– Tem certeza de que elas estão nesse corredor? – Kathleen perguntou a Jack.

Os dois estavam vagando pelos corredores sombrios de uma das torres do castelo dos Sanguinários a procura de Carrie, Ella, Amy e Sam. Jack contou a Kathleen que havia visto as garotas naquela cela antes de ser pego, e, como era muito improvável que elas estivessem em outra cela, os dois foram até lá.

– Absoluta. – Sorriu. – Não confia em mim?

– Mas é claro que confio em você. – Sorriu fraco. - Só estou um pouco receosa com isso... – A possibilidade de suas amigas estarem mortas não saia de sua cabeça. Jack colocou uma mecha do cabelo de Kathleen atrás da orelha e segurou o queixo dela com uma das mãos, se aproximando da garota e pousando um beijo em seus lábios.

– Eu estou aqui. – Disse quando se separou de Kathleen. - Sempre estarei aqui. Não há nada a temer.

Com isso, Kathleen se sentiu melhor para continuar. Ela ainda estava preocupada com as amigas, claro, mas com Jack tudo ficava mais leve. Ele conseguia fazer com que ela se sentisse segura nos lugares mais perigosos. Conseguia fazer com que sua mente esvaziasse e ela ficasse incrivelmente calma. Ele conseguia fazer com que ela se sentisse especial.

O casal continuou caminhando pelo corredor, até que ouviram sons vindos de uma cela no final do corredor e correram até lá. Não tinha como ver nada lá dentro, então Kathleen chamou pelas amigas.

– Carrie! Sam! Amy! Ella! – Kathleen chamou, com a respiração acelerada e batendo os punhos na porta emperrada de madeira podre.

– Kate! – Uma voz feminina respondeu através da porta. Era Amy, com toda certeza. – Nos ajude a sair daqui!

Kathleen olhou de relance para Jack, que entendeu o que a jovem quis dizer, então se afastou um pouco e arrombou a porta com toda a força. A porta caiu dura no chão e as garotas foram abraçar Kathleen, com exceção de Ella, que foi abraçar o irmão.

– Meninas, vocês estão bem? – Kathleen perguntou as garotas quando elas se separam do abraço.

– Um pouco. – Carrie respondeu.

– Eles as torturaram ou algo parecido? – Jack perguntou.

– Não, só nos prenderam aqui e saíram. – Ella respondeu.

– Olhe, eu tenho um plano para acabar com os Sanguinários. – O rosto das garotas se iluminou e Kathleen sorriu. – É o seguinte:

Kathleen contou as garotas o plano que ela e Grace haviam planejado e elas ouviram com atenção, anotando mentalmente cada detalhe. Depois de ouvir todo o plano, as meninas aceitaram participar e se separaram, indo a um canto do castelo cada uma. Carrie e Ella foram procurar os quartos, Sam a biblioteca, Amy foi ao calabouço, e Jack foi com Kathleen até o andar principal, onde a maior parte dos Sanguinários ficava.

–♥-

Ella adentrou um dos quartos que estava com a porta destrancada e começou a procurar por um espelho. O quarto era simples, porém elegante e digno de uma princesa. Havia uma linda cama toda arrumada com colchas grossas e cor-de-rosa, um guarda-roupa branco com desenhos de flores, uma penteadeira com itens de beleza e um espelho perto da cama. Pegou um pedaço de madeira que achou em um dos corredores do palácio e acertou o espelho, fazendo o mesmo partir em mil pedacinhos. Pegou uma cesta que estava em um dos cantos do quarto e colocou os estilhaços ali, depois pegou um rolo de barbante que estava na penteadeira e colocou na cesta junto aos pedaços de espelho.

Depois que colocou tudo na cesta, saiu do quarto e foi em direção aos corredores, prendendo os pedaços de espelho nas paredes do castelo de modo que todos refletissem qualquer luz.

–♥-

A biblioteca era incrivelmente apaixonante. Ainda mais para Sam, que tinha uma paixão por livros desde que aprendeu a ler. As enormes estantes se estendiam até o teto, onde havia uma cobertura de vidro desenhado que deixava que o sol entrasse ali, se não tivesse a cortina. Luz do sol. Isso fez com que Sam sorrisse de orelha a orelha. Um sorriso tão lindo que chegava a ser ofuscante.

