Eu queria mesmo era comentar em cada capítulo, como uma boa leitora faria, mas a vontade de ler o próximo (urgentemente) sempre me faz pular o campo de comentários. Só me recordo da existência dele depois de esgotar todos os capítulos postados e ficar órfã da melhor fic clichê que eu já li. Então eu resolvi fazer um favor à sociedade e recomendar, mesmo antes de saber o final; só pelo início e pelo apego que a gente desenvolve pelos personagens, já vale a pena ler.

Motivo 1: é detalhada sem ser cansativa. O que eu mais amo nas fics clichê é a leveza da narrativa, que costuma ser rápida e sem muitos detalhes, só o suficiente pra constituir o enredo que geralmente é genérico, comum. E essa é diferente exatamente por ter um enredo que parece genérico, mas não pode ser considerado comum. Comum não surpreende, não me deixa curiosa, não coloca a imaginação dos leitores no escuro (e, bem, a gente não enxerga nada no escuro *lol*). Portanto, a narrativa continua leve, mas não abre mão dos detalhes, das características pequenas e significativas que fazem cada personagem, cada cenário ser único; e esses dois pólos se completam.

Isso me leva ao motivo 2: a escrita é maravilhosa. Eu sei que, muitas vezes, enquanto nós escrevemos histórias como essa, que não têm lá Aquela-Estrutura-digna-do-prêmio-jabuti, acabamos nos sentindo meio fúteis e menosprezando nossa própria escrita. Desanima. Você vê aquelas fanfics cheias de palavras difíceis e descrições minuciosas, bate uma vontade de jogar tudo pra cima... e isso é muito injusto. Quando eu chego em casa cansada e preciso de entretenimento, de personagens que me entendam, que me façam rir, chorar (e segurar umas carências), certamente não vou procurar uma super narrativa medieval com lutas de espadas. Eu vou checar se Púrpura & Alcaçuz já foi atualizada, louca da vida com a tensão sexual entre os protagonistas.

E, por fim, motivo 3: eu sempre fui a problematizadora que reclama de como as protagonistas de fic clichê vangloriam as suas próprias qualidades de boas moças e julgam as coleguinhas "vulgares, vagabundas, rodadas", etc. Umas guriazinhas insuportáveis que me faziam parar de ler no segundo capítulo (se eu chegasse muito longe). E, bem, como a Ruby é a boa moça em pessoa, eu logo precisei conter os impulsos de sair correndo. Mas não, ela não é como as outras. Apesar da criação conservadora, a Ruby faz de tudo pra se livrar dessas amarras. Dezenas de conflitos internos, recaídas, medo, inveja, vontade de ser livre e "viver a fase".

Enfim, se você ainda não leu a fic, mas chegou no final dessa recomendação, espero ter conseguido te convencer. E pra autora: pelo amor de deus, não desiste da gente!

Eu me surpreendi tanto com essa história, e eu nem sei exatamente o que foi que me prendeu tanto. Quando eu desci a página do terceiro pro quarto capítulo, eu acho, não desci o suficiente pra ver o botão de "próximo capítulo" e entrei num breve desespero achando que tinha parado ali. Sério. A forma como a Claire muda de humor rápido e dá tiradas nas pessoas sem pensar duas vezes, ela é louca, e ela é diferente de todas as protagonistas que eu já vi. Não é aquele melodrama de "ai, meus pais me enfurnaram num internato e agora eu vou sofrer até um garoto lindo e fumante vir se apaixonar por mim" que eu tô acostumada a ver em histórias sobre "psicopatas", "sociopatas" entre outras doenças sérias usadas erroneamente. Os outros personagens ganhando destaque, o jeito claro e organizado de descrever o ambiente e as hierarquias da coisa sem ficar cansativo. As gírias, os palavrões, tudo usado de forma que fique cômico e não vulgar ou sem sentido. Só elogios pra essa fic, anyway, uma das primeiras que realmente tem chances de fazer alguém rir muito. Hell, acho que escrevi demais. Espero que continue por muito tempo, Death *-*