Loki: Segredos Sombrios escrita por Tenebris


Capítulo 11
Expectativas


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi, meu povo :D Não atrasei dessa vez, auhuhu, não me perguntem como! Enfim, escrevi esse capítulo faz um tempo, então não me lembro muito bem. Ele é meio longo até, e é meio que uma "introdução" pra um grande acontecimento que estou planejando mais pra frente. Na verdade, acho que no próximo capítulo já vai ter umas coisinhas mais interessantes e surpreendentes! Enfim, espero que gostem e não me odeiem se eu demorar a postar! Eu to fazendo tudo o que eu posso, viram? IJAAUAHAU beijos e boa leitura :D



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- Você está bem? – Steve indagou. Eu caminhava lado a lado com ele, e o acampamento de guerra nunca me parecera tão confuso. Eu errara várias vezes o caminho, e tinha minhas mãos enfiadas nos bolsos do meu casaco. Cada encontro com Loki, ao invés de me trazer mais respostas, só fazia surgir mais perguntas. Como eu prosseguiria com meu plano de descobrir os próximos passos do deus, quando eu nem sabia quais seriam os meus?

- Ah... Estou bem. Ele não fez nada, estávamos apenas... Conversando. – Comentei, errando o caminho novamente. Steve me olhou atentamente, com aqueles olhos azuis pacificadores, que sempre me traziam de volta à realidade de um jeito tranquilo.

Ele me segurou por um braço.

- É por ali. E eu não estava me referindo a Loki. Estava me referindo à sua... Ah, conversa com Thor.

Eu corei pela minha falha. Coloquei uma mexa de cabelo atrás da orelha, e abaixei os olhos, fitando o chão. Nem dava a mínima para os soldados trocando os turnos das vigias ao nosso redor.

- Claro... – Comentei, depois de um tempo. – Bem... Não estou satisfeita com meu papel nessa batalha, mas vejo que não há outra saída.

Steve aliviou sua expressão, mas ele ainda demonstrava um pouco de desconfiança.

- Você vai se sair bem. Thor não te pediria isso se não fosse realmente preciso. – Explicou Steve, me guiando em direção a uma das barracas. Um grupo de Vingadores estava parado ali perto.

- Eu vou tentar. Não é fácil conviver com... Loki. – Completei. Foi então que percebi que batia os dentes de frio. Não havia muitas fogueiras perto de onde estávamos acomodados, e meu casaco parecia insuficiente.

- Imagino. Você estava conversando com ele, e pareceu bem... Abalada. – Disse Steve, sem jeito. Ele coçou os cabelos loiros desajeitadamente, e eu percebi que ele não queria tocar no assunto. – A questão é que... Estou preocupado. Tenho medo de que Loki tente algo contra você...

Eu tentei sorrir, e dei um tapinha nos ombros de Steve:

- Fique tranquilo, Capitão. A senhorita Alessa sabe se cuidar.

Ele sorriu, parecendo mais tranquilo, e argumentou:

- Mas mal sabe se orientar no meio desse acampamento.

Eu mostrei a língua para ele, em sinal de falsa irritação.

- Isso não é problema. Agora... Onde está minha barraca? – Perguntei, abraçando meus braços a fim de gerar algum calor, por meio do atrito. Steve hesitou, e abaixou os olhos. Até mesmo certo rubor tomou conta de seu rosto lívido, e seus olhos azuis estavam quase opacos.

- Ah... Não há barracas suficientes. Espero que não se comigo dormir... Ah, que não se importe de dormir comigo. – Steve despejou, enrolando-se todo na hora de proferir a frase. Eu tentei reprimir um riso, mas a reação do Capitão realmente fora cômica.

- Eu não me importo, Capitão. – Sorri para ele. Steve ainda remexia suas mãos nervosamente.

Nós nos aproximamos da barraca. Banner, Tony, Natasha e Fury se espreguiçavam, dirigindo-se para seus respectivos postos.

