Loki: Segredos Sombrios escrita por Tenebris


Capítulo 5
Invasão


Notas iniciais do capítulo

Oi gente linda :D Desculpem o atraso, eu tive alguns problemas de tempo de novo. Pra compensar, fiz esse capítulo beeem grandinho. Eu queria que ficasse um só, mas acabei escrevendo tanto que ele acabou virando dois, e a conclusão desses acontecimentos vocês verão no próximo :D Ainda tem muita coisa pra acontecer, e muito mais do Loki, então fiquem tranquilos. Aliás, se eu tiver muitos reviews para me inspirar, acho que consigo escrever mais na terça feira pra postar na quarta. O que vocês acham? Beijos e boa leitura



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Eu fui dormir. Ou pelo menos, tentar. Quando percebi que não conseguia mais me concentrar no treino, voltei para o Palácio. Todos jantavam. Natasha me perguntou se eu estava bem, e eu respondi involuntariamente que sim. Lucca se sentou do meu lado, e fez a mesma pergunta. A diferença é que a ele eu não consegui enganar. Eu disse, como desculpa, que não tivera um treinamento agradável e que estava cansada. Ele não acreditou, mas aparentemente não quis mais fazer indagações.

Ao longo do jantar, Thor apresentou a mim e meu irmão para Odin, de maneira mais adequada. O Rei ficou maravilhado com nossos poderes, e disse que nós nos sentiríamos em casa. Ele disse que em Asgard havia muita coisa que envolvia magia, e que nós nos daríamos bem.

Depois que o jantar terminara, eu tive liberdade para tomar um bom banho de banheira e ir para a cama. Assim que me deitei e me cobri com um cobertor de peles, percebi que o homem dos olhos verdes não queria sair da minha cabeça.

Tudo nele me intrigava. O motivo da aparição, os motivos da nossa conversa, e até mesmo seu modo de sorrir, de me olhar ou de segurar minhas mãos. Ele era impossível de decifrar, e isso me irritava. O modo como ele me intrigava também me irritava. E, o que mais me causava irritação, era o fato de eu não conseguir tirá-lo da minha mente. Eu queria esquecer tudo isso, colocar a cabeça no travesseiro e dormir. Entretanto, eu não conseguia. Isso me fazia delirar.

Eu queria entender aquele homem, mas sabia que não o veria de novo. Algo me fez acreditar nisso. Era como procurar a solução de algo sem resposta, sabendo que não existe a solução possível. Assim, fechei meus olhos, usando a energia que me restava para novamente tentar dormir. Eu respirava sonoramente, encarando a realidade em que eu estava.

Enquanto isso, encontrei a definição exata do que era estar na presença daquele homem e tentar decifrá-lo.  Era como procurar às cegas algo que você sabe que certamente não existe.

Essa definição permeou meus sonhos e pensamentos da noite, acompanhada de olhos verdes que me cercavam, como se eu tivesse algo que era muito importante para aquele homem. Até em meus sonhos irreais, ele me deixava confusa. Quando acordei, olhei ao redor, buscando qualquer coisa que pudesse me acalmar, ou me fazer lembrar daquele sorriso tão despretensioso e indecifrável. Eu me sentei na cama e pus as mãos na cabeça, num gesto de descrença. Eu deveria estar ficando louca...

Eu me levantei, me arrumei, e observei o dia lá fora, por meio de uma janela. Eram dez horas da manhã. O sol ainda cintilava tímido no céu, mas a costumeira claridade dourada já banhava a manhã asgardiana.

Com lentidão, uma semana se passou desde que eu tinha chegado. Todos os dias eram iguais, e minha única válvula de escape era observar o céu e a paisagem, que nunca pareciam se repetir.

Eu procurava, sempre que tinha oportunidade, o homem dos olhos verdes... Em vão. Isso me consumia tanto que comecei a perceber a insanidade que era pensar nisso o tempo todo. Todos os dias, eu acordava, me reunia aos outros para o café da manhã, e passávamos o dia treinando, investigando ataques ou nos preparando para eles. Eu costumava caminhar um pouco pelo jardim ao entardecer, e depois todos iam dormir. A pausa nos ataques recentes preocupava Steve, porque indicava que os inimigos deviam saber de nossa presença e estavam se preparando, segundo o Capitão.

Por fim, depois de uma semana completa em que eu estava ali, jurei para mim mesma que não pensaria mais no tal homem, e que nem perderia meu tempo com isso. Como uma despedida desse meu vício, que agora eu inibia, tomei a liberdade de complementar a definição inicial que eu tinha inventado.

Estar na presença do homem dos olhos verdes era como procurar às cegas algo que você sabe que certamente não existe. E, mesmo assim, deixa o desejo por isso arder em você.

