Dias Mortos escrita por Misty


Capítulo 6
6: Senhores da Morte


Notas iniciais do capítulo

Todo aquele grande coração continua repousando
Num sofrimento silencioso
Sorrindo como um palhaço até que o espetáculo chegue ao fim
O que resta para um bis?

Song of Myself



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Encontramos Penélope conversando de forma descontraída com algumas pessoas, trajando roupas elegantes e mascaras escuras.

- Kizzy venha até aqui querida, gostaria de lhes apresentar alguns amigos -ela colocou as mãos em meus ombros e sorriu-Esses são Úrsula, Adrian e Iolanda.

- Muito prazer, alias estava lindo -disse lhes dando um singelo sorriso, eles fizeram o mesmo, mas era um pouco desconcertante não conseguir ver seus rostos ao todo.

- Obrigada, apreciamos que jovens assim gostem de apresentações tão antiquadas -sorriu Úrsula, passando seus braços sobre Adrian, então se virou para Julian -E você querido, o que achou?

- Muito bom! quando ficar maior quero participar das apresentações! -ele parecia animado, Adrian bagunçou seus cabelos e as duas mulheres junto a eles sorriram.

- Você parece mesmo um jovem de talento -então se virou para mim, notei que seus olhos eram dourados -E você Kizzy,  o que pretende fazer?

- Não sei...acho que só estou de passagem -disse um pouco enrolada, porque convenhamos que nem mesmo sei o que faço nesse lugar estranho. Eles parecem compreender minha confusão mas resolveram deixar quieto.

- Ai estão minhas estrelas! Hoje a noite foi esplêndida!-nos viramos para onde o homem de cartola sorria grande, notei que ele tinha um longo bigode e seus olhos eram parecidos com de algum gato. Ele olhou para Julian e remexeu dentro da sua cartola, retirando de lá um crânio cinzento -Aqui está homenzinho, aprecio seu gosto pelas coisas estranhas.

Julian se iluminou, agarrando o crânio com admiração.

- Obrigado Sr. Priam.

- E você jovem, juro que nunca vi seus rostos por essas bandas?

- Sou Kizzy -foi a única coisa que disse, pois era a única coisa que eu sabia.

- Ela está passando um tempo comigo, sabe aquela mansão é tão solitária as vezes.

Sr. Priam olhou com admiração Penélope e sorriu voltando sua cartola aos cabelos azuis.

- Sabe que sempre é bem vinda ao nosso retiro para as estrelas.

Antes que Penélope lhe respondesse alguma coisa, Sr. Priam virou o olhar para longe, cerrando os olhos, enquanto Úrsula, Adrian e Iolanda se encolhiam para perto da parede, os três exalando um suspiro em uníssono.

Me virei para saber o que lhes tinha chamado atenção e senti minha respiração se prender, enquanto meu sangue parecia congelar nas veias, me obrigando sentir pinicadas nas pontas dos meus dedos. Notei Julian se enroscar em Penélope que apenas desviou os olhos e ficou encarando algo nas velas que pendiam acima de sua cabeça.

Era apenas um grupo de talvez cinco pessoas, eles estavam perto da saída, mas pareciam estar esperando por algo. Ao mesmo tempo em que pareciam iguais, algo em seus rostos eram completamente diferente, mas em seus olhos brilhantes na escuridão era evidente que eles compartilhavam a mesma aura: Crueldade e assombro, em um sorriso que parecia fazer minhas entranhas se contorcerem.

- Grupos do norte -quase saltei para o teto com a voz ao meu lado, olhei para onde Zora estava com olhos grandes -Desculpe, não queria assusta-la.

- O que eles são? -perguntei não conseguido desviar meus olhos de seus rostos perfeitos e ao mesmo tempo assustador.

- Não sei distinguir muito bem essas turmas...mas ali vejo dois ceifadores...uma sombra...e um caído.

Eu sabia exatamente o que cada palavra queria dizer e isso me fez engolir em seco. Os ceifadores eram ocupados de pegar as almas e levaram ao submundo, as sombras eram na verdade ajudantes dos ceifadores, eles matavam e os caídos eram acreditem em mim...anjos expulsos do paraíso, que não tinham uma boa reputação e como não tinham lugares para ir acharam o submundo suas verdadeiras moradas, eles são os guardiões do portão.

Agora nem mesmo me perguntem como sei dessas coisas apenas...sei.

- O que eles fazem aqui? -se perguntou Iolanda retirando a máscara e mostrando um rosto suave e assim como seu porte, elegante.

- Eles podem ir e vir se quiser, se nós não entramos em seus caminhos estamos em paz -sussurrou Sr. Priam como se voltando a si -Bem, apenas devem estar fazendo seus trabalhos.

- Cabuloso -disse Zora meio grogue, então sorriu para mim -Vou me mandar daqui, talvez nos encontraremos novamente Kizzy.

Assenti em silêncio, enquanto Penélope ajeitava os cabelos e passava as mãos nos ombros de um Julian tenso.

- Acho que nossa hora também está chegando, até mais amigos nós vemos daqui alguns dias -então estendeu sua mão para mim -Venha Kizzy, vamos embora estou tremendamente cansada

Acenei para Sr. Priam e os três que pareciam conversar entre si e descemos um pequeno degrau, atravessando toda as cadeiras de veludo.

- Não iremos passar por eles iremos? -perguntou Julian roubando palavras da minha boca, Penélope sorriu para nós.

- Não há o que temer jovens, apenas parecem confiantes.

Mas era impossível parecer confiante quando se passava ao lado dos senhores da morte, eles pareciam emanar uma energia que fazia com que seus olhos fossem para seus rostos vazios. Por isso que quando passei por eles, sem mesmo eu querer lentamente meus olhos foram subindo até seus rostos, a primeira coisa que notei eram seus cheiros singulares... como cinzas e coisas antigas, o próprio perfume da morte.

Eles não olharam para mim, estavam com os olhos perdidos em alguma coisa longe. Eram todos pálidos, usavam capuz que escondiam a maior parte de seus rostos e vestiam roupas escuras, como se perdendo dentro da escuridão da própria tenda. Estava para me virar e correr em direção a Penélope e para o riso abafado de Julian, mas parece que as sombras gostam de me perturbar.

Um deles se virou para mim e eu congelei no meu lugar, era como se seus olhos sugassem e vessem cada pequena coisa que estava na minha alma, bagunçando minha cabeça e refletindo em seus olhos o nada que tinha lá dentro. Apesar do capuz e da pouca luz, as velas conseguia deixar uma brecha, para eu apenas conseguir um vislumbre de seu rosto pálido. Notei que seus olhos eram de um surpreendente tom de verde claro que parecia sugar toda a cor a sua volta, os cabelos escuros caiam de frente a seu rosto, mas mesmo assim era visível e atormentador.

Em seus olhos não havia nada, mas eu sentia como se ele estivesse marcando minha alma. Então se virou novamente, me deixando atônita e um pouco louca. Eu sabia que tinha de sair dali, mas minhas forças pareciam que foram sugadas, só consegui me mexer porque Penélope me arrastou com ela.

Eu tinha de certa forma entrado em seus caminhos....eu sabia como era, nunca encare um senhor da morte, isso lhe leva a perdição.

Eu estaria por fim perdida?


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