Loki: Segredos Sombrios escrita por Tenebris


Capítulo 10
Traumas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Dessa vez, não vou começar pedindo desculpas porqueeeee eu postei exatamente há uma semana atrás, então estou conseguindo postar regularmente, no tempo certo hahahha. Esse capítulo não está tão grande quanto o outro, mas acho que tem certas polêmicas nele... Desculpem se parecer meio "repetido", eu confesso que estava sem ideias nesse dia, então me perdoem se decepcionar vocês. Eu já avisei no capítulo 12 em diante as coisas vão dar uma agitada kkkkkk beijos



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Então assim ficara decidido. Banner, Tony, Natasha e Fury iriam dormir. Eu, Lucca, Barton e Steve ficaríamos acordados. Cada um de nós foi para um lado, a fim de cobrir todo o perímetro final do acampamento. O mesmo esquema fora proposto para os soldados, porque eu podia perceber que a movimentação diminuíra no centro de nosso enorme grupo.

E lá estava eu, sentada com as minhas mãos ao redor dos joelhos, protegendo-me do frio, me reconfortando na claridade e no calor da fogueira. Às vezes, tudo o que eu conseguia ouvir eram passos indistintos ao meu redor, acompanhado do crepitar da fogueira e do barulho das folhas nas árvores, mexendo inconstantemente. Eu já havia praticamente me habituado a tudo aquilo. Involuntariamente, meus olhos ávidos também procuravam por Loki. Em vão.

 Ele movia-se como uma sombra, sumindo e reaparecendo, quase como se tivesse meus próprios poderes. Quanta ironia! Enfim, a presença sinistra e silenciosa dele me deixava desconfortável, porque fazia com que eu me sentisse vulnerável. No entanto, sua ausência era muito pior. Isso porque eu me sentia vulnerável, da mesma forma, e não tinha ninguém para culpar ou olhar. Em suma, Loki não estava à minha vista, mas a aura do deus ainda estava por lá, e era como se tudo o que eu visse me fizesse ter lembranças sobre ele. Sobre nós.

Foi aí que ouvi um chamado.

- Stella! Preciso... Preciso falar com você.

De início, a voz grave me assustou. No entanto, era apenas Thor. Eu me remexi na esteira onde estava sentada, deixando um espaço para o deus do trovão acomodar-se. Ele agradeceu minha atitude com um aceno de cabeça, parecendo hesitante. Depois disse, evitando olhar fixamente para mim:

- Ah... Posso falar com você?

Naquele instante, eu concordei – ligeiramente apreensiva -, e me levantei. Eu entendi o recado implícito nas falas do deus. A situação era complexa demais para ser discutida numa roda de fogueira. Novamente, deixei o calor confortável do fogo e comecei a andar, lado a lado com Thor.

Caminhamos um pouco, nos afastando de uns poucos soldados que patrulhavam aquela parte da trilha. A luz que chegava da fogueira, para iluminar-nos, era pouca e indistinta. Eu fitei o semblante grave e preocupado do deus. Um vinco formava-se entre sua testa. Ele coçou a barba loura, enquanto começava, nervoso:

- Sei que o que estou prestes a pedir não é justo com você. Sei que estou sendo o pior tipo de homem! É uma barbárie... No entanto, não encontro opções, Stella...

Eu arqueei as sobrancelhas, em sinal de incompreensão. Thor fazia múltiplos gestos, e parecia realmente incomodado com a sensação que me causaria, pelo que desejava falar. Minha curiosidade estava a mil.

- Diga, Thor... Eu vou tentar fazer o possível para te ajudar. – Argumentei, observando atentamente das mãos furtivas do deus, até o seu semblante agitado.

- Chegaremos amanhã à noite no portal de Lohr. E... Bem. Eu tenho estado de olho em Loki, mas vou precisar me dedicar à batalha. O que eu quero... O que eu preciso, só pode ser feito por você, Stella. – Thor comentou, olhando-me com vestígios de súplica em seus olhos claros. Lembrei-me imediatamente de Odin suplicando minha ajuda, e em ambas as falas havia a mesma figura insistente... Loki.

- Eu? Então, diga... O que você precisa que eu faça? – Eu indaguei, um tanto quanto impaciente.

Thor vacilou. Demorou alguns minutos para responder. Acho que ele estava deveras preocupado, porque eu nunca o vira tão hesitante daquela forma. Ele cerrou os lábios numa linha fina e falou, como se as palavras lhe causassem desconforto:

- Eu preciso que você tome conta de Loki. E preciso que faça isso durante a batalha.

