Give Me Love – Novatos escrita por Giulia Bap


Capítulo 13
Capítulo 12 – Platônico – AGORA


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu fiquei bastante tempo sem postar. Bloqueios criativos são coisas trágicas. Can't deal with it. q
Espero que gostem do capítulo. :3
Ah, e não querendo ser chata, mas quem está lendo e não deixa review... Podem gastar um pouco do tempo de vocês comigo? Digam se está muito clichê, se está romântico demais, se eu estou fugindo demais daquilo que vocês considerariam ideal. Eu quero de verdade saber o que vocês querem ler aqui! >< Seeya!



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Há um motivo especial para Gaia sempre estar esperando por mim, na espreita, sentada naquela cama de casal pouco confortável? Minha conversa com Henry fora interrompida bruscamente por suas palavras suicidas. Eu quero salvá-lo, mas não posso deixar que sua vida se torne minha prioridade. Luto contra isso a cada instante. Assim que seu sorriso, seus olhos, sua falta de bom senso se tornar meu principal objetivo ele estará morto. Sei que meus últimos quatro dias têm girado em torno daqueles cabelos ruivos. E, assim que vejo a pequena anjinha sentada na beirada da cama, me encarando com uma censura desmedida, sinto que coloquei tudo a perder. Cortei o fio de nylon que me prendia ao lado certo da coisa.

“Por que contou para ele?” Ela vai direto ao assunto. Talvez seja melhor. “Porque ele merece saber.” Retruco. Não é uma resposta inteligente. Já sei o que Gaia vai falar. “Humanos que sabem demais morrem.” “Eles morrem todos os dias por não saberem de nada!” Aérea por alguns momentos, e quando eu percebo já estou gritando. “A sua irmã morreu porque um deles soube. Henry provavelmente irá morrer, porque agora sabe. E você, Harriet, não vai morrer antes de enterrar todos os que algum dia já amou.”

Minhas pernas ficam bambas. Gaia não quer me magoar, eu sei. Ela quer me fazer acordar. Seus olhos também estão embaçados em lágrimas, e não hesita em me segurar quando meu corpo se torna débil, os joelhos fracos, os braços inúteis. “O que eu faço?” “Vamos adiantar seus planos por aqui, você vai encontrar os outros cupidos. Isso devia acontecer apenas daqui a alguns meses. Muita gente precisa se apaixonar em NY, mas não você. Deve se afastar do garoto.” Assinto com a cabeça. “Quando?” “Agora.” “Sozinha?” Não sei porque pergunto. Na verdade, nem faz diferença. “Sim, mas terá a quem recorrer.” E desliza um cartão de visitas para minha mão. É cor-de-sangue, com inscrições douradas que evidenciam o nome “Caroline J. Matters” e logo abaixo seu número de telefone seguido de um endereço.

Minha respiração se torna pesada. O.k. Irei embora. Cumprirei minha missão. Era esse o plano desde o começo. Estarei afastada e, com sorte, quando eu voltar, Gaia terá arranjado para mim outra locação, com uma cama mais agradável, vizinhos que eu não ame. Henry não terá mais notícias minhas. Mas agora, quando meu prazo para ser eu mesma – e não Laura – está expirando, preciso sentir que tudo isso não foi uma completa perda de tempo. Livro meu corpo das mãos delicadas de Gaia e abro a porta num estouro. O fim do corredor não é nada longe, mas eu corro até lá e bato na porta de madeira nada maciça, já corroída por cupins, assim como todas as outras no edifício. O ruivo atende e encontra uma exasperada, esbaforida e ridícula eu, com as bochechas queimando por baixo das lágrimas.

Foi tudo tão rápido que me sinto tosca. Até mesmo idiota. Envolvida num amor platônico. Isso não parece coisa de quem sabe o que faz. Até agora não sei o que aconteceu. Não voaram faíscas quando o vi pela primeira vez. Não nos esbarramos. Eu não derrubei nada. Nossos olhos não se encontraram e nossas mãos não se tocaram enquanto nos abaixávamos para recolher os pertences na calçada movimentada da cidade grande. Os mortais acreditam nisso, certo? Meu coração não bateu mais rápido. Mas eu me senti tão confusa. Lembro-me da sensação de ter perdido o chão. É tão idiota essa história de amor à primeira vista. Não, espere, não foi naquele momento. Aquilo foi uma introdução. Foi vontade de conhecê-lo, eu acho. Foi um desconserto, eu tenho o costume errôneo de sentir-me atraída por erros. Henry é um erro. A certeza veio… quando mesmo? Crio uma linha do tempo mentalmente, lembrando-me do desespero que me afligiu com a ideia da morte do garoto. Foi ali. Agora estou no mesmo corredor, e é ele quem está presenciando minha morte. Quem está nascendo agora é Laura. Ela fará as coisas certas.

“O que aconteceu?” Resquícios da pessoa que algum dia Henry já deve ter sido falaram mais alto, seus braços tatuados me envolveram num abraço meio enrolado. Meio errado. Afundei meu rosto em seu peito. Ele traja uma blusa laranja com alguma estampa engraçadinha. Não hesito em encharcá-la. Acho que, nesse momento, ele está se sentindo como meu amigo. Eu o procurei para chorar. Esse não é o tipo de coisa que pessoas normais fariam, nos conhecemos a menos de uma semana. E em menos de uma semana eu já fiz tanta besteira. O pensamento me faz chorar mais. Os dedos dele abrem caminho entre meus cabelos loiros, às vezes repuxando e se deparando com desajeitados nós. Mas eu não ligo. Sentir sua presença. É mais do que eu posso pedir. Em questão de horas, não terei nem mais isso. Ainda não respondi sua pergunta. Estamos lá, na soleira da porta, até nos soltarmos do abraço. Sei que meu rosto está inchado, mas não o escondo. Não importa muito mais. É minha última chance de ser fraca e não receber uma punição por isso.

Entramos no apartamento sem que qualquer um diga qualquer palavra. Não espero por uma despedida teatral, seria otimista demais até para mim. “Preciso que me prometa uma coisa.” Limpo o rosto com as costas das mãos e olho para cima, engolindo o choro e deixando os pensamentos imaturos se esvairem com as lágrimas. “Você está péssima.” Henry ainda não fechou a porta. Encosta-se na parede do pequeno corredor dentro do próprio apartamento, que leva a uma sala ínfima. Faço o mesmo. Sua cabeça baixa, os cabelos ruivos e bagunçados caindo na testa. “Estarei bem quando fizer a promessa.” Assente com a cabeça que, de tão baixa, bate repetidas vezes em seu peito. “Se as coisas ficarem estranhas, vá até ela e diga que foi enviado por Gaia. E não seja estúpido. Gastei minha sanidade te salvando, me recompense mantendo-se vivo.” Coloco o cartão de visitas escarlate em sua mão direita e a fecho. Ele não responde, mas olha em meus olhos. É só o que eu preciso para me sentir aliviada. Eu não estarei o deixando desamparado. Assentimos com a cabeça antes de eu sair e voltar para meu quarto. A “anjinha” já não está lá, mas há um endereço escrito em letras miúdas, encima da cama. Laura se debate dentro de mim. Algo me diz que o destino traçado por Gaia me reserva presentes.

Vingança.

O foco tão desgastado e corroído pela presença de Henry volta à tona e eu posso finalmente pensar com clareza. O farei mesmo que me custe a vida. Já aprendi há muito que anjos são substituíveis.


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Notas finais do capítulo

WAKE ME UP - ED SHEERAN
http://www.youtube.com/watch?v=qC6peZfXdEI