A Patricinha e o Lobisomem escrita por elizabeth beans


Capítulo 6
Capítulo 5 - Levemente Bêbada!


Notas iniciais do capítulo

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Levemente Bêbada!

 

 

 

Amelie P.O.V.

Estávamos NISSO à quase uma semana, não melhorou nada; na verdade eu começo a entender que não irá mudar, nenhum milagre, nenhum amigo caindo do céu em uma missão de resgate... nada!

Alias, é bom falar disso. Eu ainda tenho amigos?

Já faz quatro dias que eu enviei um e-mail para Trace e ela nem sequer deu sinal de vida.

Opção n° 1 - Ela é uma vadia traidora!

Opção n° 2 - Ela está nesse momento envolvida em um instigante circuito de festas de final de ano, que envolvem viagens em jatinhos particulares fretados por filhos de milionários, tudo EXTRA-escondido.

Meu voto é na segunda opção, já que a primeira faria eu arrancar os poucos cabelos que me restam, já que eles começaram a cair com toda essa umidade.

Acho que preciso reconhecer, que sejam quais forem os motivos deles, aqueles que um dia eu amei e em quem um dia confiei... O negocio é que eu fui abandonada pra morrer sozinha. E agora parece exponencialmente pior, porque é véspera de natal, VESPERA DE NATAL!

Quem era a pessoa em todo o mundo que tinha um calendário de natal que começava a vigorar duas semanas antes da véspera? Quem em todo o mundo considera o natal a coisa mais perfeita de todo o ano?

Sei que isso é infantil, mas FODA-SE, pra mim o papai Noel existe sim! Ou ele existiu enquanto eu VIVI de verdade em um mundo de verdade e não em um PESADELO AO VIVO.

É, apenas, A ÚNICA ÉPOCA DO ANO em que vejo meus pais por mais de dois minutos!

A ceia de natal da minha família fecha um salão inteiro no Plaza em Nova York e todos os Beafarth Weelow comparecem e ganhamos presentes de exibição, ou seja, coisas que nem os seus pais deixariam você ter, mas que, para chocar o resto da família e causar sensação, te presenteiam mesmo assim. Vide, o colar de diamantes e platina da Tiffany & CO que minha prima Larah de quatro anos, faturou no ano passado. Ela tem QUATRO ANOS, aquilo devia pesar mais que ela.

E... minha beleza parece ter ido embora com os cabelos! Nem os meus produtos suíços de reparação funcionam mais, eu ainda tenho olheiras de um morto vivo depois de três camadas de corretivo.

Minha lente de contato de um perfeito verde-mel está bem dizer descorada de tanto agüentar água e mais água que sai do meu olho por toda essa situação, ou até mesmo, água que pinga em cima de mim vindo direto da goteira no meu quarto.

ISSO é serio! Eu tenho uma GOTEIRA. Eu nem conhecia essa palavra até uns dois dias atraz, quando Marta entrou em meu quarto com uma panela e disse.

- È para colocar embaixo da goteira do telhado Srtª. Assim que o tempo melhorar, Samuel me disse que vem concerta-lo.

Eu tentei mostrar para Marta as minhas olheiras e implorar misericórdia.

Porque, sabe, eu que sempre dormi como uma pedra, não prego os olhos nesse lugar. Acordo tremendo de frio a noite inteira por mais que eu esteja soterrada pelos cobertores chechelentos que MARTA arrumou.

A única noite em que tive um sono decente nessa droga de quarto foi àquela noite em que eu dormi com AQUELE MALDITO INDIO. O que deve ser atribuído ao fato de que na ocasião eu estava, segundo fontes, apenas semi-consciente e delirante. E NÃO AO FATO DE EU TER DORMIDO COM ELE, É CLARO!

Mas, alegar qualquer coisa nessa situação de cárcere é receber um “humpf” e uma tarefa. Da primeira vez, Marta me colocou para desfazer as malas.

Ainda estou desfazendo!!!!!

Parece que mais do que PODER subiu a cabeça dela, já que segundo ela, parte da minha pena é arrumar o meu quarto também! Tipo, não é pra eu CORDENAR a arrumação ou fazer o designe do interior, eu devo mesmo tirar minhas roupas da mala e dobra-las na comodazinha miserável e cheia de farpas que vai acabar com as peças de seda chinesa, peças que custaram mais do que essa casa inteira!

É muito serio, quando eu digo que ainda vou afogar a Marta e esconder o corpo E não vai ser muito difícil com toda a água que cai por aqui.

- Srtª Weelow, porque ainda não está pronta? – Marta apareceu com o que ela deve pensar que é uma roupa bonita, olhando pra mim com uma carinha toda descrente e agitada.

- Do que está falando, mulher? – eu perguntei na inocência completa do porque ela estar semi-produzida e ansiosa.

- Eu disse pra Srtª que Sam estava vindo pra nos levar a Ceia de Natal na casa dos Clearwater.

- Não disse não. – eu argumentei.

Ela tinha dito que ia passar o natal com o parente dela na casa de alguns moradores locais, FOI ISSO QUE ELA DISSE.

- A Srtª achou que ficaria sozinha? – ela agora estava rindo toda doce para mim.

- É claro. – e aquilo não tinha graça, em 16 anos essa seria a única noite de natal que eu teria de passar gemendo de frio e chorando.

- Não! Eu nunca a deixaria sozinha, filha. – e ela me abraçou. – Sei que não chega aos pés do Plaza com sua família, mas nós teremos orgulho em recebe-la como se fosse da família também.

Nem tive coragem de falar algum impropério ou ressaltar que REALMENTE não chegaria nem aos pés do PLAZA, porque, ela - ela ... ela me chamou de FILHA.

Ela não me chamava assim desde que eu fiz 10 anos e minha mãe mandou os empregados me obedecerem.

 

P.O.V. Jacob

Billy tava me torrando o saco com essa coisa de Ceia de Natal nos Clearwater. Aparentemente, TODOS iam para lá porque era a maior casa e assim ninguém precisaria ficar de fora congelando.

