Bad Luck escrita por Ponycat


Capítulo 7
Ficando de babá e briga de casal


Notas iniciais do capítulo

Eu fiz um super capitulo. Boa sorte lendo tudo. É, nao me conti e passei a semana escrevendo isso tudo. Nao consegui parar. Me desculpem! xD Boa madrugada. Beijos!



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Capitulo.7

Ficando de babá e briga de casal.

Clarisse chegou chegando, eu diria. O pior foi o jeito que ela me olhou. Eu me senti absurdamente estranha. O cabelo loiro dela estava perfeitamente arrumado (E perfeitamente ondulado, que bosta!) para quem passou umas oito horas dentro de um avião. E eu nem sei porque concordei em vir busca-la com James se eles vão ficar se enroscando e se comendo até ele me deixar no prédio que eu vou ser babá. Eu vou vomitar.

Hoje fomos na escola de ônibus, e eu pude finalmente usar minhas roupas normais, mas a questão do cabelo me fez enlouquecer um pouco, eu sinto uma vontade de ficar com esse look colorido. É como se quase tudo voltasse ao normal depois de dois dias.

Chegamos no aero porto de noite, Clarisse apareceu e eu tentei sorrir, mas ela era tão linda que só conseguia pensar em como ia ser difícil ser mais que isso. Acabei fazendo algo parecido com uma careta torta. Ela vestia algo normal, a última coisa que eu esperava era algo normal (eu esperava algo preto, do jeito que James me fez me vestir). A bolsa dela entregava tudo. Michael Kors. Uma patricinha.

–Você é bem bonita. Vou ficar de olho em você. –Disse Clarisse com um ótimo humor. Mas ela e virou de mãos dadas a James e olhou para trás me dando um olhar ameaçador (logo com aquelas bolinhas azuis que não pareciam nada ameaçadoras) que dizia: “É sério, vaca”. Quando ela virou de costas deu para ver a calça de marca dela. E foi a única coisa que ela disse para mim até agora.

Me sento no banco da frente do carro do pai do James enquanto a loira azeda-pomba-do-esgoto-de-Seattle (depois arrumo um apelido mais original) e Jam colocam as malas no porta-malas. É um lindo carro. Parece uma Ferrari. Espera... É uma Ferrari.

Eles colocam as malas e a loira vadia me encara fazendo um sinal com a mão. James aparece do outro lado entrando no carro, ao meu lado no banco do motorista, e ela rapidamente para de me encarar.

– O que foi? –Pergunto.

–Bem... Digamos que esse é o meu lugar. –Ela diz tentando sorrir.

Eu esqueci que ela namora com James e eu não, portanto eu teria que me dirigir ao banco de trás. Que ódio!

James não me dissera nada desde que ela apareceu. Ou seja, é meio como se eu fosse invisível. Sento na parte de trás do carro com má vontade.

–Você não mudou nada. –James diz.

–Espero que isso seja um elogio. –Ela responde e depois solta uma gargalhada que era a gargalhada mais fofa que eu já ouvi. Que raiva.

–Mas é claro que é. Por que você ainda é a Claire que eu amo. –Diz.

Meu estômago faz um loop completo. Ele tinha que dizer que ama ela na minha frente?

–E você é um fofo. –Ela diz acariciando a sua bochecha.

Eu preciso de ar. Minha vontade maior é mandar ele parar o carro e continuar a pé. Mas é deselegante e evidentemente estupido da minha parte. Essa seria a hora que uma adolescente normal sacaria seu bendito MP4 e salvaria a pátria dos próprios tímpanos (agora imagine a pátria dos tímpanos). Mas eu não sou uma adolescente normal e meu MP4 está muito bem guardado dentro de uma gaveta intocado com o cartão de memória vazio porque eu não me ligo nesse tipo de coisa. Que agradável! Agora seria uma boa hora para pensar em ser normal.

–Não acha, Larissa? –Pergunta James me tirando dos meus devaneios.

–Do que estamos falando? –Pergunto.

–Da escola.

–Aquela merda. –Eu digo.

–Eu estava te dizendo que a nossa escola é super legal. –James diz. –Você chamou a escola do meu pai de merda?

–Convenhamos, James. Toda escola é uma porcaria. –Retruco. Eu não vou deixar ele fazer falsa propaganda positiva para a menina, não importa o quanto ela seja odiosa.

–Discordo. –Diz Clarisse. – A escola de Seattle não era tão ruim assim. Tínhamos muito o que fazer, mas não era maçante e os professores eram muito bons. Eles eram como amigos de todos os alunos e haviam dias que fazia sol e eles nos levavam para ter aulas no pátio. Muito legal. Mas não me arrependo de voltar para Chicago, já que fui para Seattle contra minha vontade. E por muitas outras razões...

