Inopino escrita por Roberta Matzenbacher


Capítulo 14
Capítulo quatorze


Notas iniciais do capítulo

Gente, vocês acreditam na minha capacidade?
Estou aqui – depois de meses –, com um capítulo novo tirado do cu – desculpem o palavreado chulo – só porque me deu vontade de escrever nessa merda. E olha que eu tinha falado no grupo sobre tudo isso! Que eu não iria mais postar em Inopino, que eu tinha largado as fanfics, que eu ia me focar nos originais, blá, blá, blá...
No fim, não deu nada disso!
Tá, até me foquei um pouco nos meus livros, mas alguma coisa sempre me puxava – tem a ver com aquela pulguinha que eu sempre falo pra vocês, sabe? Aquela que não me permite deixar as coisas inacabadas? Pois é! Foi o que aconteceu! Cá eu estava com vontade de desenterrar Dimitri Belikov e fiz! Só não se sintam esperançosas porque eu não tenho nenhuma promessa de retorno, apenas desculpas pela demora... Isto é, se ainda tiver alguém aí!
Oi? Alguém em casa? Por que minha voz tá fazendo eco...?
Há, brincadeira! A culpa nem é de vocês. É minha mesmo ¬¬
Enfim, boa leitura!



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Capítulo quatorze

Depois de três semanas, eu já queria arrancar meus cabelos.

Por mais que eu tentasse, Rose se recusava a aprender pelo menos um mínimo sobre responsabilidade e compromissos, tendo chegado atrasada em todos os nossos treinos e simplesmente ignorado várias das “regras probatórias” impostas por Kirova. Tudo bem que eu não estava nem aí para isso, mas o que me incomodava era o tempo que eu passava sentado, ruminando minha impaciência enquanto pensava em coisas úteis que poderia estar fazendo se não fosse a grande burrada que cometi ao aceitar ser o mentor daquela garota.

Isto é, até que tive uma grande ideia.

Naquele dia em particular, eu viera preparado com o que eu chamava de “plano de distração.” Percebi que não adiantaria ficar irritado por motivos tão superficiais e esperando que Rose tivesse a decência de mostrar a cara. Então, eu simplesmente trouxera meu antigo CD player portátil e o coloquei para tocar aleatoriamente enquanto arrumava o ginásio. O embalo das músicas ajudava a descontrair o ambiente e, pela primeira vez em quase dois anos, fiquei realmente feliz com meu emprego.

Depois disso, agarrei uma das esteiras do depósito e me joguei ali confortavelmente, o último volume de Western, Louis L’Amour, em minhas mãos. Depois desse, eu não teria mais nenhum e aquilo me preocupava, mas não o suficiente para me impedir de ler alguns capítulos.

– Caramba, Dimitri. – A voz de Rose soou de repente, sobressaltando-me. O baque de sua mochila caindo no chão seguiu logo depois. – Eu entendo que este seja mesmo um sucesso bem atual na Europa Oriental, mas você não acha que talvez a gente possa ouvir alguma coisa que não tenha sido gravada antes de eu ter nascido?

Foi com desgosto que observei o relógio na parede do ginásio, atestando cerca de vinte minutos de seu atraso. Por sorte, eu fora absorvido o bastante pela leitura e isso não me permitiu perceber o tempo, o que me exigiu um segundo de distração para captar sobre o que ela falava. When Doves Cry tocava na rádio e, de fato, não era uma das minhas canções preferidas no mundo, mas eu jamais daria o gostinho da vitória a ela. Ainda mais quando eu sabia muito bem o mar de piadinhas e tiradas sarcásticas que teria de aguentar.

Ao invés disso, olhei-a de esguelha.

– E isso importa para você? – Eu disse. – Sou eu quem vai ouvir. Você vai correr lá fora. – Ela fez uma careta de desgosto enquanto colocava o pé em uma das barras para se alongar.

– Ei. – Reclamou, passando para a sessão seguinte de alongamentos. – Por que isso de correr tanto, afinal? Quero dizer, eu entendo a importância de aumentar a resistência e tudo, mas eu não deveria passar, agora, para alguma prática de luta? Eles ainda estão me matando nos treinamentos em grupo.

– Talvez você devesse bater com mais força. – Respondi rudemente.

– Estou falando sério.

– É difícil perceber quando. – Retruquei, baixando o livro para encarar seus olhos incisivos. – O meu trabalho é prepará-la para defender a princesa de criaturas do mal, certo?

