Loki: Segredos Sombrios escrita por Tenebris


Capítulo 6
Jogos


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi :D Sentiram saudades? Gente, vocês deixaram tantos reviews fofos e inspiradores, que vocês mereciam um capítulo logo... E digo, esse aqui TEM MUUUITO LOKI auhuahuaha
Pra quem quiser acompanhar melhor o andamento das minhas fics, aqui está meu twitter @juliaramosf eu sempre estou avisando coisas por lá, então, eu sigo de volta. Gostaria de agradecer também a recomendação da minha história, feita por Insane (http://fanfiction.com.br/u/286001/), valeuuuu, adorei cada palavra :D
Chega de enrolações e mais ação né? Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/394736/chapter/6

As paredes da Prisão de Asgard eram feitas de pedra bruta, totalmente escura. Os corredores eram curvos no teto, e as celas de lá eram tão sombrias que pareciam, de alguma forma, torturantes. A iluminação era à luz de velas, mas muitos trechos estavam sem candelabros, totalmente mergulhados em escuridão. Eu estava começando a me perder. Não seria fácil encontrar o meu alvo ali. A única coisa que me guiava era o cheiro da fumaça, que eu seguia pacientemente.

         Aliás, eu também estava começando a ficar nervosa. Havia uma atmosfera de terror naquele lugar, e eu estava somente andando em círculos sem encontrar o tal filho de Odin havia minutos...

         Então, de súbito, ouvi um barulho ensurdecedor, e toda a estrutura da prisão pareceu tremer e ceder um pouco. Tentei usar alguma magia rápida para localizar a origem do ruído; e enquanto eu corria desesperada, murmurei algumas palavras de encantamento.

         O feitiço ajudava, mas não era tão efetivo. Eu comecei a seguir o caminho que meu encantamento indicava, ainda meio desorientada. O cheiro da fumaça continuou a me ajudar, e no meio daquele labirinto de corredores escuros, eu corri até a parte mais profunda da prisão, onde avistei uma profunda luz azulada. Era a origem do fogo que consumia todo o lugar.

         Aquele lugar onde eu chegara era uma sala ampla, com pouca iluminação. No centro, havia uma espécie de poço muito largo e profundo. Na parede de trás, havia uma cela, que agora estava destruída. E havia focos de incêndio espalhados por todo o local, com nuvens gordas de fumaça escura voando sobre mim.

         Eu me aproximei daquela cena, e a primeira coisa que identifiquei foi um único Jotun a alguns metros de mim. Era um Gigante de Gelo como os outros, porém, parecia um pouco maior e mais largo. Usava uma coisa esquisita na cabeça, como uma coroa, e segurava uma lança que parecia entalhada em gelo puro. Algo me dizia que ele era o líder... Talvez o mandante de toda aquela guerra.  

Ele apontava a lança para uma figura curvada, que estava caída ao chão. Como eu havia me tornado metade sombra, aquele Jotun não poderia me ver. Eu me abaixei perto do poço, e ouvi o que ele dizia:

- Está vendo esse fogo? É mágico... Pois é. Os Jotuns estão aprendendo a usar poderes nunca antes imaginados. Somos mais fortes agora! Tente o quanto quiser... Não conseguirá apagar essas chamas.  Aliás... Era isso o que eu devia fazer. Deixar você arder nelas até a morte! – Urrou o bicho. A voz dele era sibilante, e inspirava terror. Como ferro arranhando vidro. Tive calafrios.

Então, apertei meus olhos a fim de enxergar melhor a figura para quem o Jotun se dirigia. E devo dizer... Meu coração parou.

Eu podia ficar lá, contando calmamente os segundos do longo intervalo de tempo entre cada batida surda do meu coração... Minha respiração se tornou irregular. Meus olhos brilhavam em indignação... O homem ali, jogado ao chão, cercado pelo fogo, era o homem do belo par de olhos verdes.

Naquele dia, há exatamente uma semana, eu tinha encontrado sem saber com Loki: o deus da trapaça.

Passado meu choque inicial, tentei me recompor. O homem que me ajudara a usar a lança, aquele que ficara dias na minha cabeça, incendiando minha curiosidade, aquele mesmo homem, que tinha sumido misteriosamente... Eu o via agora diante de mim. Perguntei-me mentalmente como eu pude vê-lo naquele dia, já que ele devia estar hipoteticamente preso.  Acho que deve ter feito algum truque de ilusionismo. Não sei bem... Mas eu com certeza me lembraria de perguntar a ele, depois que essa confusão acabasse.