Não que qualquer dos lobos fosse congelar, de todo jeito, mas como éramos apenas uma parcela dos convidados a escolha da casa fazia sentido, mas isso não me importa, é muito bom que não seja aqui. Assim fica mais fácil fugir.

Rachel e Paul já estavam por lá à séculos. Todas as mulheres foram ajudar com a comida e a decoração, e obvio, arrastaram os namorados idiotas para o trabalho pesado.

Rach saiu daqui me xingando antecipadamente caso eu não fosse e prometendo me trucidar quando eu não aparecesse mesmo.

Eu... bem, não estava nenhum pouco no clima. Não tinha animo para toda a muvuca que com certeza rolaria e estava ainda menos disposto a ser o único rabugento no NATAL FELIZ DA GALERA. Porque você pode acreditar nisso ou não, mas até mesmo a Leah tinha desencalhado.

Foi recente, muito recente, coisa de ontem, mas já pegava fogo. O Embry que o diga, já que foi ele o responsável por tal proeza. Nem me pergunte como esse DESASTRE se deu, tudo o que eu sabia era que não se tratava de mais um IMPRINTING, então, menos mal.

- Jake, eu já lhe disse que não vou se você não for. – Billy continuava com a ladainha. – E eu QUERO MUITO IR, Jacob. Pense no PERU.

Ele implorou, e parecia até um daqueles cachorrinho que ficam olhando para o forno de frango assado. Se eu tivesse humor para rir dele eu até tinha rido.

- Sai logo daqui, PAI! – eu ralhei com ele.

O telefone tocou e eu prontamente o ignorei. Billy rolou a cadeira até a extensão e atendeu.

- É pra você, Jake. – ele falou, sorrindo satisfeito.
- Não estou em casa! – amarrei a cara pra alegria dele.
- É o Sam. - ele disse ainda animado.

Claro que ainda estava animado, se era Sam, eu TERIA que atender.

- Hei Jacob, me faz um favor, cara! – Um Sam todo atarantado me pediu. – acabei de achar um furo do tamanho de uma bola de beisebol no radiador do meu carro e eu preciso buscar a tia Marta. – ele interrompeu o que ia falando pra gritar alguma coisa pra alguém e então voltou ainda mais atarantado. – Passa lá pra mim, antes de vir?

- TÁ, ta, vocês conseguiram, estão satisfeitos? EU VOU! – bati o telefone.

- Não precisava ser grosso garoto, não te criei assim! – Billy advertiu. Eu ignorei.

Calcei um Tênis e peguei um casaco mesmo sem precisar, puro habito. Já tava de calça jeans então nem me troquei. Como já tinha tomado banho e meu cabelo tava crescido e espetado demais pra se acalmar mesmo se eu ESMURRASSE ele, conclui que não tinha mais nada a fazer pela minha relis aparência – não que isso importasse – e fui pegar as chaves do carro.

Billy, é claro, continuava a encher o saco.

- Não vai se arrumar melhor, filho? Não somos tão pobres pra você passar o natal vestindo jeans rasgados nos joelhos. E use aquela camisa que Rebeca te mandou de aniversario, fica bonito com ela.
- Não enche, velho! – e fui empurrando ele pra fora e fechando a porta com muito tédio, me preparando pra ficar amuado e fingir alegria em alguns momentos, o de sempre.
- A comida vai ser BEM BOA. – Billy estava feliz que só e batia na barriga antecipando uma felicidade maior. – Sue me prometeu uma torta de amoras.
- Claro, Claro.
- Ânimo Garoto. Até parece que o homem velho aqui é você! – e riu contrafeito.

Abri um sorriso bem sarcástico pra ele, que gargalhou.

 

  P.O.V. Amelie

 

Respira fundo, Amelie, você vai passar o natal com o PROLETARIADO.

Vamos ser otimistas já que em vez de chorar e tremer de frio você irá se aquecer em alguma casinha minúscula cheia de gente pobre sem nenhuma noção de elegância, e, talvez até seja útil pra quando você for uma atriz famosa e precisar interpretar algum papel mais excêntrico para o cinema.

Eu não ia de qualquer jeito como a minha depressão queria que eu fosse, claro que não. Poderia estar na lama, mas ainda era NATAL e eu ainda era Amelie Violet Gerard Beafarth Weelow, já que minha identidade eles não puderam tirar.

Esse povinho ia ter A VISÃO te toda a vida, quando eu entrasse com meu casaco de pele de vison, branco, minha combinação Chanel de lã azul escura; meus sapatos Christian Louboutin classicos, com uma maquiagem impecável para a noite e um cabelo que não colaborava, mas que estava preso em um coque-trança glamuroso e adornado com uma presilha DeBeers de diamante, ouro branco e safira que acompanhava brincos do mesmo.

Eu esperava que o carrinho do tal de Sam ainda andasse, já que era ele que vinha nos buscar; porque simplesmente não se coloca um Christian Louboutin no chão de terra ou neve, que seja.

Andei até o projeto de sala onde Marta me aguardava, toda ansiosa por já ter me gritado umas cinco vezes dizendo que nossa carona já devia estar chegando a qualquer momento e não era educado faze-lo esperar.

Hellow Marta! As pessoas me esperam. Elas fazem isso pela honra da minha companhia.

Ai eu percebi que ela ainda estava lá toda SENTADA. Ou seja, era o idiota do sobrinho dela que estava fazendo agente esperar, afinal. Isso era um insulto e eu pensei duas vezes em ir até meu quarto e me trocar. Quem ele acha que é pra me fazer esperar?

O telefone tocou e ela atendeu imediatamente.

- Claro querido, não, não se preocupe, a Srtª Weelow ainda não estava pronta, de qualquer jeito.

Lancei um olhar de indignação para ela, na mesma hora que ela sorria toda satisfeita com alguma coisa que o sobrinho tinha dito.

– Ah, sim, isso é ótimo, obrigada Sam. – e desligou me olhando com aquele sorriso irritante dela que não poderia indicar nada de bom PRA MIM.

Não deu outra. A campainha da porta tocou assim que ela depositou o telefone no gancho e lá foi Marta abrir a porta.

Primeiro eu olhei melhor aquela figura parada na porta, depois eu tentei digerir aquilo.

