Spotlight escrita por Noise Kyouko


Capítulo 7
Happy Haine Day.


Notas iniciais do capítulo

Então gente, um acontecimento chave estava previsto para esse capítulo, mas como ele ia ficar muito longo, achei melhor deixar para o próximo. De qualquer forma, apreciam a leitura.



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17/04 - 15hs 30m

A cidade toda estava em polvorosa. Hoje finalmente era o grande dia. Eventos aconteciam em Hainefield desde as 9hs da manha, um parque de diversões até tinha sido montado no co centro da cidade.

E como ocasiões especiais pedem visuais inesquecíveis. Era por isso que Lucy estava a mais de meia hora em seu closet, enfrentando um dilema fatal sobre qual vestido usar. Suas três amigas, Hanna, Brianna e Natalie estavam no quarto. A primeira lendo despreocupadamente uma revista, e as duas outras na cama conversando sobre alguma amenidade.


– Eu acho que esse azul-escuro cairia bem – Hanna disse levantando a cabeça e olhando em direção ao closet, onde Lucy segurava um vestido azul-escuro.

– Sabe que não gosto muito de azul, Hans...

– E aquele verde perolado? – Brianna deu sua sugestão.

– Eu não quero ficar parecendo uma folha de alface ambulante.

– E o vermelho? – Natalie disse.

– Natie, é uma cerimonia séria, eu não quero seduzir ninguém...

– Não sei por que você nos chama aqui para te ajudar, se faz pouco-caso de nossas opiniões...– Disse Hanna deixando a revista que estava lendo de lado.

– Sei lá, tenho esperança de que alguma de vocês me darão uma luz. Ao menos você, Hanna, que quer cursar moda na faculdade...– Disse a loira distraidamente. De repente sua expressão mudou para o mais puro pânico – Meu deus, e se eu não tiver o vestido perfeito? Gente, temos que dar uma passadinha na Luc Astori e...

– Lucy Lollipop – Hanna disse indo em direção a loira – Nesse seu closet que é maior que pelo menos 90% do quarto das garotas ao redor do mundo DEVE ter algo bom. Pare de drama e procure direito.

Natalie e Brianna riram, e Lucy fez uma careta. A loira odiava o apelido que Hanna lhe dera, Lucy Lollipop.

– Eu até te insultaria por ter me chamado desse apelido infame, mas estou muito preocupada com meu visual para o Haine Day, então deixarei passar, Hans. E ainda acho que deveríamos ir até a Luc Astori...

– Você está delirando, criatura? – Hanna disse – Tem uma centena de vestidos ai que você nunca usou! Comprar outros pra que? Quer saber, deixa eu ir até ai te ajudar, porque se eu te ouvir dizer mais uma vez que não tem roupa decente eu mesmo vou pegar aquele salto Christian Louboutin e enfiar na sua garganta!

– Aí! – Lucy pôs as duas mãos sobre o pescoço.

– Então, deixe-me ver – A garota negra disse olhando os vestidos nos cabides. Tudo no lugar era organizado por cor, isso era uma das manias da loira. Viu um lilás que chamou sua atenção – Ah, olha esse, que coisa linda...

Lucy olhou para a peça por alguns segundos, depois a pegou e colocou sobre o corpo, olhando-se no espelho e se analisando.

– Hmm. Ficou legal...eu nem lembrava que tinha esse aqui...

– Por que será que não lembrava, né? – Bom, meu trabalho termina aqui...agora se me dá licença, tenho que escolher a minha roupa. Natie, Bri, vocês deviam fazer o mesmo...

– É mesmo, tchau Lucy, quando estivermos prontas voltaremos...– Disse Natalie. Brianna foi a última a sair do quarto, e antes de ir fez questão de jogar um beijo no ar para a namorada, que sorrio em resposta.




16/04 - 16h 23m

Lucy estava dando os últimos retoques na maquiagem quando ouviu sua mãe falando alto ao telefone. De inicio ignorou, mas assim que ouviu o nome do pai saiu do quarto e foi ver o que acontecia. Catherine estava no final do corredor, o celular no ouvido e a postura tensa. A loira conhecia bem aquela postura, ela era usada quando as coisas não saiam como sua mãe queria.