Respirei fundo e me concentrei no fato de que eu tinha dito a Odin e a Frigga que eu traria o filho deles são e salvo. Bom, talvez com algumas marcas de luta, porque eu estava prestes a voar no pescoço dele para pedir respostas.

Fixei meus olhos no deus da trapaça, e percebi que ele usava uma roupa comum de asgardiano, preta e verde, e tinha os cabelos bagunçados, caindo desgrenhados em seu pálido rosto. A expressão dele era de descrença, e até um pouco de superioridade. A julgar pelo modo com que ria do Jotun e franzia a testa, eu diria que ele não estava nem aí para a ameaça que recebera. Parecia que para Loki, pouco importava se ele viveria ou morreria naquele momento.

- Você não vai fazer isso... – Completou Loki com a voz suave, mas mesmo assim, ameaçadora.

O deus da trapaça estava sentado no chão, com um círculo de fogo voraz ao seu redor, e ele tinha leves marcas de machucados. De pé, com a lança apontada para o deus, estava o Jotun.

- Você é patético, Loki... Por mim, você seria deixado aqui pra morrer, como merece... Mas você ainda vai me ser útil. – Sibilou o Jotun, apontando a lança mais para perto da garganta do deus.

Loki deu um risinho descrente.

- Não pretendo ir com você, Wulf... – Comentou o deus, erguendo as mãos num gesto de impaciência.

- Não me interessa a sua vontade. Eu disse que você virá comigo. – Ameaçou o tal Jotun, Wulf.

Ok. Eu repassei mentalmente as informações que eu tinha: O homem misterioso era Loki. Odin e Frigga queriam que eu tirasse o filho deles da prisão, para evitar que ele morresse. O líder dos Jotuns, Wulf, queria torturar Loki para depois seqüestrá-lo, alegando que o deus seria útil futuramente para os planos dele. Loki não queria ir. E eu também não queria que o deus fosse, porque ele me devia muitas respostas. Então, estava decidido. Era hora de atacar.

Eu me tornei sombra por completo, inclusive transformando minhas armas. Como eu as tocava no momento da transformação, elas também viraram espectro. No entanto, mesmo dessa forma, elas ainda eram letais. Aproximei-me cautelosamente da cena, aproveitando que a fumaça emitida pelo fogo me disfarçava ainda mais.

- Ah, Loki... Você é tão estúpido... Um fraco... – Ia dizendo Wulf, rindo pelo fato de humilhar o deus.

Eu me aproximei sorrateiramente. E, dando um salto, segurei minha lança de modo a tentar enfocar Wulf, prensando-a contra o pescoço dele.

O Jotun sibilou, soltando um berro grave, e largou sua própria lança no chão. Então, ele começou a se mexer, tentando ver quem o tinha atacado. Eu me distraí por um momento, vendo o olhar confuso de Loki buscar quem tinha provocado Wulf. Deduzi que o deus ainda devia ter seus poderes, mas o que o impedia de sair e usá-los, era o fogo. Loki não tinha como apagá-lo, nem mesmo com seus próprios poderes. E estava cercado pelas tais chamas.

Wulf remexia-se, e eu dei a volta ao redor dele, colocando-me na sua frente e recuperando minha lança. Em um golpe rápido e seco, usei-a para furar um olho dele. O bicho urrou ainda mais, e pareceu perder o equilíbrio momentaneamente.

Eu não era mais forte do que o Jotun. Mas eu tinha a vantagem de ter atacado de surpresa e de estar invisível, em forma de espectro. Então, retirei a lança do olho do Jotun e a finquei no outro olho, cegando-o. Corri até Loki. Deixei minha lança presa no olho do Gigante, para ganhar tempo.

Ao chegar perto do fogo, percebi que ele era feito de uma magia muito parecida com a que eu dominava. Não sei como Gigantes de Gelo aprenderam a dominá-la, mas eu sabia como reduzi-la. Enquanto Wulf ainda se debatia, eu voltei à minha forma natural, e Loki sorriu ao me ver. Ele cruzou os braços displicentemente e seus olhos voaram da lança negra no olho de Wulf, até mim. Ele devia ter me reconhecido. Então, ele sorriu. Seu sorriso era arrebatador, principalmente quando ele inclinou os lábios lateralmente.

Eu fechei meus olhos e murmurei rapidamente algumas palavras de encantamento. Então, ultrapassei o círculo de fogo que circundava Loki e o puxei pelo braço, forçando-o a se levantar. Eu adorei a sensação de perigo que tive nessa hora. Perigo porque eu estava lidando com um deus, de um modo um tanto... Brusco demais para lidar com uma divindade. Acho que ele teria me fulminado naquela hora, se não estivesse em condições tão precárias.

