Entre Dois Mundos escrita por Quel


Capítulo 21
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Oie meus amores, tudo bem??

Esse capítulo é dedicado a escritoradesconhecida que tem me dado um apoio muito grande ♥

Boa Leitura



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No dia do resgate, poucas horas antes, Pedro reuniu todos os capitães e soldados na câmara.

— Atenção! Nosso plano sofreu algumas mudanças.

Não eram simples mudanças, era um novo plano mesmo. Restavam apenas algumas horas do horário combinado para a invasão, então todos correram contra o tempo para que tudo saísse certo.

Pedro decidiu ficar na câmara acertando os pequenos detalhes. Ainda estava surpreso com a mudança súbita que lhe ocorrera.

— Com certeza foi Aslan, não é possível que tenha sido apenas algo da minha cabeça. — disse para si mesmo.

Estava estudando perímetro do castelo de Miraz, Caspian que havia desenhado aquela planta.

— Até que o garoto tem jeito pra coisa.

Checou cada canto, cada centímetro em volta do castelo para que não houvesse nenhuma falha.

— Que tudo ocorra de acordo com a sua vontade Aslan.

.....

Rabadash caminhava alegre pelo corredor que dava acesso ao seu quarto, Susana provavelmente estaria lá.

— Minha Doce Susana. — Disse para si mesmo.

 O corredor estava deserto e como já era inicio da noite não tinha muita iluminação já que as velas estavam apagadas.

O tirosc sentiu um pouco mais de frio e isso fez com que apressasse o passo.

— Majestade!

Rabadash quase gritou de susto ao ouvir a voz de um dos soldados.

— O que quer? — perguntou com ignorância, não estava com paciência para conversa.

— Perdoe-me por assustá-lo, meu...

— Não me assustou, seu traste, eu estava distraído, apenas isso.

— É claro, meu senhor. — disse o soldado chegando mais perto de Rabadash. — Vim lhe lembrar da promessa que me fez.

— Promessa? Não lembro da sua cara vou lembrar de promessa que lhe fiz?

— Tem certeza? — Os olhos do soldado ficaram vermelhos como sangue.

— Bruxa!

— Não sabe o nojo que estou por estar possuindo este corpo imundo. — Disse a bruxa caminhando e fazendo com que Rabadash não tivesse outra alternativa além de segui-la. — Nosso combinado era de ajudá-lo a conquistar sua querida esposa e em troca você me ajudaria em minha vingança.

— Veja, este ultimo mês tem sido...

— Um paraíso, imagino.

— Não eram essas as palavras que eu ia dizer.

— Ora, não precisa mentir para mim Rabadash. — disse a bruxa ficando frente a frente com o Tirosc. — Acha que eu não sei que estuprou aquele pobre moça?

— Ela é minha esposa!

— E acha que isso lhe dá o direito de obrigá-la a fazer sexo contigo? — perguntou a Bruxa jogando o calormano contra a parede. — Não sabe como homens iguais a você me enojam. Deveria matá-lo agora mesmo.

— Ela é minha mulher e você não deve se meter no que não é da sua conta.

— Pois vem, cumpra nosso acordo até o amanhecer ou então partes do seu corpo começaram a ser cortadas.

.....

— Estão prontos? — perguntou Pedro.

— Estamos. — respondeu Edmund.

Caspian assentiu.

— Muito bem, vamos.

Os três andavam devagar pela pequena aldeia, não muito longe conseguiam ver o castelo de Miraz.

— Estamos perto, Caspian? — perguntou Edmundo.

— Só mais dois passos.

Caspian tocou a parede de uma das casas próximas ao castelo, tateou até encontrar uma pequena alavanca que ao ser puxada abriu um buraco no centro da rua.

— Tem certeza de que isso é seguro e de que nos levará até a área de serviço? — perguntou Edmundo.

— Não é até a área de serviço, ele nos levará até uma das antigas salas de treinamento e como era usado como rota de fuga deve ser seguro. — respondeu Caspian.