–Okay, não queria saber sua história de vida. –Deixo escapar.

–Larissa. –Adverte James. Sua voz dizia tudo: “Não seja rude com a minha namorada que é mais bonita que você.”

–Desculpa. Você se acostuma comigo. –Eu digo entre dentes. Não era eu que deveria me desculpar.

–Tudo bem. –Ela diz. –Sou uma tagarela assim mesmo.

–Foi isso eu fez a gente se conhecer, lembra? –James pergunta a Clarisse.

–Lembro. Eu te vi naquela festa e não parei de falar um minuto. Era um monólogo irritante, não?

–Eu já estava apaixonado dali. –James responde.

Eu reviro os olhos, mas espero que ninguém veja.

Eu preciso sair desse carro repleto de amor alheio! Penso em desespero.

James chega na casa da mãe da Clarisse e desova as bagagens. Eu fico esperando atrás. Ele a deixou primeiro. Eu esperava que ele me deixasse primeiro. Vai ver é mais longe. Pelo menos vou tem uns minutos sozinha com ele.

–Pode passar para a frente. –Ele diz enquanto entra no carro.

Saio do carro e passo para o lado dele, onde estava quente por causa da bunda da loira azeda.

James da partida no carro sorridente.

–O que achou? –Pergunta.

–De quê?

–Da Claire. Ora bolas! –Ele esclarece.

–Ela é bonita. –Digo secamente. Saiu quase entre dentes.

–Eu sei. E o quê mais?

–Ela gostava de Seattle.

–Nunca diga isso. –James surta.

–Porquê não? –Indago.

–Porque ela foi levada a força para lá pelo pai dela, que é chato e não a deixava falar comigo em hipótese alguma. Por isso ela não tem celular e mal tinha contato com a internet. Ela nunca podia falar comigo, Larissa. Imagina isso. Aquele velho idiota me odeia.

Problema dela. Penso automaticamente. Mas por sorte, não deixei escapar.

–Que chato.

–É, eu sei. Você está meio calada. O que você tem? –Jam pergunta.

–Sono. –Respondo. Eram nove horas da noite e eu sou acostumada a dormir cedo, então não é nenhuma mentira.

–Tenho que te falar algo... É sobre aquela história do nosso namoro. –James diz. –Não conta para ela, certo? Ela é louca de ciúmes e se ela souber que fingi que você era minha namorada e ainda te beijei... Digamos que você só vai encontrar minha cabeça recém decapitada espetada em uma vara. Se ela não decidir que você também é culpada e te der um tiro.

Posso mandar a real? Se eles passaram tanto tempo separados e se eu fosse James, não ligaria para essa história. É ABSOLUTAMENTE CERTO que ela beijou outros caras. Afinal, ela passou anos longe dele e ela é muito bonita para se conservar para ele assim. Eu duvido muito que ela não tenha traído ele ao menos um pouco.

–Certo. Pode confiar em mim. –Eu digo pondo fim na conversa. Não quero mais falar com ele sobre ela.

A cada palavra dele eu perco um pedacinho da minha esperança de garota apaixonada. Agora parece mais certo desistir. É, eu desisto. Vou só ser eu mesma aqui. Amiga de James apaixonada por ele: sim; Tentando conquistar ele: não.

–O que vai fazer hoje à noite mesmo? Eu vou jogar ovos na casa do professor salaminho. –James diz.

–Delator. –Eu digo brincando. Eu não sei se ele ama ou odeia esse professor. –Lembra que vou ficar de babá?

–Nossa... E pensar que aconteceu tanta coisa quando você me disse isso da primeira vez. E o pior é que foi antes de ontem. Muita coisa pode acontecer em dois dias.

–Na minha vida, acho que esses dois dias foram os mais interessantes. –Concordo.

–Meus dois dias mais interessantes foram os depois que minha mãe foi embora. –James de abre. –Não parecia que algo havia mudado. Uma mulher inerte foi ser inerte em outro lugar. Já eu, sempre fui passivo quanto a ela. Ela não me dava devida atenção, mas eu não reagia a isso também. Enfim, era algo que poderia ser observado de perto.

–Porque você está me contando algo íntimo? –Pergunto.

–Porque você é minha amiga e nunca te contei isso. Inclusive, é bom que você conheça Mark e Bob. E que você saiba sobre Alexia. E depois, eu quero te conhecer também, certo?

–Quem é Alexia? –Pergunto curiosa.

