Inopino escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 3
Capítulo três


Notas iniciais do capítulo

Olá para todas as lindas que comentaram!!! E aos leitores novos também!!!
Ah, uma primeira coisa:
Fe!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! AAAAAAAAAAH!!!
Eu amei tua recomendação! Meu Deus, fiquei EMOCIONADA DEMAIS quando eu abri minha história e me deparei com as tuas palavras! E logo no comecinho, ainda, kkkkkkk. Mesmo que tu tenha me avisado nos comentários, foi uma surpresa e tanto, e eu AMEEEEI! Fico mega feliz por saber que logo nos primeiros capítulos já consegui tamanho resultado e aprovação. E (eu estou chorando, sahuahuhu), muito obrigada pelo carinho! Foi lindo!!!! Por isso, te dedico esse capítulo aqui, Fesinha, teu segundo nessa fanfic, hahaha.
Bem, depois da minha demonstração cativante de amor à minha linda Fe, tenho uns recadinhos, hehehe.
Esse capítulo foi um pouco - tudo bem, muito - mais difícil de escrever do que os outros, ainda não sei bem o porquê. E como eu amo realizar um lenga, lenga interminável e dar aos meus personagens - embora Dimitri não seja meu, uma pena :( - uma ilustre vida social, resolvi adiar um pouquinho mais o resgate de Rose e Lissa, mas é só porque eu odiei o fato de quase todas as histórias sobre o ponto de vista dele terem começado já em Portland. Eu queria que a história de como eles chegaram a isso fosse contada, justamente por ser muito interessante, mas também com dados (parcialmente) reais, ou inventados, o que dá no mesmo. Por isso, eu estou demorando tanto para iniciar a parte tão esperada: O Encontro, uau! Háhá, não é por maldade, juro, é só porque eu preferi dar uma introdução mais detalhada e explicar um pouquinho da personalidade dele antes de começar de fato com Vampire Academy.
Leiam as notas finais.
Boa leitura!



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Capítulo três

Acordei em um salto.

Meu cabelo comprido grudava-se atrás do pescoço devido ao suor, e eu ofegava rapidamente para espantar o susto que levara durante o sono. Eu não sabia ao certo se minha avó realmente estivera nele, – o que ainda não sabia ser possível, mas não ousava duvidar – ou se imaginara tudo. Era impossível decifrar qual das duas opções era a mais provável. Passei as mãos por meu rosto, em completa exasperação. Céus, por que eu tinha que ter um sonho desses logo agora?

Como se para responder minha pergunta não formulada – e, consequentemente, aumentar a minha irritação – o despertador soou alto e estridente aos meus ouvidos sensíveis. Grunhi com o barulho irritante e esmaguei o travesseiro contra o rosto, rezando internamente para que ele parasse – assim como o tempo no mundo – e me deixasse dormir em paz. Mas nada aconteceu, é claro, o alarme apenas continuou soando loucamente em minha cabeça, latejando como uma batida sincronizada e incessante. Derrotado, soquei o botão de Pausa com força exagerada e joguei as cobertas para longe do meu corpo quente. A mudança repentina de temperatura fez a pele nua do meu peito se arrepiar, então esfreguei os braços rapidamente para espantá-la e me dirigi ao banheiro.

Ao contrário da noite passada, demorei um pouco mais de tempo no banho. Eu precisava tirar todo o suor frio do meu corpo, mas, principalmente, pensar. E o meu local favorito para realizar essa praticamente impossível tarefa era ali, debaixo da água quente e revigorante do chuveiro. Tudo estava uma confusão, certas coisas embaralhavam-se com outras e me deixavam maluco: por um lado, eu sabia que realizaria uma importante missão àquela noite e, para isso, tinha de me focar e concentrar todas as minhas energias a fim de realizá-la; por outro, o sonho que tivera mais cedo abriu uma nova linha de pensamentos, uma essa que eu não compreendia completamente, mas que eu sentia ser importante. Minha intuição me dizia que precisava de alguma mudança, senão enlouqueceria.

