O aroma que estava tomando conta da cozinha de Annabeth era delicioso. Estava me dando agua na boca e ansioso para experimentar sua comida.

– Ajudante não pode babar na comida. – disse Annabeth divertida e senti sua mão tocar em meu queixo fechando a minha boca que eu nem fazia ideia que estava aberta.

Era por volta das sete horas da noite. Annabeth havia convidado minha mãe e eu para jantarmos em seu apartamento. Minha mãe provavelmente já estava a caminho do apartamento de Annabeth há essa hora.

Quanto a mim, eu estava ajudando Annabeth a fazer o jantar por insistência da minha parte. Mas não se desesperem, só estava ajudando a cortar alguns legumes, arrumar a mesa, nada muito perigoso.

Damon estava no apartamento de Nico junto com ele e Thalia. Annabeth disse que Damon sempre fica lá quando ela esta preparando a comida. Ela gosta de surpreender ele quando cozinha e também assim ela consegue tirar Nico de perto dela que vivia atacando a comida sem ela estar devidamente pronta.

No momento Annabeth havia me pedido para amassar algumas batatas, ela estava as preparando para fazer um purê, enquanto que ela cuidava do molho. Os outros pratos para o jantar já estavam prontos e só faltava o molho e a o purê.

– Desculpa, mas esse cheiro... – inspirei profundamente fechando os olhos com um sorriso no rosto. –... esta delicioso.

– Vamos torcer para que só o cheiro não esteja delicioso. – disse Annabeth divertida. Abri os olhos e a vi me encarando segurando uma colher alto, perto da minha boca. – Abra, experimente e me diga o que acha.

Fiz o que ela pediu e abri a boca. Ela levou a colher em minha boca e eu a fechei. Esperei Annabeth tirar a colher da minha boca, mas ela somente soltou a colher.

Rolei os olhos e tirei eu mesmo a colher e meu Deus. Olhei admirado para Annabeth enquanto sentia o gosto maravilhoso do molho. Eu não era nem um expert na culinária para saber que tipo de ingredientes ela tinha colocado no molho, mas eu podia jurar que tinha um pouco de álcool nele.

– Coloquei um pouco de vinho no molho. – disse Annabeth como se lendo meus pensamentos. – Esta bom? – sorri marotamente deixando a colher em cima da bancada.

– Diga você mesma. – falei me aproximando dela.

Envolvi meus braços na cintura de Annabeth e puxei seu corpo de encontro ao meu, aproveitando e colocando seus lábios aos meus iniciando um beijo, mas infelizmente Annabeth se separou de mim rápido demais.

– Até que esta bom. – falou ela sorrindo e colocou as mãos contra meu peito e me empurrou de leve. – Preciso terminar de fazer o molho e o purê.

– Eles podem esperar um minuto. – falei dando um selinho nela. Minha intenção era de retomarmos o beijo, mas ela me afastou de novo.

– Quando se trata de comida, cada segundo conta. – disse ela seria tirando minhas mãos de sua cintura. – Terminamos o jantar e depois nada precisará ser contado. – ela piscou marotamente para mim antes de se virar e voltar a terminar o molho.

– Hum, então é melhor terminar esse jantar logo. – ouvi ela gargalhar com a minha frase.

Minha mãe chegou poucos minutos depois quando tínhamos terminado de arrumar tudo para o jantar trazendo com sigo uma garrafa de vinho que a mãe de Damon adorou.

Annabeth já havia ligado para Nico avisando que o jantar estava pronto então não demorou muito para ele, Damon e Thalia aparecerem no apartamento.

– Mamãe. – porta do apartamento foi aberta e Damon adentrou entusiasmado. – O tio Nico levou um tiro, mas não se preocupe ele...

Damon parou de falar ao ver que tinha mais alguém na sala comigo e Annabeth. A gente não tinha contado para ele que minha mãe estava aqui e ela não se importou. Minha mãe gosta de fazer surpresas e Damon gosta de surpresas pelo que Annabeth falou. Então tudo estava bem.