–Uma garota estupida. Filha do benfeitor da escola que estuda com Mark e Bob na escola de riquinhos do outro lado do bairro. Meu pai acha que eu tenho que namorar com ela e fica empurrando. Ela é muito chata e vive aprontando comigo. Ela vai ver quando eu fizer uma pegadinha com ela. Sabe o dia que cheguei na escola de cabelo azul? Culpa dela.

–Esse dia foi inesquecível. Eu já amo ela. –Digo sorrindo.

–Se você gostar dela, vai ter que escolher um lado. –James diz em um tom sério.

–Cara, eu estava brincando. –Eu digo prendendo meu sorriso. –Inclusive, quero te ajudar com essa pegadinha. Tem algo em mente?

–Ainda não. Mas quero algo que ela não vai esquecer em pouco tempo. –Ele disse em um tom maligno.

–Vamos raspar a cabeça dela? –Pergunto.

–A gente poderia trocar o xampu dela por creme depilatório. –James diz entrando na minha.

–Mas creme depilatório não cheira nada como xampu.

–Isso é uma questão a se ver com Bob e Mark. Eles são o cérebro por trás dos planos. Talvez o irmão nerd máster de Bob faça isso ter cheiro de framboesa. Não sabemos.

–Certo... Acho pesado. –Eu digo pensativa. –Não seria melhor fazermos algo mais fraco? Eu sou uma garota e particularmente posso dizer que eu gosto do meu cabelo e isso é muito severo para uma pessoa que está apaixonada por você. Por que é obvio que ela te ama.

–Como assim? Ela se acha demais para gostar de mim, Larissa! Ela me odeia. Não teria como ela gostar de mim. E afinal... Eu acho que ela merece perder os cabelos. –diz.

–Mas Jam, veja... Eu vou pensar em algo com toda a minha criatividade. Mas não faça nada antes que eu fale algo. Por favor?

–Certo. Eu te deixo aqui nesse prédio? –Ele pergunta parando na frente do prédio que eu ficaria sendo torturada por um bebê.

–Exato. Tchau. –Digo saindo do carro. –Me liga depois?

–Certo.

Eu observo o carro ir embora. Ser amiga dele é bom. Se não fosse pela tal de Clarisse, eu acho que seria a menina mais feliz nessa porcaria de mundo. Minha psicóloga disse que eu tenho que ser mais que a junção das partes, e parece bobo, mas agora eu sou mais que o que eu era dois dias atrás. Não que eu goste. Mas se fizessem uma boneca com o mesmo corpo e os mesmos traços de personalidade que eu tenho, não seria a mesma coisa. E posso afirmar que Clarisse não é mais que a junção das partes como eu sou.

Subo o elevador e toco a campainha do apartamento 23. Era o que estava no papel que o homem me deu na manhã de quarta.

–Pois não? –Atende uma mulher. Aparentemente tinha 25 anos. Muito bonita. Tao bonita que parecia levemente com a Clarisse, o que me obriga a não gostar tanto dela, não importa o quão sorridente ela é.

–Vim ficar de babá por hoje. –Digo tentando soar animada.

–Oh, a garota! Tudo bem, pode entrar. –Ela convida. Ela parecia se arrumar para sair, com um colar que me parecia caro. O apartamento tinha cara de classe-média, tudo repleto de brinquedos de bebê. A moça me explica tudo e coloca tudo no meu acesso sem que eu precise entrar no quarto dela ou mexer na sala. Acho que é a forma dela de dizer: “não mexa em nada que seja a sala ou o quarto, não toque em nada, não roube nada, não invada nossa privacidade, não estrague tudo”.

–Então acho que é isso. –Ela termina de dizer, e como na sena de um filme, assim que ela para de falar se escuta uma buzina vinda da rua. Parece tudo tão ensaiado que me dá nojo. –O bebê está tirando uma soneca. Não se acostume. Te vejo pela meia noite.

Ela sai sorrindo e eu preparo minha cara amarrada assim que ela fecha a porta.

Me jogo no sofá desobedecendo a mensagem subliminar que a mulher passou de “não vá na sala”. Ligo a televisão e ela pede uma senha. Malditos. Colocaram senha na tevê para que eu não pudesse me entreter. Vou até a gaveta do rack e futrico procurando algum indicio que diga a senha. Mas nada aparece dentro da droga da gaveta.

Meu telefone toca. Deve ser o James.

–Alô? –A voz dele é inconfundível.

–Oi! O bebê está dormindo e os filhos da puta colocaram senha na tevê. Eu só me meto em roubada mesmo.

–Eu podia aparecer por ai. Que tal? –Pergunta James.