Eu me espreguiçava lentamente. Mais uma tarde desvanecia, e o quarto ia sendo delicadamente preenchido por uma suave luz dourada de pôr-do-sol. Nesse dia, eu tinha treinado durante a manhã e tarde inteira. Desse modo, fui tirar um cochilo e agora eu acordava, sentindo-me renovada.

Eu levantei e fui me olhar em um espelho comprido, que ficava à esquerda da cama. Eu observava a janela pelo reflexo do espelho, e uma espécie de cometa azul passou zunindo pelo céu. Eu sorri levemente, pensando no quanto esse lugar era capaz de me surpreender.

Foi quando eu ouvi três batidas surdas e secas na porta.

- Stella... Espero que esteja pronta. Temos uma emergência. – Disse uma voz.

A voz era da Natasha, e a urgência no pedido dela me chocou imediatamente. Eu acho que fiquei parada, inerte, por alguns segundos, antes de responder de maneira confusa:

- Ah... Eu já estou indo. – E enquanto eu dizia isso, procurava nas minhas coisas o uniforme que Nick tinha me dado. Natasha entrou sorrateiramente no meu quarto.

- Os Jotuns estão se aproximando. Em questão de minutos vão chegar até o Palácio. Precisamos ir. – Natasha contava, e reparei que ela já vestia seu uniforme de Viúva Negra.

Eu estava começando a ficar levemente nervosa. Na verdade, eu não estava com medo. Estava apenas curiosa, desejando que a adrenalina de uma boa luta me inundasse novamente, para que eu pudesse usar meus poderes e ter um pouco de aventura, finalmente. Esse fato de eu estar prestes a enfrentar o desconhecido, ao lado dos Vingadores, em outra dimensão, me deixava ansiosa. Assim, eu me troquei rapidamente, enquanto Natasha ia me dizendo o que sabia sobre o ataque.

Meu uniforme era uma roupa como a da Natasha, com a diferença de a parte de cima assemelhar-se a um corselet e de possuir detalhes na cor vinho Meus ombros ficavam expostos. Eu realmente tinha gostado daquela roupa. Fazia com que eu me lembrasse da minha origem, da minha família italiana e de nossos costumes medievais mágicos.

Meus cabelos castanhos não foram penteados, e eu e Natasha seguimos corredor a fora. Enquanto passávamos pelo saguão do Palácio, eu via o desespero estampado na cara das pessoas. Havia um murmúrio geral ecoando lá, com pessoas indo e vindo, alguns soldados portando armas enormes, e muita preocupação no ar. A iminência de uma batalha era quase tangível naquele ambiente, e eu comecei a me agitar.

- Aquilo que você viu não era um simples cometa. Eram os Jotuns se teletransportando. Precisamos saber como eles fizeram isso. Vou falar com Banner. – Comentou Natasha, e depois pegou uma espécie de celular para se comunicar com alguém.

Dentro de alguns minutos, eu e Natasha encontramos todos os Vingadores reunidos no centro do saguão. Tony já trajava sua armadura, mas estava com o capacete entre as mãos. Steve Rogers também estava pronto, e segurava seu escudo com apreensão, tamborilando os dedos na sua superfície. Thor estava à frente do grupo, olhando através da porta para o horizonte, que nunca parecia ter um fim. Banner parecia confuso e perdido, porque seus olhos reviravam por todo o lugar, remexendo-se inquietos. Clint arrumava suas fechas, lançando um olhar letal em direção à mesma porta. Lucca parecia agitado, e tinha uma mão colocada ao lado da cabeça. Estava usando seus poderes.

- Preparada, irmã? Posso adiantar que o negócio está feio... – Disse Lucca, postando-se do meu lado e me abraçando divertidamente.

- Mais do que preparada, irmãozinho... – Comentei, fazendo apenas minhas mãos viraram sombras, e Lucca ergueu os olhos em aprovação.

- Eles estão chegando... Eu sinto. – Comentou Thor, e parecia ter muita raiva e resignação em seus olhos.

- Quando quiserem que “o outro cara” venha... Alguém, por favor, me bate até eu me irritar. – Comentou Banner, ajeitando os óculos.

- Relaxa, grandão. Eu vou quebrar seu notebook e “o outro cara” chega em meio segundo. – Retrucou Stark, colocando o capacete. Sua voz estava robotizada. Ele deu tapinhas nas costas de Banner e sorriu.

Foi então que nós ouvimos um estampido. Um barulho de algo muito grande sendo lançado, como uma bomba. Depois de um milésimo de segundo, o chão tremeu. Tudo tremeu. Não durou muito tempo, mas foi o suficiente pra avisar que teríamos grandes problemas.

