Eram sete da manhã e todos naquela casa já estavam acordados. Kathleen e Amy estavam em seus quartos enquanto Susan colocava a mesa do café.

Perdida em pensamentos, Kathleen olhava através da janela o sol que se levantava no horizonte e tentava descobrir o porquê daquele ataque repentino a sua mãe. Ela nunca tinha feito nada de ruim para os lobisomens, então porque aquilo?

– Kathleen! – Amy chamou a amiga que estava perdida em seus pensamentos, fazendo a mesma voltar para a realidade – Você tem que se arrumar, a gente tem que estar na casa da Sam daqui a pouco, anda!

– Tá...

Kathleen colocou um short jeans escuro, uma camiseta azul com a frase “Keep Calm and Be a Vampire” e um All Star preto de cano médio. Amy colocou um vestido floral que ia acima do joelho e uma sapatilha branca.

Amy olhou no relógio e viu que já estava quase na hora, então ela e Kathleen desceram para a sala para se despedir de Susan.

– Mãe! Já estamos indo! – Amy disse indo abraçar a mãe e Kathleen também abraçou a mesma.

– Tchau meninas, se cuidem viu?

– Relaxa Dona Susan! A gente vai se cuidar!

Elas foram até a casa de Sam, e, chegando lá, encontraram Sam e Carrie com 10 bolsas enormes de roupa.

– Jesus! Vamos doar roupas para algum país necessitado? – Kathleen comentou ao ver o tamanho e a quantidade das malas das duas.

– Kate, não exagera! Isso é só o básico, ainda tem umas coisas minhas na casa da minha tia.

– Cara, ai tem roupa para um ano todo, e sem repetir! - Amy ainda estava de queixo caído.

– Deixem isso para lá, agora vamos. Meu pai ta esperando a gente no carro!

Elas entraram no carro e o pai de Sam começou a dirigir.

Depois de sete horas de viagem, elas finalmente chegaram naquela cidade fantasmagórica, que agora, estava de cara nova.

Kathleen sentiu uma sensação ruim tomar conta de seu corpo. Ela abriu a porta do carro e saiu devagar. Rosewood tinha mudado muito. As casas estavam mais leves, sem o aspecto assustador de antes, as árvores estavam mais verdes e o céu azul, sem as nuvens escuras que costumavam tapar o sol.

Até mesmo a Floresta Negra tinha mudado. Antes parecia uma floresta daqueles filmes de terror e de suspense, mas agora estava... Bonita, pura. A sensação ruim que Kathleen sentira foi sumindo aos poucos quando viu que a cidade estava incrivelmente bela. Olhando por um ponto de vista diferente, ela até que tinha gostado dali.

– Kathleen! Terra chamando! – Sam chamou a amiga que estava perdida em pensamentos para o mundo real – Vamos entrar!

– Ah, claro! Vamos...

Elas subiram a escadinha da varanda da frente e Sam tocou a campainha. Uma mulher loira de olhos castanhos que aparentava ter uns 40 anos abriu a porta e, ao ver Sam, abriu um largo sorriso no rosto.

– Tia Elisabeth! Quanto tempo!

– Samantha! – A mulher abraçou Sam.

– Tia, essas são Carrie, Amy e Kathleen, as amigas que vieram comigo.

– Olá meninas, sejam bem vindas, eu vou mostrar o quarto onde vocês vão dormir!

Elisabeth foi guiando as meninas até o quarto delas, que ficava no segundo andar da casa. A tia de Sam abriu a porta e nos revelou um lindo quarto. Havia quatro camas, um lindo guarda-roupa, uma estante de livros, uma porta que dava para o banheiro e uma grande janela.

– Vamos arrumar as nossas coisas!

As meninas colocaram as bolsas nas camas e foram desfazer as malas. Kathleen desfazia suas malas vagarosamente, estava pensando em perguntar a alguns moradores antigos ou pesquisar na biblioteca. Desvendar aquele mistério seria mais difícil do que ela imaginava.

Todos os tipos de planos malucos passavam pela sua cabeça. Desde fazer um interrogatório a todos os moradores da cidade a entrar na Floresta Negra. Ela estava realmente determinada a descobrir aquilo.

Kathleen e as meninas mal terminaram de por tudo no guarda-roupa e Sam já ir arrastando-as pela cidade, mas parou quando viu que já era noite.

