Inopino escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 16
Capítulo dezesseis


Notas iniciais do capítulo

Gurias, gurias, guriaaaaaaas!
Me digam que vocês se prepararam psicologicamente para este capítulo! O assunto é sério, ok? Nem eu mesma estou passando muito bem... Quase morro com esses ataques de ciúmes do Dimitri, pelo amor. É muita testosterona em um homem gostoso desses, minha gente!
Enfim. Brincadeiras a parte. Hoje não tenho ninguém em específico para dedicar e como não houve recomendação, também, dedico esse capítulo a todas vocês, que sempre se corroeram de vontade de ler a cena épica mais fervente de VA, hahaha. *Eu, exagerada? Claro ou com certeza?*
Acalmem os nervos, respirem e...
Boa leitura!



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Capítulo dezesseis

Tem certeza de que era Rose, Sr. Donnut? – Perguntei exasperado. Na verdade, eu acreditava piamente na palavra do zelador. Gostaria mesmo era que nada daquilo fosse real.

– Sim, senhor, guardião Belikov. – Ele acenou com a cabeça, convicto. – Como eu dizia, estava levando a escada para trocar algumas lâmpadas e percebi vozes no quarto andar. Não consegui ver quem era o garoto com ela, só que era Moroi, mas tenho certeza de que a moça era a sua aluna.

Uma forte sensação de desgosto misturado com aquela ira – a mesma que eu sentia sempre que me deparava com algum garoto tentando se aproveitar de Rose – começou a tomar meu corpo outra vez. Eu enxergava apenas vermelho, minha visão nublada por uma camada de descontrole. Foi com esforço que me foquei no presente e na expressão ansiosa do zelador Flinker.

– Obrigado por me avisar, Sr. Donnut. – Disse por fim. – Vou tomar uma providência agora mesmo.

– É... Guardião Belikov?

– Sim?

– O senhor não acha que a diretora precisa ficar sabendo disso, acha? Quer dizer, passo muito tempo nos dormitórios e sei o quanto são fofoqueiros por aqui. – Soltou uma risadinha. – A menina Hathaway está tão empenhada em proteger a princesa que eu pensei...

– Fez bem, Sr. Donnut. Rose vai se ver é comigo.

Ele me encarou apavorado.

– Certo. – Pigarreou. – Vou indo então.

Acenei com a cabeça, tentando respirar fundo para me acalmar. Eu não queria fazer uma cena para humilhá-la – o senhor Flinker não era o único conhecedor da mente adolescente, afinal. Porém, não conseguia pensar em outra coisa além de colocar minhas mãos no infeliz que decidira se engraçar com minha aluna.

E foi isso o que me fez agir. Meus pés me guiaram sem esforço até o quarto andar, de onde o zelador os vira passar, mas eu não tinha ideia de qual daquelas portas os bloqueava da minha fúria quase assassina. Permaneci em silêncio, torcendo para ouvir qualquer ruído, porém isso não foi necessário. A voz de um garoto se alastrou pelo corredor principal através de uma pequena fresta na fechadura quebrada que eu não havia notado anteriormente.

A não ser que você não fizesse isso antes de fugir. – Dizia ele. – Você fez enquanto esteve fora, não foi? Você foi a fonte de Lissa.

É claro que não. – O choque que perpassou meu corpo não tinha nada a ver com a comprovação de que o zelador Flinker esteve certo sobre Rose, mas sim com o assunto que eles discutiam.

Era o único jeito. – Ele revidou. – Vocês não tinham fornecedores. Caramba!

Ela encontrou alguns. Tem muitos humanos que gostam.

Claro. – Respondeu o garoto. Eu não tinha ideia do que eles estavam fazendo, mas podia apostar que havia um sorriso presunçoso na expressão dele. Nenhum de nós dois acreditávamos no que Rose dizia. O rapaz nem precisaria tê-las visto em Portland, como eu, para perceber isso. Afinal, todos sabiam que não era assim tão simples conseguir fornecedores humanos.

Uma breve pausa ocorreu depois disso. Minhas mãos estavam agarradas às laterais da porta, suando frio e prontas para agir, mas não consegui. Eu tinha receio do que encontraria ali dentro, da situação que seria obrigado a presenciar. No entanto, Rose me poupou o trabalho de imaginar qualquer coisa.

Eu não sou uma meretriz de sangue. – Ela disse. Seu tom era ríspido.

Mas você quer. Você gosta. Todas as garotas Dhampir gostam.

Minha respiração falhou de imediato. Ele estava tentando mordê-la. Eu não podia acreditar. O tabu que passei anos de minha vida criticando, que eu pensara ter me livrado quando deixei Baia, que levou minha família à beira do colapso... Aquilo estava acontecendo com Rose.