O tal de Jacob Black tava lá, encarando, não parecendo mais satisfeito do que eu estava quando fui informada de que iria a uma Ceia de proletários hoje, com certeza não tinha os mesmos motivos que eu pra não gostar, já que ele era a própria visão do mendigo padrão das ruas de Beverly Hills no inverno.

Um tênis barato comprado em loja de departamentos, não que eu conheça as coisas compradas nessas lojas, mas, DE NOVO, eu vejo TV. Uma camiseta cinza de algodão por baixo de um casaco velho e comum do tipo Traje de Biosegurança, e, o que era aquele jeans dele? Tinha dois buracos enormes e desfiados, um em cada joelho e “Hei baby”, o grunge deixou de ser interessante assim que Kurt Cobain morreu. Se liga!

O mais impressionante, claro; era o fato de ele estar usando roupas que não aqueceriam nem no inverno de Beverly Hills quanto mais no inverno em Washington.

E, lógico, que eu não podia admitir isso pelo bem do meu orgulho, mas esse fato não era a única coisa impressionante, era mais uma segunda coisa, na verdade.

Que nem eu me ouça, mas – RESPIRA - ele estava tão completamente GOSTOSO e LINDO, mesmo vestido como um mendigo!

 

Jacob P.O.V.

Toquei a campainha da casa, me lembrando da noite que passei ali e conseqüentemente me perguntando se a “Srtª Weelow” estaria agora com sua família longe daqui.

Achei que isso era bem provável já que era Natal e os pais não iriam querer passar longe dela, ouvi Sam dizer um dia desses que ela era filha única e tals, talvez isso explicasse ela ter sido tão estragada e mimadinha.

Desejei inutilmente, e me repreendendo por isso, que ela estivesse aqui em La Push e pudesse ir até os Clearwater também, ao menos seria algo pra eu fazer enquanto todos se divertiam, implicar com ela e rir de suas caretas.

Assim que a tia de Sam abriu a porta, os meus olhos forma sozinhos e sem nenhuma permissão para a garota que estava de pé, do outro lado da sala. Meu coração deu um pulo do que me pareceu alivio e eu comecei a duvidar um pouco mais da minha sanidade mental porque não era pra ele agira assim.

Outras reações assolaram o meu corpo e foram bem repreensivas também; Vestida com muito exagero em um casaco de peles e um salto alto muito fino, com jóias verdadeiras no cabelo e nas orelhas, amelie estava pronta para o tapete vermelho do Oscar. Toda chique, e afetada ao máximo, parada numa elegância ereta e com o nariz arrebitado acima do nível dos olhos.

Eu poderia rir dela naquele momento por se arrumar desse jeito pra ir à casa dos Clearwater mas... Ela estava BONITA DEMAIS pra que alguém pudesse rir.

Então eu só fiquei com uma cara de bocó, ali parado, encarando ela sem conseguir me desviar, tentando apertar o maxilar pra não BABAR e parecer ainda mais idiota. Tentando me lembrar das palavras pra perguntar à tia de Sam se já poderíamos ir.

Tia Marta nos olhava com um sorriso esperançoso e cheio de carinho, que me trouxe a realidade das minhas ações e eu finalmente parei de bancar o vagabundo que admirava a dama.

Quando entramos no carro eu pude ver Billy me lançar aquele olhar de: “eu bem que disse pra você se arrumar” e contive o comentário mal criado.

Ela me olhou apenas enquanto eu a admirava na soleira da porta, pareceu haver algum brilho nos olhos verdes, e depois, quando seguimos pro carro e no caminho até os Clearwater, ela manteve uma expressão ilegível e não olhou em minha direção nenhuma vez, decerto querendo provar que pra ela eu não existia e continuava sendo o mesmo inseto de antes. Sem perceber eu pus um sorriso verdadeiro na cara e acelerei um pouco mais.

No carro, o cheiro de cerejas, margaridas e biscoito doce, era como uma aura palpável. Extremamente delicioso.

 

Amelie P.O.V.

O carro do idiota do Black era um pouco mais agradável que o lixo que o sobrinho da Marta dirigia, mas no final, igualmente insignificante. Tinha aquele cheiro de pinheiro e chocolate que me fez bem, mas tinha também o sorrisinho presunçoso do panaca, quando me olhava prelo retrovisor, o que, aliás, ele fazia com mais freqüência do que seria aceitável.

E é claro que eu notei como ele me secou quando tava parado na porta da casinha. Mais um cachorro pra sua coleção de coleiras Mily!

Coloquei aquela expressão de paisagem que a educação manda quando estamos indo visitar pessoas desconhecidas pela primeira vez. Eu não abandonaria minha classe só porque não existia esse quesito aqui no fim do mundo. É claro que as vezes a onda de desapontamento me atingia e eu tinha que engolir em seco o choro na minha garganta.

Porque ELES tinham me deixado aqui no Natal? Eu achava que nenhuma besteira que eu tivesse feito valia algo assim, vindo de meus próprios pais. Sentia-me rejeitada e miserável por mais que mantivesse a mascara do “estou muito bem, obrigada” colada permanentemente em meu rosto.

Black estacionou o carro e abriu a porta antes que eu pudesse fazer isso, ele tinha aquela velocidade e graça estranhas, eu tinha me esquecido até vê-lo do lado da porta, tão rápido.

Obviamente ainda restava algum resquício de civilidade naquele POBRE COITADO, mesmo que ele tenha fingido fazer isso por Marta e não para mim.

Depois ele foi até o porta malas e pegou a cadeira do pai dele colocando o senhor nela sem esforço nenhum, também, se eu bem me lembrava do tamanho DAQUELES MUSCULOS... – Pare com isso, sua imbecil – eu me repreendi antes que pensasse coisas impróprias. Ele era só mais um INDIO QUAQUER, DAQUI DO FIM DO MUNDO.

Fomos recebidas por uma mulher de cabelo curto e uma expressão enérgica.