–Você acha que os donos da casa descobririam? –Pergunto.

–Não sei. Acho que não. Mas quando for para trocar fralda, me inclua fora disso, certo?

–Pode deixar. Te vejo em quanto tempo? –Pergunto.

–Me verá em exatamente dez minutos. Pode contar. –Ele disse confiante.

–E olha que eu vou contar!

Desliguei a ligação de James e coloquei o alarme do celular para dez minutos dali. A casa dele é meio longe, então eu acho impossível que ele chegue em menos de vinte minutos, mas custa a tentativa que quebrar a confiança dele com as horas. Nunca vi garoto mais pontual quando não se trata de seguir do corredor para a aula. Ele quase me trucidou porque eu cheguei cinco minutos atrasada.

Dez minutos se passam como dez anos e eu escuto uma campainha meio surda, talvez quebrada. Abro a porta sorrindo James estava ali pontualmente certo. O celular toca a musiquinha do alarme assim que ele coloca o pé dentro do apartamento.

–Você colocou um alarme?

–Nunca se sabe quando se tem a chance de quebrar sua cara. –Eu digo dando de ombros.

–Ei! –Protesta se aproximando. Ele me envolve em um abraço, depois sinto todos os músculos dele relaxarem, mas depois eles se contraem como se houvesse algo errado e ele me solta do nada.

–O que foi?

–Nada. E como anda o babystting? –Pergunta.

–Um tédio.

–Vamos olhar o bebê?

–Nem olhei para a cara dele desde que cheguei aqui.

–Você é louca! –Ele diz e sai correndo até o quarto do bebê. Ele volta com o bebê nos braços. O bebê estava acordado e tranquilo. Nada que parecesse dar trabalho.

–Você só descobriu que sou louca agora? -Pergunto quando ele retorna.

–Mas quando você cuida de um bebê, você tem que ficar checando ele a cada cinco minutos que nem uma idiota mesmo. Quase que você mata ele. Se ele estivesse morrendo sufocado com a cara no berço?

–E desde quando você entende de bebês?

–Desde que aprendi a fazê-los. –Ele diz me encarando perversamente. –Brincadeira. Eu aprendi com os meus primos que já ajudei a cuidar, sem falar nos dias que meus tios queria sair e eu era a babá da vez porque meu primo tem uns probleminhas mentais e não consegue ficar junto de outra pessoa que ele não conviva sempre.

–É sério isso?

–Tá me achando com cara de mentiroso?

–Não. Eu achei esse seu instinto paterno fofo. –Falo sem pensar.

–Instinto paterno? Isso aqui é instinto de salvar sua pele toda vez que você se esforça para entrar em confusão. –Diz ele enquanto brinca com o bebê. -A tia Lari é irresponsável! É sim. Aw! Bebê fofo. –Ele diz repetitivamente com uma voz abobalhada.

–Okay, chega de falar mal de mim. Quando o bebê fizer uns catorze anos e quiser que a tia Lari compre bebidas alcoólicas para ele, é melhor ele não me chamar de irresponsável.

–Você compraria bebidas para menores? –Pergunta.

–Eu nunca disse isso. Mas eu compraria de alguém se fosse ao contrário.

–É sério?

–Eu tenho cara de quem bebe?

–Posso falar a verdade? –Demanda James.

–Não!

–Okay... Eu ia dizer que você não tem cara de quem bebe, mas já que você pediu a mentira... Sim, você tem cara de bêbada.

–Filho da mãe. –Xingo ele.

–E do pai.

–Ah! Cala a boca.

–Olha... Ele dormiu ao som da nossa discussão intelectual. –James disse.

Ele se apressou a colocar ele no berço. Sentei no sofá enquanto isso. James voltou e sentou ao meu lado. Eu estava encarando a televisão que continuava pedindo uma merda de uma senha.

–Sabia que o nome do bebê é Jaze? Estava escrito na porta do quarto.

–Não.

–Sabia que Jaze é o nome do sobrinho da Clarisse? –Pergunta James curiosamente.

–Não.

–Sabia que Clarisse me disse que a irmã mais velha dela morava nesse bairro?

–Okay, já encaixei o quebra cabeça. A mãe dessa criatura-disse apontando para o quarto do bebê- é irmã da sua criatura favorita. Entendi. E eu com isso? Vim parar aqui por acidente mesmo.

–É, mas é uma coincidência imensa que a Carla tenha sido justo a mulher que você estava paquerando o homem...

–Ei! O marido dela é um arraso mesmo. –Eu confirmei. –Então o nome dela é Carla... Maldita concorrência com o nome legal.

