disse rapidamente, sem me encarar.

"Vai me levar com você?", não pude conter meu sorriso.

Ele me queria.

"Claro, você está carregando meu filhote. Ele precisa do bom e do melhor.", ele sorriu olhando para mim.

Então eu entendi. Não era por mim, mas sim pelo filhote. Só por ele. 

"Não vou.", cruzei os braços.

"Não existe ‘não vou’.", sua voz irritada me assustou, "Ele é meu filho, vai nascer e crescer do meu lado!", gritou.

"Se ele não quer, ele não vai.", os olhos de Derek estavam vermelhos.

"Você não pode decidir Isso!", ele rosnou para Derek, levantando e ficando de costas para mim.

Comecei a ficar aflito. Não queria que eles brigassem, não por mim. 

"Vamos acalmar as coisas, sim?", o herói, Stiles, entrou no meio deles.

"Peter, Isaac disse que não quer ir, então ele não vai. Aqui ele tem a nós.", ele apontou para Derek e ele mesmo, "E não nos importamos somente com o bebê, mas com Isaac também. Principalmente com o Isaac.", a voz de Stiles saiu preocupada assim como seu olhar quando olhou para mim. 

Fiquei preocupado.

"Por que principalmente comigo?", ergui a sobrancelha, fungando.

Sabia que não serianada bom.

"Você pode morrer.", Derek foi seco, não me encarou ficou ali encarando Peter.
Sempre tão delicado.

"E meu bebê?".

Nada me importava. Eu poderia morrer, viver ou ressuscitar. O importante era meu bebê.

"Eu preciso ficar perto dele.", Peter voltou a se sentar na cama ao meu lado, "É o meu bebê!", ele afirmou. Senti-o mexer.

"Derek, realmente...", eu tentei, mas ele rosnou.

"Se eu ficar perto, eu posso cuidar de vocês dois...", ele sorriu.

Seu olhar, seu sorriso, parecia tudo tão verdadeiro. Mas seu coração palpitava em mentiras. 

"Não vou.", funguei.

"Resolvido!", Stiles tirou a mão dele de mim, senti o bebê pedir para ele voltar, ele sabia que era o pai dele. O bebê queria-o de volta, eu também...

Eu também? Não, claro que não.

Peter começou a frequentar mais o apartamento, sempre me fazendo visitas no andar de cima, onde todos me escondiam. Eu entendia que era para o meu bem. Derek havia comprado uma tevê, e eu passava horas trocando os canais porque nada prestava, ou ficava brincando com o bebê ali na minha barriga. Ele chutava e eu brincava.

"Oi, papai.", Peter bateu na porta do quarto, com a voz suave e delicada, abrindo-a, "Como vai meu filhote?".

Ele se deitou ao meu lado. Eu não havia dito nada, só o observei.

"Eu sei que não sou o melhor.Podemos dizer...", ele fez uma careta, "Não, não podemos dizer isso.", riu olhando para mim.

"Peter, eu estou cansado.", disse fechando os olhos. Eu o queria ali, mas também não queria.

Céus! O que eu quero?

"Tudo bem!", ele bateu uma palma.

Ele me virou e me abraçou, colocou a mão em cima da minha barriga, bem maior por sinal. Ficou ali a acariciando como se fosse algo precioso, mas não era algo, era alguém. Nosso filhote. Senti sua respiração na minha nuca, e a voz tranquila dele começou a soltar uma canção. Ele me abraçou deixando nossos corpos colados, como naquela noite. Cantarolava calmamente uma música de ninar em sussurros, ajudando-me a fazer o filhote descansar, o que por incrível que pareça, estava conseguindo.

"Vou estar sempre com você...", ele sussurrou.

Sabia que o sussurro não era para mim. Fechei meus olhos e chorei internamente.


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Notas finais do capítulo

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