Memórias Póstumas escrita por yin-yang


Capítulo 11
Capítulo Décimo Primeiro: Neji.


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos leitores! Consegui finalizar o capítulo. Confesso que tive certa dificuldade para desenvolvê-lo (seja por problemas pessoais, seja pela dificuldade da trama, enfim), mas aí está o resultado desse grande esforço dedicado a todos vocês, que acompanham desde sempre essa fanfic. Boa leitura.

Att,
yin-yang.



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Eu sentia que não mais existia espaço no mundo para mim que não fosse o próprio Clã, como sucessora. Em outros tempos, certamente, até disso eu seria privada, já que Hanabi sempre havia sido a menina prodígio, habilidosa e talentosa. Não havia o que discutir. Mas desde que ela perdeu totalmente seus olhos e a capacidade circulatória de chakra – um estado lamentável que eu, em toda minha vida, jamais imaginei encontrar minha irmã –, a sucessão do Clã voltou para mim. O destino é cômico, certeiro e cruel. Não me deixou alternativa senão essa, como se, por mais que eu corresse e tentasse fugir, eu acabasse por voltar à origem, porém com severas consequências não só para mim, mas para com quem está à minha volta; tudo para que eu parasse de tentar fugir e apenas aceitasse o inevitável. E agora, porém, eu estava só.

Eu queria encontrá-lo e poder abraçá-lo, senti-lo aqui, bem ao meu lado. Queria poder ouvir a voz dele, ver o sorriso tão raro, porém tão belo que somente ele conseguia esboçar. É um tanto quanto hilário. Enquanto o tinha aqui, entre os vivos, nunca havia me dado o trabalho de repará-lo, de notá-lo. Mas, agora que ele já passou tão novo para o outro lado, eu sinta falta dele. Tão injusto! Olhei para o luar que parecia tão solitário. O sol sempre o iluminava, mas não podia estar próximo porque estava do outro lado. No fim das contas, ele era o sol que me iluminava; tornava a lua que sou visível. Minhas lágrimas ameaçaram voltar a aflorar nos olhos, quando eu então as interrompi. Ao final, eu tinha que admitir: eu o havia perdido sem nunca tê-lo reconhecido e isso não fazia de mim um soldado que perdeu na guerra depois de muito ter lutado; fazia de mim um estrategista fracassado que, muito focado apenas em seus próprios estratagemas, não viu o óbvio que o levaria à vitória. Eu não podia mais fugir. Aquela era a realidade a qual eu devia enfrentar.

– Hinata! – Ouvi Tenten chamar por mim, mesmo fora do campo de visão. Talvez eles fossem o lugar onde eu ainda podia me sentir próximo a ele, ao que ele foi.

Eu sorri.

– Já estou indo! – Respondi ao dar meia volta para assim retornar para os demais, para o festival.

A música era possível de ser ouvida até mesmo de onde eu me encontrava; a cidade estava bem iluminada e decorada, bastante convidativa. As pessoas dançavam e se divertiam, passeavam e aproveitavam o momento. Talvez toda alegria contagiante pudesse me distrair.

Antes mesmo, porém, que eu pudesse dar um passo sequer à frente, senti uma kunai passar de raspão pela minha bochecha. Alarmada, virei-me rapidamente, sacando a minha, defensiva. Por questão instintiva, ativei meu Byakugan, à procura do autor da ação. De primeiro relance, nada, nem ninguém. Ao aprofundar mais minha análise, logo à frente estava um shinobi de Kusagakure.

– Essa não, a sacerdotisa! – Exclamei, preocupada com a segurança da missão. Eles ainda estavam atrás dela!

Eu precisava pensar rápido, agir. Retroceder e chamar os outros seriam atitudes um tanto quanto arriscadas. Com isso, Mikaru estaria em perigo e os aldeões também. Definitivamente, aquela não era a melhor opção. Decidida, corri de encontro para o mesmo, lançando as primeiras investidas contra o inimigo ao passo que adentrava, pouco a pouco, naquela floresta. Sem muito sucesso, investi uma segunda vez, observando os rápidos movimentos do outro. Os meus estava um pouco limitados devido à roupa festiva. Passei a rasgá-la parcialmente, de modo que me desse melhor mobilidade e, assim, melhor me posicionar para combate.