– Oi Damon. – cumprimentou minha mãe se levantando do sofá e indo na direção dele.

– Oh. – os olhinhos do garoto se iluminaram. Nico e Thalia adentraram no apartamento e fecharam a porta para se encostarem nela não interrompendo o que acontecia no centro da sala. – Eu te conheço.

– Me conhece? – perguntou minha mãe sorrindo. Dona Sally adora crianças.

– Sim, Sally Bofis. A mulher que esqueve os livros que minha mãe gosta. – respondeu ele sorrindo. – Tem uma foto sua na contacapa do livro. – Fiquei admirado por ele a reconhecer de uma foto no contracapa de um livro.

Minha mãe olhou impressionada para o pequeno garoto que não tirava o sorriso do rosto e depois olhou para Annabeth que tinha um sorriso orgulhoso no rosto. Sally levantou o polegar para cima e assentiu uma vez satisfeita fazendo todos rirem.

– Muito bom trabalho, Annabeth. – elogiou minha mãe e Annabeth a agradeceu com o rosto levemente corado assim como Damon também ficou com o rostinho corado. – Muito mesmo.

– Ah, mais uma coisa, mini-raio. – Damon voltou seus olhos azuis curiosos em minha direção. – Ela também é minha mãe. – falei feliz e os olhinhos dele se arregalaram.

Eu não havia contado para ele quem era minha mãe, muito menos que ela estaria aqui em Nova York, e Annabeth também preferiu não contar.  Sabe, surpresa.

– É verdade? –perguntou ele abismado olhando para minha mãe com a boca aberta.

– Sim e eu posso te abraçar e beijar? – pediu minha mãe. – Estou louca para fazer isso desde que vi você entrar. – confessou ela me fazendo rolar os olhos.

Imagino como seria se eu tivesse um filho. Minha mãe ia mima-lo tanto que o garoto, ou garota, ia preferir morar com ela do que com comigo.

Damon não disse nada, somente pulou nós braços da minha mãe pegando-a de surpresa. Obviamente, depois que o momento de surpresa passou, minha mãe deu um beijo estalado na bochecha do pequeno.

Depois disso Annabeth chamou todos para irem jantar depois que minha mãe, enfim, deixou Damon respirar e cumprimentou Nico e Thalia.

Durante o jantar Nico explicou melhor a historia que Damon estava contando, mas que não terminou, de Nico ter levado um tiro quando entrou no apartamento.

Um maluco idiota drogado, segundo palavras da Thalia que interrompeu Nico em um momento – ela pediu para minha mãe tampar os ouvidos de Damon que estava sentado ao lado dela nesse momento – estava apavorado com o surgimento da policia perto de sua casa que sacou a arma de uma gaveta e apertou o gatilho sem querer.

A bala atravessou o vidro da janela e acertou Nico que caminhava em direção a cena de um crime que tinha acontecido nos fundos da casa do vizinho da frente desse maluco. A sorte do Nico é que a bala passou de raspão no braço dele.

Nico teve sorte, o cara que disparou a arma não teve. Thalia deu uma surra tão grande no cara que ele nunca mais vai querer sair do quarto, ou cela, a ter que correr o “risco” de vida de ver Thalia de novo.

Annabeth disse que, pelo que ouviu minha mãe falar de mim, ou eu seria amigo de Thalia, ou inimigo dela. Estou seriamente focado em ser amigo de Thalia.

O jantar terminou e ficamos conversando por horas afim até que percebemos que já era tarde e como Damon tinha escola logo cedo no outro dia, minha mãe e eu fomos embora com a promessa de voltarmos no dia seguinte para tomar café da manhã com eles e também esse seria o momento que minha mãe se despediria deles.