– Kenneth Bryce Gylehart, eu não vou repetir. Esteja aqui em 20 minutos ou eu juro que irá se arrepender...Não me interessa essa maldita reunião de última hora com algum maldito sócio, cancele! Não adianta, não quero saber se ela vai ser rápida ou não, só cancele!...Ótimo. Acho muito bom, querido...


Pelo visto Catherine vencera outra vez. Era sempre assim, ela nunca aceitava uma derrota. Lucy tinha isso dentro de si também.


– Algum problema com o papai? – perguntou a loira.

– Não mais, querida. Ele só tinha uma reunião “rápida” com investidores, mas você sabe que para seu pai, o termo rápido pode ser bem...diferente dos outros, se tratando daquela empresa dele...

– E como sei...

– Mas deixemos isso para la, há coisas mais importantes a serem tratadas. E filha, você está deslumbrante com esse vestido...– Disse a mulher pegando a mão da filha e analisando a peça.

– Obrigada. Você também está muito bem – Respondeu com sinceridade. A senhora Gylehart trajava um vestido verde-água bem claro, até a canela. Estava realmente ótima.

– Bom, agora tenho que ir. Preciso dar uma última conferida nos detalhes para o baile. Você não sabe como foi cansativo trabalhar com esse pessoal incompetente. Lembre-me de nunca mais aceitar sugestões da Senhora Davidson...

– É claro – Disse Lucy num sussurro. Tinha pena das pobres almas que ficaram no mesmo espaço que sua mãe pela manha. Catherine era insuportável quando preparava algo...


A garota então voltou para seu quarto, dando uma última conferida em si mesma no espelho. Talvez fosse um pensamento estranho, mas as vezes ela pensava que se tivesse uma gêmea, não teria nenhum problema em ter algo com ela...


– Wow, não falei que esse vestido ficaria bom? Você está linda, Lucie...

Hanna estava parada na porta do quarto, Natalie e Brianna ao lado. Hanna e Brianna estavam lindas, a primeira com um vestido prateado e um enfeite de flor em seu cabelo com o corte channel, e a segunda com um rosa meio magenta, que caia perfeitamente bem com seu tom de pele e os seus cabelos castanhos escuros. Já Natalie...bem, ela usava um azul-claro, que na opinião de Lucy não combina com nada, desde o sapato preto, até o próprio cabelo de Natalie, que era ruivo.

– Obrigada Hans, vocês também estão divinas – Resolveu ser boazinha com Natalie e não comentou nada da horrível combinação.

– Encontramos sua mãe na porta falando algo sobre “pessoas estúpidas que não sabem fazer nada direito”. Aconteceu algo de errado com a organização do baile? – Disse Brianna.

– Nada demais, sabem que minha mãe é exagerada e tem dificuldades em ver mérito no que os outros fazem...

– Bom, isso até pode ser verdade, mas que ela e esse seu perfeccionismo exagerado funcionam, não se pode negar. As festas na mansão Gylehart que o digam. E o convite para o baile desse ano? Está maravilhoso...– Hanna entregou o papal para Lucy. Ele era cinza, e o conteúdo estava em uma cor azul. Era realmente bem detalhado.


“Baile em homenagem aos 137 anos de Hainefield”


Local: Salão de festas Richmond (ver mapa anexo)

Horário: 18:00



– É realmente muito bom...– Disse a loira devolvendo o convite para a amiga e pegando o notebook no criado-mudo. Estava dando mais uma olhada no discurso.


– Lucy, não acha que já olhou demais para esse texto? – Disse Brianna – Cuidado que preparação exagerada atrapalha. Na hora pode te dar um treco e você começa a gaguejar e...

– Está bem, parei – Disse largando o computador – Nem comece a falar de fracasso.


Ficaram as quatro conversando sobre bobeiras por um tempo, até serem interrompidas por batidas na porta. Era o Senhor Gylehart.


– Com licença garotas, é que eu tenho que falar com minha filha – Disse o homem colocando metade do corpo para dentro do quarto – O que você acha? A vermelha ou a azol com listras prata? – Disse erguendo duas gravatas.

– A vermelha, pai. Combina mais com esse terno.

– Obrigada princesa. Meninas...– Disse se retirando.

– Seu pai até que é bem charmoso, Lucy – Natalie começou a falar – Um coroa muito gato mesmo.

– Natalie...eu não acredito que ouvi isso. Quer que eu te bata com aquele abajur? – Replicou a loira dando seu melhor olhar “É melhor você calar a boca ou eu te amo”.

