Give Me Love – Novatos escrita por Giulia Bap


Capítulo 14
Capítulo 13 – Ω – ANTES


Notas iniciais do capítulo

O capítulo é pequeno, então vou postar mais de antes amanhã bem cedo. Espero que gostem. :3



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Sei que não devo. As luzes já se apagaram, o prédio estaria abandonado se não por alguns poucos seguranças que cercam as salas mais importantes. Parece que não há nada de muito interessante no lugar. Não para os outros. São várias salas de teste, desertas em sua maioria. Não se preocupam demais com a entrada para o terraço. Lá, sim, existe algum segredo. Bem protegido por uma escada-armadilha que nunca falha, de segurança débil se formos considerar o fato de que ninguém cerca o local.

Já sei de cor cada intempérie da escada. O local escuro torna-se iluminado pela luz da lua a cada passo. Chego ao topo e sinto o vento bater em meu rosto com violência, trazendo consigo alguns pingos de chuva. Cadeiras e mesa estão cobertas em lona preta, o resto todo está molhado. Levanto o plástico escuro, revelando os móveis claros de ferro. Encima da cadeira onde Conselheiro costuma estar, um molho de chaves douradas, etiquetadas com letras do alfabeto grego. Parecem ser chaves antigas, numa delas, ômega está gravado em alto-relevo com letras vermelhas. Não faz sentido, porém, o brilho que tem a letra, refletindo cada partícula de claridade emitida pelo céu. Logo compreendo que Ω é feito de rubi. Vermelho escarlate. Posso imaginar sangue correndo pelas ranhuras da pedra, esse pensamento verte em calafrios e automaticamente fecho meus dedos por sobre as chaves para espantá-lo.

Arrasto meus pés pelo chão molhado até a estufa. Meus dedos ainda remexem no molho de chaves e eu separo Ω entre indicador e médio. Com algum esforço, as mãos habilidosas retiram-na do chaveiro. Ergo-a até a fechadura da porta de vidro e enfim a abro. Ver todas as cores brilhantes e saturadas por trás do vidro não é mágico como sentir os aromas das flores misturados em um só perfume. Tudo que era um borrão agora toma forma, assim como dois leitos no centro, muito mais pomposos que aquele em que eu estive deitada no primeiro dia nesse edifício. Num deles, flores crescem e se enrolam pela extensão do metal que, por sua vez, está tingido em um verde oliva luxuoso. O outro está enrolado em tirinhas de ouro, pequenas pulserinhas, correntinhas e colares se atrevem a cobrir todo o metal. Ambos os leitos são lindos. Bem, ao menos antes de eu notar, debaixo de um cobertor de verdadeiro musgo, duas mulheres. Sei que não devo. Minhas pernas tremem enquanto caminho até elas, fecho meus olhos. Sei quem é a loira, mas olho só para obter uma dolorosa constatação: sou eu. Uma eu bem mais delicada, frágil, pálida e morta. Laura. Acaricio seu rosto e fecho meus olhos. Eu nunca conseguirei agir como ela. Raciocinando? Com algum tempo para me convencer do melhor? Talvez eu possa ser Laura por alguns minutos. Mas eu já aprendi que tempo para pensar é raro demais, e sob pressão sou apenas eu.

Não consigo entender porque Conselheiro não quis dizer-me onde estava o corpo, mas agora que posso vê-la, em meio ao jardim, gosto do lugar. Recordo-me então da outra muher. Descubro seu corpo estirado, enrolado num elegante vestido branco. Pareceria uma noiva, se não fosse pelo ômega vermelho bordado diversas vezes na barra do cetim. Olho para a chave. É perturbador. Seus cabelos negros se espalham e alguns fios teimosos cobrem os olhos. A pele é extremamente branca, mas algo em seu rosto angelical faz com que eu me lembre de Pocahontas, a garota que eu conhecera há pouco tempo. Sopro os fios que roçam suas pálpebras e saio correndo, fechando a porta novamente e deixando para trás visões tão desorientadoras.


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Notas finais do capítulo

SHOULD'VE SAID NO - TAYLOR SWIFT
http://www.youtube.com/watch?v=-L9uRzuAUxI



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