– Certo.

– Então, conte-me uma coisa: imagine que você arruma um jeito de raptá-la novamente e a leva para um shopping. Enquanto vocês estão lá, um Strigoi se aproxima. O que você faz?

– Depende da loja em que a gente estiver.

Reprimi, por pouco, um revirar de olhos e a encarei seriamente – eu estava fazendo muito aquilo ultimamente –, sem paciência para suas brincadeiras. Meus lábios, no entanto, ainda conseguiram a proeza de se franzir em uma careta. Permaneci encarando-a até que Rose soltou um suspiro, erguendo as mãos ao alto.

– Tudo bem. Eu cravaria uma estaca de prata nele.

Uma luz de alerta se iluminou na minha mente ao ouvir isso. Lutei para esconder o sorriso conforme colocava o marcador de páginas na parte em que havia parado, deixando-o de lado e me esticando para poder sentar. Cruzei as pernas e apoiei os dois cotovelos em cada joelho, fitando-a com curiosidade.

– Ah, é mesmo? – Ergui as sobrancelhas, irônico. Aquele jogo sempre me divertia. – E você tem uma estaca de prata? Você sequer sabe como usar uma?

Observei-a atentamente enquanto ela se empertigava no lugar, confusa. Feitas de magia elementar, as estacas de prata eram a arma mais mortal de um guardião. Atravessar a estaca no coração de um Strigoi o matava instantaneamente. As lâminas eram letais também para os Moroi, então não eram facilmente entregues aos aprendizes, principalmente alguém tão inexperiente como Rose. Eu soubera pelo cronograma que sua turma havia começado a aprender como usá-las, mas eu estava longe de iniciar uma aula tão importante enquanto ela não tivesse absorvido o máximo do básico que eu queria ensiná-la.

– Está bem. – Rendeu-se. – Então, eu cortaria a cabeça dele fora.

– Ignorando o fato de que você não tem uma arma capaz de executar essa ação, como você cortaria a cabeça de um Strigoi, que deve ser uns trinta centímetros mais alto do que você?

Ela estava no meio de um alongamento, tocando os pés com as mãos, mas se sentou ereta rapidamente, dando um longo suspiro exasperado.

– Ok, eu o atacaria com fogo.

– E eu pergunto novamente: de onde sairia esse fogo?

Ela estreitou seus olhos para mim, analisando-me atentamente. Eu podia ouvir as engrenagens girando em sua mente em busca do que eu queria dizer, e mesmo a careta de frustração que apareceu em sua expressão quando finalmente percebeu.

– Certo. – Grunhiu, irritada. – Eu desisto! Você já tem a resposta. Está só me provocando. Estou no shopping e vejo um Strigoi. O que eu faço?

Eu a encarei seriamente, como se a resposta fosse óbvia.

Na verdade, ela era.

– Você corre. – Disse com simplicidade.

Rose lançou seu melhor olhar mortal na minha direção, mas nem isso era capaz de me abalar. Eu estava convicto de que resistência e treinos básicos eram o mais importante a se fazer depois de dois anos parada. E podia até ser uma forma de punição de minha parte, o que eu achava que ela merecia para aprender um pouco mais sobre o dever dos guardiões, porém, de repente, ao vê-la se encaminhar para a saída, não pude conter o impulso de acompanhá-la.

Não sei ao certo o que me moveu – talvez o calor da discussão ou... Ah, eu não iria ficar pensando sobre isso – e não fui o único a ficar surpreso com minha própria atitude. Por mais que Rose tentasse esconder, percebi o quão chocada ela ficara quando eu disse que correria em sua companhia. E até me sentiria culpado se eu não soubesse que seus tempos já estavam estáveis há quase duas semanas.

O vento gelado do outono soprou em meu rosto quando saímos. O sereno da noite começava a dar seus sinais de vida, assim como as sombras lentamente se espalhavam pelo chão. A cada respiração que saía de nossas bocas e narizes, uma nuvem quente subia pelo céu e demonstrava o quão rigoroso seria o próximo inverno. No entanto, parei de perceber os detalhes naturais que usualmente prendiam minha atenção quando notei Rose ficar para trás sempre que eu aumentava a velocidade da corrida. Franzi o cenho para suas pernas mais curtas e contive um leve sorriso. Fazia tempos que eu não praticava aquela atividade com um aprendiz, ainda mais uma garota, tendo que diminuir meu ritmo para que ela o acompanhasse.

