Inopino escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 15
Capítulo quinze


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas do meu coração! *-*
Eu, feliz? Imagina! Nem vou contar o que me aconteceu neste fim de semana!
Simplesmente me apareceu uma leitora incrível e super tímida – ela vai corar ao ler isso, tenho certeza, suhaush – que me inspirou de uma maneira que vocês não têm ideia! Acabei ficando tão animada que escrevi e escrevi e escrevi... Cheguei no capítulo vinte assim: clap, *estralar de dedos*, bem rápido. E decidi postar mais um adiantado porque eu precisava fazer essa dedicatória.
Então... Cherry Hathaway, capítulo quinze é só teu!
Claro, sem esquecer minhas outras leitoras amadas que não desistiram de mim e me escreveram comentários lindos! Eu estava toda triste aqui, pensando mil coisas, mas vocês sempre me incentivam! Cara, vocês não têm ideia de como isso é incrível. Até parei com a enrolação e estou empenhada em terminar de vez Inopino... Rezem por mim, ok? kkkk.
Mas chega de falar... Eu, hein.
Boa leitura *-*



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Desde o incidente com a raposa, algumas noites atrás, eu não fora capaz de tirar da cabeça as últimas palavras de Rose.

Sabia que seu pedido era bastante viável, afinal, o perigo que sempre afirmou existir estava ali, mais perto do que nunca. Mesmo ciente de que havia um segredo entre ela e a princesa, eu nunca quis admitir que algo ruim pudesse estar acontecendo, principalmente por confiar na segurança da Academia. Meu suor era derramado todos os dias para mantê-la protegida e livre dos monstros sanguinários que atormentavam vidas inocentes, mas não parecia o suficiente.

Alguém de nossa própria espécie era o responsável. Quando poderíamos imaginar? Pelo visto, Rose já havia chegado a uma resposta plausível. Ela suspeitara da Academia, falou-me sobre os psi-hounds. Eu que não quis acreditar. E agora me frustrava por vê-la jogar um erro meu bem no meio da minha cara. Pior: fazendo-o parecer cem vezes mais estúpido.

Algo de muito sério acontecia embaixo do meu nariz, isso eu não podia negar. Além disso, para completar, eu não fora capaz nem de cumprir minha parte no acordo que fizera com Alberta, tendo tanta informação sobre o laço de Rose e Lissa quanto antes, ou seja, nada. Isso que praticamente me mudara para a biblioteca da área dos guardiões a fim de descobrir alguma coisa, usando cada brecha disponível em meus horários. Era o que eu fazia naquele momento, aliás; ou melhor, tentava. Eu lia as palavras escritas, mas não conseguia prestar muita atenção, já que o conflito mental que se instalara na minha cabeça desde as palavras de Rose teimava em me dar uma trégua.

Ela queria lutar. Podia sentir isso com tamanha clareza que me assustava. Não negava que eu tinha certo receio em iniciar os treinamentos de ataque sem que ela tivesse um bom condicionamento físico e resistência necessários, mas vê-la tão compenetrada e decidida nos treinos amolecera essa ideia progressivamente. Agora, mais do que nunca, eu cogitava propor um começo básico. Sabia que não era bem o que ela queria, mas era o que eu estava disposto a dar no momento.

O caso repercutia pela escola como labaredas de fogo, todos especulando sobre o que de fato poderia ter acontecido naquela noite com a princesa, e isso apenas deixava Rose mais alerta, mais selvagem. E ela não era a única, diga-se. A impotência me varria por inteiro, fazendo-me lembrar de Ivan a todo momento. Minhas costas pesavam mais do que o normal, eu mal dormia, mal comia. Não podia admitir que algo acontecesse com Lissa de maneira alguma.

Sabia, também, que aquilo era um pouco mesquinho. O simples fato de ela ser a última Dragomir já deveria representar um excelente motivo para eu lutar com todas as minhas forças naquela causa. Porém, era inevitável impor um desafio pessoal ali. Eu precisava mantê-la viva. Por ela, por Rose, por mim. Nós três estaríamos ligados de uma forma complexa, e eu precisava saber o máximo possível sobre isso para que pudesse fazer o meu melhor trabalho.