Eu estava há tempo demais longe de minha família e não recebia notícias dela fazia muitos anos. A saudade que eu sentia era tanta que, por várias vezes, não conseguia nem mesmo olhar para a pequena fotografia que eu guardava cuidadosamente na carteira. Eu não tinha mais forças para suportar o mar de lembranças felizes que eu consegui na Rússia, e me atingiam como baques dolorosos. Eu sabia que aquela imagem, – repleta de sorrisos alegres e evidente carinho – retratava algo muito distante da realidade, pois minha mãe e irmãs já não possuíam mais as características marcadas ali naquele papel. Com lamento, imaginei como Viktoria poderia estar diferente, mais crescida, mais madura; Sonya e Karolina, ambas as mulheres lindas e destemidas, deveriam estar ainda mais bonitas. Paul, meu pequeno sobrinho, provavelmente estaria na escola a essa altura, brincando e ouvindo histórias emocionantes sobre corajosos caçadores de Strigoi malignos; minha querida mãe, Olena, já tomada por mais rugas pela idade, nunca seria velha demais para mim.

Eu só conseguia pensar no desejo que sentia de abraçá-las novamente, sentir seus perfumes doces e ouvir palavras de carinho. Voltar a ser feliz.

Porém, eu sabia que isso não se realizaria tão cedo. A solidão que a Academia me proporcionava corroía-me por dentro diariamente. Deixava-me sem muitas opções de conforto, somente com a rotina pesada de trabalho.

Assim que desliguei o chuveiro, respirei fundo e controlei meu repentino impulso de socar algo. Eu não havia resolvido nada, para variar, somente aumentara o rombo em meu peito devido à falta que minha família fazia a mim. Agarrei rapidamente a toalha que estava pendurada no vidro, secando calmamente meu corpo encharcado, e, ainda, pus roupas simples e práticas – jeans surrados, suéter e botas – antes de sair do cômodo amarrando os cabelos com um elástico qualquer. Nem me importei com o fato de ainda estarem molhados ou despenteados, eu simplesmente não estava com muito ânimo para essas banalidades àquela manhã. Antes de sair, agarrei meu longo casaco de couro e parti porta a fora, trancando-a apressadamente ao passar.

No iluminado corredor, vários guardiões que transitavam funcionalmente me cumprimentaram assim que passei, porém voltavam aos seus pensamentos logo em seguida, assim como eu. Eles também devem estar com seus próprios e duros problemas, pensei. Eu não deveria me superestimar por ter alguns, – e ainda esses sendo tão poucos – afinal nem conhecia a maioria deles. Claro que conhecer era uma palavra relativa. Sabia seus nomes e idades, assim como formação e posições, mas as informações cessavam por aí. Não tinha intimidade o suficiente para dizer qualquer coisa sobre eles, ao mesmo tempo em que todos não poderiam afirmar nada sobre mim.

Suspirei ao perceber, com tristeza, a dura realidade.

A vida é uma estranha traiçoeira. Enquanto acompanha de esguelha a rotina prática das pessoas durante os anos, não lhes permite caminhos fáceis ou singelos laços afetivos, somente por puro prazer. Como se fôssemos seus meros e facilmente controláveis marionetes. Eu tivera ótimas amizades, obviamente, mas conforme o tempo passava, notei que todos fomos caindo em suas pequenas e irreversíveis armadilhas, e acabamos nos perdendo completamente no meio do caminho. Desde o dia em que fui designado para a Academia, porém, não me preocupei muito em conhecer novas pessoas. Concentrei maiores forças em meu trabalho, ao invés disso.

Dessa maneira, nada mais tomaria meu tempo e, consequentemente, não pensaria em nenhuma bobagem, pois o foco direcionado em tais atividades me permitia tentar ao menos sobreviver a um dia de cada vez. A culpa que eu carregava pela morte de meu melhor amigo ainda me atingia diariamente; era necessário um ímpeto extraordinário para não me permitir ficar completamente insano.

Para minha sorte, e um pouco de surpresa, a vida dos guardiões aqui na Academia era extraordinariamente atarefada: desde o primeiro dia em que cheguei já tinha todos os meus horários preenchidos e me bastou uma curta conversa com Alberta para que eu começasse de uma vez com os serviços. Eu vigiava todo o perímetro da Escola durante a noite, – dia para os humanos – fiscalizava algumas aulas e ainda tinha de revezar cuidadosamente meu tempo com a busca de Vasilisa e Rosemarie. Certamente, essa era uma rotina muito diferente da que eu estava acostumado anteriormente.

