Marte Me Espera escrita por ChatterBox


Capítulo 5
Capítulo 5 - O monitor chefe


Notas iniciais do capítulo

O bonitão finalmente aqui está :)
Boa leitura amores :)
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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 - MAIS UMA INSOLENTE... – Uma voz masculina invadiu a sala, soando decepcionada. Nossos olhares sobrevoaram o dormitório, procurando de onde viera. E quem encontramos, foi um garoto alto, vestido com o uniforme da Academia, segurava uma prancheta e aparentava muito irritado. Durou alguns minutos me observando no chão com desgosto, depois andou até o corrimão quebrado. Havia alguém atrás dele, outro garoto, pelo que identifiquei, que o seguiu. – Os alunos do primeiro ano são todos iguais, insolentes. – grunhiu, começando a analisar o estrago que fiz no corrimão. – Principalmente garotas.

Fiquei perturbada diante dele. Quem era aquele garoto arrogante que estava nos ofendendo sem motivo algum? Ele por acaso sabia que aquilo foi um acidente?

Inflei o peito de ar e me levantei do chão:

- Escuta aqui, isso foi um acidente, eu ia cair no chão, então...

 - Me poupe de desculpas. – interviu, ainda mais impaciente, lançou suas órbitas verdes-esmeralda pra mim, desafiando-me. – Foi dito a vocês que não era permitido tocar em nada. Mas vocês são todas muito burras, fingem que entendem, mas na verdade não ouvem nada.

Ralhou. As meninas abriram o maxilar, ficando ofendidas, mas ainda não ousavam dizer nada sem saber quem ele era. Estava pouco me lixando para quem ele fosse, ninguém ousaria me chamar de burra na minha frente:

 - Não pode falar assim com a gente! – protestei. – Quem você pensa que é??

 - Alguém que você não devia desrespeitar, com certeza!

  - Por acaso sabe algo sobre mim?

 - E você sabe algo sobre mim?

 - Sei que é um garoto sarnento. – debati. Foi o bastante para que ele se calasse. Seus olhos arregalaram-se, surpreendido, e pasmo. – Que não respeita ninguém, não me importa mais nada.

Ficou durante algum tempo parado, petrificado com minhas palavras. Quem quer que fosse, não estava acostumado a ouvir a verdade.

Seus olhos me examinaram de cima abaixo, e seu rosto estagnado abriu um sorriso malvado de repente.

Quando começou a falar de novo, seu tom de voz estava mais baixo e superior:

 - Qual é o seu nome?

Cruzei os braços, com teimosia. Não queria dizer nada a ele, não gostava nada dele, nada.

 - Não é da sua conta.

 - Na verdade é. – respondeu, sem se alterar, mas ainda estava intrigado com a minha ousadia. – Eu sou seu monitor chefe, preciso saber seu nome para lhe tirar cinco pontos da média.

Meu sangue gelou. Qual era a possibilidade daquele garoto desconhecido ser meu monitor chefe? Sejam quais fossem, não haviam passado pela minha cabeça com certeza. Fiquei tão revoltada que estive cega diante das evidências. Por nenhum momento me ocorreu do por que dele estar com aquela prancheta? Como pude ser tão descuidada logo no primeiro dia?

 - É Amelia Boson.

Respondi, fingindo não estar atingida pela revelação anterior. Todas ao redor ficaram em silêncio, assustadas.

 - Pelo visto prestar atenção nas informações não é um hábito seu, não é?- comentou, e soltou o ar preso, com impaciência, tirando uma caneta do bolso da calça. – Qual é o seu assessor?

 Aparentava calmo, mas podia ver que rangia os dentes por dentro da boca.

 - Gage.

 - Então seu nome de identificação aqui na Academia é Amelia Parks. Vocês recebem o sobrenome do pseudônimo que os seus assessores usam para adotá-las. Fica mais simples para separar vocês, e todas suas falhas vão direto para a planilha dele, para que ele preste conta e ofereça ajuda no que precisar depois. – Engoli o seco. Coitado de Gage, acabara de chegar e já arranjei problemas pra ele. – Provavelmente ele lhe disse, como bom assessor que é, e você, com displicência, não prestou atenção, de novo.