– Daqui para frente, eu não permitirei que avance! – Anunciei, confiante. Ao oponente, sempre se deve mostrar determinado.

Ao invés de dizer algo, contudo, o inimigo apenas sorriu de canto, calado. Olhou nos meus olhos, como se já esperasse aquela atitude minha. Dessa maneira, ele correu para mais diante da floresta, em sentido o contrário do que eu de fato imaginava.

– O quê?! – Manifestei-me, quase que involuntariamente.

Eu não podia deixá-lo a solta daquele jeito. Eu precisava detê-lo! Eu sentia, eu juro que sentia que aquilo estava com jeito de algum tipo de enrascada, uma armadilha. Um leve arrepio tomou conta de minha espinha; tinha algo de errado naquilo tudo, mas o que poderia fazer naquele momento? Mesmo ciente disso, eu resolvi ir atrás dele. Eu podia e devia impedi-lo de cometer qualquer coisa contra Takigakure! Assim, eu saí em disparada. Da maneira que eu pude, tentei observar meu campo de visão. Embora o Byakugan possibilitasse uma visão quase infravermelha, naquela escuridão eu quase nada conseguia enxergar. Aquilo era estranho. Tinha algo de esquisito. Tinha algo de diferente, um truque. Genjutsu? Não, provavelmente que não. Era algo mais forte que isso.

– Não vou te deixar fugir, seja para onde que seja! – Exclamei, séria e encabulada, em alerta.

Lancei mais algumas kunais, que com maestria aquele ninja se desviava. Sendo assim, concentrei o chakra na palma da minha mão e comprimi o ar, de forma a lançar o golpe contra o oponente, mesmo à distância, como um dia eu havia feito há anos trás na guerra ninja, ao lado de Neji nii-san.

Hakke Kuushou! – Declarei enquanto direcionava o ataque.

Sem falha alguma eu o atingia, certeira, jogando-o contra as árvores. Assim que ele caía no chão, eu corria ainda mais próximo ao mesmo. Frente a frente ao inimigo, eu o encarei em pose combatente, como uma típica Hyuuga. Ele, contudo, não se mexia, como se nem vida tivesse. De repente, ele desaparecia. Um bunshin. Eu tinha certeza que aquele era verdadeiro, o próprio! Eu o vi através do meu Byakugan. Parecia tão verdadeiro. Porém, se aquele era apenas uma cópia, onde é que estava o outro? Quando rapidamente me virei para assim retornar ao caminho para a cidade, já que ele provavelmente já estaria lá, fui surpreendida pelo inimigo, que com agilidade estava a poucos centímetros de distância e me desferia um soco.

– Lento! – Disse o shinobi de Kusagakure, referindo-se os meus movimentos.

Sem tempo e espaço de reação, eu recebi o golpe, a cambalear para trás. Logo eu retomei minha posição, observando-o. Como eu não havia notado a presença dele àquela distância? Era irracional, irreal!

– Esperava mais vindo de uma Hyuuga. – Proferiu meu opoente, um tanto quanto petulante. Ele parecia conhecer muito bem as habilidades do meu clã.

Sem aceitar às provocações do outro, eu me ergui.

– O que você quer? – Perguntei, atenta ao meu redor. – Para alguém que veio atrás da Sacerdotisa, acho que sabe demais a meu respeito.

– Vejo que pelo menos o pensamento é mais rápido que sua agilidade. – Respondeu-me aleatório. – Ou devo dizer... A falta dessa?

– Você ainda não me respondeu o que lhe perguntei. – Rebati, ríspida. – O que você quer?

Algo estava muito errado naquele cenário. Eu não conseguia sentir a presença do homem logo à minha frente, por mais que eu o enxergasse tão nitidamente, tão próximo.

Ele riu, mais para si do que para mim.