Não que eu reclamasse, pelo contrário, eu gostava da minha rotina atual e, ainda, de poder perceber nas expressões gerais ao menos um pouco de reconhecido pelo meu trabalho. Depois da morte trágica de meu antigo protegido, Ivan Zeklos, alguns Moroi passaram a me ver como um irresponsável e incompetente. Porém, mesmo sabendo que tinha minha parcela de culpa, não conseguia entender o porquê de todos cobrarem dos Dhampir uma responsabilidade muito maior do que a necessária. Afinal, éramos forçados a largar tudo pelo bem maior da profissão e ainda tínhamos de dar duro e arriscar nossas vidas para proteger uma maioria Moroi mesquinha e gananciosa.

Não que isso não valesse a pena, porque valia. Os Moroi sempre vêm primeiro, não importa o quê, e entregar minha vida lutando contra criaturas malignas como os Strigoi era o meu dever. Eu o faria sem reclamar, pelo bem de ambas as espécies – Dhampir não procriam entre si, por isso precisamos dos Moroi para continuar existindo. Porém não era apenas por isso, alguns Moroi realmente mereciam a proteção que ganhavam, pois eram gentis e diplomáticos, e se importavam com todos, não importando o fato de serem Dhampir, ou Moroi sem título de realeza.

Foi divagando sobre isso que entrei na ampla sala de reuniões da ala dos guardiões e encontrei o olhar aflito de Alberta. Seus cabelos curtos estavam um pouco bagunçados e ela tinha olheiras profundas sobre os olhos. Parecia estar exausta, mas ainda assim não perdia sua inestimável eficiência.

– Ah, fico aliviada por você estar aqui. Sei que ainda é cedo e até mesmo antes da hora marcada, mas eu estava analisando os mapas que você deixou sobre a mesa e fiquei extremamente preocupada.

– E o que a deixou preocupada? Há algo de errado com os posicionamentos? – Fiquei inseguro de repente, afinal seu olhar clínico era mais experiente do que o meu. E todo conselho seu que eu pudesse receber era valioso e de extrema importância nesta situação.

– Não, os posicionamentos estão perfeitos, gostaria de lhe parabenizar por isso, inclusive. Na verdade, não é por isso que estou aflita. Será mesmo que Ellen tomou a melhor decisão impedindo que os guardiões saíssem da Academia? Se não conseguirmos resgatar Vasilisa e Rosemarie, não tenho a mais vaga ideia de quando encontraremos uma oportunidade como essa novamente.

– Eu sei, também acho que diminuir o número de guardiões seja arriscado. Fiz o melhor que pude para posicioná-los de forma estratégica e eficiente, mas, como eu disse ontem, as chances de capturarmos as duas ficam bem menores. Vamos torcer para que tudo dê certo.

– Ora, não se desvalorize tanto, guardião Belikov. Você certamente foi a melhor escolha para assumir este cargo, e não me arrependo de ter confiado minhas expectativas para isso. Afinal, vocês ainda serão um número muito maior e mais eficiente que duas estudantes, uma delas, inclusive, sendo Moroi da realeza.

– Sim, nisso você tem razão. Acho que tudo ocorrerá bem. E, obrigado pelo voto de confiança.

– Claro, não é nada menos do que a verdade. Além disso, tenho certeza de que tudo ocorrerá perfeitamente conforme o planejado. Não há razão para se preocupar tanto. – Ela olhou brevemente para mim, um pálido sorriso em sua expressão, e caminhou até o canto da pequena sala, onde se posicionou confortavelmente contra a parede.

Não pude deixar de me impressionar com seu inesperado comentário. Alberta era conhecida por sua postura firme e destemida, e raramente demonstrava seus pensamentos quando o assunto não dizia respeito a trabalho. Por isso, a demonstração de orgulho proveniente dela me deixou surpreso, – e muito contente – e sorri como se fosse um aluno de colegial que recebia uma crítica positiva de seu mentor.

Na exata hora marcada, todos os guardiões designados para a missão se encontravam ao redor da pequena sala, atentos e compenetrados em suas respectivas funções. Eu procurava explicar suas exatas posições da maneira mais clara que podia, gesticulando lugares no mapa em que diversas – e até mesmo improváveis – situações de risco pudessem acontecer; dando dicas e estratégias para sairmos de tais problemas imediatamente e sem maiores imprevistos. A parte mais complicada da busca não era aquela, em que apenas analisávamos tudo em um papel, mas sim de fato na prática. Todos se encontravam tensos, inclusive eu, temendo que algo desse errado.