Insinuou. Não quis revidar. Seria pior se dissesse que Gage esqueceu de me dizer algo assim, e já estava muito encrencada até ali. Porém minha raiva daquele sujeito não havia diminuído. Ele estava abusando do poder dele para nos criticar de uma forma muito violenta.

 - Agora que já resolvi o problema, espero eu. – disse, ao terminar de anotar na prancheta. – Vou fazer o que vim aqui fazer.

Anunciou, movimentou-se até o meio da sala, onde pareceu querer dar um comunicado. O garoto que o acompanhava, ainda calado, o seguiu.

 - Meu nome é Luke Grandell. – apresentou-se, altivo. – Sou o monitor chefe, o que significa que eu monitoro todas as turmas, e o monitor delas, vejo de perto qualquer quebra de regulamentos. Esse é o monitor de vocês, Patrick Grandell. – apresentou o garoto loirinho e franzino que estava ao seu lado desde que entrou na sala. - Temos o mesmo assessor, por isso o mesmo sobrenome, como já expliquei. E aqui vão algumas regras:

“Foi pedido a vocês que não tocassem em nada porque a gravidade da Terra é quase o triplo da de Marte, o que significa que nosso corpo está preparado para um planeta de gravidade maior, e por isso nos torna triplamente mais forte que os marcianos. Qualquer toque pode danificar qualquer objeto facilmente por aqui. Para nossa segurança, e a segurança dos marcianos, não é permitido o uso dessa força, a partir de hoje, vocês devem tocar em tudo com mais leveza e cuidado possível até que se acostumem com suas novas condições.”

“Também não é permitido sair daqui, em hipótese alguma, sem autorização, ou sem a companhia de algum funcionário. A atmosfera lá fora, é mortal para os terráqueos, temperaturas baixíssimas, ar rarefeito, tempestades de areia, e etcetera. Portanto é bom que não ousem.”

Frisou, autoritário.

 - E por último, usar sapatos é indispensável, já que nossa força também desregula nosso andar por conta da mudança de gravidade, os sapatos são especiais pra nos ajudar a nos movimentar. E as outras regras são simples, como em qualquer colégio, não é permitido sair dos dormitórios fora do horário determinado, namoros de qualquer tipo, ou atrasos e faltas sem justificativa. Acabo por aqui, mas continuaremos nos vendo durante o ano letivo. Até mais.

Terminou, saiu do cômodo com as mãos nas costas, e antes de passar pela porta, lançou um olhar superior e cortante para mim, discretamente.

Não era um bom início ter o monitor chefe contra mim. Soltei um suspiro denso assim que saiu pela porta, e minha vontade era de berrar pro mundo todo ouvir a minha frustração.

Estava ainda mais zangada porque tive que fingir estar tudo bem depois que descobri que era meu monitor chefe, detestava dar o braço a torcer, principalmente quando sabia que eu estava certa, e não ele.

Larguei o pedaço do corrimão no chão e me sentei na cama, para tentar esquecer a vontade que eu tinha de agarrar o pescoço de Luke.

- Muito bem, Luke não é muito simpático. – desta vez, fora nosso monitor, Patrick, que falava, com muito mais simpatia, sem dúvida. – É bom não mexer com ele, e se não puderem evitar de discutir com ele, permaneçam o mais longe que puderem, ou vão arranjar encrenca. – aconselhou, me mandando um olhar solidário. - As camas são de escolha individual, cada uma escolha qual achar melhor, e seus uniformes estão nos armários no primeiro andar, venham assinar seus nomes e pegar suas devidas chaves.

Marianna sentou-se ao meu lado e pousou sua mão no meu ombro, para me consolar, talvez.

 - Ele é um babaca. – não tinha percebido seu sotaque francês até ali. – Sei que vamos acabar tendo muitos problemas com ele. A pesar dele ser um gato, é repugnante.

 - Gato? – retorqui, sem acreditar. - Não reparei nisso, estava ocupada de mais querendo matá-lo.

 - É, mas ele é. Um sonho, na verdade, mas só na aparência física. Não se preocupe, com um tempo ele vai largar do seu pé. É do tipo que gosta de estar por cima, não se deve perder tempo com esse tipo. – tranquilizou. – Agora vamos pegar nossas chaves.

Levantou, me convidando, sorridente. Me levantei num suspiro. Faria qualquer coisa para não deixar que esse episódio estragasse meu primeiro dia, então a segui até a fila que se formava até Patrick. Assinei meu nome e recebi um bracelete parecido com o de Gage, provavelmente destrancaria o armário e as portas.