- Se acontecer alguma invasão, eu jogo um balde de água fria para acordar vocês, crianças. – Brincou Tony, aquecendo-se como podia com sua camiseta do AC/DC, de mangas compridas.

Banner sentou-se em um canto e ligou seu notebook. Fury falava com o comandante do esquadrão asgardiano, e Natasha patrulhava o perímetro do local silenciosamente.

Pouco depois disso, chegaram Lucca, Barton e Thor. O deus do trovão chamou Lucca de canto, e a expressão do meu irmão ia se agravando conforme ouvia as palavras de Thor. O deus devia estar contando para meu irmão sobre meu trauma diante da missão. Senti-me patética.

Mesmo sem ter o direito, me intrometi na conversa deles. Não fazia sentido manter uma briga, mesmo porque tudo já estava decidido.

- Desculpa interromper. Só queria dizer que, por mim, está tudo bem. De verdade. Desculpe, Thor. Eu não deveria ter sido agressiva com você. – Comentei, e Lucca ignorou-me.

A raiva do meu irmão durava aproximadamente 15 minutos em situações como aquela, e eu sabia que ele acordaria o mesmo velho Lucca de sempre depois de uma boa noite de sono. Thor sorriu, e beijou minha mão. Estando tudo resolvido, fui dormir.

A barraca era pequena, e como Steve era corpulento e forte, mal sobrava espaço para mim. Acomodei-me como pude, cobrindo-me com um cobertor comum, insuficiente para meu frio.

- Espero que você não ronque, Capitão. – Brinquei. Steve sorriu. E, mesmo estando cuidadosamente afastados, o calor que emanava dele era reconfortante.

Assim seguiu minha noite. No dia seguinte, partiríamos em nossa decisiva viagem ao portal, onde nossos inimigos apareceriam. Eu peguei no sono rapidamente, afinal, não havia muitos barulhos a não ser passos leves e murmúrios espaçados de conversas indistintas.

Eu tinha certa dificuldade de discernir momentos de sonho e realidade, e minha mente, adormecida, tinha tendência a me pregar peças durante a noite. Eu sonhava com olhos verdes que me ludibriavam, me enganavam, expondo-me e expondo os meus segredos. Era como se eu caminhasse por esses campos desconhecidos, em busca de uma sombra que eu sempre perdia, embora não devesse perdê-la. Houve um clarão, e eu gritei.

Foi aí que sonho se misturava com a realidade.

Eu gritara de fato, acordando no meio da noite. Steve levantou-se de pronto, olhando-me assustado. Eu arfava, sentada entre os cobertores, sentindo-me extasiada.

- Stella? Você está bem? – Steve perguntou. Ele encaminhou-se, com certa dificuldade, para onde eu estava. Eu tremia, e fiquei feliz por encontrar os olhos serenos de Steve. Era como um porto em meio a uma tempestade. Um rosto conhecido que me fazia recuperar a razão.

- Foi... Um sonho ruim. Um mau presságio. – Contei.

Steve sorriu bondosamente, e colocou sua mão na minha testa cuidadosamente.

- Você está ardendo em febre. – Ele constatou, aprumando-se e se pondo ao meu lado.

- Eu estou bem... – Insisti. Em vão. Steve pegou sua mochila e de dentro dela retirou um comprido e uma garrafa d’água. Ele me fez tomar o remédio. Como eu ainda estivesse tremendo, ele sentou-se do meu lado, encostando-se em mim, de modo que eu pudesse apoiar minha cabeça em seu ombro e me acomodar preguiçosamente.

- Você vai melhorar... – Ele comentou. Eu sorri.

Tive medo que essa febre e de que esse pesadelo pudessem ter algo a ver com Loki. Ou pior, que tivessem algo a ver com alguma reação do meu corpo ao veneno Jotun, que contraí há um tempo na primeira batalha que enfrentei.