Portanto, ali estava eu, encarando um livro empoeirado e tão antigo que sua escrita estava ainda impressa em russo. Não que fosse um problema. Era extremamente gratificante reviver minha língua natal, saborear seus significados e as lembranças que elas traziam consigo. Mesmo que eu gostasse de viver nos Estados Unidos e estivesse acostumado com a língua local, era inevitável sentir falta de falar o idioma que criou minha identidade. No entanto, ainda que uma leve camada de animação cobrisse meus pensamentos, não era o suficiente para disfarçar o problema que mais me incomodava: a maldita ligação.

Fechei os olhos por um momento, buscando concentração. Eu precisava sugar o máximo de informações possíveis e não podia fraquejar. Por isso, respirei fundo antes de mirar aquelas páginas mais uma vez:

E com Vladimir sempre está Anna, a filha de Fyodor. O amor dos dois é tão casto e puro quanto o de um irmão e uma irmã, e, muitas vezes, ela o defende dos Strigoi que querem destruí-lo e à sua santidade. Ademais, é ela que o consola quando o espírito é intenso demais para suportar e as trevas de Satã tentam sufocá-lo e lhe enfraquecer a saúde e o corpo. Contra isso, ela também o protege, pois os dois estão enlaçados um ao outro desde que ele lhe salvou a vida quando Anna era criança. É um sinal do amor de Deus Ele ter mandado para Vladimir uma guardiã como Anna, uma guardiã Shadow Kissed e que sempre sabia o que se passava no coração e na mente dele.

Confesso que poucas coisas faziam sentido, ainda mais quando minha mente estava tão atolada de pensamentos conflituosos, mas havia algumas coisas bastante familiares, também. Estava claro que Anna era a guardiã do santo Vladimir, assim como Rose era a de Lissa. Estranhamente, ela conseguia saber o que se passava na mente de seu parceiro de laço, descobrir suas angústias e ser capaz de protegê-lo contra os Strigoi, assim como eu mesmo vira Rose fazer tantas vezes.

Não me restavam dúvidas de que os textos ali descritos estavam corretos, mas ainda assim havia uma coisa... Algo que eu não conseguia compreender. O que seriam aquelas trevas do espírito? E o fato de Anna ser uma Shadow Kissed? O que diabos era aquilo, afinal? E como o laço fora criado, em um primeiro momento? Ali dizia que Vladimir salvara a vida de Anna quando ambos ainda eram crianças, mas exatamente de quê? Um simples ferimento? Da morte?

Simplesmente não fazia sentido... Só que, ainda assim, fazia.

Senti meus olhos se arregalarem gradativamente, conforme eu ligava todos os pontos principais. Pensando em tudo com cada vez mais agitação, eu consegui chegar à certeza de minha afirmação não só com o que estava descrito nos livros antigos que lera até então, mas, também, recordando fatos que estudara sobre Rose e Lissa antes de planejar a manobra em Portland.

O acidente... A grande tragédia que acabara com a vida de quase toda a família Dragomir e deixara a princesa como única sobrevivente. Vários médicos relataram que fora praticamente um milagre Rose ter sobrevivido, justamente pela posição em que estava no momento da colisão. Eu vira fotos que demonstravam o estado do carro, e também me pareceu impossível algo assim ter acontecido, mas a prova estava lá, respirando e com vida. Não havia como negar isso. Mas agora, pensando com frieza na situação, seria possível que, contrariando todas as expectativas, os médicos tivessem razão, afinal de contas? E se Rose realmente tivesse morrido no acidente? E se Lissa, de alguma maneira, a tivesse... Salvado?

Se assim o fosse, eu estaria lidando com poderes muito maiores do que poderia mensurar. Além disso, era possível prever o colapso que uma notícia dessa magnitude provocaria aos Moroi. Todos insistiam tanto em dizer que o espírito não existia, que seus usuários estavam há muito extintos. Era mais fácil, decidi. Os Moroi e Dhampir tinham a inconveniente mania de repelir o desconhecido por medo. Afinal, por que perder tempo discutindo sobre estas questões quando havia cada vez mais Strigoi em nosso encalço? De qualquer forma, a magia ofensiva não era mal vista?

Eu sabia as duas respostas, mas não queria pensar nelas.

– Algo me dizia que eu o encontraria aqui. – Sobressaltei-me ao ouvir a voz de Alberta, que tinha metade do corpo inclinado para dentro da pequena biblioteca, parada de forma hesitante à porta. Tentei ao máximo esconder minha surpresa com a sua presença, além da expressão chocada que eu tinha certeza ter se instalado em meu rosto desde que eu descobrira sobre o acidente. – Interrompo?