Tenho certeza de que minha expressão naquele momento refletia a exata confusão que eu sentia. Eu estava perplexa. Incrédula. Chocada. Eu? Tomar conta de Loki? Thor deveria estar brincando. Eu esperava, do fundo do meu coração, que Tony Stark saísse detrás de alguma moita com uma câmera na mão e dissesse: “Bravo! Você caiu nas pegadinhas do Homem de Lata”. De verdade. Meus olhos procuravam qualquer brecha em nosso entorno, mas nada encontraram. Eu sorri, descrente, perguntando.

- Como?

Thor agravou ainda mais sua expressão, e colocou as suas mãos nos meus ombros, como se chamasse minha atenção para a realidade dos fatos.

- Uma coisa é Loki estar em Asgard, com todos supervisionando ele. Outra coisa é estarmos em uma floresta, com todos os legionários ocupados. Você... Você é a única que pode fazer isso. Você tem poder suficiente. E... Algo me diz que ele se comportará diferente na sua presença.

Invariavelmente, eu senti uma raiva febril tomar conta de mim. Eu queria ter me lembrado de que havia um plano a seguir. Eu queria ter me lembrado de que ter Loki por perto seria interessante e útil pra mim. Mas só consegui sentir raiva. Ora, eu estava sendo paga para lutar ao lado dos Vingadores. Não para ser babá de uma rena estúpida que só sabia me confundir. Aliás, esse era exatamente o ponto crucial da situação. Eu queria colocar meu plano em prática, de me aproximar de Loki, mas não em um momento crítico de guerra.

Eu fora criada para batalhas, para situações como aquela. Eu vinha me preparando desde sempre... E agora acontecia aquilo? Além de eu querer lutar e me aproximar de Loki posteriormente, havia outra coisa. A presença do deus me perturbava. Desestabilizava-me. Enfim, ainda que não fossem motivos suficientes, eu não queria tomar conta dele. Acho que Thor percebeu, porque sua expressão era quase de profunda culpa. Eu disse, novamente:

- Você quer que eu seja babá do seu irmão adotado? É isso?

Acho que falei um pouco alto demais. Alguns soldados que circulavam por ali pararam o que faziam, e fitavam a mim e a Thor. Senti minha pele queimar e corar por estar falando assim com o deus do trovão, e foi quando percebi que o par de olhos verdes estava pousando avidamente na minha direção.  A uns três metros de nós, estava ele. Loki. Não sei se ele ouviu o que eu falei, e na verdade pouco me importava. Mas a simples maneira como ele tentava me medir com seus olhos sinistramente verdes foi mais um motivo para me deixar em cólera.

- Stella... Só você pode fazer isso. Por favor... – Disse Thor, alteando levemente o tom de voz, com urgência.

- Só eu? Por que só eu? Por que não Lucca? Eu quero participar da batalha! – Eu disse, nervosa.

- Porque precisamos de alguém com os poderes e as habilidades de seu irmão Alessa.

Foi aí que eu realmente surtei. Se havia uma coisa que eu odiava mais do que me sentir vulnerável, era ser ofuscada pelo meu irmão. Desde sempre, quando éramos crianças, meu pai costumava favorecer Lucca por ele ser o filho mais velho, e homem. Isso despertava um sentimento de pura raiva em mim, porque eu sempre fora mais dedicada às lutas e às magias, do que Lucca o era. Muitas vezes, meu irmão arrancava elogios de meu pai por uma manobra de luta ocasionalmente bem feita. Já para eu arrancar o mesmo elogio, eram necessárias semanas de treinamento e esforço. Involuntariamente, várias cenas como essa passaram em minha mente, e eu enxerguei um reflexo estranho ao observar Loki.

Virei para o lado, sentindo minhas mãos cerrando-se em punhos. Fitei o deus da trapaça, uns metros à frente, parado displicentemente... O irmão renegado. Na sua íris verde, enxerguei meu reflexo. A irmã desfavorecida... A comparação não me agradou, e nem sei como cheguei a pensar nela. Expulsei tais fatos da minha mente e falei, ligeiramente irônica:

- Ah, é? E por quê? Por que Lucca pode lutar e eu não?

Uma roda de soldados começava a se formar ao nosso redor, e eu queria mandar cada um deles para o ramo mais distante da Árvore da Vida naquele momento de fúria.