- Srtª Weelow, seja bem vinda. É um prazer ter a Srtª conosco essa noite. – ela foi muito educada e tinha uma voz profunda e verdadeiramente encantadora.
- Me chame de Amelie, por favor. – eu concedi com um sorriso educado, afinal ela não era minha serviçal e eu estava em sua casa, não era adequado ela me tratar pelo sobrenome.
- Então, Amelie. Seja bem vinda, eu sou Sue. – ela ofereceu uma mão que eu aceitei.

Lá dentro tudo era muito simples como eu já tinha esperado, mas era muito limpo também e a decoração, mesmo gasta em algumas partes era de muito bom gosto; toda tradicional como eu gostava que fosse, além do bônus de estar fazendo calor o suficiente dentro da casa, pra que eu tirasse o casaco e ficasse confortável.

Uma garota vinha descendo as escadas de madeira se encolhendo das cócegas de um garoto que vinha logo atraz dela. Garoto virgula, porque era quase tão alto e largo nos braços quanto o Black que já tinha se sentado no sofá de dois lugares como se a casa fosse dele. Era uma menina comum, os cabelos lisos e muito negros eram inegavelmente bonitos, mas ela não era nenhuma grande beleza pra que o cara a olhasse como um cego que via pela primeira vez depois de décadas sem enxergar.

- E aí Jared, o Seth sabe que você tava “usando” o quarto dele? – Black perguntou com um sorrisinho de zombaria e a garota abaixou a cabeça constrangida.
- Inveja mata, Jacob. – o outro sorriu e enlaçou a garota pela cintura sem deixar que ela se afastasse nem um pouco sequer.
- Jake!!! – uma garota toda linda, que era o clone da vocalista do Pussycat Dolls, veio correndo do que devia ser a porta da cozinha e pulou no colo do Black.

Eu enrijeci com aquela cena e depois me soquei mentalmente por essa atitude sem sentido.

– Você veio, irmãozinho. – ela tentou beija-lo na bochecha e ele se esquivou fazendo uma careta.
– Paul, você deu bebida pra minha irmã, seu imbecil?

Ah, então ela era irmã dele. Ta explicado.

Eu continuei sentada na poltrona que me foi oferecida, com os tornozelos cruzados e esperando um meteoro cair na minha cabeça.

A garota do tal de Jared deve ter me visto toda deslocada e veio até mim, ela parecia muito boazinha, o tipo que faz a caridade de enturmar os deslocados.

 

 

- O meu nome é Kimberly, mas pode me chamar de Kim. – ela ofertou a mão. – Você é a Srtª Weelow, não é?

- Só Amelie. – eu disse sem-graça.


- Você é muito bonita. – ela olhou um pouco envergonhada pros meus pés. – Os seus sapatos também. – ela sorriu sem jeito.

- Você tem os cílios que minha melhor amiga Trace morreria pra ter. – eu me vi confidenciando à garota mesmo sem querer, porque realmente, vendo-a de perto ela tinha as pestanas longas e grossas mais incríveis que eu já vira. Ela sorriu toda encabulada para mim.

- Jura?

- Claro, porque você não passa um rímel aí, eles iam gritar mais alto que um mega-fone. – eu falei baixinho, só pra ela.

- Não tenho muito jeito com maquiagem. – ela também confessou.

- Passa lá em casa um dia desses que agente muda isso. – eu pisquei pra ela.

Peraí, eu PISQUEI pra garota. O que eu tava fazendo? AMIZADES? Alguém me tira daqui, rápido, na velocidade da luz!

- Isso seria muito legal. – ela falou e então o namorado veio interromper o nosso papinho pra monopolizar ela.

Eu nunca tinha visto um cara mais apaixonado na vida. Ele me cumprimentou sem nem ao menos me olhar nos olhos, parecia que enxergava só a Kim, não que eu fosse querer que ele me olhasse nem nada, mas fala serio, porque aquilo foi ESTRANHO.

- Eu sou a Rachel. – a irmã do Black me cumprimentou em seguida. Eu respondi um “Meu nome é Amelie” e logo o cara que devia ser o Paul apareceu puxando ela pra cozinha de novo e adivinhem?

Ele tinha a mesma cara de adoração do tal de Jared. O que essas garotas faziam com os homens daqui? Voodu? Isso só podia ser macumba das brabas.

A coisa só piorou quando conheci Emily, noiva do Sam.

Marta já tinha me explicado que a garota ficou com metade do rosto desfigurado por um acidente com um urso selvagem e tal, e eu me tremi de medo dessa floresta maluca, e fiquei com uma grande pena antecipada da garota, já pronta a dar o telefone do cirurgião plástico da minha mãe pra ela e tudo.

Mas aquela mulher não precisava de um cirurgião plástico porque os olhares de Sam para ela eram ainda mais apaixonados e psicóticos do que os olhares de Jared e Paul pra suas namoradas.

Eles se moviam inconscientemente juntos, adaptando o movimento um do outro para estarem sempre perto mesmo sem se tocarem, aquilo era um soco no estomago de qualquer garota disponível e atualmente deprimida no mundo.

Era como estar dentro de um filme meloso daqueles mais melosos e mesmo assim não era meloso demais porque era real e sem exageros clichês de romances baratos. Até consegui ver a beleza por de traz das cicatrizes e aí sim ter pena, não por ela, mas pelo mundo que perdeu aquela beleza. Deve ter sido ainda mais bonita do que a irmã do Black, antes de ter aquilo gravado no rosto.

Acho que aquela foi à deixa para eu me esgueirar até a varanda sem que me percebessem e fitar a escuridão a minha frente, tão parecida com a escuridão que se abatia sobre o meu coração, e, deixar a minha mascara cair.

 

Jacob P.O.V.

O clima tava exatamente como eu pensei que estaria, todo aquele pessoal IMPRINTED reunido e sendo feliz de verdade.

Só não tinha vomitado ainda porque na poltrona ao lado do sofá onde eu me sentava, estava alguém que parecia passar pela mesma provação que eu.

Embora ela tenha decepcionado a minha expectativa de diversão as suas custas, não fazendo nenhuma careta e nem destratando ninguém - Até conversou com Kim como se fossem ser amigas ou alguma coisa do tipo - Parecia uma outra pessoa, debaixo de todo aquele desfile de moda ambulante que ela vestia. Quase como se ela fosse real e não a boneca Barbie da minha visão de mais cedo.