- Olá, “servo”. – Eu disse ironicamente, fazendo-o sair do círculo de fogo comigo. Os olhos dele se alarmaram, mas se aquietaram ao perceber que o fogo, embora intenso, não nos consumia.

- Como ousa me tocar dessa maneira? – Disse Loki em tom de ameaça, fitando-me com ligeira diversão. Agora, nós dois estávamos de pé, lado a lado.

- Você não está em condições de exigir nada... – Comentei, indicando com a cabeça que ele me acompanhasse.

Mas foi então que vi, por um milésimo de segundo, a expressão do deus se desesperar levemente, como se me avisasse de algo. E eu ouvi o barulho de uma lâmina perfurando algo...

Soltei um grito de dor e cambaleei, percebendo que Wulf corria às cegas, e que me acertara com sua lança. Não sei como ele tinha achado a arma novamente, mas o golpe pegou em cheio acima de meu ombro. Ardia muito. Com raiva, eu ignorei a dor, peguei minha lança que pendia do olho dele, e o perfurei inúmeras vezes nas costelas, até perfurar-lhe o coração.

No entanto, o Jotun era muito forte e resistente, porque, no meio de nossa luta, ele ainda permanecia vivo na batalha. Então, ele me golpeou com sua mão esquerda e nós dois caímos juntos naquele poço.

Eu queria imensamente matar Wulf, mas não tive certeza de que isso realmente ocorreu. Eu caí no poço, sendo tomada pela água, e um frio incomum tomou conta de mim.  O poço era totalmente escuro, e eu senti como se tivesse mergulhado em escuridão líquida. Ouvi mais algumas vezes o berro engasgado do Jotun, e desejei de todo o meu ser que ele estivesse morto, mas não consegui ver o rosto dele com clareza. Só sabia que ele também tinha caído no poço, longe de onde eu caíra.

Meus pés não tocavam o fundo, e eu nadava como louca, tentando me manter na superfície. Demorei até achar umas ranhuras na parede que me ajudaram a subir para a superfície. Desejei também que, caso o Gigante estivesse vivo, não conseguisse escapar tão facilmente quanto eu consegui.

Por fim, saí do poço, vertendo aquela água gelada pelo meu uniforme, com meus dentes rangendo pelo frio.

Loki encontrava-se impassível, no mesmo lugar de antes, analisando-me com um interesse contido e cuidadoso. Eu o olhei furiosa, enquanto tirava água dos meus cabelos.

- Vamos. – Eu disse agressivamente, puxando-o pelo braço e apontando para a saída. – Eu não consigo eliminar todo o fogo. Esse lugar vai sucumbir em chamas.

E então, Loki parou onde estava, olhando-me daquele jeito estranho, como se quisesse me decifrar.

- O que acha que está fazendo? – Ele murmurou, dando uma pausa entre cada palavra, e se curvando de modo a me encurralar na parede, com ele ficando parado à minha frente.

Eu arqueei as sobrancelhas, e cruzei os braços. O gesto fez meu machucado doer.

- Salvando você. – Falei inocentemente, para irritá-lo.

- O que a faz achar que preciso de proteção? – Murmurou Loki, unindo os lábios numa linha reta. Não houve sorrisos. Ele colocou os dois braços encostados na parede, um de cada lado de onde eu estava, de modo a me encurralar cada vez mais. Seu rosto estava a centímetros do meu, e eu confesso que fiquei meio sem reação.

- Foi um pedido dos seus pais. – Comentei, tentando me manter firme. Eu atacaria aquele cara sem nem pensar, caso fosse preciso.

- Pais? Não sei de quem está falando... – Comentou ele, de maneira forçada. Em cada palavra eu podia sentir o ressentimento que ele tinha por Odin e por Frigga.

Loki continuou, ligeiramente irritado:

- Só digo uma coisa. Coloque-se no meu caminho novamente, e eu lhe mostrarei o que o deus da trapaça é capaz de fazer... – Ele comentou, me olhando fixamente nos olhos. A voz dele era inebriante, hipnotizadora. A aura dele me impressionava, incendiava meus pensamentos... E os olhos. Sempre os olhos, verdes e perturbadores.

Eu mordi o lábio e fiz um gesto rápido, invertendo nossas posições. Com uma leve chave de braço, foi minha vez de colocá-lo contra a parede, e de colocar um braço contra o pescoço dele, impedindo-o de fugir:

- Não brinque comigo, deus da trapaça. Você não é o único por aqui que gosta de inventar joguinhos... – Comentei furiosamente.