De alguma forma, tudo se tornou pior. Não conseguia assimilar que ela se metera naquele tipo de situação. Não conseguia nem imaginar alguma razão para isso. Ela sabia, conhecia o dilema. Criticara Kirova por sugeri-la este futuro. Tinha o sonho de tornar-se uma das poucas guardiãs em serviço e proteger a última Dragomir. Será que Rose não pensava em nada disso?

Pare. – Ela respondeu com suavidade ao garoto. Sua voz estava, de súbito, mais baixa e envolvente. – Eu já disse, não sou desse tipo. Mas se você quer fazer alguma coisa com a sua boca, posso dar algumas ideias.

Quase vomitei ali mesmo.

É? Que ideias…?

Aquilo foi o estopim.

Reuni toda a força que pude em uma das pernas para chutar a porta, mesmo sabendo que ela já estaria aberta. Minha raiva era tamanha que eu não notei praticamente nada além do garoto Moroi que me encarava assustado. Por um momento, voltei ao passado, relembrando do dia em que finalmente criara coragem para expulsar meu pai da vida de minha família.

Havia uma pequena parte em meu interior tentando me alertar que o garoto em questão era um aluno da Academia, mas eu prontamente a ignorei. Em suas feições, eu via o homem que se aproveitara de minha mãe durante anos, provavelmente usando a mesma desculpa esfarrapada. Repulsa percorria meu corpo, e me utilizei disso para agarrar a gola da camisa daquele Moroi com força, içando-o para cima até que ele estivesse bem perto do meu rosto.

– Qual é o seu nome? – rugi.

– J-Jesse, senhor. Jesse Zeklos, senhor.

Zeklos... Ouvir aquele sobrenome foi como levar um tapa bem no meio da cara. Entretanto, não me deixei refrear, demonstrando nada além de calma.

– Senhor Zeklos, o senhor tem permissão para estar nesta parte do dormitório?

– Não, senhor.

– O senhor conhece as regras sobre a interação entre homens e mulheres aqui?

– Conheço, sim, senhor.

– Então eu sugiro que saia daqui o mais rápido que puder, antes que eu o entregue a alguém que o punirá de acordo. Se encontrá-lo desse jeito mais uma vez – Gesticulei o lugar de onde eu sabia que Rose estava encolhida. –, sou eu que vou puni-lo. E vai doer. Muito. Está me entendendo?

Encarei os olhos de Jesse fixamente, tentando ignorar o quão parecidos eram com os de Ivan, vendo-o engolir em seco e empalidecer mais do que o normal para um Moroi. Eu queria fazer muito mais do que aquilo – minha vontade, de fato, era esmurrar aquele garoto até ver minha ira contentada –, mas a luz da razão, felizmente, falou mais alto. Então, ao invés de estrangulá-lo como era meu desejo, apenas apertei mais a gola de sua camisa, balançando-o.

– Estou, sim, senhor! – Ele gaguejou.

Então vá embora daqui! – Imediatamente, larguei-o e o observei sair em disparada para longe como um raio. Ótimo, pensei, além de tudo, é um maldito covarde. Mas não perdi muito mais tempo encarando o espaço vazio que Jesse Zeklos ocupara anteriormente, e sim me preparei para o sermão que estivera preso na ponta de minha língua desde que o zelador comunicou-me sobre o ocorrido.

Só que eu não consegui.

Ao me virar para Rose, meu primeiro impulso foi expelir tudo o que eu estava sentindo, a decepção que uma atitude como aquela me provocara e o meu anseio de que errara feio em minhas suposições sobre ela. Entretanto, quando meus olhos finalmente bateram nela, captando pela primeira vez algo que não fosse minha ira e a forte sensação de repulsa, senti algo estranho.

Ela estava estirada sobre o sofá, tentando encolher o corpo como se soubesse exatamente o que eu diria apenas pelo meu olhar, mas não me ative muito a isso. É claro que ainda me sentia irritado, meu corpo mantinha-se tencionado e pronto para qualquer coisa. Mas outros sentimentos começaram a se atrelar lentamente assim que Rose mudou algo dentro de mim.

Notei a densa massa castanha-escura de seus cabelos, que se espalhavam ao seu redor de qualquer jeito, assim como o olhar felino, que antes me parecera tão mortal e perigoso, mas que agora era apenas selvagem e muito intenso. Ela respirava de forma difícil, puxando o ar em grandes lufadas pelos lábios entreabertos, e aquilo nunca me parecera tão sensual em uma mulher antes.