Quando as minhas explicações foram finalmente concluídas, poucas dúvidas surgiram; a maioria era sobre como se desenrolaria a perseguição. Aquilo era normal, já que a maioria dos guardiões nunca estivera de fato naquele lugar, tampouco eu. Por isso, permiti que eles analisassem o mapa uma vez mais. Eu havia pensado em qualquer imprevisto possível, mas sempre era precavido e útil que outros olhares experientes analisassem os planos, para melhorá-los caso eu deixasse algo escapar. Mas tudo estava em ordem, para meu alívio, e, rapidamente organizados, equipamo-nos dos últimos aparatos necessários e conferimos se todos os rádios transmissores funcionavam corretamente antes de sairmos em direção ao nosso novo destino.

O campus estava deserto quando emergimos do lado de fora, devido ao fato de que todos provavelmente estariam dormindo a essa hora da tarde. Os carros se encontravam enfileirados no estacionamento e rapidamente nos dirigíamos ao aeroporto de Montana, onde o jato particular da Academia se posicionava pronto para a missão. Não havia nenhum Moroi para protegermos ainda, mas mesmo assim ordenei que todos se acomodassem de acordo com os seus lugares designados. Não podíamos relaxar, estávamos ansiosos para a busca, e eu sentia a tensão espessa vagando no ar pelo comprido corredor de assentos conforme os guardiões se posicionavam.

Depois de um tempo no ar, eu comecei a ficar mais e mais nervoso conforme as milhas passavam e nos aproximávamos rapidamente de Portland. Nem mesmo o livro que eu trouxera para me distrair estava fazendo um bom trabalho em desviar minha atenção da aflição que eu sentia. Minha perna balançava incessantemente e quase que por conta própria em impaciência, eu não sabia mais o que fazer para conter a estranha sensação que eu possuía. Não era algo exatamente ruim, mas eu tinha medo de que não conseguíssemos capturá-las com sucesso, e isso estava me consumindo internamente. Em um ato impensado, agarrei os relatórios que estavam em uma pasta a minha frente e os abri cuidadosamente, folheando páginas aleatórias, mas sem realmente enxergá-las.

Foi quando uma delas prendeu meu olhar.

Presas por um pequeno clips de papel estavam duas antigas fotos, ambas com o retrato das alunas desaparecidas.

Eu já havia visto as imagens muitas vezes, tentando memorizar os rostos das duas estudantes para quando as capturássemos de fato. Mesmo sabendo que elas estariam muito diferentes agora, – afinal, as fotografias foram tiradas há mais de dois anos – não pude deixar de notar as diferenças marcantes que ambas possuíam. Uma delas, a princesa Vasilisa, tinha cabelos louros e característicos traços Moroi: rosto pálido e bochechas ossudas. Sorria para a câmera da mesma maneira que muitos de sua espécie faziam; de um jeito que mantinha suas presas escondidas, e se podia perceber claramente que ela era uma jovem muito bonita. A outra, a lendária Rose Hathaway – como era chamada pelos estudantes da Academia, o que eu achava ridículo – tinha feições características de uma Dhampir, mais morenas e encorpadas, e também sorria, só que de uma maneira mais despojada em comparação com sua amiga. Ela possuía olhos que pareciam desafiar quem a observasse e... Espere, o quê?

Balancei a cabeça, procurando dissipar aqueles pensamentos impossíveis. Tudo aquilo provavelmente era minha imaginação fértil atuando mais uma vez. Uma adolescente inconsequente como ela poderia sim ter um olhar desafiador, mas jamais isso seria considerado de alguma maneira perigoso. Ri de mim mesmo pela minha ingenuidade. Já que eu não sabia bem o que esperar de sua reação quando as pegássemos esta noite, ficava delirando ridiculamente só para matar o tempo.