–Nem tente. –Ele disse. – Ciúmes é hereditário. E as irmãs tem bom gosto, né?

–Nem pense em mandar eu não tentar. –Rebato ignorando o egocentrismo dele. – Teimosia é coisa minha mesmo.

–Mas o teimoso aqui sou eu.

–Você cuidou do bebê para mim que nem um garoto muito responsável. E eu fui a maior irresponsável. Acho que as coisas estão se invertendo.

–Se você não calar a boca, vou contar para a Carla que você acha o marido dela um arraso. –James disse.

–Se você não calar a boca, vou contar para a Alexia que você vai armar contra ela.

–Se você não calar a boca, eu vou ter que tapar ela. –James diz.

–Se você não tapar a minha boca com a sua boca agora, eu vou fazer você calar a boca! –Eu digo. O silencio paira. E logo depois, eu solto uma risada nervosa para descontrair e fazer a besteira que eu disse sumir. James começa a rir também. Parecia que para ele tinha sido confusamente engraçado.

–Você está ficando... Como posso dizer? –Ele para e pensa por alguns minutos. –Você está se revelando. Ficando saliente.

–Ei! Você é a má influência aqui. Eu sou apenas uma pobre vítima. –Eu digo só para ver o sorriso dele.

–Você não falaria algo assim para mim uma semana atrás. Não é mais a mesma menina tímida que eu andava por ai falando sobre jogar ovos. Que inclusive... Eu não joguei.

–Por que não?

–Não sei. Peguei os ovos, apareci na casa... Mas não parecia certo.

–Você está ficando responsável e tímido. Estamos invertendo!

–Você nunca foi responsável.

–Cala a boca e curte a inversão

–Pensei merda agora. –Ele diz começando a rir. –Então. Vamos inverter?

–Uia, assim você me inverte toda... –Eu disse entrando no jogo da mente poluída (inventei o nome agora).

–Mas só depois que você se inverter assim. –Ele diz me pegando no colo (estamos em cima do sofá, então isso é meio que mais sexual do que o imaginado). Era uma brincadeira, mas meu coração foi para os ares.

–Então vem. –Eu disse rindo. Mal foi compreensível de tantas risadas que dei.

Então James se contrai todo de novo e me larga do outro lado do sofá assustado.

–Bruto! –Eu disse. Ele me largou que nem um saco de batatas gigante, quer o que?

–Desculpa. Er... Vou checar o bebê. –Ele disse. Então ele parte correndo da sala e entra no quarto de Jaze.

E agora? Qual é a droga do problema dele? Deve ser Clarisse. Ele não tem o direito de sair me agarrando sexualmente se ele tem namorada. E eu não posso dar corda para esse tipo de coisa também. Eu suspiro olhando para o teto. Eram dez horas e onze minutos. Me levanto do sofá e vou até o quarto, onde James estava trocando uma fralda com a maior paciência. Não faço um som para ele não perceber que está fazendo o meu trabalho.

–Eu sei que você está aqui.

–Respirei alto demais?

–Não. Eu te conheço mal, mas te conheço. –James diz sério.

–Desculpa por ter dado corda para aquilo... Eu nem percebi o quanto sexual era aquilo. –Minto.

–Aham, sei. Disse a inocente.

–Você que me corrompeu.

Ele joga a fralda no lixo ao lado do fraldeiro e pega o Jaze, que estava tranquilo envolvido nos seus braços.

–Eu não fiz nada. Só apareci mais na sua vida. Você que se revelou.

–Disse o inocente. Não me culpe por tudo. Você também me agarrou.

–É, eu sei. Tem vezes que eu esqueço... –Ele deixa a frase no ar e não a completa. Não quero saber a continuação, então não vou perguntar nada. Mas as especulações se fazem na minha cabeça. Ele se esquece de quê? Talvez seja hábito.

–Tem vezes que a gente se acostuma a ter a liberdade de fazer algo, e ai quando a gente perde ela, a gente não sabe bem o que fazer e esquece que não pode fazer aquilo. –Eu completo.

–Eu tinha essa liberdade?

–Você disse que me conhece.

–É. Não era isso que eu ia dizer, mas se encaixa bastante. –Ele diz segurando o bebê e dançando, tentando o fazer dormir de novo.

–E o que você ia dizer?

–Que eu esqueço de Clarisse quando estou com você. –Ele disse virando de costas. Acho que ele não é homem o suficiente para me encarar depois que ele diz algo que desce no meu estomago e deixa tudo lá dentro gelado como o polo-norte. As borboletas (o meu estomago é um polo-norte com borboletas, ok?) se mexem enlouquecidas. Eu não acho que a sensação é de borboletas, mas sim de vespas assassinas.