Certamente eu deveria saber que ela não se deixaria levar pela minha gentileza. Quase que de maneira instantânea, Rose apertou o passo, fazendo questão de provar que poderia seguir no meu ritmo, mesmo que sua respiração tivesse ficado um tanto mais acelerada. Bom, isso era melhor do que ter seu tempo sempre na mesma, afinal.

Quero dizer... Se não houvesse outras coisas no caminho.

Quando estávamos na penúltima das doze voltas propostas, dois aprendizes passaram, preparando-se para o treinamento em grupo que começaria em instantes. Ao ver Rose, um deles cutucou o outro e fez uma saudação exagerada, chamando sua atenção. Reconheci-o imediatamente da primeira aula de prática em grupo, o Sr. Gostaria-de-te-ver-nua Ashford.

– Está em boa forma, Rose!

Rose sorriu amplamente, acenando de volta para ele com vigor. Seu ritmo de corrida desacelerou de imediato e eu não soube explicar como aquilo me afetou tanto. Só vi quando uma ira descomunal tomou conta da minha mente, sem controle.

– Sua velocidade está caindo. – Repreendi, olhando para os dois garotos friamente. Na mesma hora, seus sorrisos murcharam e eles voltaram a andar para onde deveriam. – É por isso que os seus tempos não estão melhorando? Você se distrai facilmente?

Ela nada respondeu, apenas retomou ao antigo compasso – até com um pouco mais de ânimo – e desatou a correr o restante do nosso caminho. Senti-me um pouco culpado pela rispidez com que me dirigi a Rose, mas ainda estava bastante irritado com a cena anterior. Foi apenas quando atestei dois minutos a menos do seu melhor tempo que pareci voltar à realidade.

– Você alcançou um novo recorde. – Eu disse, esfregando o suor da testa. Voltei meu corpo para o ginásio e iniciei a caminhada de relaxamento. – Espero que continue assim daqui em diante.

– Nada mal, não é? – Ela provocou, acotovelando-me de lado. – Parece que eu poderia chegar até a última loja antes de o Strigoi conseguir me apanhar no shopping, afinal. Só não sei como Lissa se sairia.

Um leve sorriso se abriu em meus lábios.

– Se ela estivesse com você, estaria bem.

A expressão de surpresa que iluminou seu rosto me divertiu. De fato, meus elogios não eram muito comuns, mas isso não queria dizer que eu não apreciasse o esforço que ela fazia todos os dias para melhorar seu desempenho. Ou ela achava que eu iria bajular seu ego a cada minúsculo avanço?

Estava prestes a comentar isso quando algo mudou.

Em um piscar de olhos, seu corpo se contraiu como se sentisse dor. Ela deu alguns passos para trás e soltou um ofego angustiado. Observei-a com pavor, não tendo ideia do que estava acontecendo. Há pouco ela me pareceu tão bem, como pôde ter ficado assim do nada?

Mas eu não precisei pensar muito para encontrar a resposta. Lissa. A ligação. Rose deveria estar sentindo algo através da mente da princesa, como eu presenciara em tantas outras vezes. E não foi preciso nem perguntar para saber, pois Rose disparou para longe, rumo ao dormitório Moroi.

– Rose, espere. O que está havendo com Lissa? Rose? Rose?! – Chamei, desesperado, mas ela não me respondeu, apenas continuou correndo sem parar no sentido oeste do campus, onde ficava o dormitório dos Moroi. Eu ainda insisti, lutando para acompanhar seus passos apressados, mas Rose nem sequer me olhou. Ela mirava fixamente o horizonte, com um único objetivo pulsando em seu semblante feroz.

Estávamos quase chegando ao dormitório quando Lissa irrompeu para fora com lágrimas nos olhos, jogando-se nos braços de Rose, que parecia saber exatamente que isso iria acontecer. Ainda era um pouco estranho ver aspectos da ligação acontecendo bem a minha frente, na vida real, do que estudando tudo isso em livros ou histórias antigas, mas tratei de ignorar o choque rapidamente.

Meus olhos varreram o ambiente com rapidez, procurando qualquer sinal de perigo. Não havia nada. Mesmo assim, mantive-me em alerta máximo, meu corpo se tencionando cada vez mais conforme os minutos se passavam e Lissa não parava de chorar.