Porém, algo me compelia a analisar mais a situação. E me peguei imaginando quais seriam as motivações para elas terem fugido, em primeiro lugar, mas não cheguei a uma resposta muito convincente. Seria por causa dos problemas de Rosemarie com a Escola? Improvável, ela não parecia do tipo que colocaria a vida de um Moroi, principalmente sua melhor amiga, em perigo alarmante por motivos tão imprudentes assim. Ou então, quem sabe, algo mais sério? Eu achava que sim, porém nada que constasse nos arquivos estudantis das duas dava uma boa razão para tal atitude. Talvez elas estivessem sufocadas por todos os problemas que começaram a enfrentar após o terrível acidente que sofreram. Mas, ainda assim, não me parecia o bastante. Quem sabe eu não poderei ter a oportunidade de perguntar a Vasilisa algum dia? O pensamento me animou. Como futuro guardião da princesa Dragomir, era o meu dever zelar não apenas por sua segurança física, como também por seu estado psicológico. Eu me recusava a admitir, porém, que Kirova pudesse ter razão quando dizia que as duas apenas fugiram para chamar atenção. Devia existir um motivo a mais, – nem que fosse algo muito estúpido – eu tinha certeza disso.

Eram exatas duas horas e três minutos da noite quando desembarcamos no aeroporto de Oregon, mais aflitos do que nunca, e nos dirigíamos ao nosso destino final, que era a Universidade de Portland, onde Vasilisa e Rosemarie mantinham residência fixa dentro do campus. Os minutos corriam devagar, silenciosos, ninguém dizia uma única palavra, ninguém nem ao menos respirava. Eu procurava pensar racionalmente para me acalmar, afinal minha experiência me dizia que deixar as emoções controlarem suas atitudes era pejorativo, e pouco aconselhável, embora difícil. Por isso, permaneci calado até a hora em que descemos do carro e nos dirigimos à entrada principal da Universidade.

Nossa vinda já estava programada e um simples visto que mostrei ao porteiro já foi suficiente para que adentrássemos sem maiores problemas. A rua, onde a casa ficava, localizava-se não muito perto da parte principal do campus, porém, e tivemos de caminhar alguns quilômetros até a alcançarmos.

Quando estávamos a meros metros de distância, eu me virei para todos e disse em tom baixo e suave, para não fazer alarde de nossa presença:

– Tudo bem, neste momento eu preciso que todos mantenham a calma. É uma busca complicada e não seria conveniente denunciar nossa presença aos demais moradores. Seria muito arriscado. Nós estudamos todas as estratégias e mapas exaustivamente e, em hipótese alguma, quero que ocorra alguma falha, entenderam? – Esperei até que todos concordassem. – Muito bem. Gostaria que seguissem agora para as suas posições com cuidado, eu os avisarei quando tudo estiver pronto para a emboscada.

Seguindo conforme o planejado, os guardiões, rápida e silenciosamente, se afastaram do círculo em que estávamos reunidos no canto de uma viela um pouco afastada e se dirigiam às posições, definidas com antecedência. Ficavam rígidos e atentos a qualquer espécie de movimentação estranha e me enviavam suas autorizações gradativamente, ao mesmo passo em que decidiam não haver perigo alarmante ao redor daquela área.

Depois das últimas cinco atualizações, – graças à distância de dois quilômetros entre suas posições e o lugar em que eu me encontrava – eu me virei, finalmente, para Ronald e Zora, que permaneceram comigo para a vistoria da casa.

– Agora, só nos resta observar. – Eu sussurrei para eles, que balançaram suas cabeças afirmativamente.

Nos dirigimos, então, calmamente, para perto da humilde e comum residência, na qual, eu tinha certeza, nenhum daqueles humanos suspeitava viver duas estudantes vampiras. Suspirei pesadamente, tentando conter o nervosismo.

A noite seria longa.


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Notas finais do capítulo

E mais um pouco de lições zen para vocês, haha, Dimitri é tão misterioso...
Sério, agora entendo completamente porque a Richelle não quis escrever sob o ponto de vista dele até agora, já que é bem mais fácil fazer só alguns comentários durante a história do que criar tudo o que se passa na mente do nosso deus russo. Pelo menos ela se aventurou naquele POV, né? hauhssha.
Ai, se vocês soubessem a dor de cabeça que eu fiquei só por fazer esse capítulo... Mas eu espero que vocês tenham gostado, eu fiz o máximo possível para deixá-lo bom, apesar de ainda não estar da maneira que eu quero.
E uma surpresa: no próximo capítulo vamos finalmente nos deparar com Rose Hathaway... O que será que vai acontecer? (¬¬ bom, vocês já sabem o que acontece), mas pelo menos eu fico feliz em saber que os pensamentos dele ainda estão somente comigo! Sim, sou má.
Até a próxima!
Beijinhos,

Roberta Matzenbacher.