Sam analisou a cortina. Era só puxar uma simples corda que o pano se afastaria, deixando a luz do sol inundar toda a sala.

Em cima de uma mesinha com vários livros, havia um espelho redondo que estava incrivelmente limpo, sem poeira e nem manchas de dedo. Sam caminhou até a mesinha, pegou o espelho e posicionou exatamente abaixo do vidro, de modo que a luz refletisse nele e, se a porta estivesse aberta, refletisse por todo o corredor.

Estava tudo dando certo conforme o planejado. Não tinha como falhar.

–♥-

Carrie e Amy haviam se encontrado em um dos corredores e começaram a percorrer os corredores do castelo, instalando espelhos em cada canto deles. Depois que já haviam colocado todos os pedaços de espelho que tinham nas paredes do castelo, elas foram para biblioteca e encontraram Samantha sentada em uma cadeira encarando o espelho.

– Pronto? – Sam perguntou se levantando da cadeira.

– Sim. Ella já instalou lá em cima, e Jack e Kate também já arrumaram tudo. Agora só falta puxar a cortina. – Amy respondeu.

– Quando saberemos que é à hora?

– Kathleen irá enviar um reflexo que irá acabar aqui. – Carrie respondeu.

Sam assentiu e as três se sentaram em uma das mesas, esperando a hora certa.

–♥-

– Kathleen, relaxa! Vai dar tudo certo. – Jack tentou acalmar Kathleen com palavras suaves e carinhos. Os dois estavam na porta da sala principal prontos para entrar, mas a garota estava extremamente nervosa e tremia um pouco. Os olhos arregalados encaravam a porta de madeira escura, tentando criar coragem para girar a maçaneta e adentrar a sala.

– E se não der? – Disse, sem desviar os olhos da porta.

– Não podemos ser pessimistas. – Ele sorriu. – Tudo vai dar certo, não tem como dar errado.

Kathleen se acalmou um pouco e abriu as duas portas, adentrando a sala onde apenas Octavio estava. Kathleen não recuou. Cerrou os punhos, se preparando para o que der e vier, e se aproximou das pessoas, ficando a uma distância segura delas.

Jack ficou um pouco surpreso, mas, assim como Kathleen, não recuou. Ele precisava defendê-la, ela não sabia do que aquele pessoal era capaz. Para falar a verdade, nem ele mesmo sabia, por mais que tivesse sofrido na mão daqueles crápulas. Ele sabia que Kathleen era forte e podia fazer isso, mas só de pensar em alguém maltratando sua vampira uma enorme sensação de proteção percorria seu corpo, e ele se sentia no dever de protegê-la.

– Vejo que fez a escolha certa, Van Gould. – Octavio disse, batendo palmas em um tom baixo e sorrindo. – Se entregar é sempre o certo.

– Eu não vim para me entregar. –Kathleen afirmou, com uma pequena lanterna na mão apontando para o final do corredor, onde se encontrava um espelho. Octavio não viu a lanterna e apenas levantou-se do trono. – Vim para acabar com você.

– Como? – Respondeu dando uma gargalhada. Aquela garoa achava mesmo que poderia contra ele?

Kathleen apertou o botãozinho da lanterna, ligando a luz e refletindo no espelho, que transmitiu os raios da luz por todo o castelo. Deu um sorriso sarcástico e inclinou a cabeça.

– A pergunta é como você vai acabar comigo. Será mais difícil do que imagina. Quais são suas últimas palavras?

Jack riu internamente pela coragem de Kathleen. Ela sabia como se proteger.

Octavio ajeitou a postura e o sorriso que havia em seu rosto morreu. Mas ele sabia o que fazer. Com aquilo, a garota iria se entregar sem pestanejar. Era o plano improvisado perfeito.

– Henry, Elliot, Joseph – O homem chamou através de um interfone qualquer na parede. – Tragam-na.

Kathleen congelou. Quem seria ela? Algum método para acabar de vez com ela?

Não demorou muito para que eles chegassem com a tal pessoa que Octavio pediu para que eles trouxessem. Kathleen arregalou os olhos e sentiu sua respiração acelerar quando viu quem era. A capa vermelha, a cesta nas mãos, o cabelo castanho escuro ondulado e os cílios gigantescos não mentiam.

– Grace?