— Nosso problema é se Miraz colocou soldados como vigias na saída deste túnel. — disse Pedro.

— Miraz nunca estudou as plantas antigas então é impossível ele saber dessa entrada e até onde ela leva. — disse Caspian.

— Vamos logo antes que eu perca a coragem de me jogar em um túnel. — disse Edmundo.

— Faça as honras. — disse Pedro.

Edmundo respirou fundo antes de pular no buraco, Pedro foi logo depois e Caspian em seguida.

O buraco era o começo de um grande túnel que dava várias voltas.

Em uma sala de treinamento antiga, mais precisamente na parede do lado esquerdo, um quadro se moveu para o lado no segundo exato em que Edmundo, Pedro e Caspian caíram no chão da sala.

— Estou muito tonto para conseguir levantar. — disse Edmundo ainda deitado.

Pedro e Caspian levantaram cambaleando.

— Vamos logo Ed, temos um tempo a cumprir. — disse Pedro.

Caspian já estava abrindo a porta da sala e espiando o lado de fora.

— Tudo limpo.

Esta sala ficava ao lado do calabouço, separada por uma fina parede.

— Por aqui.

Ele já havia contado aos cunhados que uma das celas dava acesso a uma escada que os levaria ao corredor dos quartos principais

— Incrível como os telmarinos tinham criatividade para passagens secretas. — disse Edmundo enquanto subiam a escada.

— Nesta cela ficaria uma mulher acusada de feitiçaria a qual um dos capitães do exército telmarino estava apaixonado. Então, antes que ela viesse para cá e no período em que este lugar estava em reformas, ele construiu essa escada.

— Ai a mulher poderia subir para seu quarto. Bem pensado. — disse Pedro.

— Quem era o capitão? — perguntou Edmundo.

— Caspian IV.

— Então a mulher é sua tatatarata vó?

— Exatamente. — respondeu Caspian. — Chegamos.

No fim da escada tinha uma porta de madeira.

— Onde vamos sair exatamente? — perguntou Pedro.

— Em um quadro de Caspian IV.

— Faz sentido. — disse Edmundo.

Caspian abriu a porta devagar, atento a qualquer barulho que poderia vim do lado de fora.

Por sorte o corredor estava vazio.

— Estamos com sorte. — disse Edmundo.

— Não comemore antes da hora. — rebateu Pedro. — Vamos achar Susana.

Flashback

15 dias era o tempo em que estava presa e sendo controlada por Rabadash sem sair do quarto.

Susana não conseguia, fora violentada de todas as maneiras possíveis, não tinha forças nem para levantar da cama.

Era assim, Rabadash saia pela manhã para tomar o café da manha, levava uma bandeja com algumas frutas para ela e saia novamente.

Susana não tinha permissão para sair do quarto.

Quando lembrava, o tirosc levava o almoço e a janta para a esposa. Quando lembrava.

Ninguém tinha permissão para entrar naquele quarto além de Rabadash.

E assim estava sendo a vida de Susana. Vida não. Sobrevivência. O que estava acontecendo consigo não era uma vida.

Naquele dia ela estava deitada, como sempre, passava da hora do almoço e seu estomago já estava começando a reclamar.

Não almoçava nem jantava a 3 dias.

De repente, Susana, ela não sabe dizer de onde, reuniu forças e levantou da cama.

“Estranho” pensou.

Sua cabeça não estava doendo e conseguia andar sem sentir fortes dores em sua intimidade.

Fez sua higiene pessoal e tomou um banho, com água fria mesmo. Enquanto massageava a pele branca, Susana teve um acesso de raiva. Pegou uma pequena toalha e começou a esfregar a pele com força, queria retirar qualquer resquício de que Rabadash a tocou. E enquanto sentia sua pele ficar limpa novamente e seu coração começar a ser curado de toda aquela dor grossas lagrimas caiam livres por seu rosto.

 Susana estava voltando a sentir paz.

Aquele banho foi sua purificação.

Da onde tinha tirado coragem para fazer aquilo?

Ela não saberia responder.