Eu esperei que ela estivesse toda arrogante hoje, mas do que nunca por ser uma “festa”... E então, parecia ter alguma coisa diferente rolando. Às vezes era como se eu captasse tristeza nela, dor de verdade por baixo daqueles olhos verdes de cor artificial.

Ficava espiando a garota sempre que podia disfarçar. Vi os garotos me lançarem olhares do tipo “Vai lá, cara!” e fechei uma carranca pra eles quando faziam isso. Eu não ia me meter com essa garota, o que é que eles estavam pensando afinal? Até Rach me lançou um desses olhares depois de a menina ter sido educada e atenciosa quando ela a cumprimentou.

Quil chegou com Claire um tempo depois e a pequena pulou no meu colo. Enquanto eu fazia cafuné na criança ele me lançou os olhares mais sugestivos de todos os olhares j´pa lançados e ainda ficou murmurando umas coisas em voz baixa to dito.

- Vai lá Jacob, a garota parece bem desanimadinha, essa vai ser fácil.

Eu fazia uma cara assassina pra ele e me segurava pra não espanca-lo porque isso pareceria suspeito.

- Onde ela está? – ele perguntou depois de um tempo que eu não olhava para Amelie.

Eu procurei descaradamente a garota com os olhos e nada. Levantei preocupado, porque afinal aquela doida já tinha fugido uma vez, poderia muito bem fazer isso de novo. Deixei Claire no chão e quil ainda teve tempo de me mandar um OK e uma piscadela enquanto eu saia da casa já atulhada de gente.

Passei os olhos depressa por toda a varanda dos Clearwater já procurando pelo cheiro dela também. Fui assaltado pela fragrância distinta, próxima demais a mim. Ela estava em um canto escuro e remoto da varanda mesmo, segurando a mureta de madeira e com os olhos perdidos na imensidão da mata.

Pelo perfil que a lua traçava eu pude ver um filete de lagrimas traçar o rosto dela e de repente um bolo nasceu na minha própria garganta como se eu também precisasse chorar. Queria poder abraçar aquela garota e proteger ela como fiz na noite em que ela se perdeu; eu queria aquecer ela pra que suas mãos não parecessem tanto com garras gélidas e frágeis e aquele sentimento foi quase como uma ordem do meu alfa, me compelindo a chegar mais perto, atravessar as barreiras que nos separavam.

Fiz os meus passos emitirem som nas tabuas de propósito, dando uma dica da minha aproximação. Ela ficou rígida imediatamente e se virou de costas o mais rápido que pode, com certeza pra esconder os vestígios do choro.

Coloquei minha mão esquerda em um de seus ombros sem me conter.

- Amelie. – eu chamei com a voz baixa e tentando controlar o nível de preocupação que de repente era obvio na minha voz.

- Eu estou bem. – ela deu um risinho sem humor, era triste demais pra ser arrogante.

- Posso ajudar? – eu tentei não parecer um idiota.

- Eu acho que não. – ela continuava com a mesma expressão resignada de tristeza.

- Eu posso tentar? – insisti. E afinal, porque eu estava insistindo? Serio, a loucura tinha mesmo me tomado de vez.

- Você pode me abraçar? – ela falou aquilo tão baixo que era como se nem ela mesma tivesse consciência de estar falando.

Fiquei pregado no chão por um quarto de segundo antes de vira-la delicadamente de frente para mim e abraça-la com cuidado, tentando barrar o ímpeto de aperta-la ao máximo contra mim como se assim pudesse protege-la de tudo. Ela teve de ficar na ponta dos pés mesmo com seu salto alto.

- Obrigada. – também saiu muito baixo e ofegante. – Você é confortável. – ela disse quase recuperada da tristeza. – Tão quentinho!

E eu rapidamente me afastei dela, deixando-a com uma cara assustada e muito pior que a anterior.

- Me desculpe. – ela balbuciou tentando engolir o choro e se afastar.

Jacob, sua mula, o que você tinha feito? A garota não ia descobrir todo o seu segredo só porque notou que você era quente, seu infeliz. Me aproximei dela e olhei em seus olhos, coloquei minha mão na mão dela e a puxei pra mais perto.

- Me desculpe você. – eu falei a abraçando de novo, mas dessa vez ela não tentou ficar da minha altura e envolveu minha cintura como pode. – As vezes me falta uns neurônicos, ignore. – eu tentei soar engraçado.

Ela riu, Parece que tinha dado certo.

  Amelie P.O.V.

Até onde temos controle sobre nossas vidas? O quanto podemos fazer por nós mesmos e quando é que realmente precisamos de ajuda?

EU precisava de ajuda. Não queria encarar isso de frente, mas mesmo assim eu precisava.

Se eu pudesse escolher a forma como essa ajuda viria até mim, eu com certeza escolheria uma maratona de compras em NY, passando pela Barneys ou Bloomingdales; depois me encontrar com Trace em Soho pra tomar capuccinos desnatados com chantily sem gordura; e então quando as férias de natal acabassem, voltar para minha maravilhosa Beverly Hills e passar o fim de semana no Ultimate Spa Gift esfoliando cada centímetro do meu corpo e fazendo minhas unhas e retocando as mexas douradas do cabelo...

- Você pode me abraçar? – Acho que ISSO era só o que eu poderia descolar agora.

E ele era tão alto que nem os meus Louboutin de salto 15 alcançavam o mesmo nível. Me estiquei e ele me ajudou, ele tinha aquele cheiro inebriante de manhãs de natal e era tão quente, eu tinha me esquecido disso.


- Obrigada. – eu tinha perdido minha voz em algum lugar, talvez no mesmo lugar onde deixei o resto da minha sanidade! – Você é confortável. – O que eu estava fazendo? – Tão quentinho! – Essa não era eu.

E então tudo acabou, ele se separou de mim tão rápido e o frio inesperado me fez tremer um pouco.