Ele estava começando a me irritar, e eu achei que ele fosse ficar tão furioso com minha atitude, que me destruiria ali mesmo. Para minha surpresa, ele riu sonoramente durante um longo tempo. Foi uma risada acompanhada por um sorriso muito sedutor, como um predador muito hábil no que faz. As mãos dele se ergueram num gesto de rendição pacífica.

Eu tirei meus braços do pescoço dele, e fomos caminhando lentamente até a saída, com ele me seguindo lado a lado.

- Quanta fúria... – Ele comentou depois de um tempo, olhando para mim com diversão e com aquela mesma expressão de interesse e curiosidade contidos. Eu o ignorei.

Eu tentava respirar sem fazer barulho, para me certificar de que podia ouvir os passos de Loki, ecoando ao meu lado. A presença dele era hipnotizante, e eu podia sentir seus olhos pousando em minha direção, mesmo quando eu evitava retribuir seu olhar. Não demorou muito, e chegamos até a entrada da Prisão. Steve lançava seu escudo num grupo pequeno de Jotuns, que parecia assustado e pronto para recuar.

O Capitão pegou seu escudo de volta num gesto rápido, observou os últimos Jotuns se alarmarem e saírem correndo, temerosos. Depois, seu olhar cansado se voltou para mim e para Loki. Por um momento, ele pareceu excessivamente surpreso e correu até nós, entregando-me uma algema especial:

- Os Jotuns falaram algo sobre o líder deles ter se ferido... E, ah... Você conseguiu... – Ele disse pra mim, e eu me ofendi um pouco pela incredulidade dele.

- Consegui. – Falei, assentindo para Steve, e colocando as algemas em Loki.

O deus foi resistente no início, mas eu segurei as mãos dele com força e as coloquei unidas na algema, atrás das costas dele. Steve se ofereceu para fazer o serviço, mas eu não deixei. Queria esclarecer as coisas com Loki, e mostrar para ele que não brincasse comigo. Eu queria intimidá-lo.

Mesmo sem olhar diretamente para a face de Loki, eu sentia que ele estava sorrindo, daquele seu jeito irônico e sarcástico característico.

- Você costuma usar algemas nos outros com freqüência? – Ele murmurou, de um jeito que só eu pudesse ouvir. Eu soube imediatamente que ele ainda queria me provocar. E quer saber? Ele conseguiu. Esse deus estava começando a me irritar profundamente...

- Não. – Eu sussurrei secamente, virando-me para encará-lo. Tentei desviar os olhos do sorriso dele e permanecer impassível. – Só em quem merece.

Nesse momento, com minhas mãos ao redor do deus, fechei as algemas com alguma força extra desnecessária. As algemas eram feitas de Adamantium, e tinham nanomoléculas que inibiam o poder de quem estava usando. Por isso, eu poderia irritar Loki à vontade. Ele não retribuiria, nem me atacaria gravemente.

Steve, então, virou-se de modo a encarar a Prisão atrás de nós. O lugar ainda estava em chamas, mas elas não pareciam muito mais graves. As labaredas azuis concentravam-se apenas na parte de trás, já diminutas.

- Só vai parar quando consumir toda a prisão. Não consegui contê-las totalmente... – Eu comentei, me referindo às chamas bruxuleantes.

Então, agarrei Loki agressivamente por um braço, a fim de trazê-lo para perto de mim e Steve. Expliquei rapidamente ao Capitão o que tinha acontecido lá dentro, da minha luta com Wulf e do poço, e de como tirei Loki de lá. Omiti a parte do nosso pequeno e gentil “diálogo”.

Já Steve explicou que os Jotuns que ali estavam eram em pouca quantidade, e que tinha sido fácil detê-los. Eles resolveram fugir ao perceber que algo errado havia acontecido com o líder.

- É... Acho que temos que ir agora. – Ele disse, fitando-me com satisfação, depois de uma missão bem concluída.

Eu sorri, prestes a responder, quando ouvimos um rugido ensurdecedor vindo de dentro da prisão. Um rugido mesclado de dor e fúria, sedento de vingança. O grito sibilou e reverberou por alguns segundos diante de nós. Ótimo. Provavelmente, Wulf tinha sobrevivido. Eu e Steve tínhamos chegado a essa mesma conclusão, porque nossos olhares estavam praticamente moldados pelo mesmo pânico.

- É... Hora de ir. – Comentei com urgência, segurando numa mão de Steve, e no braço de Loki. Concentrei-me em trevas e em sombras, e nunca consegui viajar tão rápido. Lógico... Do meu lado, estava o deus da trapaça, o homem que as sombras mais deviam admirar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram do diálogo "pacífico" deles? UAHAUHUHA Ansiosa pra opinião de vocês. Beijos!