Eu podia ver as janelas vibrarem e partirem, centenas de vitrais coloridos espalhando-se pelo chão, pessoas correndo, e o Palácio tremendo como se estivesse em colapso nervoso. Cinco segundos depois dessa tortura, Barton preparou suas armas e falou, prontamente solícito:

- E o que fazemos agora?

Eu me adiantei ao grupo, sendo tomada pela minha adrenalina, e ficando cada vez mais sedenta de aventura. Falei, estalando os dedos e me tornando metade sombra:

- Vamos rezar.

Todos me olharam espantados, em meio ao silêncio repentino do Palácio. Eu finalizei com uma voz ameaçadora, piscando:

- E nos armar até os dentes.

Depois de meio minuto de silêncio, múltiplos gritos nos indicaram que a invasão começara. Eu e os Vingadores estávamos tomando nossa posição estratégica, e fomos correndo em direção à frente do Palácio, onde a agitação começara.

Corremos pelo saguão em meio às pessoas desesperadamente agitadas e em meio aos soldados que guardavam o lugar. Quando chegamos aos jardins, toda a visão maravilhosa que eu tinha de Asgard se dissipou. Os jardins estavam parcialmente congelados, e uma espécie de nuvem azul marinho pairava alta sobre eles, vertendo neve e uma brisa anormalmente gelada. Parecia que a noite chegara mais cedo, muito embora ainda fosse fim de tarde. O céu mesclava-se em diversas cores num ponto específico, e o seu tom laranja típico fundia-se a um crepúsculo, num tom de roxo doentio.

Meus olhos perscrutavam o lugar, e eu finalmente vi centenas deles. Centenas de Jotuns correndo, usando suas armas de maneira rápida e violenta. Eram Gigantes de Gelo de uns dois, três metros de altura. O corpo deles parecia meio feito de rocha, meio feito de gelo. Eles tinham gengivas vermelhas e dentes afiados que realmente me incomodavam. Além desses monstros, havia também centenas de soldados asgardianos, mas eles realmente pareciam estar em menor número e em desvantagem. Os soldados não tinham tanto poder mágico quanto os Jotuns, e talvez fosse isso que os desfavorecessem. Bom, o fato era que os jardins e a frente inteira do Palácio estavam se tornando uma Zona de Guerra. Uma verdadeira invasão.

- É hora do show, Vingadores. – Disse Fury, juntando-se a nós, e acenando em direção ao conglomerado onde a luta acontecia. Ele tinha entre as mãos uma arma que parecia uma bazuca.

Todos nós nos entreolhamos, e Steve gritou como um verdadeiro líder:

- Vamos! Protejam o perímetro do Palácio! Ocupem a zona norte!

E então todos nós corremos para a batalha. Eu não vi como, mas algo verde e grande correu em direção a uma nave Jotun. É... Acho que alguém estapeou Bruce Banner até deixá-lo irritado.

Como a batalha era ágil e dinâmica, não pude ver direito para onde os outros foram, nem como estavam se saindo na luta. Eu tinha em mente apenas uma coisa: Evitar que esses caras entrassem no Palácio. Desse modo, Natasha me entregou rapidamente aquela lança negra que eu tinha gostado e me desejou boa sorte. E eu, agora armada, saí em disparada para lutar contra tudo o que me parecesse um Gigante de Gelo. E devo dizer... Os caras eram muito velozes e fortes. Eu, como estava metade sombra, conseguia enganá-los, mas não por muito tempo. Eu os golpeava sem que eles percebessem, já que não me viam com nitidez. Depois, eu os transpassava com a minha lança.

Matei uns cinco, mas eles pareciam se multiplicar e vir por todos os lados. E também estavam começando a entender meu modo de lutar e jogar. Um deles tentou congelar meu braço, mas eu estava em forma de sombra, o que me ajudou muito a evitar isso. O bicho urrou e chamou uns colegas, e precisei da ajuda de Thor para me livrar destes.

Não que nós estivéssemos em desvantagem total, porque a luta estava bem equilibrada. Mas os Jotuns estavam nos empurrando, nos forçando a aproximar do Palácio. Em breve, eles se aproximariam mais e mais, o que era péssimo. Asgard vinha sofrendo ataques desse tipo há meses, e os Jotuns queriam não só achar o Tesseract, mas também queriam enfraquecer a política da cidade para dominá-la. E eles pareciam ter evoluído, porque, segundo Thor, eles estavam mais poderosos.

Os Vingadores estavam cobrindo aproximadamente o mesmo perímetro, então eu pude ver o Homem de Ferro disparando seus lasers; Thor empunhando seu martelo; Capitão América jogando seu escudo; Hulk mais a frente esmagando tudo com voracidade; Viúva Negra lutando e destroncando os Jotuns; Gavião Arqueiro lançando flechas certeiras no coração deles e Lucca se divertindo com uma arma de calibre elevado, simultaneamente hipnotizando os Gigantes para retardá-los.