– Não. – Apressei-me em dizer. – Eu estava apenas pesquisando algo sobre a ligação. Você sabe, depois daquela raposa no quarto da princesa, eu acabei entrando em desespero.

– Entendo. – Ela se aproximou até arrastar uma das cadeiras vazias ao meu lado e soltar o peso de seu corpo ali. Estranhei aquela atitude, pois Alberta raramente expõe alguma emoção, por qualquer que seja. No entanto, ela exalava exaustão. – É justamente sobre isso que vim conversar.

Senti minhas sobrancelhas franzindo-se.

– O que está acontecendo?

Alberta me olhou por longos segundos, seus olhos estreitos revelando as pequenas marcas ao redor devido a todo o treinamento ao sol e horas de trabalho na Academia. Ela me analisava como se buscasse algo em minha expressão, mas eu não sabia dizer realmente o que era. Por isso, esperei.

Passou-se um longo tempo até ela dizer:

– Eu acho que posso confiar em você para isso. Já entreguei nas suas mãos tantas outras coisas e você nunca me decepcionou. Não será agora que vai falhar, certo?

Eu não conseguia entender aonde ela queria chegar, mas, mesmo assim, assenti.

– Claro. O que precisar, pode me dizer.

– Belikov, eu estive pensando muito sobre esse incidente, interroguei algumas pessoas, analisei algumas câmeras de segurança dos corredores e ao redor do prédio, enfim. Pode parecer um absurdo para você, e também é para mim, pode acreditar nisso, mas não existe nada que eu possa fazer para mudar a verdade. – Ela me olhou com angústia. – Eu tenho quase certeza de quem é o culpado.

– E... Quem seria?

Ela não hesitou ao responder:

– Natalie Dashkov.

– O quê? – Pela segunda vez na noite, a sensação de choque e repulsa se alastrava por meu corpo. Eu estivera completamente desprevenido para a bomba que caiu sobre meu colo, explodindo meus neurônios e não deixando quase nada pelo caminho. – Mas isso... Isso é impossível. Você deve ter entendido algo errado, Alberta. Não pode ser que...

– Dimitri, eu tenho completa noção das minhas acusações, que não surgiram do nada. – Ela revidou calmamente. Parecia compreender meu estado. – Eu não costumo dar tiros no escuro. Tomei muito cuidado para provar meus palpites antes de acusar Natalie de fato. Era óbvio que não faria algo com consequências tão graves sem ter certeza.

– Sim, mas... Uma Moroi, ainda por cima da realeza... – De repente, a imagem de Natalie espiando a conversa entre Rose e Lissa surgiu em meus pensamentos. – É algo difícil de assimilar.

– Eu sei disso, e também fiquei em choque quando cheguei a essa conclusão, mas crimes são crimes e sempre haverá um culpado, seja ele óbvio ou não. Se Natalie estiver fazendo isso por desejo próprio ou a mando de alguém, nada muda o fato de que ela deve ser punida de acordo com o que fez.

Permiti-me sorrir com desdém pela primeira vez em dias, balançando a cabeça para os lados enquanto Alberta me encarava seriamente.

– Kirova não vai puni-la. Os Moroi da realeza são importantes demais. Além disso, é provável que ela nem acredite nas suas suspeitas.

– Eu já pensei nisso. – Ela disse com pesar. – Ellen tem um sério problema com a palavra “justiça”. Mesmo que não tenhamos provas concretas, ainda que uma lógica linha de raciocínio, ela não vai querer que continuemos com isso.

– Isso é ridículo. – Eu disse, raivoso. – Há uma ameaça visível em St. Vladimir. O responsável está agindo bem debaixo dos nossos narizes. Kirova não pode se recusar a investigar, mesmo que o suspeito seja um estudante Moroi. Seria ante ético. Além disso, põe em risco a vida de outro Moroi, que é a última Dragomir e minha protegida, ainda por cima.

Havia um brilho diferente em seus olhos quando ela me olhou. Lembrava-me muito o olhar de minha mãe quando eu fazia algo que a orgulhava.