Aquilo me assustou, queria brigar com ele pra voltar pra onde estava, queria ordenar que ele fizesse isso; Tentei encontrar meu orgulho e sair dali, a dor surgindo na minha garganta por segurar o choro. Quem ele pensava que era? Aquele estúpido! Ai como eu me odeio por ele ter me visto assim...

- Me desculpe. – foi o que saiu em vez dos insultos que eu devia ter dito. Comecei a me virar pra sair, mas aquela mão enorme e muito, muito quente, me puxou de volta, aqueles olhos negros me perscrutando como se me enxergassem por dentro.

- Me desculpe você. – ele disse em um tom servil, me abraçando de novo ainda mais acolhedor do que antes. O calor e o cheiro perfeitos me impedindo de fugir dali mesmo que eu quisesse. – Às vezes me falta uns neurônicos, ignore. – Ele fez piada de si mesmo, gostei daquilo; um pequeno sorriso verdadeiro escapou por meus lábios.

Estar nos braços dele era tão seguro, tão certo, era quase inevitável não me sentir no céu, mesmo estando BEM LONGE do céu. Era como estar na presença de algum anjo, um anjo com muito calor e muita luz.

PeraÊEEEEEE!!! O anjo, o anjo da morte no meu delírio. Não era só um delírio. Era ele. Só poderia ser ele.

Não ousei me separar do abraço, mas ergui minha cabeça para fitá-lo. Ele tinha uma expressão tranqüila no rosto bonito.

- Eu agarrei mesmo você naquele dia, não agarrei? – Agora eu queria cavar um buraco na terra com as minhas unhas de 800$ e enfiar a minha CABEÇA PIFADA lá dentro. Ele sorriu pra mim de uma forma cúmplice.

- É, eu acho que sim! – respondeu com aquela voz rouca e majestosa dele.

Como um PROLETARIO tinha uma voz daquela? meu DEUS! Foco, Amelie, FOCO!

- Eu achei que você fosse algum tipo de “anjo da morte”. – eu me defendi num ato impulsivo e me arrependi imediatamente. Aquilo soou biruta e macabro.

Um ponto para o índio já que ele segurou bem a risada com o meu comentário.

- Sou tão assustador assim? – ele se fingiu de ofendido fazendo um bico. Era TÃO BUNITINHO.

Amelie, acorda sua perturbada! É só o BLACK, o idiota, infeliz e NADA do Jacob Black.

- Você é bonito. – uma parte desconhecida de mim falou nun tom de obvio que me fez corar.

OH MY GOD!!!!!!

Eu estava errada, porque, afinal, tiraram a minha identidade também.

QUEM ERA ESSA IDIOTA TODA DERRETIDA E “CORADA”? Amelie Weelow, o que você fez comigo?

Desde quando eu era do tipo “garota corada”? Desde quando?

A ultima vez que eu corei, eu tinha 12 anos e Peter Blunch tinha acabado de puxar a alça do meu soutien, fazendo barulho, no meio de uma aula de matemática da Srª Gohdstüin.

- Você que é bonita, Srtª Weelow. – ele falou olhando pra mim e sem demonstrar nenhum deboche, dessa vez. – Muito bonita.

E eu estava toda emocionada como se tivessem acabado de anunciar meu nome para a lista VIP de um novo salão de compradoras de luxo na Melrose.
Meus pés começaram a subir em ponta sem a minha permissão e Black me apoiou com as mãos absurdamente quentes na minha cintura, me ajudando.

Estávamos tão próximos agora. Eu podia ver seus olhos negros iluminados por uma chama indistinta, nossos narizes a milímetros e nossa respiração se mesclando; entreabri os lábios instintivamente, sentindo...

- Ei Jake, já vão servir a ...

Foi como levar um choque de 1200W, nos separamos na hora e eu quase cai do salto, literalmente, e pela primeira vez na vida.

  Jacob P.O.V.

- OOPS, acho que interrompi alguma coisa! – Quil ia dizendo todo encabulado.

- Porque eu não deveria arrancar a cabeça do Quil, mesmo?

Ah, sim! Porque Amelie ainda estava lá com uma cara de pânico e os olhos do tamanho de bolas de golfe. Ela se desequilibrou feio quando nos separamos e eu tive que ampara-la com uma mão pra ela não cair.

Quil lançou um sorrisinho cretino pra nós dois e ela pareceu se recuperar o suficiente pra ignora-lo e girar nos calcanhares com toda a classe, deixando nós dois lá fora e entrando na casa com muita rapidez pra uma garota humana.

Ótimo, agora eu podia arrancar a cabeça dele.

- Tio Jay, vem clomê PELU. – Clair apareceu bem na hora em que eu ia começar a briga e abraçou as pernas de Quil que continuava todo sorrisos. Salvo pelo gongo, idiota.

Dei uma encarada assassina nele e fui pra dentro, procurando ela com os olhos atentos. Definitivamente, SORTE era uma coisa que eu não tinha.

 

Amelie P.O.V.

Era só o que me faltava! SERIO!!! Agora eu ia virar o novo boato na fofoca dessa gentinha. A garota da Califórnia finalmente se rende aos encantos dos nativos locais. PERFEITO!

Será que eu realmente estava sóbria? Essa coisa de Natal estava me afetando mais do que deveria. Passei a mão na minha micro bolsa DIOR e peguei o meu celular, AGORA PRE-PAGO – me mata! – digitei uma mensagem pra Trace.

Sua vadia, espero que me ligue em 24hs ou a sua aventura com a amiga TEQUILA lá em Tijuana, no ano passado, vai parar no youtube. Eu falo serio!

Ela teria que responder ou ia conhecer a minha fúria de melhor-amiga rejeitada, e como eu não tinha apenas esse vidiozinho comprometedor dela, creio que ela arrumaria um jeito mesmo no meio de tanta balada legal pra me salvar desse inferno e dessa NOVA EU que tava querendo acabar com a reputação da minha EU VERDADEIRA.

Marta veio da cozinha com seu prato cheio de comida natalina, cheia de milhões de calorias e me ofereceu o mesmo. Eu fui até a cozinha. Não pra pegar a comida, claro, eu já estava pobre e no meio do mato, só me faltava começar a engordar. Como, isso, eu poderia evitar; não aconteceria.