Descendo um pouco meu olhar, arfei com a visão de seu corpo, que estava livre da blusa. Rose expunha um sutiã preto e bastante simples, mas não foi nisso exatamente que eu reparei. Meus olhos se concentraram mais no que estava preenchendo o tecido. A respiração descompassada dela fazia com que seus seios ficassem em evidência, e acompanhei embasbacado o volumoso contorno deles a medida que subiam e desciam em um ritmo constante. Também notei o contorno marcante de sua cintura, a forma como aquelas curvas sensacionais pareciam combinar com seu jeito atrevido.

Pela primeira vez, minha mente se questionou o motivo real de ela ser tão popular entre os estudantes. Estava claro que todos queriam o privilégio que eu tinha naquele instante, e não pude deixar de invejar o garoto que estivera com ela minutos atrás. Como seria a sensação de tocá-la? Sentir seu corpo moreno e volumoso entre meus dedos e ter o prazer de beijar aqueles lábios rubros e tão convidativos? Será que toda aquela atitude selvagem transferida a algo um pouco mais carnal e intenso me provocaria as mesmas reações surpreendentes que fizeram até hoje?

Meu corpo automaticamente se aqueceu com o pensamento. Eu não conseguia pensar racionalmente desde muito tempo, mas isso não me assustava realmente. Eu simplesmente não conseguia parar de encará-la para tentar descobrir se aquelas reações que eu sentia também a afetavam.

– Vê algo que gosta?

O som de sua voz veio como um baque que ribombou em minha mente, quebrando o encanto no qual eu estivera perdido e me fazendo voltar à razão.

– Vista-se. – Ordenei.

Não ousei olhá-la enquanto ela vestia a peça de roupa restante, abismado com a potência de meus pensamentos e no quão longe eles chegaram. Era impressão minha, ou eu acabara de imaginar sexo com minha aluna? Eu só podia estar louco.

Mas não importava. Enquanto imagens do porque eu estava ali voltavam lentamente, senti a ira retornar com o dobro de força.

– Como você me encontrou? – Ela disse. – Anda me seguindo para ter certeza de que não vou fugir?

– Cale a boca. – Rugi, ríspido, abaixando meu pescoço para que nossos olhos ficassem no mesmo nível. Tentei a todo custo evitar que os meus escorregassem mais para baixo. – Um zelador viu você e nos informou imediatamente. Você tem alguma ideia da estupidez que foi isso?

– Eu sei, eu sei, é a fase probatória, não é? – Ela deu de ombros.

– Não é só isso. Eu estou falando, em primeiro lugar, da estupidez de se meter nesse tipo de situação.

– Eu me meto nesse tipo de situação o tempo todo, camarada. Não tem problema algum.

– Pare de me chamar de camarada! – Acusei. Um sentimento que misturava raiva e frustração tomou conta do meu corpo. Vi vermelho enquanto a encarava, cerrando os punhos ao lado do corpo para não perder o controle. – Você nem sabe do que está falando.

– É claro que eu sei. Eu tive que fazer um trabalho sobre a Rússia e sobre a USRR ano passado.

– É URSS. E tem problema, sim, quando um Moroi fica com uma menina Dhampir. Eles gostam de se gabar.

– E daí?

Sua indiferença me atingiu como um soco. Ou pior do que isso.

E daí? – Ecoei. – Então você não se dá ao respeito? Pense em Lissa. Isso está fazendo com que você pareça vulgar. Assim você corrobora aquilo que muita gente pensa sobre as garotas Dhampir, e isso reflete nela. – Fiz uma pausa. – E reflete em mim também.

– Ah, entendo. Então é essa a questão? Eu estou ferindo o seu grande orgulho de macho forte? Está com medo de que eu vá arruinar a sua reputação?

– A minha reputação eu já estabeleci, Rose. Afirmei meus princípios e vivo de acordo com eles há muito tempo. Já o que você vai fazer com a sua reputação, isso nós ainda vamos ver. – Recusava-me a acreditar, mas parecia muito contraditório eu estar revivendo uma situação prevista semanas antes por Yuri na noite da nossa folga. – Agora volte para o seu quarto – Fiz uma careta. –, se você conseguir fazer isso sem se jogar em cima de mais alguém.

– Esse é o seu jeito sutil de me chamar de vadia?

– Eu ouço as histórias que vocês, alunos, contam. Ouvi histórias sobre você.