– Está bem, não está mais aqui quem falou...







♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥





17/04 - 17:48

O salão de festas Richmond era um dos maiores de Hainefield e estava elegantemente decorado com azul e esmeralda, as cores de Hainefield. Várias pessoas transitavam para todos os lados, mulheres com vestidos de grife e os homens com ternos de alta-costura. Garçons iam de um lado para o outro com suas bandejas e uma banda tocava jazz ao fundo. Tudo estava perfeito.

Lucy sentia-se nervosa, dali a 12 minutos faria seu discurso. A ansiedade não tinha tamanho, e o frio na barriga era enorme. Tentou se acalmar com o pensamento de que arrasaria, mas nem isso funcionava.

Viu Tyler acenando para sua direção. Ele estava junto com os pais e o irmão gêmeo, Derek (que parecia querer comê-la com os olhos). “Babaca” pensou a loira. Ela não queria ir até eles, mas o “namorado” insistia, fazendo continuando gestos com a mão.

– Com licença um minuto meninas, já volto.

– Ora, ora. Então essa é a bela senhorita Gylehart, não? – Disse o senhor Bayham sorrindo a pegando a mão de Lucy, para logo depois beijá-la – Fico muito contente em finalmente te conhecer, meu Tyler fala muito de você. E ele tem razão, é realmente linda...

– Igualmente, senhor Bayham...

A loira sorriu por educação. O senhor Bayham aparentava ter uns 50 e poucos anos, era magrelo e muito alto, seus cabelos começando a rarear no topo. Vesti-se bem e tinha porte elegante, mas não era bonito. De seu lado estava uma moça que tinha pelo menos metade da idade dele, loira não-natural e seios obviamente com silicone. Não era, é claro, a mãe de Tyler e Derek, era só uma típica alpinista social.

Quanto aos irmãos, Tyler estava com os cabelos penteados para trás, com muito gel, e Derek com o cabelo espetado. Lucy sabia diferenciá-los por que Derek tinha um olhar safado no rosto, olhando-a como se tivesse alguma chance. “Eu mereço” pensou a loira segurando a vontade de revirar os olhos.

– Bom, agora se me dão licença, tenho que me preparar para meu discurso. Muito prazer em conhecê-los, Sr. e Sra. Bayham. Tchau Tyler. Derek...


Lucy suspirou aliviada ao sair da incomoda presença de Derek, o garoto era um total inconveniente. Quando estava quase chegando onde suas amigas estavam, viu Aileen:


– Aileen Calverley. Muito bom te encontrar por aqui – Disse com um sorriso. A outra, ao vê-la também pareceu muito feliz– E sua amiga...

– Barbara Wang – Respondeu a asiática.

– É claro. Muito prazer.

– Igualmente.

– Bom Aileen, espero que não tenha se esquecido do nosso trato. Você vai se sentar na primeira fila. Quero te ver la.

– Eu acho que não vai dar, Lucy. As primeiras mesas já estavam reservadas para outras pessoas...

– Não seja por isso...– Disse a loira olhando em volta. Quando viu o que parecia um rapaz da organização, o chamou – Então, a minha amiga aqui precisa de um lugar na primeira fila das mesas. Você poderia dar um jeito nisso?

– Senhorita, já estão todas reservadas e...

– Você diria não para uma Gylehart? Creio que conheceu minha mãe, não é?

Ao ouvir esse sobrenome, o rapaz arregalou os olhos. Com toda certeza ele tinha conhecido Catherine. O bastante para saber que não se nega nada as mulheres da família.

– Vou providenciar imediatamente. Aguardem um momento...

– Uau. Estou impressionada – Disse Aileen – O poder de seu sobrenome é incrível...

Pouco depois o rapaz voltou e polidamente disse para Aileen e Barbara acompanhá-lo até a mesa.

– bom, até depois Lucy. Boa sorte, eu estarei torcendo por você.

– Obrigada.

Enquanto observava A morena se afastar com a amiga, Lucy sentiu alguém lhe dar um cutucão nas costas. Já ia preparar um insulto bem pouco educado quando viu quem era:

– Oh, mamãe. Isso foi rude, sabia?

– Desculpe-me. Mas é que você tem 7 minutos antes de iniciar o discurso. Vamos...