– Sabe, senhorita... Você tem total razão. – Começou a dizer, dando os primeiros passos em minha direção. – Nós não viemos somente para capturar aquela sacerdotisa.

– “Nós”? – Indaguei, confusa, quando então notei inúmeras shurikens e kunais sendo atiradas em minha direção, de todos os lados.

Rapidamente, sem muito pensar ou perder tempo com qualquer tipo de coisa, girei voltas completas em alta velocidade juntamente com meu chakra, a executar o Hakkeshou Kaiten, inibindo todas aquelas investidas. Ao analisar, porém, à minha volta, via que o oponente estava em companhia numerosa. E, novamente, eu não os havia sentido ali, como em um truque de mágica.

– Você se lembra do Samirata, Hyuuga? – Questionou aquele à minha vanguarda. – Graças a você, nosso clã agora está arruinado. – Disse o shinobi, com certo rancor em sua fala. – Ele era nosso deus!

Atenta, eu não abaixava a guarda. Como, afinal de contas, eles conseguiam ser tão hábeis? Eles não possuíam presença de espírito. Daquele modo, ficava dificílimo combater inimigos naquele número. Enquanto o outro proferia aquelas palavras, pus-me a lutar contra todos aqueles ninjas de uma vez só.

– Agora, Hyuuga, você pagará por isso! – Declarou o líder, determinado, cheio de raiva enquanto me observava.

A minha visão era o que me salvava naquele momento. Aquilo era definitivamente anormal.

Kaiten! – Defendia uma vez mais, já que as investidas eram muitas.

Eu não conseguia encontrar uma brecha sequer e aquilo estava me atrapalhando. Eram muitos ataques simultâneos. Quando lentamente eu parava meus movimentos giratórios, não perdi tempo. Antes que eles pudessem me atacar, usei o Kawarimi, substituindo meu corpo por um tronco rapidamente. Por cima da árvore, escondida entre as folhas, eu os observava atentamente, cansada. Aquilo estava me deixando extremamente cansada. Ofegante, eu precisava pensar rápido, agir rápido. Aquela situação, de alguma forma, me lembrava dos Zetsus brancos que, junto a Neji nii-san, eu havia combatido. Mas agora era somente eu e eu. Ninguém mais.

Voltando à realidade e afastando quaisquer tipos de lembranças no momento, comecei a pensar. Embora fossem movimentos repetitivos, talvez, de primeira instância, o melhor seria utilizar o Kaiten para defesa e contra-ataque, enquanto que, para atacar, o Hakke Kuushou. Entretanto, ao conferir pela segunda vez os oponentes, eu notava que o líder daqueles estava ausente, o que me fez arregalar os olhos, olhando rapidamente para trás, tentando me defender de algum golpe.

–Tarde demais! – Disse o próprio, acertando-me em cheio o golpe dele a me jogar ao chão duramente.

Urrei de dor quando minhas costas batiam contra o solo. Antes mesmo, porém, que eu pudesse me mover, o líder, odioso, desferia-me um grande chute no estômago, lançando-me agora contra uma árvore. Trêmula, cuspi um pouco de sangue. Apesar de fraca, reabri meu Byakugan e reanalisei, concentrando o ar novamente com a mão e o disparando com chakra na direção dos mesmos, atacando-os.

Hakke Kuushou! – Declarei, ofegante e um pouco irritada com aquela situação.

E, novamente, eu era atacada de surpresa, sem sequer ter sentido a presença dos ninjas. Eu era apenas arremessada ao longe, rolando naquele chão. Até parecia que meus reflexos estavam péssimos, o que não me convencia de fato. As armas investidas contra mim eu conseguia sentir e, inclusive, pressentir, mesmo no ponto cego do Byakugan. Porém, me problema era com relação a eles. Eu só conseguia evitar os ataques os quais estavam no meu campo de visão que, embora amplo, não conseguia dar conta da situação. A cada golpe recebido, eu me sentia cada vez menos capaz de combatê-los. Não por que estava essencialmente fraca, mas porque meu corpo tornava-se cada vez mais exausto diante da imprevisibilidade.

