Um pouco longe de onde os irmãos Pevensie e Caspian estavam. O príncipe da Calormânia andava de um lado pro outro em seu quarto, pensativo, causando tonturas no fiel general e seu amigo mais estimado.

– Por favor, Rabadash, chega. Desse jeito abrirá um buraco no chão. – disse Hallston.

– Não entendo, por que ele me trouxe para este tempo? – perguntou Rabadash, finalmente parando de andar e a paisagem que se podia ver pela janela do quarto em que estavam. Muitas coisas haviam mudado na Calormânia, ainda mais o antigo temor que os calormanos tinham por Tash, que pareceu se esquecido por todos os povos. – Tudo aqui esta diferente, e ele nem sequer se importa que as pessoas não o temam mais.

– Vai ver ele já tem tudo preparado e por isso precisa de você aqui. – falou o general, se levantando da cadeira em que estava sentando e caminhando em direção ao amigo.

– Será que ela ainda esta aqui, Hallston? – perguntou Rabadash, se perdendo no em seus pensamentos e lembranças.

O general sabia de quem o príncipe estava falando. Ela... Aquela que estava no coração do calormano, aquela que é a mais bela dentre todas as moças da Calormânia e Nárnia.

– Creio que sim, meu caro amigo. Aslan não deixaria seus tão estimados reis e rainhas morrerem sem conhecer essa nova era. – respondeu fitando o amigo.

– Não vejo a hora em tê-la em meus braços. – disse Rabadash, saindo do quarto com um sorriso nos lábios.

[...]

Era noite já em Nárnia. Os irmãos e Caspian dormiam profundamente, nenhum deles se preocupou com proteção, já que conseguiram encontrar uma caverna vazia, quente e segura.

Susana se virava de um lado para o outro com o terrível pesadelo que estava tendo. Era o primeiro sonho, depois de tantos anos... ela sonhava com Rabadash. O homem que a atormentou por tanto tempo e ainda a atormenta, mesmo não estando por perto.

No sonho...

– Susana, meu amor. Quanto tempo esperei por esse momento. – dizia ele, passando a mão no rosto manchado de lagrimas de Susana. – Vou fazer dessa a melhor noite de sua vida. – acabando de dizer, envolveu Susana em um beijo feroz e sedento de desejo.

Susana acordou com a respiração acelerada, as imagens do terrível pesadelo que tivera voltara a sua mente. Rabadash a beijando com desejo. Ele dizendo aquelas palavras.

Ela sentiu nojo de si mesma apenas por ter sonhando com Rabadash a beijando. Se levantou e foi para a entrada da caverna, não percendo que Caspian a estava observando durante um tempo e a seguira.

Olhando para o céu, Susana se deixou levar. Pensou em tudo que aconteceu e que provavelmente poderia acontecer, mas não querendo levantar expectativas, pensou na primeira pessoa que lhe veio a mente.

O jovem príncipe telmarino era como um mistério para ela. Ao vê-lo, Susana sentiu borboletas em seu estomago. Ela pensou no nome de seu cavaleiro dos livros... Caspian... Será ele a sua cara metade?

– Aproveitando a noite? – a voz rouca e melodiosa para seus ouvidos a fizeram colocar a mão no coração com o susto que levara. – Desculpe. – disse Caspian, com um leve sorriso nos lábios.

– Não tem problema. – respondeu Susana, deixando um pequeno sorriso de lado sair pelos seus lábios.

– Em que tanto pensava que não percebeu minha presença? – perguntou ele, a encarando carinhosamente.

– Em muitas coisas. – lhe respondeu Susana.

– Será que posso lhe fazer uma pergunta? – perguntou ele.

– Já a fez, mas pode fazer outra. – respondeu ela com um sorriso mais amplo e leve.

– Escreveu sobre Nárnia?

– Sim. Escrevi que meus irmãos e eu vínhamos para uma terra encantada, onde animais podiam falar. Onde todos eram do bem, mas ainda havia as pessoas que era do mal. Meus irmãos e eu junto com um leão chamado Aslan, derrotamos uma feiticeira do mal que se chamava Jadis, ela se intitulava rainha de Nárnia. Depois do mal ir embora, Aslan nos coroou reis e rainhas de Nárnia até que as estrelas caiam do céu. – Susana terminou de falar olhando para as milhares de estrelas no céu escuro.

– É uma linda história de aventura, coragem e lealdade. – comentou Caspian que ouviu tudo quieto.

– Sim, nossa primeira aventura de verdade. – disse Susana, sorrindo para ele.

Caspian ia dizer alguma coisa, mas ficou hipnotizado por aqueles lindos olhos azuis que lhe encaravam, ele não conseguia se mover ou ao menos dizer alguma coisa. Ele apenas ficava admirando a bela mulher ao seu lado.

Susana, ao notar o curioso olhar que Caspian lhe dava corou um pouco, mas sentia a mesma coisa que o príncipe telmarino. Uma coisa que não o que era, mas queria descobrir de qualquer forma.

– Susana. – sussurrou Caspian, pegando a mão da rainha gentil e a trazendo para mais perto dele mesmo, colocou uma mão na cintura fina da Pevensie. – O que é isso que sinto quando te vejo? Conheci-te hoje e não a tiro da mente. Diga-me, por favor. O que se passa comigo?

Susana não soube o que responder, ela tinha as mesmas duvidas de Caspian, por mais que as suas não fossem tão intensas como as do telmarino.

– Caspian... – sussurrou, procurando uma resposta. – Não sei o que isso significa.

– Mas sente-se da mesma forma que eu? – ele perguntou esperançoso.

Ela baixou os olhos para as mãos ainda dadas. O que diria para ele? Sentia-se da mesma forma que o príncipe à sua frente, mas não conseguia dizer. Por quê?