301 escrita por blackwaffle


Capítulo 14
Ressurgimento


Notas iniciais do capítulo

Mais coisas sobre a ilha e o jogo são descobertas e a aparição de um estranho esclarecerá o que estava provocando dúvidas.



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Completamente perdido, apenas correndo em direção ao caminho que eu havia tomado, Guilherme estava mais nervoso que qualquer um de nós desde o dia em que nos conhecemos. Parece que algo o incomodava desde o início, mas eu não sabia ao certo o que era, e muito provavelmente ele também.

Ainda era madrugada, faltando algumas míseras horas para realmente amanhecer. Eu estava cansada e me apoiando em árvores, mas estava perto do meu objetivo: Chegar ao farol que Joanna mencionou, o que me incentivava a continuar. Foi aí que percebi que meu desejo de liberdade falava mais alto que qualquer descanso ou prazer momentâneo.

Depois de finalmente ceder e realmente descansar na árvore mais próxima, antes mesmo de me abaixar, Guilherme se esbarrava em mim, correndo e evidentemente desesperado.

"Quem está aí? Matheus?!", perguntava eu, aumentando meu nervosismo.

"Luiza, é você?! Por favor, diga-me que sim", me segurando forte, Guilherme parecia que tinha algo para me contar.

"S-Sim, sou eu, mas o que houve?", eu questionava como se fosse uma mãe preocupada com o filho. Uma mãe tendo seus ombros apertados pelo seu filho, exatamente.

"Matheus e Bruno, eles estão loucos! E-Eles mataram--", alertava Guilherme, totalmente sem fôlego e suado, e eu completava: "Arthur?!".

"Sim, eles acham que você saiu por desconfiar 'da gente' e que estava tentando procurar uma maneira de sair ou de saber o que está acontecendo sozinha. Eles acham que o tal jogo citado é de sobrevivência e estão forçando o caso", explicava Guilherme, um pouco mais descansado que antes.

"Eles não sabem exatamente o que é. Podem se arrepender profundamente do que fizeram", lamentava eu, um pouco estremecida pelo que fizeram, já que Arthur era o que mais parecia tentar melhorar as relações do grupo.

"Bom, não temos nada a perder a não ser nós mesmos, o que é ruim. Mas que bom que você está viva, eu senti que sim", Guilherme parecia estar muito feliz em me ver.

Depois de muita conversa, ouvimos os arbustos se mexerem de uma forma estranha e logo nos escondemos sem fazer muito barulho. Esperávamos a aparição de alguma coisa, até que vimos a misteriosa Joanna saindo de lá, um pouco suja.

"Joanna, você novamente!", eu parecia estar finalmente alegre e satisfeita depois de tudo o que aconteceu. "Espera, essa aí é Joanna?!", perguntava Guilherme enquanto saía do arbusto, totalmente surpreso. "Sim, esta sou eu. Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês. É verdade, é verdade essa história sobre Matheus e Bruno, eles mataram Arthur e pretendem matar vocês dois também", avisava Joanna, um pouco preocupada, mas sem deixar seu tom calmo de falar.

"Espera, Guilherme pode te ver?! Achei que você fosse uma alucinação", eu parecia agora mais nervosa que Guilherme minutos atrás. Enquanto eu perguntava, Guilherme ficava cada vez mais confuso até Joanna decidir responder o que tanto queria saber: "Eu estive viva esse tempo todo. Os avisos da minha morte foi porque achavam que eu tinha morrido, uma vez que me fingi de morta. Aproveitei esse aviso de morte pra me distanciar de vocês, queria trabalhar um pouco sozinha para evitar qualquer outra preocupação. Parece que deu certo, tem gente querendo matar vocês dois enquanto mal sabem da minha existência", explicava e brincava Joanna.

"Mas como assim? Você fala de outras pessoas, mas quem são eles?", eu perguntava.