Aquilo fora cruel. Eu bem sabia disso, mas não pude evitar. Meu peito ardia pela vergonha e a decepção que foi flagrá-la naquela situação; e o pior: vendo-a não se importar nenhum pouco com isso. Talvez eu tivesse colocado muitas expectativas em cima de alguém que não merecesse; talvez todos estivessem certos, afinal. Rose nunca seria diferente. Por mais talentosa que fosse, o restante não poderia compensar. Haveria sempre uma falha, um deslize, e todo o meu esforço nunca seria o bastante se ela não quisesse fazer nada para mudar.

Quando olhei para Rose, seus olhos estavam úmidos pelas lágrimas.

– Por que é tão errado... Sei lá... Se divertir? – Sua voz estava completamente quebrada. Ela não imaginava como me doía vê-la assim. – Eu tenho dezessete anos, sabe? Eu deveria poder viver de acordo com a minha idade.

– Você tem dezessete anos, e em menos de um ano a vida e a morte de uma pessoa estarão nas suas mãos. – Suspirei. – Se você fosse humana ou Moroi, você poderia se divertir. Você poderia fazer coisas que as outras garotas fazem.

– Mas você está dizendo que eu não posso.

Desviei meu olhar, sentindo meu peito arder. Rose não conseguia entender o ponto chave da questão. E eu não a culpava. Nem todos adquiriam esta percepção antes de se depararem com a vida real. Eu mesmo parecia não compreender, às vezes. Pois, se assim o fosse, talvez eu nem estivesse aqui, tendo esta conversa com Rose. Talvez, tudo aquilo não passasse de um sonho ruim.

De súbito, minha mente flutuou até Ivan. Ele também não entendia porque eu me focava tanto nos treinos, nas aulas, nos livros. Jamais conseguiu compreender minha ânsia de acompanha-lo em todos os lugares, trocar minhas folgas por longas horas de serviço. Aquilo era mais do que trabalho para mim, sempre foi. Eu o amava como a um irmão, uma espécie de substituição da família que eu tivera de deixar para trás. Para mim, protegê-lo não era uma obrigação, como poderia ser para qualquer outro guardião; ia muito além. Era quase como uma atitude involuntária, algo que eu fazia sem perceber, somente pelo fato de que o queria bem.

Uma pena tudo isso não ter sido suficiente.

– Quando eu tinha dezessete anos, conheci Ivan Zeklos. – Soltei sem perceber, meus pensamentos ainda aéreos. – Nós não éramos como você e Lissa, mas ficamos amigos, e ele me pediu que fosse o seu guardião quando me formei. Eu era o melhor aluno da minha escola. Prestava atenção a tudo nas aulas, mas, ao fim e ao cabo, isso não foi suficiente. Nesse tipo de vida é assim. Uma escorregadela, uma distração... – Respirei com dificuldade. – E já é tarde demais.

Eu nunca havia contado aquilo a ninguém, mas sentia que era importante mostrar minha história a Rose. Ela era a única que parecia compartilhar o meu anseio, proteger alguém não pelo dever, mas por sentir que é uma razão para a sua existência. Como se não pudesse viver sem aquela pessoa ao seu lado.

– Jesse é um Zeklos. – Ela disse, cabisbaixa. Eu não precisava que me lembrasse desse fato, pois ele ainda martelava na minha cabeça.

– Eu sei. – Respondi.

– Isso incomoda você? Ele faz você se lembrar de Ivan?

– Não importa o que eu sinto. Não importa o que nenhum de nó sente.

– Mas isso realmente incomoda você. – Insistiu. – Você sofre. Diariamente. Não sofre? Você tem saudade dele.

O choque que senti foi tão intenso que todos os pensamentos recentes sobre Ivan e a tragédia de sua morte foram linchados de minha mente. Quando meus olhos voltaram a se focar em Rose, percebi aquele mesmo olhar curioso de tantas vezes. Ela parecia me estudar, ou melhor, me compreender. Havia tanto carinho em sua voz que, por um momento, deixei-me convencer de que ela pudesse erradicar todas as minhas mágoas apenas com palavras, compartilhar meus anseios sem nenhum julgamento.

Mas, depois, voltei à razão. Era ridículo pensar uma coisa dessas. Senti-me um estúpido, covarde. Eu queria mesmo que alguém soubesse de minhas fraquezas? Não me parecia correto. Afinal, sempre que isso acontecia, algo ruim se sucedia.

– Não importa como eu me sinto. – Disse com convicção, mais para tentar me convencer do que qualquer outra coisa. – Eles vêm primeiro. Protegê-los é o mais importante.

Sem hesitar, Rose concordou.

– É. Eles vêm primeiro.