– Vou fazer o possível para conseguir mais provas. – Ela finalmente disse. – Enquanto isso, eu sugiro a você que redobre sua fiscalização sobre Vasilisa. Eu posso mudar seus horários mais uma vez se quiser. Não há problema nenhum que você troque de lugar com algum dos outros guardiões. Vasilisa precisa de alguém que fique de olho ao seu redor, mesmo que ela não saiba.

– Claro. Quanto mais protegida ela estiver, mais aliviado eu me sinto.

Alberta assentiu e logo puxou do bolso da calça uma folha de papel com uma enorme lista de horários rabiscada – provavelmente, seriam os turnos dos guardiões ao redor do campus. Ela observou o conteúdo durante alguns minutos antes de alcançar minha caneta em cima da mesa e riscar alguns itens, rescrevendo-a rapidamente.

Sem tirar os olhos do papel, ela disse:

– Por falar em proteção, Belikov, como andam seus treinamentos com Rose? Alguma nova informação relevante?

A pergunta repentina me fez retesar e olhar para minhas próprias mãos durante um tempo. O pedido de Rose para aprender a lutar ainda girava por minha mente, o que me deixava quase maluco. Eu ainda não sabia se essa era a melhor escolha, mas também não negava que sua ajuda contra o que quer que estivesse cercando Lissa seria inegável.

– Não. – Respondi. – Fora o que eu lhe disse sobre os psi-hounds e o que aconteceu no quarto de Vasilisa, nada de relevante. Por quê?

Os olhos de Alberta finalmente subiram para me encarar.

– Eu só fico preocupada. Muitas coisas estão acontecendo de uma vez só, e quando penso estar perto de resolver isso, surge algo completamente novo que me faz voltar a estaca zero. – Ela suspirou, demonstrando seu cansaço. – Tenho minhas suspeitas, mas não posso tomar nenhuma providência precipitada. Seria importante que você continuasse com os olhos abertos para qualquer sinal suspeito.

– Não se preocupe. Eu vou sim.

– Então, está certo. Desculpe tomar seu tempo outra vez.

Sorri de lado.

– Sem problemas.

Alberta deixou a sala com um último olhar de aviso. Ela estava confiando em mim para guardar aquele segredo até que a hora certa chegasse. Nós precisaríamos ser pacientes, buscando todas as provas necessárias antes de tornar a questão pública, e isso poderia levar tempo. Confesso que não esperava nada de diferente vindo dela, mas eram tantas coisas se misturando e criando uma bola de neve interminável, que tudo me parecia confuso. Tínhamos um acordo e eu faria o possível para mantê-lo, isso era certo, porém, havia outras coisas em jogo.

Com um suspiro aliviado, percebi que a escolha de confiar em Rose e treiná-la de acordo com o que ela queria me parecia a melhor alternativa. E era isso o que eu faria. Só precisava encontrá-la para colocá-lo em prática. Por isso, guardei os livros que estivera utilizando e organizei meus pertences para poder procurá-la. No entanto, uma novidade inesperada me fez mudar de planos.

Estava saindo do prédio dos guardiões quando alguém me chamou.

– Guardião Belikov, temos uma chamada urgente para você. – Disse Carmen, a Moroi que cuidava da parte administrativa do alojamento. Automaticamente franzi o cenho e estranhei o ocorrido. Eu acabara de falar com Alberta e ela não me pareceu alarmada. O que poderia ser?

– Alô? – Disse assim que posicionei o telefone contra minha orelha.

Guardião Belikov? – Uma voz hesitante soou do outro lado. – Aqui quem fala é Flinker Donnut, o zelador do alojamento dos estudantes. Eu estava consertando algumas coisas no quarto andar e vi algo que achei que o senhor gostaria de saber. – Uma pausa. – É sobre sua aluna, Rose Hathaway.

Assim que ouvi o nome, paralisei. Fazia dias que Rose não se metia em confusão – pelo menos fora das normalidades – e estava começando a achar que finalmente a colocara na linha, mas, pelo visto, não. Que perfeito.

Como se eu não tivesse mais nada para fazer da minha vida.

– Tudo bem, sr. Donnut. – Respondi. – Já estou a caminho.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Não quero deixa-las nervosas, mas... A cena épica com Jesse Zeklos é a próxima...
E os anjos cantam: ALELUIA!
Enfim. Beijinhos, meus pimpolhos ^-^



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