- Lembra-se? Você estava ferida quando foi para a SHIELD. Não queria deixar que eu tratasse você... – Relembrou Steve, entre um riso. Eu já estava de olhos fechados, recostada confortavelmente no ombro dele, sentindo o calor que emanava de sua pele firme. Ele se referia a lembranças que me pareceram, naquele momento, mais antigas do que de fato eram. Tudo parecia tão distante...

- Lembro. Eu estava com raiva. Você foi a única pessoa que eu deixei se aproximar de mim... – Comentei pesadamente, sentindo o sono tomar conta de mim.

- Por quê fez aquilo? – Steve indagou, e mesmo sem enxergar seus olhos, eu podia sentir que ele os remexia de maneira inquieta, nervosa.

- Eu sempre confiei em você, Steve. – Eu disse, apoiando uma mão no braço dele.

Novamente, não pude ver. No entanto, senti que Steve sorria. Um sorriso que iluminava a barraca, quase tanto quanto a luz de uma própria fogueira.

O dia seguinte surgiu rápido demais para mim.

Eu caminhava lentamente pelo acampamento, esperando Thor nos dar a ordem de partida. Os soldados organizavam as coisas com sua magia, e em questão de minutos estávamos marchando novamente. Quando eu acordara, Steve já tinha se levantado. Agora, eu, ele e os Vingadores caminhávamos tranquilamente naquela manhã nebulosa.

O céu era um borrão cinza e índigo. Do lado direito e esquerdo, árvores e pinheiros intermináveis. Steve perguntou se eu estava bem, e eu usei todas minhas forças para dizer que sim. Não que eu não estivesse, mas ainda me sentia um pouco tonta. Pelo menos a febre passara. Invariavelmente, meus olhos ávidos buscaram Loki na multidão de legionários. Mas, uma das incomuns habilidades do deus era sumir quando lhe convinha.

Stark, passando por mim e pelo Capitão, não deixou de contar uma piada:

- A noite foi boa, queridos?

Steve corou e abaixou os olhos. Eu mandei Stark para um lugar que não podia mencionar outra vez. Desse modo, a viagem se seguiu. Quando eu senti que meus pés não agüentariam mais trilhas para percorrer, Thor nos mostrou um vale rochoso à frente. Era todo entalhado em pedras escuras, que eram espalhadas de todas as formas em vários cantos. Um raio cortou o céu nublado, mas o martelo de Thor estava bem colocado ao lado do deus. O raio devia ser obra de outra coisa...

Thor endureceu o semblante, e seus olhos claros recuperaram a gravidade e a liderança que o momento exigia. Quando outro raio cortou o céu, Thor bradou, erguendo seu martelo Mjolnir e toda a sua esperança:

- Por Asgard!

Um raio negro luziu e estalou sobre uma grande rocha à nossa frente. Qualquer murmúrio que ainda houvesse entre os exércitos imediatamente cessou. Eu era quase capaz de ouvir as respirações arquejantes e o bater dos corações em alerta.

Uma fumaça de um cinza pálido dominou o local onde o raio caíra. E então, senti minhas pupilas se dilatarem ao observar aquela cena. Os Vingadores, assim como eu, também ficaram atentos e tentando se livrar da surpresa, a fim de se preparar para o ataque. Algumas armas vacilantes foram brandidas, pelos legionários asgardianos que haviam compreendido a dimensão da situação.

Desse modo, uma grande fenda surgiu no céu. Era como se o tivessem rasgado à faca, porque um talho surgira no meio da noite nebulosa. Imediatamente percebi que se tratava do portal, porque centenas de Gigantes de Rocha foram aparecendo. Eles eram surpreendentemente altos, e sua pele maciça parecia ter sido entalhada em rocha escura, altamente resistente e difícil de destruir. Além disso, eram corpulentos e relativamente ágeis. Bradavam nas mãos armas de todos os tipos, desde espadas, clavas, até machados rudimentares. No rosto, havia dois olhinhos pequenos que cintilavam de puro ódio, provavelmente porque eles não gostavam de ser surpreendidos e terem seus planos de tomar Asgard arruinados. A boca de cada um deles se escancarava em um berro de cólera, exibindo dentes amarelos, tortos e letais.