"Não sei exatamente quem são, mas sei que são muitos. No que devia ser o primeiro encontro de todos, no início de tudo, a caminho dele descobri um caminho diferente que parecia ir em direção a algo completamente diferente. Demorei algumas horas para chegar e vi muita gente dentro de uma sala conversando. Pessoas que nunca cheguei a ver na prisão, vozes que eu não era acostumada a ouvir. Eu estava escondida, mas fui amadora no esconderijo. Estava no meio de galhos e um infelizmente quebrou quando me apoiava. Corri sem rumo algum, desesperada, e quando olhei para trás já estavam correndo atrás de mim, mas foi aí que caí e desci colina abaixo. Bati com a cabeça em algumas rochas, o que me deixou com essas cicatrizes e deixei um leve rastro de sangue--", contava a ruiva, ainda muito calma, parecia estar cansada.

"Deixa eu ver se entendi: Eles nos avisaram de sua morte e nos incentivaram a te procurar para...", respondia Guilherme enquanto eu completava: "...que pudéssemos procurar seu corpo por eles". "Sim, exatamente isso! Como eu estava desmaiada por um bom tempo e muito abaixo deles, seria um grande azar ser encontrada. Por sorte nenhum de vocês me encontrou, ou então já estaria morta", dizia Joanna, aliviada.

Enquanto estava amanhecendo, aproveitamos o tempo para descansar enquanto conversávamos sobre tudo que aconteceu. Joanna sabia de todos os acontecimentos, menos da morte de Rebeca. Ela também contou que viu o assassinato de Arthur e viu o corpo de Luciano, também contou que provocava algumas vozes como forma de aviso.

"Não quero ser chato e mudar de assunto tão de repente, mas... Já passaram pela cabeça de vocês que estamos sendo assistidos?", perguntava Guilherme e ele era imediatamente respondido por Joanna: "Sim, e pode ser verdade. Tem muita coisa estranha, mas tenho certeza que já saímos de vista. Fugimos para muito longe". "Acham que não vão nos buscar ou algo parecido?", perguntava eu, mas logo eu mesma me respondia, negando essa possibilidade. Eu percebi os acontecimentos estranhos e me dei conta de que algumas partes da ilha são monitoradas e Rebeca foi vítima não de um acidente, mas sim de uma provocação. Tentaram nos matar todos de uma vez, provavelmente. Joanna e Guilherme também passaram a pensar mais sobre isso e chegamos a essa conclusão.

"Sabe Joanna, você lembra muito minha irmã gêmea. Ela é mais baixinha e um doce...", eu parecia estar mais envergonhada que a própria Joanna. "Família, nem me fale nisso, são lembranças dolorosas...", lamentava Guilherme. "Acho que te compreendo, Guilherme. Na verdade eu mal sei o que é uma família", respondia Joanna.

Não sou uma pessoa insistente, ainda mais quando o assunto é lembranças dolorosas, logo não perguntei e nem demonstrei interesse, apenas tive uma expressão triste ao ouvi-los lamentando. Ninguém precisou insistir, mas Joanna respondeu: "Fui abandonada ainda muito criança. Eu tenho esquizofrenia". "Isso é um assunto muito sério, Joanna, você poderia ter feito algo a respeito, buscar seus direitos", avisava Guilherme e logo era respondido pela ruiva: "'Loucos' não possuem direitos, eles são indigentes. Eu sou indigente, meu nível está muito mais abaixo", lamentava Joanna, e logo a mesma completava: "Já é de manhã".

Nos levantamos e, um pouco descansados, seguimos em frente e Guilherme fazia questão de fazer a linha de frente. Enquanto andávamos, olhávamos para todos os lados e Guilherme finalmente avistou um farol abandonado, um pouco preto e cheio de ferrugens. Guilherme nos avisa e, empolgados, íamos em direção ao farol, mas mais adiante não havia mais floresta e sim um gramado seco. "Parece que a floresta acaba aqui e o resto do caminho ao farol é só essa simples grama", eu comentava o que era meio óbvio.

"Melhor não sairmos da floresta agora. Vamos ficar aqui, no final, esperando", Joanna sugeria. "Por quê?", eu perguntava, e Guilherme respondia enquanto apontava: "Ali, consegue ver?". Guilherme apontava para a entrada do farol, e nela tinha Matheus e Bruno conversando tranquilamente. Parece que eles conseguiram uma nova moradia e tiveram um lugar pra passar a noite. Os dois entram enquanto eu, Guilherme e Joanna esperávamos pacientemente notícias ou saírem do local.

