Os seis adolescentes estavam no lago, pensando em onde Damon poderia estar. Na verdade, apenas as meninas. Jack não gostava de Damon por ele ter tentado conquistar Kathleen.

– Como vamos achar o Damon? – Sam perguntou.

– Alguém tem que ir na floresta atrás dele! – Exclamou Ella.

– Meninas, por favor! Vocês não tão pensando em se meter na floresta atrás dele, estão? – Disse Amy e logo depois um silêncio tomou conta do local e os olhares se voltaram para Kathleen e Jack.

– Vocês dois podem ir até lá procurar o Damon! – Disse Carrie.

– Claro que não! – Kathleen disse. – A gente não pode entrar nessa floresta do mal pra ir procurar o Damon!

– Amiga, não custa nada! E deve ser só umas seis da noite, ainda não é perigoso!

– Pois é, nem é perigoso! – Começou Jack. - Vamos tirar o fato de que podemos ser atacados e mortos e então não será perigoso!

– Por favor! – Sam fez uma carinha meiga e fofa, já estava quase implorando a Kathleen. Damon realmente encantou as meninas de um jeito bizarro.

– Certo, nós vamos. – Kathleen cedeu à carinha fofa e meiga de Sam.

– Vamos?

– É, mas a gente não vai rodar a floresta inteira, só aqui perto, ok?

– Tá... – Amy revirou os olhos.

– Vamos, Jack.

Os dois seguiram pela floresta obscura na procura de Damon. À medida que iam caminhando, a escuridão e o perigo tomavam conta da floresta, tudo ia ficando mais denso e fechado, a lua cheia voltou a brilhar e as nuvens se afastaram. Algumas estrelas se atreviam a mostrar seu brilho intenso, outras apenas se escondiam atrás das nuvens trevosas.

Um vento gelado e medonho atravessava a floresta, fazendo as folhas das árvores balançarem e a capa de Kathleen voar e o cabelo da mesma esvoaçar. Os dois chegaram a uma parte mais densa da floresta, com grandes rochas, galhos caídos e árvores marcadas de um jeito estranho.

– Jack! Olhe essas árvores...

– Que marcas são essas?

– Não sei. Parecem com... Manchas de sangue.

– Sanguinários.

– O que?

– É um grupo de vampiros violentos que atacam humanos e outros vampiros pela floresta. São vampiros... Como posso dizer? De uma classe diferente da de você e suas amigas.

– Como assim?

– Eles morrem a um mínimo contato com o sol, enquanto vocês podem ficar por um determinado tempo. Eles necessitam de sangue humano para viver, enquanto vocês podem viver de sangue animal. E o mais importante, eles trabalharam para os lobisomens.

Kathleen passou de garota destemida e corajosa para garota amedrontada em segundos. Seus olhos estavam arregalados e sua pele arrepiada, pelo susto. Sua mente tentava processar os milhares e pensamentos que vieram quando Jack pronunciou a última frase. Eles trabalham para os lobisomens. Isso quer dizer que existem vampiros atrás dela, sanguinários que querem lhe ver morta, pessoas que podem se fingir de amigas e logo depois lhe atacar.

– Kathleen, você tá bem? – Jack levantou o queixo de Kathleen, que estava com a cabeça baixa. – Não fica assim. Eu estou aqui. O que pode acontecer?

“Ataques. Mortes. Sanguinários.” Pensou Kathleen. A confiança e a coragem do rapaz lhe deram um arrepio. Como ele podia ser tão confiante assim? Será que ele nunca pensou que pode ser atacado e morto pelos lobisomens?

– Você não tem medo deles? – O rapaz abaixou a cabeça por uns segundos.

– É uma longa história, você nunca entenderia. – Ele levantou a cabeça. – Vamos voltar para o lago, não é seguro você ficar aqui.

As nuvens escuras desapareceram do céu, exibindo a formosa e bela lua cheia daquela noite. As estrelas voltaram a brilhar intensamente e em grande quantidade.

– É claro que eu entenderia! É só você me contar.

– Kathleen, isso faz parte do meu passado. O passado sombrio do qual eu jurei nunca mais falar. Por favor, Kathleen, não me peça isso. – Ela o olhou com aquele olhar simples, mas que queria fazer milhares de perguntas e não aceitaria um não como resposta.

No fundo, Jack sabia que se envolver com Kathleen era errado. Ele sabia que ela fazia parte do passado dele, que ela lhe fazia lembrar seu passado macabro, que ela era problema na certa. Jack tinha que se manter longe dela, mas ele não conseguia. Aquela garota era como uma droga para ele.