Eu usava minha lança negra como forma de ataque, até que ouvi Steve me chamando, agarrando-me pelo braço:

- Pro palácio! Odin corre perigo!

Eu o olhei com desespero, e juntos corremos até o palácio. Chegamos quase sem fôlego, e encontramos o saguão deserto, a não ser pelos Guardas comuns que lá estavam. A briga se concentrava dos jardins para a saída, então tudo parecia tranquilo.

- Vocês! – Uma voz nos chamou, vinda do alto da escada.

Eu e Steve nos viramos, tomados pelo medo do pior. Mas era Odin e Frigga. Nós corremos até eles, subindo a escada pesadamente.

- Vocês estão bem? – Eu perguntei.

- Nós estamos. Mas vocês... Vocês precisam ir para a Prisão de Asgard... Há um grupo de Jotuns lá. Eles vão destruir o lugar! – Urrou Odin, e pareceu mais velho e cansado do que nunca.

Eu e Steve ficamos sem reação diante do pedido do Rei.

- Eu e Odin vimos pela janela. Os Jotuns vão botar fogo lá... Eles vão destruir o lugar... Com nosso filho dentro. – Completou Frigga, pesarosa.

         Então eu e Steve entendemos. Ótimo. Odin queria que eu e Steve deixássemos a batalha pra salvar aquele seu filho doido? Entendi.

- Encarem isso como o pedido de um Rei desesperado... – Suplicou Odin. Ele estava a ponto de ajoelhar ante nossos pés.

- Nós vamos... – Eu falei, decidida.

- Vamos? – Perguntou Steve, me olhando abismado.

Eu o ignorei, e falei diretamente para Odin e Frigga:

- Vamos trazer seu filho são e salvo...

Nem mesmo eu saberia dizer por que fiz aquilo. Óbvio, era o pedido de um Rei, e só por este simples fato eu já me sentia obrigada a fazê-lo. Mas também imaginei o desespero deles por saber que o filho estava sendo encaminhado para a morte.   Só sei que perguntei para Odin se a Prisão ficava muito longe, e ele disse que não. Frigga ofereceu meios de transporte para nós, e me olhou confusa quando eu disse que tinha meus próprios meios. Eu agarrei a mão de Steve Rogers e me tornei uma sombra. Olhei fundo nos seus olhos azuis penetrantes, como se eu pedisse compreensão. Depois, pude ver que as mãos dele, unidas às minhas, também estavam se tornando um espectro.

Juntos, viramos sombra. Ele também se tornou isso por meio do contato direto com minha pele. Desse modo, meus poderes momentaneamente passaram para ele.

Em meio segundo, aparecemos diante de uma grande edificação negra. Acho que era a única construção de Asgard que não era dourada ou marfim. Nós chegamos ao nosso destino.

- Como fez isso? – Perguntou Steve, meio tonto, tentando equilibrar-se.

- Sombras existem em todo lugar. Posso usar qualquer uma para nos teletransportar. – Contei, ajeitando o meu uniforme.

A viagem por meio das sombras era mais simples do que viagens por pontes espaço-tempo. Quando eu virava sombra, era como me tornar uma forma de vida muito leve e intangível. E quando eu me teletransportava, por mais longe que fosse o lugar, era como viajar num piscar de olhos. Era como simplesmente desaparecer e aparecer em outro lugar, em poucos segundos. Apenas isso. Sem náuseas ou espaçonaves.

Eu e Steve ouvimos alguns ruídos, e vimos logo de cara alguns Jotuns. Além disso, a parte de trás da prisão pegava fogo. Um fogo azul diferente. Eu comecei a sentir meus olhos arderem com o vapor da fumaça, e logo avisei a Steve:

- Você cuida desses Jotuns da entrada. Eu vou pra parte de trás, buscar nosso prisioneiro...

Steve arrumou o escudo nas mãos e disse:

- Por quê?

Seus olhos azuis cintilavam brilhantes, em meio à sua expressão preocupada e à sua testa vincada.

- Porque esse fogo não é comum. É magia... Magia bem antiga. – Expliquei.

Ele assentiu, e saiu correndo em direção à entrada da Prisão, lutando contra os poucos Gigantes do local. E eu entrei por uma porta lateral, seguindo a fumaça insistente a fim de procurar meu alvo.

Murmurei para mim mesma, enquanto corria furtivamente:

- Onde está você, deus da trapaça?


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Notas finais do capítulo

E aí? Achei um final com frases de efeito e gostinho de "quero mais". E vocês?