Ela infelizmente, ou felizmente já que assim meus momentos de constrangimentos reduziriam em 90%, ela teria que ir embora amanhã cedo, no voo das nove.

E no dia seguinte minha mãe se despediu deles. Damon chorou porque minha mãe ia embora, ele tinha gostado de ficar com ela, minha mãe brincou com Damon o tempo todo ontem depois do jantar.

Eu não queria pensar no momento em que eu teria que me despedir deles, o que infelizmente seria inevitável daqui alguns dias.

Duas semanas se passaram e eu ainda estou em Nova York, resolvi passar meus últimos dias de férias aqui – está tão bom aqui que eu não quero ir embora, mas era preciso.

Nessas duas semanas fiz turismo por Nova York tendo como guia Annabeth. Não pense que ela deixou de trabalhar para ser minha “babá”, pelo contrario, enquanto ela me levava para diversos lugares ela estudava ideias para futuros projetos e passava vários minutos ao telefone em vários momentos.

Era divertido ver como ela ficava concentrada e seria quando fazia essas ligações ela usava seu tablete para fazer alguns rascunhos, transformando suas palavras em algo “solido”. Magnifica era sua destreza com o aparelho.

A tarde, quando dava a hora de pegar Damon na escola, fazíamos programas mais tranquilos, ir ao parque, assistir alguns filmes e me acabar de brincar com Damon. Esse garoto é muito energético e tem uma imaginação muito fértil para brincadeiras.

Mas nem tudo foi só turismo, assistir filmes com eles e passeios.

Annabeth, Nico e Thalia me levaram para conhecer alguns bares, pubs, da cidade e eu acabei fazendo alguns amigos que são amigos da Annabeth, Nico e Thalia já que eles convidaram-os para virem junto.

Nesses dias Damon ficava com a mãe de Annabeth, a senhora Atena Chase – que tratava Damon como um neto apesar de saber que ele era seu irmão, cara a família de Annabeth é bem confusa às vezes. Eu a conheci três dias depois que minha mãe foi embora.

Ela tinha um olhar critico sobre mim, mas foi muito simpática e educada com a minha pessoa e eu fiz o meu melhor para ser tão cordial quanto ela.

Thalia me disse que ela é só protetora com Annabeth por algo que aconteceu no passado. Não forcei a barra para saber mais sobre isso porque percebi que era um assunto delicado até para a Thalia, mas algo me diz que tem haver com aquele traste do Luke.

Eu ainda estava registrado no hotel apesar de nos últimos três dias eu ter dormido no apartamento de Annabeth. Não foi algo proposicional, ou talvez tenha sido. Acabou que eu estava saindo tão tarde do apartamento que Annabeth, e Damon também, pedia para eu ficar.

Não sou louco de recusar.

E foi em uma manhã de mais um dia dormindo no apartamento de Annabeth que eu acordei sentindo o peso já familiar de Annabeth em cima do meu peito enquanto meus braços a envolviam protetoramente.

Eu não queria levantar, estava bom demais aqui, mas eu não conseguia voltar a dormir. Olhei para o lado a onde tinha um relógio digital em cima da cabeceira ao lado da cama e vi que já era seis da manhã, logo Annabeth acordaria e decidi que só a hora que ela acordasse eu levantaria da cama enquanto isso aproveitaria o momento de silencio e tranquilidade.

Alguns minutos se passaram e antes que o relógio tocasse senti Annabeth se mexer em meus braços. Seus olhos se abriram lentamente e eu sorri, me encantando com seus olhos que estavam tão claros e límpidos.

– Bom dia. – falei ainda sorrindo.

Annabeth sorriu também e fechou os olhos se aconchegando mais em mim.

– Bom dia. – falou ela com a voz um pouco grogue por ter acabado de acordar. – Acordou faz muito tempo?

– Só alguns minutos. – respondi dando de ombros.

– Que horas são? – sua voz estava tão manhosa que provavelmente ela voltaria a dormir.

