Pov's Narradora

Era um dia de sábado e Magali estava na cama de seu quarto pensando o que deveria fazer com relação a Cascão e o trabalho de artes. Que tipo de professor em sã consciência passa um trabalho assim? Um dia inteiro seria tomado apenas para que todos pudessem se apresentar.

Ela sabia que não deveria aceitar a proposta dele de cantarem juntos, mas ela precisava fazer o trabalho. Ela seria obrigada a aceitar.

Magali se levanta e pega seu celular para ligar para Cascão. Pensa imediatamente em desistir, mas instantaneamente a ligação é atendida.

— Alô, quem é?

— Oi, sou eu a Magali. Eu queria saber se você quer mesmo que nós façamos o trabalho juntos.

— Eu quero. Aparentemente você e eu somos os únicos sobrando.

— Então... Que dia nós podemos ensaiar?

— Hoje mesmo se você quiser. Mas eu não tenho nenhuma sugestão de música.

— Não tem problema, vem aqui na minha casa agora.

— Como quiser. Chego ai em 5min.

[...]

Os dois combinaram de cantar Two is better than one, a música era linda e muito
harmônica para as vozes dos dois. Todavia Cascão estava tendo sérios problemas para cantar.

— Cascão, presta atenção menino! — Ela falou enquanto dava fortes petelecos na sua cabeça.

— Ai, ai! Calma aí ô. Você acha que eu sou algum tipo de saco de pancadas?! Para de me bater!

— Eu paro de te bater se você começar a prestar atenção, seu mané!

— Está bem, vou tentar. Eles começaram a cantar e novamente ele se distrai.

Desta vez Magali tenta se acalmar. Ela se senta ao lado dele e pergunta: — Cascão, o que há com você? Antes de nós começarmos a cantar, você disse que conhecia a música e até sabia cantar algumas partes.

— Eu sei, é que... Quando eu ouço a sua voz cantando essa música, eu fico te observando e vejo como a sua voz é linda... Assim como você. — Após dizer isso ele lança um sorriso na direção de Magali, que cora imediatamente. Mas ela repensa no que ele disse e interpreta de uma outra maneira.

— Cascão, você está flertando comigo? — Ela pergunta irônica. — Pois fique sabendo que eu não sou como aquelas que você fica não. Eu sou diferente.

— Acalme-se, eu só estou falando que você tem uma voz bonita e o rosto também. Quer que eu fale que você é feia?

— Ai, Cascão, deixa quieto. Agora vamos ensaiar.

E assim seguiu-se o dia de Magali e Cascão. Eles tentavam cantar juntos, mas Cascão se atrapalhava sempre que ouvia Magali cantando. Ele realmente ficou surpreso com a voz da garota.

[...]

Já era noite e Cascão ainda estava na casa de Magali, depois de muito, muito treino e esforço Cascão por fim consegui cantar sem se atrapalhar uma vez sequer.

— Aleluia. Meu Senhor, por favor não me faça passar por uma coisa dessas de novo.

— Deixa de exagero, mulher. Eu só me atrapalhei algumas vezes. Não precisa de tanto drama.

— Algumas? Você está de brincadeira comigo, Cassio Felipe Marques de Araújo? — Ela diz já desassossegada. — Você já olhou para o céu? Já está de noite, nós ficamos naquela ladainha por ho-ras!

Ele se impressiona e diz:

— Você lembra do meu nome completo! — Sorri.

— Não, seu idiota! — Ela fala irônica. — Nós éramos amigos de infância, é claro que eu me lembro. É incrível como você pode ser, eu estou falando no treino cansativo por "sua" causa e você dá mais importância ao fato de eu lembrar seu nome? Dai-me paciência, Senhor, se me der força, hoje eu quebro o nariz de um.

— Desculpe, não digo mais nada.

— Seria ótimo.

"Tá legal, essa foi a briga mais infantil que eu já vi em toda a minha vida." — Ela pensa consigo mesma.

Eles ouvem um barulho assustadoramente estranho vindo daquele mesmo quarto, talvez um: Ronc, ou um rawww.

— O que foi isso? — O moreno pergunta assustado.

— Nossa, Cascão! Você continua medroso? Isso foi só a minha barrigudinha roncando.

— Roncando ou rugindo? E eu não sou medroso coisa nenhuma.

— Que seja! Vamos comer alguma coisa?

— Claro.

Eles foram até a cozinha e fizeram sanduíches para comerem, Magali estava com muita fome e não queria preparar nenhum tipo de comida, já Cascão não estava se importando muito com comida, ele só queria fazer companhia à Magali.

Ela comeu um simples sanduíche de peito de peru com queijo branco, já ele comeu um sanduíche com tudo que havia direito: Ovos, bacon, tomate, alface, cebola, picles, queijo e muito mais.

O clima que se instalou ali era gélido. Eles não trocavam nem mesmo duas palavras, mas Cascão decidiu falar: — Magali, algum tempo atrás você disse que nós 'éramos' amigos de infância.

— Sim...

— Não somos mais amigos?

— Você acha que mesmo depois de você ter se afastado de mim e mal falar comigo, nós continuaríamos a ser amigos como antes?

— Ahñ... É... Desculpa, eu só não queria ser um mau amigo para o Cebola.

— Cascão, as vezes é bom mudar, mas não para pior.

— Você tem razão. Então... Podemos voltar a ser amigos?

— Nós? Amigos? Não! — Ela diz normalmente.

— Mas... Mas... Por quê?

— Porque eu não sou a doida da Mônica. O Cebola pediu para ser amigo dela e ela aceitou. Além disso se nós voltássemos à nossa antiga amizade, ela não iria voltar a ser a mesma. Nunca. Eu penso duas vezes antes de tomar minhas decisões.

Por alguns minutos ele ficou quieto. De repente ele se levantou de prontidão e disse: — Eu vou embora.

Ele se dirigiu em direção a saída, mas assim que chegou até a porta, ele ouviu: — Cascão, espera. Não vai me dizer que ficou magoadinho, só porque eu não quero voltar a ser a sua amiga, não é?

— Não, Magali. Eu não estou magoado, estou deprimido por sua causa. Você pode não saber, mas você é muito importante para mim.

Ela ficou assombrosa com aquelas palavras. E posteriormente ele atravessou a porta, fugindo da paisagem da qual Magali via.