– Ah não – Samantha disse em um tom desapontado – Já é noite!

– Qual o problema? – Carrie perguntou curiosa – Ainda são só seis horas!

– Aqui é muito perigoso à noite. – Kathleen respondeu.

– Por quê? – Amy perguntou.

– Os lobisomens. – Elisabeth disse surgindo da porta, dando um susto nas garotas. – Aqui é território deles, e, essa hora da noite podem acontecer ataques.

– Não entendo! – Carrir reclamou.

– Venham que eu vou contar uma história para vocês.

Elisabeth conduzia as meninas até a sala para contar-lhes a história. Carrie estava com um pouco de medo e Sam estava arrepiada. Amy apenas encarava, discretamente, Kathleen, que parecia não demonstrar emoção alguma.

– Há muito tempo atrás, onde existe atualmente Rosewood, havia um grande reino chamado Wonder Hill, e nele havia duas famílias rivais: os Wolff e os Van Gould – Kathleen arregalou os olhos. Ela era uma Van Gould.

– Porque a rixa? – Carrie perguntou.

– Os Van Gould feriram sem querer o filho mais novo dos Wolff. Bom, continuando. Os Van Gould moravam no lado norte da cidade em um grande castelo, que existe até hoje, e os Wolff em uma mansão no sul da cidade. Ao norte do rio era o território dos vampiros e, ao sul, dos lobisomens. Todos obedeciam esse decreto. Certo dia, um vampiro invadiu o território dos lobisomens e começou uma guerra, e, nessa guerra, o reino foi destruído e parte da população. Como Rosewood foi construída no território sul, obedecemos ao limite de território até hoje. Fim.

– E a parte norte da cidade? – Kathleen perguntou cheia de dúvidas.

– Ali fica o Monte da Melancolia e o castelo abandonado dos Van Gould.

– Ei meninas, vamos para o porão! Tem uns livros maneiros lá!

– Eu... Eu fiquei com um pouco de sono, vou dar uma cochilada... –Kathleen disse indo para o quarto dormir.

Só que ela não ia dormir. Kathleen pegou uma capa grande e preta em sua mala e vestiu. Ela colocou travesseiros em sua cama e cobriu-os com o cobertor. Com cuidado, saiu pela janela e pulou do telhado direto para o chão, amassando levemente algumas flores.

A noite estava linda. A lua cheia enfeitava o céu e as estrelas ajudavam-na a decorar a imensidão obscura. A rua estava vazia, ninguém se atrevera a sair à noite naquela cidade. Kathleen andava cuidadosamente pela praça, observando a cidade que parecia inofensiva.

Tudo estava calmo, até que ela ouviu um barulho estranho e correu em direção à floresta, que ficava um pouco afastada da cidade.

Com muito cuidado, invadiu floresta adentro. Invadiu o território proibido. Uma sensação de liberdade tomou conta de seu corpo à medida que ela ia entrando ainda mais na floresta.

Vários pensamentos passavam pela sua mente. Era errado e perigoso, mas ela achava que assim conseguiria entender a morte dos pais. Ela não podia estar errada. Instinto de vampiro é instinto de vampiro.

Quando se deu conta, ela havia atravessado totalmente a floresta e chegou a uma mansão abandonada. Certamente era a mansão dos Wolff.

“Entrar ou não entrar?” – Ela pensava enquanto estava parada em frente à casa. Entrou. A casa estava totalmente acaba e abandonada. Kathleen passou o dedo em uma mesa que estava no lugar onde provavelmente era a sala. Áspera e quente, como se algo tivesse tocado-a recentemente.

Ela subiu as escadas de madeira podre, à medida que ela ia subindo a madeira ia fazendo um barulho irritante. Chegou a o que deveria ser um quarto e pegou um livro que estava em cima de uma cama quebrada.

O nome do livro era “Van Gould e Wolff – A verdadeira história”. Seus olhos brilhavam. Esse livro poderia servir para sua busca. Ela pegou o livro e colocou por debaixo da capa, o escondendo.

– Garota, nunca te ensinaram que é feio pegar as coisas dos outros sem pedir? – Uma voz disse por trás dela.

Kathleen paralisou. Seu coração batia descompensado e sua respiração estava ofegante. Ela estava arrepiada e tremia de medo do que estava por vir. Ela se virou lentamente para ver quem era o dono da voz, seus olhos se arregalaram quando viu. Ela não estava acreditando.