Diante dessa cena, os legionários avançaram contra os Gigantes. Era justamente assim: Exército contra exército. A linha Asgardiana enfrentava diretamente a linha dos Gigantes, chocando-se entre os urros de incentivo da batalha. No meio daquela confusão, olhei para Steve, que observava a cena com certo pesar. Ele devia estar se lembrando de outras batalhas vividas, as mesmas que sempre permeavam seus pensamentos.

- Steve... Eu preciso sair daqui... Com Loki. – Comentei, odiando cada palavra que eu proferia.

Stark se aproximou de nós, colocando o capacete de sua armadura.

- O Homem Rena já vem vindo... É, parece que as aulas de adestramento vão começar. – Ele comentou, com sua voz já robotizada devido à armadura. Loki estava alguns metros à nossa esquerda.  Steve revirou os olhos, mas um fino sorriso surgiu em seus lábios.

O Capitão olhou para todos os Vingadores, que guardavam a linha final, e comunicou, erguendo o escudo para o alto:

- Atenção, Vingadores! Thor está cuidando da linha de frente e pediu para que cuidássemos da linha final. Vamos ficar aqui e impedir que esses bichos consigam marchar até Asgard!

Os Vingadores assentiram. Banner ficou mais para trás, porque, caso algum Gigante de Rocha conseguisse furar o bloqueio, o Hulk era a nossa última esperança para “esmagar” a criatura. Barton e Romanoff guardaram a lateral esquerda. Tony e Steve ficariam tomando conta do perímetro direito. Loki encontrava-se num canto escuro, sentado ao lado de uma árvore displicentemente, como se a Terceira Guerra Mundial não estivesse prestes a acontecer. E Lucca, ao meu lado, cuspiu no chão, esfregou as mãos em sinal de ansiedade e indagou para Steve:

- Posso ir para a festinha?

Steve aprumou o escudo em suas mãos e disse:

- Claro. Thor está esperando você.

Eu franzi a testa e me interpus na frente de Lucca. Perguntei, direcionando meu olhar para Steve, ainda tentando impedir meu irmão de se mover:

- Espera aí... Pra onde ele vai?

- O Lucca vai lutar ao lado de Thor. Eles precisam de um telepata lá na frente. – Disse Steve, calmamente. Ele abaixou o rosto, fitando o chão. Ele não queria me encarar, porque sabia como eu estava me sentindo. Era incrível – e às vezes inoportuna – essa habilidade do Steve de captar minha essência tão perfeitamente. Naquele momento, odiei-o por me conhecer tão bem, mesmo diante de meus esforços para parecer inalcançável. Steve decifrara-me.

- Telepata... Claro. – Comentei, me esforçando para conter a ironia.

Lógico... Sempre Lucca. Sempre um telepata. Um resquício de ciúme inflamava-me, o que me deixava mais esquiva e impulsiva em minhas ações. Lembranças da minha “feliz” adolescência de garota excluída começaram a invadir minha mente e eu cerrei minhas mãos em punhos.  

- Boa sorte para vocês. – Murmurei, cruzando os braços e caminhando até a árvore perto de Loki. – E você, vamos.

Eu parei diante de Loki, e ele me olhou enviesado, levantando-se aos poucos. Enquanto caminhávamos, olhei para trás. Lucca não estava mais lá. Os outros estavam em seus respectivos postos, aguardando alguma necessidade de agir. Depois disso, tomei outra decisão ruim. Puxei Loki pelo braço, a fim de fazê-lo andar mais rápido. Nós andávamos por uma floresta negra, e a única coisa que nos iluminava era uma lua pálida que ocasionalmente aparecia, além de fragmentos das luzes do acampamento, agora zona de batalha.

Loki sorriu de lado, olhando fixamente para o local onde minha mão pousava em seu braço.

- Alguém está furiosa hoje... – Comentou.

Eu bufei. Havendo motivos úteis ou não, eu estava realmente irritada.