– 6:10. – olhei no relógio de novo só para ter certeza.

– Hum... Droga. – resmungou e com um suspiro triste ela se desvencilhou dos meus braços. – Tenho que preparar o café mais cedo. Devia ter colocado o relógio para despertar as seis.

Thalia e Nico viriam aqui para tomar café da manhã e levar Damon na escola. Eles já fizeram isso algumas vezes, mas hoje era um dia especial. Eles iam fazer uma visita na escola de Damon, fazer uma palestra – a escola de Damon adora palestras pelo jeito – sobre cuidados, ou algo assim, não me lembro bem.

Geralmente não seriam detetives que fariam uma palestra assim, mas como Damon – depois que a diretora avisou os alunos sobre uma palestra sobre esse assunto do qual eu não lembro – havia pedido para eles não tiveram como negar. Parece que ninguém resiste a esse garoto.

– Quer uma ajuda? – perguntei vendo ela jogar o lençol no meu rosto que rapidamente eu tirei. Levantei um pouco o tronco apoiando os cotovelos no colchão vendo ela se levantar da cama. – Já provei varias vezes que sou bom subchefe.

– Com certeza. – disse ela caminhando em direção ao banheiro. – Te espero na cozinha.

Deixei meu corpo cair na cama e um resmungo saiu por entre meus lábios ao ouvir a risada de Annabeth. Sua frase foi bem clara que hoje não poderíamos economizar agua, se é que me entendem, mas por hora estava tudo bem.

Depois que Nico e Thalia levassem Damon, Annabeth e eu ficaríamos sozinhos o resto do dia, ela tinha emendado o final de semana – hoje era sexta-feira e infelizmente eu iria embora no Domingo a noite –, tanto para ela quanto para os seus funcionários para compensar um dia que eles trabalharam no final de semana.

Ficaríamos sozinhos pelo menos até a hora de irmos buscar Damon na escola.

Alguns minutos se passaram e ela saiu do banheiro, com rapidez entrei no banheiro ouvindo Annabeth rir mais uma vez. Mas dei de ombros, quanto mais rápido terminasse o que teríamos que fazer, mais cedo poderíamos aproveitar nosso momento a sós.

Eu tinha trazido o básico para fazer minha higiene pessoal e sempre trazia uma muda de roupa extra para o caso de alguma eventual emergência, eu basicamente só dormia no hotel mesmo.

O café da manhã foi divertido, era engraçado ver como Damon estava entusiasmado para ouvir o tio e a irmã falarem na palestra em sua escola e ficou mais engraçado ainda quando Thalia ficou com o rosto vermelho ao ouvir seu irmão lhe dirigir um elogio.

Nico não perdeu a oportunidade e tirou uma com a Thalia por isso. Ainda bem que ele é um detetive que sabe defesa pessoal, Thalia tentou três vezes acertar Nico até que Annabeth interveio antes que eles começassem a destruir seu apartamento inteiro.

A cozinha foi o ringue deles.

Annabeth se sentou no sofá da sala de estar do seu apartamento e respirou fundo enquanto eu me deitava no sofá colocando a cabeça em seu colo. Logo suas mãos foram para o meu cabelo, fazendo uma massagem gostosa.

Fazia alguns minutos que Nico, Thalia e Damon tinham ido para a escola do mini-raio e a poucos segundos Annabeth e eu terminamos de arrumar a bagunça do café da manhã o que não foi pouca, Thalia e Nico realmente fizeram uma bagunça a hora que estavam lutando.

– Hum, isso esta tão bom. – disse eu sorrindo e olhei para Annabeth. Meu sorriso aos poucos sumiu de meu rosto ao ver como ela estava com uma expressão seria.

– E isso vai acabar quando você for embora depois de amanhã a noite. – falou Annabeth olhando para frente sem me encarar, mas eu pude perceber um pouco de tristeza em sua voz.