Dias Mortos escrita por Misty


Capítulo 16
16: Epitáfio


Notas iniciais do capítulo

Não é hora para lamentar
Não é hora para correr e se esconder
Não é hora para entrar em desespero
Não é hora para chorar

*Cradle of Filth


Musica tema: Lilith Immaculate, da mesma banda citada logo acima.



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Não sei o que havia em minha alma, alguns pareciam interessados outros simplesmente me diziam que eu estava envolta em sombras, muitas delas.



Eu sabia, sentia que isso iria ainda me destruir.


– O que houve com você afinal? -pisquei algumas vezes, me lembrando de que não estava sozinha, um caído estava me acompanhando, acho que esperando a hora certa para arrancar o que quer ele esteja procurando em mim.

– O que quer dizer? -perguntei, enquanto a escuridão me fazia sentir estranha. Agradeci, quando chegamos a um lugar milagrosamente iluminado com tochas incrustadas na parede.

– Todos vem para Egerver em busca de algo, você me parece...perdida.

Olhei ao redor em saber o que responder, se eu mentisse ele saberia e também qual a necessidade de mentir. Suspirei enquanto olhava para as paredes de pedra branca, solitárias e mórbidas.

– Estava em um sanatório, Madame Penélope me retirou de lá, ela quer que eu ajude-a na lua azul.

Ele então sorriu, algo quase falso, como se tirando sarro do que havia falado. Isso me irritou.

– Acha mesmo que pode ajudar em algo?

– Não sei -disse olhando dentro dos seus olhos maldosos -Nunca me auto subestimei.

Ele apenas deu de ombros, enquanto encarava todo o lugar com os olhos tediosos.

– Bem, sempre é a hora para novas descobertas.

Caminhei para  uma mesa de mármore, onde dois nomes parecia pular para cima, gritando para serem vistos: Adolf e Carlista Desmund.

Fiz uma careta, voltando minha atenção a Casper, que parecia perdido em seu próprio mundo de sombras.

– Onde está o nome de Felícia?

– Aqui estão apenas seus patriarcas, sua alma fora considerada amaldiçoada -então seus olhos brilharam para mim -Ela está junto a sua irmã.

– Ela tem uma irmã?-perguntei em surpresa, ele assentiu com desinteresse mas com os olhos cheios de malicia.

– Sim, uma garota casta, pura, ingênua e inocente, uma verdadeira pena sua morte.

Cruzei meus braços, sentindo o frio me rodear enquanto ele não parecia sentir pena alguma da garota em si.

– Você não parece triste por sua morte.

– E não estou mesmo, não fui eu quem a matei.

Ele me fez sinal para segui-lo e como não tinha outra alternativa o fiz. Descemos alguns lances de escada, passando por um arco de pedras com inscrições e orações em latim, era arrepiante.

Essa parte do cemitério era desleixada a parcialmente abandonada, os poucos túmulos que ali jaziam, estavam quebrados e sujos. Os salgueiros chorões balançavam fracamente no vento frio, enquanto pareciam sussurrar segredos obscuros e lamentando as almas que parecia para sempre estar fadada a ficar aqui.

O sol tina sumido, dando lugar a nuvens cinzas e grossas de chuva, o tempo parecia compartilhar o clima mórbido que eu estava sentindo.

– Ninguem parece se importar com essa parte -comento chutando a lama com as pontas das minhas botas. A erva daninha subia pelos cantos, parecendo vigiar cada passo nosso e quase me jogando de cara no chão, mas Casper andava com tranquilidade, sem se importar com nada a sua volta.

– Eles temem pisar aqui, essa parte são apenas para almas perdidas -notei que havia um sorriso quebradiço em seus lábios. Engoli em seco enquanto tentava tirar o sentimento pesado e esmagador do meu peito.

Tentei demonstrar respeito, enquanto tentava não pisar nas tumbas um pouco abertas e notei com horror, não nojo, apenas terror os crânios jogados e enterrados no cascalho escuro. Então eu estava de frente a uma lapide escura, com detalhes simples e pétalas de flores brancas já secas, havia tocos de vela ao lado, deixando tudo ainda mais triste. Em relevo escuro, jazia seu nome:

Felícia Desmund

“Dançarina aqui e no outro mundo”

Me agachei, colocando o pergaminho com seu triste poema acima de seu nome. Talvez isso fizesse sua alma saber que não estava inteiramente sozinha, todos ainda se lembravam do seu nome.

– Onde está a lapide da irmã? -perguntei a Casper, enquanto ele deixava os olhos passarem com desdém sobre o cemitério sombrio. Ele apenas fez um gesto com a cabeça, enquanto seus olhos brilhavam com uma animação cruel e o sorriso rasgava seu rosto.

– Acho que irá adorar.

Sua voz se perdia com o vento, e tentei ignorar sua presença o que era quase impossivel, já que sua alma atormentada conseguia me pertubar até os ossos. Caminhei até uma lapide tampada por uma hera verdejante, sem flores, sem velas...apenas com musgo r sujeira. Senti minhas mãos tremerem de leve, enquanto passava as mãos para revelar seu nome se senti meus olho se alargarem, enquanto meus lábios se partiam em um grito de puro terror.

Seu nome parecia dançar na minha frente, clamando para ser lido e gritado:

Kizzy Desmund

“ Pobre garota morta e sem alma”























































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Notas finais do capítulo

As coisas agora começeram a ficar mais claras e interessantes....



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