Dias Mortos escrita por Misty


Capítulo 31
31: Eu me sinto imortal


Notas iniciais do capítulo

E eu flutuo longe
Dentro do silêncio
Ultrapasso a dor
E em meus sonhos

Eu me sinto imortal
Eu não estou assustado
Não, eu não estou assustado
Eu me sinto imortal
Quando eu estou lá
Quando eu estou lá

*Tarja Turunen



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390158/chapter/31


Me sentia nervosa, meu estômago se revirava ao pensar que teria de encarar importantes senhores do submundo. Posso dizer que enquanto via mulheres de pele flácida, cantarolando enquanto ajeitava o grande salão oval vermelho escuro, eu sentia como se fosse vomitar a qualquer momento.

Ilanda estava orgulhosa, enquanto me dava sorrisos brilhantes e organizada tudo com a mais bela classe. Nas paredes vermelho sangue, havia fitas de cetim escuras que combinavam com as cores das cortinas de veludo negro, deixando um ar mórbido e mesmo assim belo, enquanto o enorme lustre de cristais banhava todo salão em uma luz prateada, como se estivéssemos abaixo da lua.

Eu queria me esconder, ou ir correr com Ravenna e Julian pelos campos de flores silvestres ao norte, mas uma mulher alta de aparência rígida me pegou pela braço, falando alguma coisa em francês enquanto me arrastava pelos vários quartos de dentro da torres.

– O que está dizendo senhora?-perguntei enquanto parávamos em meu quarto, que era um cômodo grande de papel de parede musgo, com uma janela enorme mostrando o horizonte pintado de laranja.

A mulher bateu palmas, enquanto ajeitava seu incrível chapéu de rendas e penas azuis.

– Sou Chérrister, quando tem algo importante sou sua consultora, pois convenhamos que você não tem um estilo muito bom -fiz uma careta, enquanto ela tampava o grande espelho e sorria batendo as mãos juntas -Então, vamos começar, temos muito trabalho.

Chérrister era uma mulher que antigamente trabalhava com moda, sua vida foi voltada para “ajeitar” as pessoas e isso a levou a morte, quando em um desfile fora cercada por concorrentes, ela apanhou quase até a morte, mas eu estava lá...eu a salvei e ela me agradece até hoje.

Eu não sabia o que iria dizer, tremia enquanto imaginava a melhor forma de fazer um discurso, queria algo que realmente mostrasse que eu estava de volta e ninguém mais iria me tirar do meu lugar.

Mas certamente acabaria gaguejando e esse pensamento não me ajudava em nada.

Me obriguei a relaxar, enquanto aos poucos o sol parecia indo embora, deixando o entardecer dourado banhar o quarto, fechei os olhos sentindo o cheiro de loções refrescantes e quentes passarem sobre mim e me senti melhor, Chérrister sabia quando eu estava me sentindo a beira de explodir.





– Acho que dessa vez consegui me superar -disse para si mesma, enquanto acendia um cigarro e caminhava em direção a janela, ela me lembrava um pouco Penélope. Sorriu me olhando com admiração, acho que meu rosto estava assustado, pois ela riu e bailou até o espelho, retirando o pano claro que o cobria e me mostrando por completo.

Uma verdadeira Lilith, devo afirmar.

Meus olhos foi o que mais me chamou atenção, eram algo cheios de brilho que pareciam como o olhar de um gato, de alguma forma ela conseguiu fazer um coque elegante, o que me deixava um pouco mais séria, com as maças do rosto angulosas e a boca simetricamente perfeita no batom vermelho escuro. Usava um vestido branco, com uma grande abertura nas costas e cheios de rendas trançadas na frente, nada chamativo e mesmo assim uma marca única de quem sou, e claro no pescoço estava ali reluzente meu colar de espinhos em forma de cristais.

Me vendo ali, uma imagem pálida e real, eu sabia que nada poderia contra mim, eu estava mais forte e sabia disso.

– Você não é desse mundo! -disse lhe dando uma piscadela, a mesma ajeitou o vestido de camurça escuro rolando os olhos.

– Mas é claro que não.

Por fim quando Ilanda veio me buscar, o nervosismo tinha dado lugar a uma ansiedade enervante, eu sabia exatamente o que fazer.

Mas quando por fim encarei o que me esperava, senti meus olhos se arregalarem e enquanto minha boca secava e novamente o nervosismo dançava sobre mim.

– Venha querida, sua hora finalmente chegou.

– Acho que sim -foi tudo que consegui dizer, enquanto todos os olhares brilhantes, opacos e completamente vazios se viravam para mim no topo da escada.

Bem, que seja então. Porque apesar de uma parte minha está se contorcendo, eu sorri porque um sentimento bom passava sobre mim, enquanto encarava a todos e via em seus olhos respeito e admiração, eu me sentia imortal.



















Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dias Mortos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.