Peguei um copo de alumínio - Senhor, me ajude a suportar as provações deste mundo cruel - eu nunca pensei que fizessem copos com alumínio e o que aconteceu com o bom e velho cristal bacará? Enchi aquilo, aquele copinho de pobre, com a maior quantidade de vinho possível e até misturei um pouco de vodka que um daqueles garotos índios tava usando pra preparar umas batidas.

Me escorei num canto remoto da sala, perto da escada e bebi o Maximo que podia, sempre enchendo um pouco mais com a vodka que tava numa mesinha por perto.

Em meia hora eu já podia sentir meu sangue fervendo e as cores aumentando de intensidade, as luzinhas da decoração de natal eram alucinantes e eu até poderia apreciar a musica relativamente brega. Tava ficando o maior calor também.

Fui até um banheiro minúsculo que ficava logo atraz da sala e abri uns três botões na minha roupa, mostrava um pouco minha lingerie Marc Jacobs, mas e daí? Aquela casinha tava fervendo, eu tava fervendo e o mundo era mais feliz depois de meia garrafa de vodka e muito vinho.

Minha saia também estava longa demais, restritiva demais. Eu virei ela pra trazer a fenda que tinha nas costas até a minha coxa, mais flexível pra andar.

Sai do banheiro bem na hora que tava tocando uma musica com uma batida mais moderna, alguém tinha aumentado o volume e tinha um garoto todo bonitinho perto da mesinha da vodka, ele era quase mais magro que o Black, tinha uma expressão mais leve também, era bem menos intimidador.

Aquela altura não me lembrava de que ele era um índio do fim do mundo como todos os outros então cheguei perto dele, com o meu sorriso de boas vindas que eu e Trace treinávamos no espelho desde os 11 anos de idade e coloquei a mão no ombro dele muito casualmente. Assim eu percebi que ele era mais baixo que o Black, também.

O garoto me olhava como se tivesse tendo um sonho e eu tinha conseqüência disso, então puxei ele pro meio da salinha onde tinha umas três pessoas mais animadas que estavam dançando aquela musiquinha melhor que começou a tocar. Eu tinha soltado os meus cabelos e eles estavam bem selvagens. Agitei eles enquanto rebolava pro garoto e via os olhos dele ficando maiores, o pessoal parando de dançar pra ver a gente; as luzes, a batida, a vodka direto no meu cérebro...

 

Jacob P.O.V.

Entrei um pouco depois dela já que o Quil ainda disse uns cinqüenta “Vai lá, garoto!” achando decerto que tava fazendo a maior boa ação do ano.

Procurei ela pela sala e nada, dei a volta lá por fora porque Collin e Brad tinham chegado pra trocar os turnos com alguém e lá dentro tava meio lotado pra ficar transitando de um lado pro outro. Quando cheguei na cozinha, nada dela também. Farejei o ar e o cheiro dela ainda tava lá, ia voltando pra sala quando Emily me pegou pelo casaco pra ajudar ela com a loca.

Eu bufei mas não recusei. Fiquei lá perdendo tempo e pensando no que quase aconteceu. Fala serio! Agente praticamente se beijou e foi tão incontrolável.

Eu QUIS aquilo, ou pelo menos o meu CORPO quis. E ela também parecia bem inclinada àquilo, não parecia me achar um QUALQUER enquanto abria os lábios devagarzinho pra mim.

Terminei com a louça e fui pra sala e... Nada dela.

Fala serio! Isso era algum tipo de piada? Novamente senti o rastro fresco mas dessa vez me sentei no braço da poltrona onde a Claire tinha apagado e fiquei rindo da minha irmã, possivelmente alterada e o retardado do Paul que fazia tudo que ela queria ali dançando, no meio da sala, alguém tinha aumentado o som.

Brad se juntou aos dois e aquilo tava mesmo muito hilário. A Rach rebolava com a musica parecendo que estava na própria boate e o Paul não sabia se acompanhava ela ou ficava babando. Ridículo.

Me distrai totalmente com eles e então depois de um tempo meu olhar foi para o canto perto da escada onde Collin tinha parado pra abastecer o copo com bebida sem que ninguém notasse e mandasse ele parar por ser mais novo do que o resto.
E aí eu reconheço a garota que está de frente pra ele, com a mão no ombro dele e com um sorriso fácil na cara.

Quem era ela e o que fez com a Amelie de uns vinte minutos atraz?

A garota na frente do Collin tinha os cabelos rebeldes e cheios que caiam pela cintura, ela tinha uma fenda na coxa que mostrava a ponta rendada da meia-calça e dava pra ver quase tudo do soutien preto de rendinha que ela exibia naquele decote de matar. O sorriso dela era enorme e ela batia os cílios e mexia no cabelo com a mão, jogando ele pro lado. Eu morri, fui pro céu e voltei pra entender que aquela ali era mesmo a Srtª Weelow.

Ela puxou um Collin, feliz como uma criança que ganhou um presente, pro meio da tentativa de boate que Rach tinha começado e então dançou pra ele.

Porque, Collin, obviamente mal podia se manter em pé enquanto ela se esfregava nele descaradamente e rebolava pra valer com as mãos marcando o quadril e subindo pelo próprio corpo. Não contente com o show que estava dando, afinal, até a Rach tava parando pra olhar, ela colocou uma das mãos dele no quadril dela e aproximou-se mais fazendo ele rebolar com ela.

Eu não sei o que me deu mas sei que num instante eu tava ali olhando aquilo com cara de pasmo como o resto de pessoal e no outro instante eu já tava vendo tudo vermelho, pegando ela como se fosse um saco de batatas, jogando no meu ombro e indo lá pra fora enquanto ela gritava e esperneava toda histérica.

  Amelie P.O.V.

Garoto bonitinho, bonitinho mesmo, e ele tava ficando bem animado enquanto agente dançava colado. Eu sorri pra ele de novo enquanto rebolava mais uma vez e vi ele apertar o lábio inferior entre os dentes pra não gemer, e ai, do nada, eu não tava mais no chão.