– O que houve? O que há de errado? – Rose perguntou, balançando os ombros da princesa com fervor, mas demorou para obter alguma reação. Lissa soluçava alto, agarrando-se a Rose para se manter firme. Confesso que eu também estava extremamente ansioso para saber o que havia acontecido, mas isso não foi possível antes que ela se acalmasse.

Cerca de meia hora depois, estávamos todos no quarto de Lissa em companhia de mais três guardiões, Kirova e a inspetora. Aquela não era a minha primeira vez em seu quarto, quando passara apenas para averiguar se tudo estava em ordem, mas pouco mudara na aparência desde aquele dia.

Natalie, a filha do príncipe Dashkov, dividia o aposento com a princesa e mantinha seu espaço bastante colorido e cheio de retratos, o que contrastava com o ambiente vazio ao lado. Lissa tinha em seus pertences apenas poucos objetos, chamando atenção para uma pequena fotografia pendurada na parede. Nela, tanto a princesa quanto Rose apareciam vestidas como fadas – provavelmente para o Halloween –, abraçadas uma a outra e com grandes sorrisos estampados na face. Vê-las ali, felizes e naturais, bem diferentes do modo como estavam naquele momento, afetou-me mais do que eu queria deixar transparecer.

Do lado de fora, as demais estudantes Moroi se agrupavam, tentando ver o que estava acontecendo. Natalie surgiu no meio daquela multidão, perguntando qual o motivo de tanta comoção em seu quarto. Quando finalmente descobriu o que era, deu uma parada brusca acompanhada de um longo grito.

Choque e repulsa apareceram nas expressões de todos quando vimos a cama de Lissa. Havia uma raposa no travesseiro. Seu pelo era vermelho alaranjado, com manchas brancas. Porém, o que estragava sua beleza era o fato de estar coberta de sangue e com a garganta completamente degolada.

– Você tem alguma ideia de quem pode ter feito isso? – Perguntou-me aos sussurros Diana, a inspetora do dormitório. Eu estava parado no batente da porta, impedindo a entrada de outras pessoas enquanto Kirova e os outros guardiões procuravam por qualquer vestígio do feitor. – Estava lá embaixo quando ouvi os gritos da princesa Dragomir. Sinceramente, esperava algum resmungo adolescente, mas não que fosse uma coisa assim tão horrível.

Olhei-a de esguelha, sem realmente prestar atenção. Meus olhos estavam focados nos sem expressão do animal, tentando me recuperar do choque por alguém ser tão cruel contra um ser indefeso daqueles.

– Se você não sabe, eu não sei quem mais poderia. – Respondi.

– Mas...

De repente, uma imagem me distraiu da breve conversa. Lissa estava parada logo ao lado da raposa, suas mãos esticadas como se quisesse acariciá-la ou, talvez, aplacar uma dor que já não existia. Ela sussurrava algo para Rose, que tirara seu corpo dali de perto e tinha uma expressão preocupada no rosto – e eu não pude deixar minha curiosidade de lado.

– Com licença. – Interrompi Diana. – Preciso ver uma coisa.

Aproximei-me das duas ainda a tempo de ouvir um rastro de sua conversa.

– Não. – A princesa dizia. – Eu quis... Eu comecei…

– Então esqueça. – Rose replicou duramente. – É uma estupidez. Uma brincadeira idiota que alguém fez. Eles limparão tudo. Talvez até lhe dêem algum outro quarto se você quiser.

A princesa encarou a amiga por longos instantes. Eu não entendia absolutamente nada do que falavam.

– Rose... Você se lembra... Naquela vez...

– Pare com isso. Esqueça esse assunto. Não é a mesma coisa desta vez.

– E se alguém tiver visto? E se alguém souber…?

Souber o quê? O quê? Vamos, Rose, diga algo.

– Não. – Grunhiu, agarrando o braço da princesa com força. Ela poderia muito bem estar respondendo aos meus pensamentos. – Não é a mesma coisa. É totalmente diferente do que aconteceu àquela vez. Você está me ouvindo? Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem...

Eu as encarava fixamente, sentindo que muitas respostas importantes estavam sendo abordadas bem ali, mas, aparentemente, o que havia de ser dito já tinha terminado. Lissa apenas concordou com Rose e se manteve calada, encolhida contra ela como se quisesse voltar aos prantos ou mesmo desaparecer. Por um momento, observei a interação das duas e o quão diferentes pareciam. O contraste gritante entre os lados do quarto nada se comparava àquela estranha amizade. Peguei-me pensando se os perigos a que Rose se referira durante a discussão com Kirova eram mais sérios do que eu tinha imaginado.