Se tivessem lhe dito naquela manha que depois do almoço, após 3 dias sem comer, ela reuniria forças, levantaria da cama, tomaria um banho retirando de sua pele qualquer sinal da presença de Rabadash e que estaria escolhendo um lindo vestido azul e branco, Susana com certeza daria risada.

Rir.

A quanto tempo que não dava uma boa gargalhada?

Ao sair do quarto, sem qualquer medo de quem fosse encontrar, Susana viu uma senhora, esta regava algumas plantas do corredor.

A senhora, ao ver Susana ficou pasma.

— Rainha Susana? — Perguntou assustada, só tinha a visto no dia do casamento. — É uma honra vê-la, precisa de alguma coisa?

— Qual o seu nome? — perguntou Susana.

— Maria, minha senhora. — respondeu a senhora fazendo uma reverencia.

— Por favor, não faça reverencia para mim. — disse Susana segurando nos ombros da doce senhora. — Poderia me levar até a cozinha para que eu possa comer um pouco?

— Não senhora, eu levo para o salão de jantar seu almoço.

— Não, eu gostaria de comer na cozinha. A senhora até poderia me fazer companhia.

Maria ficou sem reação diante de tanta gentileza.

Acompanhou Susana até a cozinha e durante o caminho contou um pouco de sua história para a rainha, trabalhava naquele castelo faria 20 anos e nunca teve filhos, nem fora casada. Contou como sentia falta do único menino que considerava um filho.

— Caspian sempre foi muito educado, sempre me tratou com gentileza mesmo sendo um príncipe. — contava a senhora.

Susana sorriu ao lembrar de Caspian e saber como ele era quando criança.

Quando chegaram a cozinha, Tracy, a cozinha ficou assustada ao ver uma rainha ali.

— Minha senhora, não seria melhor eu levar seu almoço até o salão? — perguntou depois ter feito uma reverencia.

— Prefiro almoçar aqui mesmo, se não for um incomodo. — respondeu Susana sorrindo.

Aquela, definitivamente havia sido a melhor tarde de Susana naquele castelo, conversou muito com Maria e Tracy e ficou sabendo de várias histórias de Caspian quando era pequeno. Ele era muito querido por aquelas senhoras.

— Luta muito para um rapaz tão jovem. — dizia Maria.

— É claro, aprendeu tudo com Tadeu. — disse Tracy.

— Tadeu? — perguntou Susana, curiosa.

— Um dos melhores, se não o melhor espadachim de Telmar. Ensinou tudo o que Caspian sabe. — Respondeu Maria.

— Ele mora por aqui?

— Mora em uma cabana atrás do castelo.

— O almoço estava uma delicia, Tracy. Obrigada pela companhia Maria. — agradeceu Susana. — Voltarei para o quarto.

— Quer companhia, minha senhora? — perguntou Maria.

— Não, não é necessário, obrigada.

Susana saiu rapidamente da cozinha e sem encontrar ninguém saiu do castelo, indo até o campo de treinamento. Tinha poucos soldados ali e nenhum lhe deu atenção e ela não reclamou disso.

Susana procurou o tal de Tadeu e viu um homem que achou ser ele.

Era alto, forte do tipo musculoso, cabelos até os ombros, encaracolados e castanhos claros. Lutava contra um jovem garoto. Susana o observou e viu como ele era bom, não somente na espada, mas também no combate mano a mano.

Susana ficou ali, escondida assistindo a todo o treinamento e quando este acabou ela foi atrás de Tadeu.

— Com licença. — disse chamando atenção do homem.

— Em que posso ajudá-la? — perguntou Tadeu admirado com a beleza da mulher a sua frente.

— Poderia me treinar?

Susana não sabia onde estava se metendo, mas sentiu no coração que para se livrar daquele medo e daquela dor precisava treinar. E como era uma das melhores arqueiras de Nárnia, faria sentindo treinar com a espada.

— Me perdoe se entendi errado, quer que eu a treine? — perguntou Tadeu.

— Pago o que for necessário, mas preciso de treinamento.