– Acho melhor voltarmos para o lago. – Kathleen disse, tirando Jack de seus pensamentos. – O Damon não está aqui.

– Claro.

Um grito agudo e amedrontado ecoou pela floresta, o que fez com que Jack e Kathleen parassem.

– Ouviu isso?

– Infelizmente. Vamos voltar a caminhar, não pode ser nada demais.

– Pode ter sido uma das meninas!

– O grito veio de lá – Ele apontou para a parte mais alta da floresta, a mesma para onde Damon levou Kathleen. – Não tem possibilidade nenhuma de ter sido uma das garotas!

– Tá.

Os dois continuaram caminhando normalmente na tentativa de chegar ao lago, que, por sinal, não deu certo. Todo o caminho que eles tentavam resultava em uma parte mais densa e escura da floresta. Aquela floresta estava se tornando um labirinto mortal, com os sanguinários provavelmente a solta. Estava quase impossível chegar ao lago.

– Isso não tá dando certo... – Kathleen disse. – Tem certeza que sabe o caminho para o lago?

– Absoluta. Eu voltei para lá uma vez e posso voltar novamente. O problema é que... – Ele pensou um pouco. – Andamos tanto a procura do Damon que podemos ter saído do nosso caminho.

– Quer dizer que estamos perdidos? – Disse Kathleen em um tom mais alto, um tanto assustado.

– Er... Talvez. – Kathleen arregalou os olhos, abaixou a cabeça, escondendo o rosto nas mãos, e se escorou em uma árvore.

– Ei, não fica assim! – Ele se aproximou da garota e levantou o queixo da mesma com uma das mãos. Ela deu um sorriso leve. – Vai dar tudo certo. Agora, vamos voltar a caminhar?

– Claro...

Eles voltaram a caminhar novamente tentando achar o caminho de volta para o lago, o que era quase impossível. Kathleen tropeçou em um galho caído e quase caiu no chão, mas, por sorte, Jack a segurou.

Os dois estavam muito próximos e conscientes do que iria acontecer ali. Jack estava hipnotizado por aqueles brilhantes olhos vermelhos e o aroma dela algo com cheiro de rosas, também não ajudava em seu auto controle.

–Sabe, sempre achei seus olhos muito bonitos... – Ele disse indo afagar suas bochechas.

– Imagina, são tão estranhos...

– O brilho que vem deles não é nada estranho...

O coração de Kathleen disparou com esse comentário e também porque ele colocou uma das mãos em sua cintura. Ele foi se aproximando devagar, meio que pedindo permissão. Ela não ofereceu nenhuma resistência, então ele levou seus lábios aos lábios rosados dela, formando um beijo calmo e apaixonado que foi ficando cada vez mais intenso.

Vários pensamentos passavam pela cabeça de Jack. Mas o que ele estava fazendo? E o juramento que ele havia feito para si mesmo a respeito de não se envolver com seu passado novamente? Esqueceu. Aquela garota lhe fazia esquecer tudo o que ele tinha jurado para si mesmo, o fazia esquecer seu passado macabro. Kathleen era problema na certa para ele. Ele estava se colocando em perigo e a colocando junto.

Kathleen também estava com a mente conturbada. Ela podia sentir que ele era problema, que ele era perigoso, que aquilo era errado, mas parecia tão certo e inocente. Ela havia ido para Rosewood com o objetivo de conseguir respostas sobre seus pais, não para namorar o filho de uma bruxa velha e gorda. O que estava acontecendo com ela afinal? Aquele garoto mexia com ela de um jeito perigoso.

Ela colocou as mãos na nuca do rapaz e ele colocou as duas mãos em sua cintura, puxando-a para mais perto de si. Não demorou muito e tiveram que se separaram para buscar ar. 

– Kathleen, me desculpa, eu...

– Jack! – Ela o interrompeu colocando um dedo em frente aos lábios do garoto. - Não precisa se desculpar. Não aconteceu nada de ruim aqui... – Sorriu e ele sorriu de volta. Ele segurou o queixo da garota e pousou um beijo suave em seus lábios.

Logo depois o casal voltou a caminhar, por algum motivo, Kathleen tinha certeza do caminho ao lago e decidiu arriscar.

– Olha só o que temos aqui. O problemático Jack Jones e a Van Gould. – Uma voz disse em alto e bom tom atrás de Jack e Kathleen. Os dois se viraram com cuidado e conseguiram ver o que era.

Eles voltaram.