Enquanto isso...

"Só conseguimos acesso à entrada. Precisamos vasculhar isso melhor", sugeria Bruno a Matheus. Sem pensar muito, Bruno e Matheus arrombam uma porta que dava acesso a um tipo de corredor repleto de outras portas. "Tudo aqui é muito velho, fica fácil passar por essas portas", comentava Matheus. Matheus e Bruno escolhem lados diferentes do corredor e começam a pesquisar. Matheus descobre uma cozinha velha apenas com panelas corroídas e talheres enferrujados enquanto Bruno descobre as outras salas, cheias de documentos e papéis velhos e alguns cheios de buracos.

"Matheus, vem ver aqui, parece importante!", avisava Bruno, sem gritar muito alto. Matheus, ainda olhando alguns facões, vai até Bruno para ver o que ele descobriu. "Veja só, são muitos papéis, muitos documentos e muitas informações. Parece que vamos saber mais a respeito deste lugar", conversava Bruno, ainda mexendo em uns armários enferrujados cheios de papéis sem olhar para trás.

"Sabe, gostei desse lugar. Chega de preocupações, de tentar sair daqui, de estar mais preocupado em sair do que em se adaptar. Sou um ser humano, vivo para me adaptar", dizia Matheus enquanto se aproximava cada vez mais de Bruno, com um facão em cada mão. "Mas estamos presos! Melhor sairmos daqui em busca da liberdade, não acha?", perguntava Bruno ao fechar o armário em que estava pesquisando. Matheus logo deixa os facões em uma mesa velha, antes mesmo de Bruno virar para trás.

"Eu não acredito na liberdade. Nós nunca estamos totalmente livres", lamentava Matheus. Bruno pega em um dos ombros de Matheus e responde: "A liberdade existe para quem acredita, e eu acredito. Eu acredito nela, e acredito em seu potencial", parecia que Bruno tentava relaxar um pouco Matheus, até completar: "Só não concordei com o que fizemos com Arthur. Ainda acho melhor procurar os outros. Reunidos agiríamos melhor", sugeria Bruno.

A conversa dos dois durava bastante, o que fazia eu, Guilherme e Joanna esperarmos sentados...

"Depois que Guilherme nos viu matando Arthur, duvido que ele não esteja pensando em dar o troco, até porque ele e Arthur eram bem próximos. E se ele tiver encontrado Luiza? Não podemos voltar atrás", explicava Matheus. "Não precisamos de tanta hostilidade. O que fizemos foi imperdoável", relutava Bruno. "Algo que você concordou! Se um não quer, dois não fazem. Se não tivéssemos entrado em acordo, nada disso teria acontecido...", brigava Matheus, que logo era respondido por Bruno, na mesma altura: "Está tentando colocar culpa em mim em uma proposta que foi sua?! Olha, desculpe, mas você o mataria mesmo sem entrarmos num acor--", Bruno era interrompido pelo seu companheiro: "Ia mesmo! Pra falar a verdade mataria até você se fosse necessário!".

Matheus estava mais agressivo que o de costume, o que chegava a assustar Bruno. "Eu preciso sair daqui, Matheus, tenho alguém muito importante me esperando, e você não pode me impedir!", gritava Bruno. "E você vai me denunciar, eu tenho certeza! Você sempre foi assim, desconfiado de tudo, principalmente de mim, desde o início!", Matheus pegava um dos facões e, rapidamente, golpeava freneticamente o ombro esquerdo de Bruno, enquanto o pressionava contra parede, até o facão, enferrujado, partir-se ao meio, deixando uma de suas partes fincadas em Bruno, o impedindo de mover seu braço. Bruno não teve piedade ao gritar de dor, o que chamou nossa atenção. "Cala essa boca!", Matheus começava a incansavelmente socar a cara de Bruno, no chão.

"Gente, vocês ouviram isso?", eu perguntava, imediatamente me levantando, junto com os outros. "Parece Bruno", respondia Guilherme. Todos nós ouvimos os gritos de Bruno e corremos em direção ao farol, com muita rapidez.


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