- Porque os Gigantes de Rocha são extremamente fortes. Talvez nós precisemos de ataques psíquicos. Precisaremos de alguém com os poderes de Lucca para garantir nossa vitória. Além disso, ele luta muito bem. – Disse Thor, novamente hesitante. Ele fitava o chão.

Eu cruzei os braços, dando de ombros:

- Eu luto tão bem quanto ele! – Gritei, sentindo a raiva crescer.

- Mas eu preciso dos poderes psíquicos, Stella. Os poderes de Lucca. E, bem, você pode usar os seus para ficar ao lado de Loki... – Thor disse pacientemente.

- Usar meus poderes para quê? Pra dar uma de babá? – Eu disse, revoltada.

- Não precisa aceitar, se não quiser. Eu só estava pensando no melhor modo de... – Thor ia dizendo.

- Quer saber, Thor. Esquece. Eu aceito seu plano. Mas se precisarem da minha ajuda, pensem muito bem. Eu posso estar ocupada cuidando do seu adorável irmãozinho.

Falei, deixando o deus do trovão falando sozinho. Sim, talvez fosse muita ousadia da minha parte. Mas eu não estava pedindo para ninguém tomar conta de algum irmão pirado... Então me dei a liberdade de mostrar minha indignação.

- Eu sei que não é justo. Não vou culpá-la por isso. Mas obrigada mesmo assim, Stella... – Ouvi Thor dizendo ao longe.

Não virei para trás. Ignorei os risinhos dos soldados, e me dirigi para a fogueira mais afastada do acampamento. Eu estava a fim de ficar sozinha, sem ninguém me dando ordens ou me questionando.

- Droga! – Berrei, enquanto estava sentada em uma esteira, no chão.

Não havia ninguém perto o suficiente para prestar atenção em mim, e eu já estava suficientemente irritada. Eu poderia dormir em duas horas, já que o turno acabaria, mas não estava com o mínimo sono. O stress tomava conta de mim, como se adrenalina estivesse sendo injetada nas minhas veias.

- Olá, Dama Sombria...

Ouvi passos lentos e leves ecoarem. Uma voz sedutora e elegante ressoou... Não me dei ao trabalho de virar o rosto. Loki sentou-se ao meu lado, e eu senti um arrepio incomum percorrer minha espinha.

- O temível deus da trapaça... – Ironizei. Provavelmente, descontar minha raiva de um deus, em outro deus, não era a melhor coisa a se fazer. Mas a irritação ainda estava inflamando minha mente e meus atos comandados por ela.

Loki deixou escapar um sorriso lateral, e piscou um olho na minha direção. Senti uma brisa cortar o ar friamente, e as chamas da fogueira vacilaram um pouco.

- Não está satisfeita em ter que passar mais tempo em minha companhia? – Ele perguntou de um jeito afetado. Acho que ele tinha ouvido a discussão entre mim e Thor, e estava a par dos acontecimentos.

- Você sabe que não... – Eu proferi, tentando parecer séria.

- Eu já esperava por isso. Afinal, você deixou bem claro para os quatro cantos da Árvore da Vida, ao brigar com Thor daquela maneira... – Comentou o deus da trapaça, dando de ombros. Eu tive a sensação de que ele queria, novamente, me interpretar. Com isso, veio a sensação de vulnerabilidade novamente. Eu estava quase expulsando Loki daquele lugar por causa disso.

- E isso teria um motivo específico? – Ele perguntou, depois de um tempo, ao perceber que eu não prolongaria nossa conversa.

- Bem... Não me agrada a ideia de passar o tempo de batalha ao seu lado... Eu deveria estar lutando. – Comentei, aproximando minhas mãos da fogueira, de modo a aquecê-las.

- Acho que existem outros motivos. Você está me fazendo acreditar que minha presença intimida você... – Disse Loki, misteriosamente. Seus olhos verdes arredios pousaram em minhas mãos trêmulas; e em seguida, pousaram em meus olhos pretos ávidos. Um encontro de olhares que me desestabilizava. Sempre me desestabilizaria...

Esforcei-me. Contudo, não consegui manter contato visual com o deus por muito mais tempo. Tive medo de acreditar nas palavras dele. Tive medo de que fossem verdade, e afastei esse pensamento. Ora, eu simplesmente estava sendo paga para lutar. Então, deveria fazê-lo. Não tinha que ser babá de um irmão que precisava de tratamento psiquiátrico. Além disso, eu precisava de um plano para estar na presença de Loki e conseguir minhas informações, de um modo que eu não me sentisse vulnerável ou instável por causa dele. Ou seja, precisava de tempo. E tempo era a única coisa que eu não tinha disponível naquele momento.