–Não vai me xingar? – Pergunta James.

–Acho que não preciso dizer nada. –Eu disse.

–Como assim? Eu te digo algo lindamente ofensivo, e você não me xinga?

–Foi lindo. Não foi ofensivo.

Eu me aproximo dele e tasco um beijo na sua boca. Um beijo estalado, um selinho que poderia até ser chamado de “beijo de amigo” de tão besta.

–Eu espero que não pense que isso significa algo. –Digo.

–Você não pode sair me beijando também, sabia? –Ele diz com um sorriso de orelha à orelha.

–Beijo de amigo. –Eu disse zoando.

O bebê começa a chorar e interrompe.

–Ai meu Deus! E agora? –Me desespero de brincadeira. –Quem poderá nos salvar?

–Não temas, pobre e fraca garota. O super James está aqui para salvar você.

–Oh, super James! O seu instinto paterno vai nos salvar. –Digo com o objetivo de irrita-lo. Ele me chamou de pobre e fraca garota, o que é sexista. Só paguei na mesma moeda.

–Chega! O bebê deve estar com fome. Segura ele que eu faço a droga da mamadeira.

–Certo.

Espero me agoniando cada vez mais por causa dos gritos estridentes do choro da criatura que tem parentesco com a Clarisse. James chega com uma mamadeira e coloca na boca de Jaze, que se cala imediatamente.

–Ufa. –Digo aliviada. –E mais um dia foi salvo, graças ao super James. Você vai ser um grande pai.

–E você vai ser uma péssima mãe.

–Quando eu for escolher um marido, ele não pode querer crianças então.

–Isso é uma certeza. Você não nasceu para isso. Mas que ideia é essa de escolher um marido?

–Chega uma hora na vida de uma mulher, que ela não pode ficar pra titia. Então escolhemos a melhor opção que temos de homem, um que tenha um emprego estável e que manje dos paranauês. Não é que eu seja machista, mas tem horas que a gente não quer morrer sozinho.

–Você deve ter medo de morrer sozinha.

–E de morrer virgem.

–Não precisava falar.

–Ninguém precisava saber mesmo. Esse sempre foi meu medo secreto. Já pensei em um dia, ir nessas festas que você ia, beber até cair e esperar que até o fim da noite eu tenha perdido a virgindade. Mas então eu pensava direito. Acho que tenho um pouco de medo da sociedade ou algo assim.

–Um dia a gente vai, mas não vou deixar você beber até o ponto de sair dando para geral. –James brinca.

–Eu aprecio isso.

–Você não gosta de Clarisse, né?

–O que isso tem a ver com festas?

–É sério. Você não gosta dela?

–Ela é meio ameaçadora. Mas até agora não tive nada contra ela.

Ameaçadora?

–Ela me encara tentando me fazer ter medo de alguma coisa. Acho que é ciúmes de você. Enfim, ela é esquisita aos meus olhos. Mas eu sou esquisita aos olhos de todos, então ela deve ser bem normal. Também achei ela patricinha. Mas nada contra ela que me faça querer matá-la, ainda.

–É ciúmes sim. –Confirma. – Ela disse que você é bonita e que é pra ficar longe de mim, certo?

–Algo assim.

–Ela deve estar morrendo de insegurança com você perto de mim.

–Ela não deveria. Todo mundo sabe que você só tem olhos para ela.

–Pura verdade. Eu acho as outras garotas bonitas e tudo mais, mas ela foi a única que estava ali quando minha vida estava virando um inferno. Ela tapou cada buraquinho que a vida fez em mim.

–Enquanto isso, você tapava o buraquinho dela. Né? –Eu disse sendo indiscreta.

–Você está bem hoje. Né? Mente poluída do caramba a sua.

–Aprendi com o mestre.

–Oh, cale a boca.

–E você tem andado todo apaixonadinho por ai. Tinha que ver a sua cara. –Eu disse. Não gosto de lembrar disso, mas esse seria o tipo de coisa que eu diria.

–É. O amor faz essas coisas.

–E eu que disse que nunca ia me apaixonar...

–Um dia isso acontece quando você menos espera. Então você acaba escrevendo o nome dela no caderno e criando um mundo imaginário na cabeça... Depois ela não sente nada por você e é isso.

–No meu caso seria um “ele”. Mas eu não quero. Ah, vamos esquecer isso. –Eu digo.

–Você está afim de alguém?

–Não. –Respondo nervosamente. –Claro que não.

–E esse tal de “claro que não”, é bonito?

–Ah, cale a boca. –O copio. –Olha, o bebê já parou de tomar o leite.