Tadeu observou bem Susana, seus olhos demonstravam coragem e um grande sofrimento. Algo em seu coração e mente gritava para que ajudasse aquela mulher.

— Tudo bem, amanha começamos nosso treinamento.

Assim sucedeu o restante daquele mês. Rabadash saia pela manhã e tinha até parado de levar o café da manha de Susana, esta saia depois dele e ia se encontrar com Tadeu e passava o dia com ele, treinando e conversando.

Tadeu sempre a elogiava pois via como ela era empenhada e estava se tornando mestre na espada.

E Susana sentia estar mudando, sentia que estava amadurecendo e depois de 7 dias treinando começou a planejar uma fuga. Depois de 10 dias, contou para Tadeu quem era e o que havia acontecido com ela, o homem logo tratou de ajudá-la em sua fuga.

Flashback OFF

Caspian seguiu pelo corredor, tomando cuidado para não fazer muito barulho. Parou na segunda porta a esquerda, não sabia porque, mas algo o chamava para aquela porta.

— Vai arriscar nessa? — perguntou Edmundo.

Caspian assentiu.

Os dois Pevensie já estavam com a espada em punho caso algum imprevisto acontecesse.

Caspian tocou na maçaneta e devagar a girou e abriu a porta.

Tomou um susto quando viu uma espada em sua garganta e mais surpreso ainda ao ver quem era a pessoa que estava segurando aquela espada.

— Susana?

— Caspian?

A rainha gentil tirou a espada do pescoço do príncipe e o puxou para dentro do quarto, Pedro e Edmundo entraram logo em seguida.

— O que estão fazendo aqui? Tinha noção de eu poderia matá-lo? — dizia ela.

— Espera, Susana, por que estava com essa espada? — perguntou Pedro.

— O que se faz com uma espada, Pedro?

— Esperem vocês aí, não perceberam que faz um mês que não víamos a Susana e ela não via a gente e que não damos nem um único abraço? — disse Edmundo atraindo a atenção de todos.

— Até que ele tem razão. — disse Pedro.

Não deu um segundo para que os 4 estivessem abraçados.

— Senti falta de vocês. — disse Susana.

— Também sentimos. — disse Pedro. — Viemos resgatá-la.

Susana sorriu.

“ Logo hoje que eu iria fugir” pensou risonha.

— Susana. — os quatro viraram para a porta onde estava Tadeu.

— Tadeu. — disse Susana e Caspian ao mesmo tempo.

— Caspian. — exclamou o homem surpreso, logo abraçando o antigo aluno.

— Quanto tempo. — disse o príncipe.

Susana explicou para os irmãos, em poucas palavras que aquele homem era seu treinador e que ele também havia sido treinador de Caspian. Também falou que naquele dia ela estava planejando fugir junto com Tadeu.

— Então, viemos em um ótimo dia. — disse Edmundo.

— Teremos bastante tempo para saber tudo o que Susana tem para nos contar quando chegarmos a caverna em segurança. — disse Pedro. — Agora temos que nos encontrar com os outros.

— Vieram mais? — Perguntou Susana.

— Todos vieram, todos os soldados. — respondeu Edmundo.

Caspian, por um momento, se aproximou de Susana e esta se afastou dele rapidamente, sem ao menos perceber, porém, Caspian percebeu, mas decidiu que perguntaria sobre isso oura hora.

— Temos que sair daqui. — disse Pedro. — Não acredito que pelo corredor seja seguro.

— Vamos pela janela. — disse Susana. — Tem uma pequena varanda e esta não é tão alta, da para descer pelas outras logo abaixo e cairemos perto do campo de treinamento que a essa hora não tem ninguém, correremos até a parede leste que tem uma passagem que da para o calabouço, ali tem uma cela que da acesso a uma das casas da aldeia e assim fugiremos.

— Vejo que já esta com tudo planejado. — disse Edmundo.

— Falei que estava planejando minha fuga.

— Não sabe como fico triste em saber disso, minha querida.

— Rabadash?


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Notas finais do capítulo

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