- Não me provoque, deus da trapaça... – Alertei, largando seu braço para evitar que ele me olhasse daquela maneira outra vez.

- Eu aposto que sei o motivo... – Loki se pôs na minha frente, me impedindo de continuar a caminhar.

Tentei desviar do deus e continuar a andar, mas ele me segurou pelo pulso.

- Sua fúria trai a sua habilidade. Deixa você... Vulnerável. – Ele comentou, e seus olhos verdes iridescentes prendiam os meus olhos negros como magnetismo. Eu ergui a cabeça para fitar melhor o semblante misterioso do deus, fitando sua pele lívida que contrastava com o esmeralda de seus olhos. Em seguida, baixei os olhos para as mãos de dedos longos e finos do deus, em meu pulso.

- O que você quer, Loki? – Perguntei, em tom de desabafo e impaciência.

O deus riu levemente durante alguns instantes.

- O mesmo que você. A questão é... O que você quer? – Ele rebateu, e eu comecei a me sentir perturbada. Esses joguinhos mentais não eram ideais para meus momentos de fúria infundada.

Tirei meu pulso do contato com as mãos do deus, olhando-o com ressentimento. Essa perguntava começava a me incomodar verdadeiramente. Eu sabia o que eu queria. Não sabia? Então porque estava me sentindo instigada, como se estivesse sendo convidada a investigar os mistérios do deus? E ele? O que ele poderia querer? Eu tinha a sensação de que a resposta era óbvia. Tão óbvia que eu jamais conseguiria enxergá-la.

Desviei meus olhos dos olhos penetrantes do deus e voltei a caminhar. Loki sorria satisfeito. Pelo visto, era isso mesmo que ele queria. Confundir-me. A resposta da pergunta feita por ele ficou no ar, porque eu me silenciei.

- Para onde está indo? Suponho que não conhece esse lugar? – Ele disse, alteando o som da voz, à medida que eu me afastava.

- Minha missão é “cuidar” de você, e ficar longe da batalha. É o que estou fazendo. – Eu afirmei, dando de ombros.

- E está fazendo um ótimo trabalho... – Disse Loki ironicamente, aproximando-se de mim. – Parece que quem precisa de cuidados é você, Senhorita Alessa. Parece... Perturbada.

Eu soltei uma risada descrente. Minha fúria me fazia agir muito instintivamente, e eu realmente me tornava mais decifrável e vulnerável. Estava sendo fácil demais para Loki me investigar.

- Estou ótima. E você? Não vai fugir? – Perguntei em tom de desafio.

- O que eu ganharia fugindo parece não compensar o que eu ganharia ficando aqui... Com você. – Loki disse, aproximando-se cada vez mais de mim. Um sorriso descrente surgiu em meus lábios. Loki era exatamente isso. Você sabe que ele mente, que ele engana, que ele manipula. E mesmo assim, por um ínfimo momento, você parece crer nas coisas que ele diz, como se fossem verdades absolutas por um milésimo de segundo. Uma pessoa indecifrável, que faz você acreditar nas trapaças, tendo consciência de que são exatamente o que são.

- Quando você vai me responder o que quer comigo de verdade? – Perguntei, fitando-o intensamente. Havia traços de fúria em minha voz, uma fúria que tinha mais a ver comigo mesma do que com Loki, porque eu não me perdoava por ainda esperar o momento em que conversaria com ele. Eu tinha que manter o foco, e evitar pensar no deus e nos seus jogos, mas eu caía neles de maneira tola, fácil. Os olhos verdes me embriagavam, novamente...

- Essa é uma pergunta muito complicada... Quando você tiver algo a me oferecer em troca, eu posso respondê-la. Justo, não acha? – Ele indagou, e por outro longo momento eu só via na minha frente aqueles olhos, aquela pessoa confusa e misteriosa, que incitava meus lados mais obscuros. Como lutar contra isso?