Tinha o número sete gravado. Fui até o primeiro andar e abri-o, peguei meu uniforme e sapatos e fui me trocar no vestiário, na porta ao lado.

De alguma maneira, sabiam minha numeração, o tamanho, deviam ter passado muito tempo me observando pra isso, o que era um pouco desagradável de se pensar.

Quando eu e Marianna terminamos de nos vestir, nos juntamos às outras garotas no térreo e seguimos Patrick até o refeitório. Era ainda maior de perto. Pegamos nossas bandejas e nos servimos com comidas que nem sabíamos que existiam. Precisava ser muito cuidadosa, pois em tudo que tocava, parecia poder quebrar em mil pedaços.

Sentamos numa mesa onde Eli estava sentado, também vestira seu uniforme, mas continuava com sua touca vermelha na cabeça. Havia um palanque do lado direito, provavelmente Jake Marion devia dar anúncios aos alunos na hora das refeições.

 Como havia uma cadeira vaga, um garoto pediu para se sentar conosco. Era pardo, e tinha cabelos crespos, chamava-se Brian.

- Obrigada. – agradeceu timidamente, quando deixamos que sentasse. – É que tem alguns seres estranhos nas outras mesas.

Comentou.

- Isso é verdade. – lembrei assim que mencionou. – Eu vi uma menina com um rabo de lagarto a caminho do dormitório, o que será que isso significa?

- Ah, eu acho que alguns estudantes vieram de outros planetas, como nós. – Eli revelou, com sua voz rouca e vagarosa de sempre. – Eu soube que os alunos negros, a maioria vem de Vênus, todos tem pele negra por conta da proximidade do sol. E alguns vem de Júpiter, acho que aqueles que tem rabos... Sensacional...

Abriu um sorriso lunático. Brian deu risada de Eli, acho que todos acabavam o achando engraçado.

 - Da onde você veio, hein? – Brian quis saber, risonho. – Você fala de um jeito engraçado.

 - Eu vim da Alemanha, Berlim. – contou ele. – Meus pais eram nômades, vivíamos rondando o mundo todo num trailer usado. Éramos uma espécie de hippies, mas não nos chamávamos assim porque esse termo quase que não existe mais. Um dia eles saíram... E não voltaram mais. – fez um tom choroso, mas logo se recompôs. – Comecei a morar no Orfanato e parei de fumar, ainda bem... – esbugalhou os olhos para nós. – Estou limpo, parece que quando paramos de fumar ficamos em contato com o cosmo... É irado.

Sorriu, num devaneio. Mas pelo jeito molenga dele falar, conseguia ver que ele ainda estava afetado por seja lá que erva ele fumava... Não sabia dizer porque gostava de um cara tão bizarro quanto o Eli, mas apenas gostava.

Marianna voltou-se para a sua comida, e Brian soltou mais algumas risadas. Acho que não pude evitar de não rir também.

 A comida era muito boa. Muito melhor que a terráquea e muito mais leve. Tinham cores e gostos diferentes, todas pareciam muito gordurosas, bolos, empadões, sorvetes diversos, e por mais que comesse, não conseguia deixar o estômago pesado. Era saudável e saborosa.

Me diverti trocando doces com Brian, Marianna e Eli na mesa, havia um pacote de balas ácidas com sabores inexplicáveis, que faziam-nos encolher o rosto em caretas.

Somente quando Jake Marion subiu no palanque, o refeitório se tornou silencioso e pleno. Abriu um sorriso de satisfação e nos desejou um bom dia para começar a falar:

 - Fico feliz de receber a cada ano, alunos de vários planetas do nosso sistema solar, aqui na nossa escola. Cada aluno é um achado e cada achado é uma vitória. Estou muito feliz com todos que estão aqui esse ano e desejo que tenham o semestre mais brilhante de suas vidas. Logo serão ainda mais capazes e inteligentes que já são e irão se sentir em casa nessa Escola. O início das aulas é amanhã, desejo a todos uma boa sorte.

E assim se retirou, deixando todos inspirados e cobrindo o refeitório com o som de palmas.


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Notas finais do capítulo

O início do ano letivo deve ser o máximo né?? xD
Conto com seus reviews e até o próximo :)
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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