–É verdade. Mas não pense que me escapa, Larissa. Você ainda vai ser interrogada. –Diz James.

Ele tira a mamadeira da boca de Jaze, que estava tranquilo. Ele o coloca no berço e senta numa cadeira do lado da janela do quarto bem decorado da criatura rosa que tem parentesco com a loira-azeda, que estava coberta com cortinas azuis. Tinha outra cadeira do outro lado, ele fez sinal para que eu sentasse. Sentei me sentindo mais que nervosa.

–Me conte tudo, Larissa.

–Não tem ninguém. É sério. Chute uma opção.

–Eu não sei quem você conhece. –Diz.

–Não conheço muita gente.

–Eu sei. Me conta, por favor. Eu prometo que ninguém vai saber de nada.

Eu rio um pouco. Ele é o que não pode saber. Há! Mas é claro que eu não iria dizer. Se ao menos isso se passasse pela cabeça dele. Isso quer dizer que não tenho chances com ele. Mas eu sei que nunca tive.

–É sério, Jam. Se tivesse algum garoto, você não acha que eu teria contado tudo para ele?

–Você era tímida até dois dias atrás. Vai saber...

–ERA. –Confirmo. –Não sou mais. Eu falo o que eu sinto dependendo das circunstâncias.

–E o que você está sentindo agora?

–Que estou tendo uma conversa desagradavelmente desnecessária, acompanhada de uma discussão completamente não usual.

–Certo. Entendi. Não tem nenhum boy magia. –Ele disse imitando um gay.

–Ai, bee! Mas você não sabe das últimas, miga! Eu tenho um monte de roupa emo no meu guarda-roupa que pode ser devolvidas, ainda com etiquetas.

–Eu vou buscar qualquer dia desses. Não quer ficar com nada?

–Nadinha. Prefiro minhas blusas normais, minhas calças normais e meus vestidos longos normais.

–Nenhum short para fazer a alegria da moçada? Ou melhor... Dos garotos?

–Eu tenho shorts.

–Aquilo não pode ser chamado de short. Aquilo é uma bermuda mais longa que o normal.

–Mas serve. E eu não gosto de sair por ai exibindo o que eu não gosto.

–Mas é tão bonito... –Ele diz. –Esqueça. Enfim... Uma garota bonita como você não precisa ter inseguranças quanto ao corpo. Eu vi você naquele vestido e estava tudo em cima, nos trinques.

–Idiota. Enfim, não é insegurança. É que eu não quero me mostrar mesmo. Vai que as meninas decidem sumir comigo e me matar no meio da floresta por eu roubar toda a atenção? Não é junto com elas. –Digo com sarcasmo.

–Eu aposto que teria uma muralha de meninos te defendendo disso. –James retruca.

–Sim. Mas nenhum deles liga realmente para quem eu sou. E sim para o meu corpo. –Rebato.

–Eu ligo.

–Você é o único. E eu sou tímida, lembra?

–Não é nada tímida.

–Me ame menos.

–Não.

–Certo.

–Certo.

–Okay.

–Okay.

–Chega!

–Chega.

–É sério.

–É sério.

–Para de repetir o que eu falo, James.

–Para de repetir o que eu falo, James.

–Um belo dia, na cidade de townsville, as meninas super poderosas matam o macaco louco. A florzinha o chutou, com seu chute super sônico, exatamente no local das bolas enquanto lindinha estava furando os olhos do animal com os seus dedinhos aparentemente delicados. Docinho estava atirando facas nas suas costas e todos comemoraram quando o funeral dele, que virou festa nacional, foi feito. –Digo um pouco rápido demais. Eu sempre soube esse história de cor, no caso desse jogo começar.

–Um belo dia, na cidade de... de quê mesmo? –James tenta.

–Venci.

–Quer um biscoito?

–Quero.

–Acho que você não entendeu a piada...

–Agora me traga um biscoito.

–Não. –James diz irritado.

–Mas você me ofereceu um biscoito.

–Você consegue ser tão idiota as vezes.

–Por isso que você me ama.

–Por isso que eu não te suporto. –Ele disse beijando minha testa. –Está na minha hora. Em alguns minutos, Carla vai estar aqui. E ela vai tirar mil conclusões se eu ficar com você até o fim da noite. Eu venho te buscar daqui a meia hora, pode ser?

–E o que você vai fazer em meia hora?

–Relaxe. Não me falta o que fazer. –Ele disse se dirigindo a porta do quarto do bebê. Eu o sigo até a sala, onde ele me abraça e sai pela porta. É, agora está tudo vazio de novo.