Eu sorri para ele de maneira ameaçadora, como se não desse a mínima para o que ele dizia. Foi então que um estrondo nos interrompeu. Dezenas de Gigantes de Rocha invadiram o ponto da floresta onde estávamos. Olhei ao redor, e não havia mais ninguém além de mim e Loki. Esses Gigantes deveriam estar tentando fugir pelos lados para tentar marchar de volta à Asgard.

Eu, então, retirei minha lança de dentro de um suporte de armas que ficava no meu cinto. Por sorte, aquela lança era retrátil, de modo que ela ficava fácil de ser transportada. Eu a chacoalhei e ela tomou o tamanho normal.

Loki olhou para mim com ligeira surpresa, diante da situação em que estávamos. Os Gigantes nos fitavam como meros obstáculos a serem destruídos. Resolvi tomar conta da situação sozinha e simplesmente cumprir minha missão.

- Minha lança? Você está ficando cada vez com mais dívidas, Stella... – Comentou Loki, e eu mandei, com o olhar, que ele se afastasse.

Corri na direção dos quinze Gigantes de Rocha que ali estavam. A maioria desse grupo buscava encontrar uma saída alternativa para achar a estrada, e eu lutava simultaneamente com uns cinco deles. Os Gigantes eram praticamente inatingíveis, porque por mais que eu planejasse ataques, eles eram feitos de rocha pura, aparentemente. Deviam ter um ponto fraco, mas eu não tinha tempo para tentar descobrir. Eles usavam suas armas para tentar me atingir, e eu apenas conseguia me defender e fugir de suas investidas, porque eu era mais rápida e ágil.

Depois de cinco minutos assim, Loki interferiu. Ele conjurou outra lança, aquele sua verde e dourada. Ele também tentava lutar, mas os Gigantes eram a essência da força mecânica bruta. Eu e o deus não éramos páreo para eles, embora eu detestasse admitir isso.

- Precisamos ir para outro lugar! – Loki disse, impedindo com dificuldade que fosse esmagado, segurando sua lança na frente do rosto como forma de proteção.

- Quer dizer fugir? – Indaguei, inteiramente surpresa.

Então, de súbito, senti uma pancada no meu peito, e eu voei de encontro com uma rocha. Uma tontura incomum tomou conta de mim. Eu via vultos, com fragmentos de rochas, árvores, e um olhar verde e vago à minha frente. Senti mãos frias tocando minha testa, mas a vertigem não desvanecia.

Senti algo quente e pegajoso escorrer pela lateral da minha cabeça, e o cheio de ferro e sal não deixava dúvidas de que eu havia me ferido contra aquele paredão de rochas, quando um Gigante me lançou diretamente para ele.

- Stella? – Ouvi uma voz vacilante. – Vamos sair daqui!

Apesar de minha visão ainda não ter recuperado o foco plenamente, consegui distinguir Loki na minha frente. Ele tentava, como podia, fazer com que eu me levantasse. Num gesto de desespero, deixei que o deus me amparasse. Com apreensão, fui percebendo que os Gigantes faziam um círculo ao nosso redor, tentando nos encurralar. Não observei com atenção a expressão de Loki, mas ele deveria estar receoso. Os Gigantes agitavam as suas armas na nossa direção, e nós não teríamos como fugir.

- Loki... Segura firme! – Pedi, ainda amparada por ele, segurando em uma das mãos do deus de maneira intensa. O toque de seus dedos frios era um conforto para mim, cuja temperatura deveria estar febril.

         Minha visão pareceu melhorar, e eu fitei os olhos do deus. Então, usei a pouca energia e sanidade que me restavam. Transformei-nos em sombra.

- O que está fazendo? -  Loki indagou, completamente confuso e extasiado. Ele olhava para sua mão que parecia desfazer-se...

Eu comentei, fazendo referência ao que ele mesmo dissera sobre as perguntas que eu queria ver respondidas.

- Oferecendo “algo em troca”, deus da trapaça... 


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Ansiosos pro próximo? Estou escrevendo agorinha *-*