– Você consegue. Você não vai decepcionar ninguém. Está no sangue, o fracasso não é uma opção...

Lucy repetia esse mantra para si mesma enquanto olhava para a folha que continha seu discurso. Ela não costumava se sentir envergonhada perto de quem quer que seja, mas ter cerca de 300 pessoas te olhando era realmente perturbador.

Olhou para a frente. Viu suas amigas sorrindo para ela. Viu sua mãe com uma expressão indecifrável e também viu Aileen a olhando e seus lábios pareciam dizer “você consegue”.

A última pequena luz vermelha no fundo do salão se apagou. Era o sinal. Ela devia começar.

– Antes de começar, gostaria de agradecer especialmente a uma pessoa: Aileen Calverley. Obrigada. Sem a sua ajuda eu estaria perdida – Deu um longo suspiro e iniciou o discurso.


“Se pudéssemos ter a chance de visitar Hainefield há 137 anos tudo que veríamos seria um campo infindável. Depois de alguns meses, algumas casas precárias, e depois de mais algum tempo uma pequena vila de meros agricultores.

Hoje, logicamente, as coisas são bem diferentes. Não somos mais uma vila com a economia baseada na agricultura. Somos uma das cidades mais economicamente poderosas da costa leste, e com a população com umas das maiores rendas medias anuais do país. As coisas mudaram muito nesses 137 anos, não só no âmbito econômico, no social também. A sociedade viu seus ideais velhos serem derrubados, novos surgirem e alguns apenas se modificarem.

As mudanças, sejam elas em pequena ou grande escala, são necessárias e ocorrem a todo instante. Estamos em constante processo de renovação no muno todo.

Mas é claro que nem todos aceitam essas mudanças. Alguns, por medo ou mesmo ignorância, rejeitam veemente qualquer alteração no que eles consideram a sociedade perfeita. Muitos tem medo do novo. Essa é talvez uma das mais antigas e profundas características humanas. Uma característica que só é vencida pelo espírito visionário que tantos outros tem dentro de si.

Se em 1876, quando Warren Hainefield chegou aqui as coisas eram de um jeito, e hoje são totalmente diferentes, é pura e simplesmente por causa das pessoas. Cada uma ao seu modo, com a sua função, contribuiu para que chegássemos onde estamos hoje. Eles fizeram essa sociedade para nós. E o ciclo não para. As gerações Baby Boomer, X e Y já deixaram sua contribuição para Hainefield. Empresários, autônomos, profissionais da saúde e servidores, entre outros. Todos foram, e continuam sendo importantes para essa cidade.

Não é possível saber com exatidão como será o futuro, mas ele não é predefinido, pode sempre mudar. Nada no universo é imutável, e a vida daqui há 50, 100 e até 137 anos pode ser bem diferente do que conhecemos hoje. Por isso, vamos celebrar as mudanças. Aceitar sem medo as inevitáveis alterações nos nossos costumes, ideias e comportamentos.

Vamos juntos celebrar a Hainefield de 2013, sempre lembrando que embora as coisas estejam diferentes agora, no fundo o que realmente importa não se perdeu e nunca se perdera: o potencial que todos nós temos para fazer as coisas acontecerem. Feliz 137° Haine Day e sejam bem-vindos ao baile de aniversario.”


Assim que terminou, tudo que ouviu foi uma grande salva de palmas. Suspirou aliviada, tudo tinha corrido bem.





– Magnifico minha princesa. Magnifico. Você me deu muito orgulho naquele palco. Eu não esperava menos de você...

O primeiro abraço que ela recebeu foi de seu pai. Logo em seguida de sua mãe. Hanna, Brianna e Natalie também estavam em volta dela. Todos a parabenizando. Tyler chegou com a família logo depois, e lhe deu um suave beijo nos lábios.

Lucy aproveitou o baile melhor do que poderia imaginar. A sensação de sucesso era a melhor do mundo. Ao fim, enquanto ela estava indo em direção ao carro com a família, Brianna a puxou e disse que dormiria com ela essa noite. A loira de um sorriso de canto.






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Notas finais do capítulo

No próximo, como eu disse nas notas iniciais, algo que vai alterar a vida de Lucy de uma forma muito intensa vai acontecer. Se vai ser algo bom ou ruim, só eu sei MUAHAHA!!!

Até segunda pessoal...



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