Volto para o quarto do bebê, onde eu acidentalmente caio no sono em uma poltrona.

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–O que é isso? –Pergunta Carla, me acordando.

–Huh? –Pergunto confusa. O bebê estava intacto. –Acho que cai no sono.

–Acha? E se eu te disser que meu marido desapareceu, você acorda?

–O quê? Mas o bebê está intacto.

–Sim. Mas meu marido sumiu com o bebê enquanto você estava dormindo em serviço.

–Ele pegou o bebê e sumiu?

–Sim. Ele subiu antes de mim porque eu estava checando a nossa caixa de correio e estava tudo muito tenso. Agora me ajuda a encontrar ele e o Jaze! Oh, o pequeno Jaze! Da última vez que ele fez algo assim depois de um briga...

–Vocês brigaram e ele pegou o filho de vocês. –Penso alto. –Nossa, que cara impulsivo...

–É. Tem ideia de onde você levaria o seu filho se fosse um homem de vinte e sete anos depois de uma briga com a esposa?

–Casa da mãe. –Disse. –Toda vez que algo acontece, os homens correm para a saia da mãe.

Sei disso por causa das vezes que eu era pequena (no máximo oito anos) e meus pais brigavam sempre. Meu pai ia para a casa da minha avó. Mas nunca chegou a me levar com ele.

–Boa, menina! Vamos! –Ela disse girando a chave do carro com os dedos.

Entro na mini van de Carla e seguimos até o outro lado da cidade. No trajeto, mando uma mensagem para James e o passo o endereço. Eu realmente preciso dormir e não importa mais o que Carla vai pensar do namorado da irmã com a babá do filho dela. Se bem que essas irmãs são ciúme puro...

–Chegamos. –Ela avisa, parando na frente de uma casa simples.

A sigo até a porta da casa, onde ela hesita em bater na porta. Entoa eu simplesmente a dou uma leve empurrada para que ela saia do caminho, e bato na porta com a coragem que não tenho.

Esperamos um tempo. E então uma senhora não muito velha disse:

–Pois não, Carla e adolescente-papagaio?

Eu gostei dessa mulher.

–O Jonas está ai. Eu sei disso, Adelaide.

–O Jonas não está.

–Então me deixe entrar. –Ela disse passando por cima da senhora, para dentro da casa onde, pelo jeito, Jonas está. Fiquei de fora, mas pude ouvir os gritos:

–Caramba, Jonas! Você não pode ser tão impulsivo e idiota!

–Ah! Mas quando é para te agradar, não é suficiente.

–E o que você espera que eu faça? Que eu diga que gostei daquele muquifo?

–Que você ao menos aprecie a intenção.

Tem um silencio por um instante. Concordo com Jonas: Ela deveria ter apreciado mais a intenção do homem. Eles estão começando a vida juntos pelo visto. Ela não pode esperar restaurantes caros. Carla sai da casa com Jaze no colo, o bebê chora. Mas ele não chora alto por medo. Não se deve gritar perto de bebês.

James chega na casa com a sua moto bem a tempo para ver a sena.

–É. Isso diz bastante. –Ele diz com ironia.

–Só me leve para casa. Ok?

–Certo.

Subo na moto e entro em casa depois de um bom trajeto de moto. A única coisa que quero é minha cama. James entra em casa comigo.

–Chegou tarde. Meia noite e meia. Como foi o trabalho? –Diz minha mãe. Meu pai provavelmente dormia.

–James fez tudo, basicamente.

–Namorados servem para isso. –Ela brinca olhando para James, que sorri desconcertado.

–A gente... É..

–A gente não deu certo. Preferimos a amizade mesmo. –James diz antes que eu fale algo estupido.

–Entendo. Isso tem a ver com a Clarisse, que voltou a vizinhança?

–Já ficou sabendo? –Pergunto. –Ah é! Você sempre soube uma semana atrás. Porque isso estava no script, não é?

–Cate veio aqui mostrar como a filha dela estava linda agora a pouco. Ela me contou tudo. James, o que você fez com as meninas não foi muito legal.

–Eu não fiz nada. Eu já tinha terminado com Larissa antes de saber de algo. Não durou nem um dia direito, essa droga de namoro idiota.

–Certo... –Minha mãe diz se rendendo. –Então como a gente faz se eu disse que James estava namorando você?

–Você não fez... –James tenta dizer desesperado.


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Notas finais do capítulo

O capitulo sobre James nao vai existir. Tentei escrever, mas nao parecia muito certo. Da proxima vez, eu gostaria de mais comentarios. Mas nao exijo que comentem porque sei que é chato quando os autores ficam pedindo.
Beijos!
Pony.



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