– Você deve ter notado que que as coisas estão um pouco diferentes... – Disse o líder dos shinobis de Kusagakure. – Você já ouviu falar em Mokuton? – Perguntou-me enquanto me observava ser feita de saco de pancadas. Eu já não conseguia reagir. – Graças a essa técnica elemental, nosso clã conseguiu evoluir e, agora, enquanto você estiver nos limites de nossa técnica, você e seu doujutsu... Seu kekkei genkai será inútil! Isso não é maravilhoso?

Então era isso. Bem que eu sabia que tinha algo de estranho, só não sabia exatamente o quê.

– Limites... – Murmurei em pensamento.

Se havia um limite, havia igualmente uma fronteira onde a técnica não funcionava. Antes, porém, que eu pudesse fazer menção a algum movimento, aquele ninja chutava meu estômago uma vez mais. Depois, puxava-me pelos cabelos, erguendo meu roto par assim me fazer encará-lo. Ele sacava uma kunai e colocava frente ao meu pescoço. Sanguinário, ele passava lentamente a ponta do instrumento na minha garganta, ensaiando para me decapitar. Infelizmente, nada eu conseguia fazer. Era estranho.

– Que a justiça seja feita... – Sussurrou, puxando-me ainda mais. – Pelo nosso clã. Por Samirata, nosso deus!

Com o anúncio, eu sorri, fechando os olhos. Minha vida acabaria ali, daquele jeito, tão insignificantemente, com aquela batalha nem um pouco digna. Eu não havia feito nada de útil, se quer conseguia atacar direito. Agora que eu supostamente saberia o que fazer, para onde ir. Porém, meu corpo estava judiado e meu chakra parecia não circular direito. Aquele era meu fim. Estava preparada para morrer.

Kai [1]! – Disse uma voz não muito distante, quebrando selos. No mesmo instante, senti a presença de espírito de todos ali voltarem.

Diante daquela voz, o shinobi descendente de Samirata parou seus movimentos.

Hákke... – Novamente aquela voz.

Ela era rouca e masculina, nostálgica. Eu estava reconhecendo aquela voz; essa que há anos não me era mais permitido ouvir. Repentinamente, um vulto ligeiramente descia da árvore e ficava cara a cara com o inimigo. Era um homem, cujos cabelos castanho-escuros balançavam conforme o movimento; suas vestimentas esverdeadas eram aquelas utilizadas há anos. Os olhos dele, não fossem suas escleróticas negras,eram idênticos aos meus, perolados.

Hasangeki [2]! – Terminou de proferir, desferindo o ataque com forte oscilação de chakra de modo a lançar o oponente pra longe, em uma rocha, que com impacto era quebrada.

Ainda a encará-lo, aquele shinobi, à minha frente, estava em posição de combate Hyuuga, sério, atento. Meus olhos estavam arregalados e minha voz, sem som. Havia somente um membro do clã que sabia usar aquele jutsu. Apenas um. As lágrimas começavam a se formar trêmula eu ficava.

– Quem diabos é você e como ousa quebrar os selos?! – Disse aquele líder arremessado, gravemente ferido.

Ao se aproveitar do estado de choque dos homens ali, o shinobi à minha frente se agachou, arrumando as mechas do meu cabelo solto e deu um rápido sorriso gentil.

– Está tudo bem, Hinata-sama?

Assim, antes que eles reagissem, ele voltou a fica de pé, em posição de combate, a encarar o inimigo ao qual tentou me assassinar. Com a voz firme e sem temor algum, ele disse com todas as letras quem era, qual era seu nome.

– Eu sou Hyuuga Neji, descendente do Fogo e filho da Folha. – Deixou bem claro. – E não vou permitir que toquem um dedo sequer nela!

Era ele. Era o meu Neji nii-san. Ele havia voltado, de alguma maneira, para me salvar.


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Notas finais do capítulo

[1] - Libertação. Quebra de selos.
[2] - http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Oito_Trigramas_Britador_da_Montanha