Observando-a assim, com a fisionomia tão séria e compenetrada, era difícil recordar que há poucos minutos ela estivera em uma situação tão... Delicada. Eu, de fato, não era capaz de acompanhar todas as oscilações de Rose, ora estando com raiva e querendo simplesmente me chutar, como antes, ora tão consciente de seus deveres. Eu queria tanto que ela superasse as dificuldades, chegando até o posto que sempre sonhou estar, bem ao lado da princesa. Mas estava tendo dificuldades de me decidir sobre dar a ela uma chance ou não.

Linda, não?” Subitamente, a voz de minha avó soou em minha mente, como uma vaga lembrança. Cenas esparsas daquele sonho que eu tivera antes do resgate em Portland surgindo pouco a pouco. A figura da rosa que eu segurara nas mãos nunca esteve tão viva como agora, enquanto eu observava Rose. Na verdade, aquela imagem distorcida se misturava com seu nome e ambas criavam um nó em meus pensamentos.

É, realmente. Nunca vi algo tão bonito antes.” Fora a minha resposta. Claro, na época, eu jamais vira algo tão lindo, mas, ao observar Rose de perto... Bem, só conseguia pensar em como vivi tanto tempo sem perceber a real beleza por trás de sua altivez. Aquelas brasas ferventes em seu olhar, seu porte esbelto e selvagem, seu gênio atrevido. Tudo nela já me atraiu desde o primeiro momento, mas, agora, era diferente. Eu era capaz de perceber mais detalhes que antes estiveram escondidos, que eu não prestara devida atenção. Além da garra em proteger Lissa, eu via toda a sua paixão, a sede fervente de livrá-la de todo o mal. Havia também uma gana quase cega para alcançar os seus colegas de classe, não ficar para trás e, com isso, provar para todos o quanto estavam errados.

“O mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, mas que elas vão sempre mudando. Como esta rosa, não era dessa forma, ela se modificou. Seu toque a fez despertar, porém da maneira certa: com carinho e admiração. Não a machuque ou humilhe, senão ela não irá mostrar o seu melhor”. Não a machuque ou humilhe... Será que minha avó falava de Rose este tempo todo? Mas como poderia saber? Realmente, não tinha como negar que os nomes e formas combinavam com perfeição. Lembrei-me do quão confuso ficara na época, pensando no significado daquilo, mas agora? Eu precisava admitir que, contrariando expectativas, ela tinha razão.

Em um rompante, eu disse:

– Você me disse que queria lutar, lutar de verdade. Isso ainda é verdade?

– É. Lógico que sim.

– Rose... Eu posso ensiná-la a lutar, mas preciso acreditar na sua dedicação. Não dá para você se distrair com coisas como essas. – Gesticulei o espaço ao redor da sala, referindo-me ao seu encontro com Jesse. – Posso confiar em você?

Ela nem sequer piscou.

– Pode. Eu prometo.

– Está certo. Eu vou treiná-la, mas preciso que você esteja forte. Sei que você detesta correr, mas é necessário. Você não faz ideia de como são os Strigoi. A Escola tenta preparar vocês, mas até verem o quanto eles são fortes e rápidos... Bem, você nem pode imaginar. Então, eu não posso parar com os treinamentos de corrida e de condicionamento físico. Se você quer aprender mais sobre luta, vamos precisar de mais sessões de treino. Vou tomar mais o seu tempo. Não vai sobrar muito para os deveres de casa ou qualquer outra coisa. Você vai ficar cansada. Muito mesmo.

– Não importa. O que você me disser para fazer eu faço.

Em silêncio, observei-a durante longos momentos. Eu queria muito acreditar em seu renovado fulgor, saber que aquela chama que sempre me admirou em seu olhar estava ali por minha causa, devido aos meus esforços. Sempre me gabei de que Rose era muito mais do que todos esperavam, pois sabia que ela conhecia o dever dos guardiões como ninguém, mas, naquele momento, minha confiança estava estremecida. Mesmo tentando esquecer o ocorrido, era óbvio que aquele laço se rompera. E ela precisaria se esforçar muito para reerguê-lo outra vez.

Suspirando profundamente, apostei alto:

– Começamos amanhã.

Participem do meu grupo!


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Notas finais do capítulo

AHHHHHHH. EU SEI. EU SEI. Também estou surtando aqui... Jesus, esse Dimitri... É um perigo para nossas calcinhas, hahahahaha. E eu não vou nem perguntar o que acharam, ok? Acho que a essa altura nem precisa...
Se alguém quiser recomendar, fique à vontade! (Meu deus, tô modesta hoje, né? auhsaushaush). Ou mesmo favoritar e comentar! Me deixem saber o que estão achando! Ok?
Beijos grandes, meus amores :*