E é claro que eu não fora o único a reparar em algo fora do comum. Os olhos de Natalie Dashkov estavam vidrados naquela direção, encarando-as sem piscar. Franzi minhas sobrancelhas levemente, intercalando olhares entre ela e as garotas com curiosidade. A Moroi parecia querer tantas respostas quanto eu, o que era, de certa forma, estranho, mas deixei passar. Mesmo a pessoa menos curiosa ficaria tentada a saber o que se passava entre a dupla, principalmente quando visse o quão pequena e frágil Lissa parecia ao lado de Rose. Ainda que fosse mais alta, a princesa transparecia uma imagem afetada e infantil, provocando compaixão; já Rose, mantinha-se imponente, brava, uma verdadeira pantera pronta para atacar quem tivesse cometido aquela barbárie. E eu acreditava piamente naquilo. Não tinha uma dúvida de que Rose fosse capaz de cumprir cada ameaça iminente em seu olhar ou em sua postura.

Uma onda de orgulho me abateu com o pensamento, só não o suficiente para me fazer esquecer o problema em questão.

– Limpe tudo isso. – Kirova ordenou à Diana, que parecia completamente abalada. – E descubra se alguém viu alguma coisa. – Seus olhos rondaram o ambiente, como se pudessem apontar o culpado ali mesmo, mas a única coisa que encontraram foi Rose. Ótimo. – O que faz aqui, Hathaway?

– Eu...

– Veio comigo. – Apressei-me em dizer assim que percebi os movimentos defensivos de Rose. – Estávamos no treinamento quando ela sentiu tudo através do laço. Se não fosse Rose, certamente não teríamos descoberto isso tão cedo.

Kirova estreitou os olhos.

– Bom, mas já não tem nenhuma utilidade. Leve-a daqui antes que eu repense algumas das liberdades da sua aluna, guardião Belikov.

Assenti rapidamente.

– Vaca. – Rose resmungou quando atingimos o corredor. Não dei atenção.

– Você sabe de alguma coisa. – Eu acusei. Esperava que com isso ela finalmente me dissesse algo de útil. – Alguma coisa sobre o que aconteceu. Era sobre isso o que falava quando disse à diretora Kirova que Lissa estava em perigo?

– Eu não sei de nada. É apenas uma brincadeira de mau gosto.

– Você tem alguma ideia de quem poderia ter feito isso? Ou por quê?

– Não. Não faço ideia.

Analisei sua expressão em busca de algo que denunciasse uma mentira. Não havia nada. Rose preocupava-se demais com Lissa para sequer pensar em proteger alguém que a fizesse mal. Se ela disse que não tinha ideia de quem poderia ser o culpado, então a tarefa se dificultaria muito mais. Afinal, ela conhecia a princesa bem melhor do que eu, embora seu castigo não lhes permitisse muitos momentos de convivência ultimamente.

No entanto, eu pressentia que ela ainda me escondia algo. Fora possível ver com clareza enquanto as duas conversavam no quarto. Tamanho pavor e medo não surgiam da imaginação, como eu quisera fazer Rose acreditar em um de nossos treinos. Poderia não se relacionar com o vândalo que tinha como passatempo realizar experimentos científicos macabros em animais inocentes, mas era igualmente importante.

– Rose, se você souber de alguma coisa, me conte. Estamos do mesmo lado. Nós dois queremos protegê-la. Isso é sério.

Minhas palavras foram simples e diretas, mas causaram um efeito explosivo em Rose que eu realmente não esperava. Ela se virou para mim com raiva.

– É, é sério mesmo. É tudo muito sério. E você me faz ficar só correndo todos os dias, quando eu deveria estar aprendendo a lutar e a defendê-la! Se você quer ajudá-la, então me ensine alguma coisa! Me ensine a lutar. Fugir eu já sei.

Mesmo que eu estivesse imensamente surpreso com a sua reação, fiz questão de não demonstrar nada, mantendo minha expressão vazia e controlada.

– Vamos. – Cortei-a. – Você está atrasada para o treino.


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Notas finais do capítulo

So... I'm dead, right? @.@ Well... Whatever. Digam-me apenas se gostaram. Ou não, também. Demorei tanto que nem importa mais, shaushaus.
Enfim, beijos grandes!