- Intimidada por você? Acho que não... Eu estou acostumada a lidar com gente como você a minha vida inteira. – Eu afirmei, olhando de maneira agressiva para ele. O deus, aparentemente, achou graça nos meus trejeitos. Ele replicou, sorrindo:

- Isso me lembra de que não respondeu às minhas perguntas...

- Ainda temos uma dívida? – Indaguei, cruzando os braços.

- Claro. Você está em débito. – Ele disse, fixando seus olhos em mim de tal maneira profunda, que parecia que eu realmente lhe devia algo irremediável.

- E o que deseja saber? – Perguntei, tentando ao máximo sustentar nossos olhares para não parecer fraca.

- Por que minha presença lhe incomoda tanto? Por que eu acho que temos muito em comum, principalmente depois do episódio de agora há pouco... – Loki contou, fazendo uma longa pausa em certas palavras, a fim de dar ênfase ao significado de sua frase. Eu detestava admitir que tinha entendido o que ele queria dizer. Mas não custava fingir um pouco, não é mesmo?

- O quê? – Fingi confusão. – Você é vilão da história. Eu sou a heroína. Isso devia bastar, não é? – Brinquei.

- Não gosta de ser ofuscada pelo irmão mais velho também? – Ele indagou, e uma expressão de vitória tomou conta de seu belo semblante. Ele fizera aquilo de novo. Pegara-me de surpresa em suas armadilhas.

- É diferente... Loki. – Comentei, e os olhos dele cintilavam de cobiça, vagos, como se estivessem enxergando além do alcance excelentes oportunidades.

- Eu gosto de efeito que causo em você. – Loki falou, ente risos que me pareceram malignos.

E eu estava novamente sendo dominada por aquela fúria voraz. Pra alguém como eu, que sempre fora obrigada a viver no anonimato, sempre enganando e manipulando os outros, era bem complicado ser tratada daquela maneira. Afinal, um bom manipulador sempre reconhece outro. E o fato de Loki tentar desmistificar tudo o que eu era e fingia ser me incomodava, como se ele tocasse em uma ferida sempre aberta. Eu desviei os olhos, mas tinha certeza de que eles refletiam absoluta descrença. Então, observei ao longe, que Steve vinha ao nosso encontro. Fiz o impensável. Pouco antes de me levantar, coloquei um dedo nos lábios de Loki, de modo a fazê-lo se calar:

- Sem joguinhos, deus da trapaça. Não vou cair na sua manipulação.

Sorri, piscando para o deus e me levantando. Minha ideia era desestabilizá-lo, intimidá-lo e confundi-lo, tal qual ele fizera tantas vezes comigo. Por um momento, os olhos verdes dele cintilavam em fúria, depois pareceram se aplacar numa vasta imensidão verde e gélida.

- Alguns jogos podem ser muito divertidos... E imprevisíveis. – Comentou o deus, sorrindo lateralmente. Como ele conseguia se recompor tão rápido?

- Eu me lembro de, há muito tempo, ter mandado você se afastar de mim. – Eu disse, em tom simultaneamente sério e travesso.

- Nunca me dei bem com regras, Senhorita Alessa. E sei que você também não... – Finalizou Loki, levantando-se e me encarando. Ele era extremamente alto, e sua presença bloqueou quase toda a luz que emanava da fogueira. O único reflexo visível era o verde insistente de seus olhos, cor inclassificável de olhos ainda mais indecifráveis.

- Stella... – Steve aproximou-se a passos resolutos, ignorando a presença do deus da trapaça. – Vamos?

Eu fitei Loki por mais algum tempo, mordendo o lábio em apreensão. Hesitei alguns passos, e tenho certeza de que meus olhos pretos refletiam meu estado espiritual de completa confusão. Perguntei, baixinho, sem pensar se Loki me ouviria ou não.

- O que você quer?

Não sei se ele respondeu de fato, ou se minha mente estava maquinando planos contra minha própria sanidade. Pensei ter ouvido o deus da trapaça sussurrar, com um meio sorriso, dando uma volta e virando-se para ir embora no meio das sombras:

- Descubra


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Notas finais do capítulo

E aí?