Levei uns três segundos pra perceber que algum energúmeno tinha me jogado no ombro e tava me tirando de lá. Primeiro eu gritei para que me tirassem dali. Aí eu senti aquele cheiro que até muito bêbada eu reconheceria e comecei a espernear pra valer.

- Me solta Black, seu estúpido. ME SOLTA seu índio IDIOTA. Eu vou dar queixa de você. Eu vou te processar por assedio. Me COLOCA NO CHÃO, SEU BRUTO, SEU... SEU ... ANIMAL!

Ele me pôs no chão quando eu chamei ele de animal, foi de mau jeito e eu, bêbada, sentei minha bunda naquele chão gelado. Minhas pernas abertas e minhas mãos espalmadas na neve. Lagrimas de ódio saiam pelo meu rosto enquanto eu continuava gritando.

- Quem é você pra fazer isso? O que você tem na sua cabeça, seu VERME IMBECIL?

- O que VOCÊ, tem na cabeça, SRTª WEELOW. – ele cuspiu meu sobrenome com fúria e algo que pareceu nojo.

Foi como um tapa na cara.

- Porque você me tirou de lá? – eu exigi, me levantando desajeitada e com muito custo.

- EU TE FIZ UM FAVOR, SUA BEBADA E... VAGABUNDA!

- VOCÊ ME CHAMOU, DE QUE?

- O QUE VOCÊ ACHOU QUE TAVA PARECENDO ENQUANTO SE ESFREGAVA NO COLLIN?

- ISSO NÃO TE INTERESSA!

- INTERESSA SIM!

- AHHHH, É? E PORQUE INTERESSARIA, SR. BLACK? – Eu cuspi o sobrenome dele também.

Ele pareceu perder o foco por um instante e então parou de gritar e fez uma expressão fria de deboche para responder, todo cinico, disse descaradamente.

 

- Collin é quase uma criança, não tem idade pra namorar. – Ele falou aquilo serio e eu tive que gargalhar pra ele. Atirei meus cabelos para traz e enfiei o meu dedo nas fuças dele.
- O SR. É, POR ACASO, ALGUMA FREIRA DE ESCOLA CATOLICA, SR. BLACK? PORQUE NÃO VAI ARRUMAR ALGUEM QUE QUERIA SE ESFREGAR NO SR.?
- Porque eu já achei alguém assim. – ele disse ainda mais cínico, mais agora com um sorrisinho escapando pelos lábios grossos.
- MUITO BOM PRA VOCÊ! – eu gritei cheia de ódio da fulaninha.
- Eu também acho!

E aí ele me puxou com agressividade, enlaçou minha cintura me puxando pra ele e antes que eu pudesse voltar a me debater e gritar, colou a boca na minha com força, obrigando os meus lábios a se abrirem.

Quem eu estava enganando se nem bêbada eu conseguia sentir algo diferente de um desejo enorme por aquele cretino, insignificante e POBRE?

Eu cedi, afinal, poderia sempre argumentar que estava bêbada demais pra me lembrar de alguma coisa e beijei ele de volta. Deixei a língua dele entrar na minha boca, seu hálito quente como suas mãos, sua língua se adaptava com perfeição à minha, nossas bocas coladas com a fúria dele, movendo juntas em uma espécie de guerra deliciosa. Meu peito ofegante de falta de ar, o abraço de ferro em minha cintura, meus braços entorno de seu pescoço desde o momento em que decidi me entregar aquilo. Parecia impossível parar de beija-lo. Eu ia morrer ali sem nenhuma grama de oxigênio.

Ele separou nossas bocas bruscamente me fazendo gemer um protesto e riu disso. Minha expressão se fechou em fúria e eu me reergui. Ele me colocou no chão e dessa vez eu não me desequilibrei. O imbecil – E GOSTOSO – ficou lá com uma cara de bobo total e eu recuei o meu braço e arremessei com tudo na cara dele pra dar AQUELE tapa.

Black pegou minha mão no ar, próxima ao seu rosto e me falou com uma voz toda cheia de si.

- Acredite, você não ia querer fazer isso!

Então eu cuspi nele e me pus a correr, no sentido contrario ao da festa, indo na direção da minha – suspiro – casa.

  Jacob P.O.V.

Cara, o que foi aquele beijo, Deus, aquilo foi bom demais, umas cem vezes melhor do que beijar a Bella. Foi um beijo a força também, mas foi algo a mais, com a Bella eu apostava na chance de ela também querer aquilo quando ela finalmente cedia, mas com a Amelie... Era tão obvio que ela quis e ela cedeu tão depressa e se entregou daquela forma tão “POR INTEIRO”, logo ela me beijava com tanta vontade quanto eu beijava ela, ela tinha a mesma fome.

Ser correspondido faz toda a diferença, definitivamente. Eu fiquei lá sorrindo como um idiota enquanto ela corria pra casa. Eu até poderia ir atraz, mas os ânimos dela não estavam muito bons para isso agora, ela devia ta entrando numa crise bem complicada com o orgulho dela por ter me beijado. Decidi esperar a poeira abaixar.

Agora eu podia ver o que o Quil tanto insistia para que eu visse. Com uma garota nova na minha vida eu teria um tempo bem menor pra me lembrar da Bella e depois desse beijo eu achava que dormir e sonhar com a Amelie e não com os pesadelos da “Bella Monstro Vampiro” seria bem mais fácil.

- Jacob, querido, você viu a srtª Weelow? – Marta me perguntou parada na porta da sala, em cima da varanda.

- Ela foi pra casa a pé. – eu tentei controlar meu sorriso mas acho que ela percebeu tudo.


- OU! Acho que vou atraz dela. Boa noite, meu rapaz!

- Boa noite, Marta. – eu disse com um sorriso grande demais.

Ela já ia virando a esquina quando eu gritei.

- Manda um beijo de Boa Noite pra ela.

Vi Marta sorrindo satisfeita e me acenando um sim com a cabeça. Me virei a tempo de ver o Collin me olhando atravessado através da janela e dei um aceno animado e um sorriso sarcástico pra ele. Aquela garota agora tinha dono e era bom ele saber disso.


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