Dias Mortos escrita por Misty


Capítulo 30
30: Não lhe sinto aqui, não mais...


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, durma bem
Sem mais lágrimas
Pela manhã, eu estarei aqui

E quando nós dissermos boa noite
Seque seus olhos

Porque nós dissemos boa noite
E não adeus
Nós dissemos boa noite
E não adeus

* Evanescence.



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Nos sentamos em uma das primeiras cadeiras e toda atmosfera tinha um toque tristonho e ao mesmo tempo uma inquietante animação. Olhei para cima, onde poucas velas estavam acesas, junto a estrelas brilhantes parecida ser de cristal que ficava pendurada por finas cordas de seda prateada, se balançando na brisa noturna enquanto o cheiro se incenso e velas enchiam nossos sentidos.

O palco estava ali e completamente vazio, limpo com apenas um piano de cauda negra sendo banhado por uma luz branca. Engoli em seco, enquanto as horas passavam e meu coração parecia inchar, as pessoas iam se juntando, se aglomerando nas cadeiras enquanto Julian se mantinha forte, olhando para frente com os olhos duros e Ravenna parecia um aparição silenciosa ao seu lado.

- Quando isso tudo irá começar? -perguntei sentindo uma dor estranha picar atrás dos meus olhos, eram a dor da perda, eu sabia muito bem. Ilanda sorriu com tristeza, enquanto dava leves batidinhas em minhas mãos.

- Logo.

Foi tudo o que disse, virando seus olhos para frente. Me afundei na cadeira, querendo... desejando que Casper estivesse aqui comigo, sua ausência fria deixava isso tudo ainda pior.

Quando finalmente uma musica sombria começou a ser tocada, Sr. Priam apareceu envolto em sombras, segurando um tipo de pergaminho enquanto seus olhos não demonstravam emoção alguma, mas eu sabia que seu coração estava despedaçado.

- Essa noite algo glorioso está para acontecer! Essa noite estamos prestando homenagem a senhora mais pura e bela que essa cidade teve o prazer de conhecer, Penélope não era uma simples cantora de ópera com voz belíssima, ela era uma pessoa que passou por grandes dores e agora enfim encontrou a paz.

Então tudo pareceu passar muito rápido, cada integrante do circo lia uma poesia e fazia um dança em sua homenagem, tudo parecia me sufocar apertando minha garganta e trazendo emoções pesadas bombardeando meu coração, eu estava a ponto de explodir! E quando sua foto foi mostrada, uma Penélope jovial vestido em um belo vestido verde claro bailando sobre margaridas, eu fui abaixo.

Eu sabia, era minha culpa sua morte...a morte de seu filho! Tudo era simplesmente minha culpa!

Me levantei, correndo o mais rápido possível dali, querendo apenas o ar fresco da noite para limpar meus sentidos. Cheguei a floresta sombria do circo, que agora estava banhado por uma fraca luz da lua e me deixei cair sobre a grama fria, deixando a escuridão e a dor da perda, os sentimentos pesados me consumirem!

Porque todos que eu amo simplesmente se afastavam! Eu era um monstro...

- Lilith -não virei ou me mexi, apenas deixei meus olhos olharam para o nada, enquanto as lagrimas quentes como sangue manchavam meu rosto. Então mãos gentis me puxaram para cima e pude ficar cara a cara com Casper, ele virou a cabeça de lado tentando entender o que havia em meus olhos -O que houve, o que se passa?

- Casper -seu nome soava doce em minha boca, e isso me fez tremer -Porque, todos que eu tento cuidar ou amo simplesmente morrem.

Ele fez uma careta, enquanto deixava seus dedos frios passaram sobre meus braços.

- Do que está falando -então algo se iluminou em seus olhos e ele sorriu com afeto para mim -Se sente culpada pela morte de Penélope?

Assenti um pouco entorpecida.

- Sinto como se isso tudo fosse minha culpa, se eu tivesse lutado...sido mais sádica com Kizzy nada disso teria acontecido.

- Olhe bem -ele segurou meu rosto em suas mãos, me obrigando a encarar o fundo dos seus olhos -Por mais que viva no submundo você é uma pessoa extraordinária, isso a  torna única por ser justa e boa, se fosse uma garota sádica e cruel seria mais um peso comum, não teria nenhum encanto especial -então piscou, sorrindo de maneira cordial -Saiba que muitas pessoas a invejam por isso.

Balancei a cabeça, sentindo um sentimento bom e quente fluir por todo meu corpo, então o abracei, deixando toda as minhas sombras de lado e me entregando apenas a seus braços que parecia ser o melhor lugar para se estar.

- Me desculpe Casper por ter duvidado de você, sei que jamais iria me trair...

- Que bom que agora sabe disso, eu nunca iria lhe fazer mal algum Lilith, você é minha protegida.

Sorri tremendo de acima abaixo, enquanto ele passava levemente seus lábios sobre o meu e por um momento, tudo pareceu ficar bem, então me afastei um pouco, tentando arcar minhas sobrancelhas.

- O que fez com Kizzy?

Ele sorriu, algo macabro e terrível mas que eu não temia, não mais.

- Apenas digo que ela está sofrendo tudo o que você sofreu, talvez em dobro e eternamente.

- Ela está no sanatório! -exclamei em surpresa, ele apenas assentiu com felicidade.

- Sim e isso é um destino pior que a morte.

Assenti não sentindo absolutamente nada por ela, para mim seu sofrimento me fazia sorrir.

- Ela merece, merece muito mais! Ela matou Penélope, a mulher que teve coragem de ajudar uma sem memória meia louca, e agora ela está morta...eu...eu não consigo lidar com isso...

Então novamente a tristeza estava ali, mas Casper limpou minhas lagrimas e me abraçou, forte o suficiente depositando um beijo leve em meus cabelos, e sussurrou algo em meu ouvido, algo que certamente jamais  irei esquecer.

- As pessoas morrem, mas o verdadeiro amor é para sempre.


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