Marte Me Espera escrita por ChatterBox


Capítulo 4
Capítulo 4 - A Academia Harvey


Notas iniciais do capítulo

Finalmente ela chegou em Marte, o bonitão aparece no próximo capítulo :)
Espero q gostem.
Boa leitura,
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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ERAM APROXIMADAMENTE 6:00 DA MANHÃ MARCIANAS, segundo Gage. Pousamos a nave numa área chamada Lóbulo Raeme. Enquanto viajávamos Gage me explicou tudo sobre a geografia de Marte, na verdade, o básico. Como não existiam Continentes, O governo geral dividiu o planeta em quatro territórios, chamados Lóbulos. Haviam os lóbulos: Raeme, Theorida, Yorte, e Etram.  Etram era a capital, onde ficava o governo geral, que administrava todos os Lóbulos.

Estacionamos numa área aberta, na parte de trás da Academia. Ao nosso lado, estacionaram mais sete naves, trazendo os outros estudantes. Quando vi o prédio da Academia, meu corpo borbulhou de animação. Abri a porta do carro, louca para dar uma boa olhada na Escola.

Mas Gage mais uma vez me deteve, me segurou pelo braço e me entregou um par de botas acolchoadas azuis-celestes, um casaco grosso e grande, um par de luvas, e uma máscara de ar.

 - É uma raridade termos temperaturas acima de zero por aqui, o ar é rarefeito, e a gravidade é menor, por isso tem que colocar essas parafernálias todas quando estiver do lado de fora para se proteger do frio, e não dar saltos ao invés de passos. Pode tirar tudo quando estiver lá dentro, exceto as botas.

Explicou ele. Me pus a vestir todas aquelas coisas, o mais rápido possível, estava muito ansiosa para ver o lado de fora, explorar tudo. Olhei para o alto e o céu não era azul, e sim avermelhado. Era verdade, estava em Marte e ia ficar tudo bem. Não era uma farsa, estava vivendo meu sonho. Estava em deslumbre.

Abri a porta de novo e me pus para fora, fiquei um pouco zonza. Talvez pela mudança brusca de gravidade, pelo frio cortante, ou pela viagem ter sido pesada.

Mas após alguns cambaleios, eu consegui me reequilibrar, me segurando em alguém que saiu da nave do lado. Ao que me pareceu eu me bati no seu peito. O dono do peito fez um gemido, em seguida pronunciou com uma voz arrastada e sotaque pesado alemão:

- Eita menina, parece que tomou umas antes de vir.

E riu com jeito preguiçoso.

Eu levantei o olhar e tive de inclinar a cabeça pra cima para conseguir enxergar o rosto do sujeito que parecia ter dois metros de altura, e um corpo magro e esguio coberto pelo casaco igual ao meu.

 - E aí, pequena?

Sorriu, mostrando os dentes tortos e amarelados, que refletiram na máscara transparente.

 - Ah, me desculpa. – me afastei dele, um pouco sem graça. – Eu acho que a viagem meu deixou um pouco tonta.

De início achei que fosse marciano por conta da sua altura descomunal, mas mudei de ideia quando vi que usava as mesmas coisas que eu.

- Ah, não foi nada coleguinha. – descontraiu, falando de um jeito engraçado. – Acho que todo mundo fica confuso depois de uma viagem dessas.

 - Ei, você é outro órfão?

 - Meu nome é Eli. – ofereceu a mão de dedos ossudos para me cumprimentar, coberto por luvas. Aceitei. – Eu também vim lá da Terra.

Eli tinha uma aparência muito estranha, além do seu tamanho; ele vestia uma touca vermelha, que cobria seu cabelo louro, liso e oleoso na altura da orelha. E seus olhos eram avermelhados e esbugalhados. Poderia sentir medo dele, mas ele parecia ser gentil.

- Pode me chamar de Amy.

Sorri, esperando retribuir a simpatia.

 - Ouuuh, você viu a potência dessas naves? – comentou. – Irado mano...!

Dei risada do seu jeito desengonçado de ser. Mas já era um conforto que já trocara algumas palavras com alguém da minha espécie por ali.

Alguns minutos depois uma menina apareceu vindo de outra caminhonete na direita, ela tinha um cabelo preto como a noite, seu corte e seus fios lisos pareciam formar-lhe um capacete. Sua pele era pálida, e quando se aproximou de nós, tinha estampada no rosto uma expressão de desgosto.

 - Ora, mas essas botas são horríveis. – resmungou, num grunhido. Só então reparei nas suas roupas muito bem combinadas por debaixo do casaco. Ele devia ter algum tecido especial para nos esquentar, porque a nave marcava doze graus negativos e só precisávamos vesti-lo para nos sentirmos aquecidos o suficiente. – Devastou o meu look. Me sinto uma pata com essas galochas.

 - Não são bem galochas. – tentei consolá-la. – Não é por muito tempo, só até entrarmos na Escola eu acho.

 - Hm, acho bom. – com o nariz empinado. - Não gosto nada de me vestir como uma qualquer.

 - Mas e então, só são oito naves?- mudei de assunto, já percebendo que aquela menina não era muito de ter conversas produtivas. – Não é possível que só hajam oito alunos na nossa turma.

 - Ah, não, eu soube que mais alunos estarão chegando, em outros horários, só estão aqui oito naves porque o pátio só tem espaço para oito no momento, estão recebendo uns professores para uma conferência.

O menina desatou a falar, com ar de sabichona, aparentava muito orgulhosa disso.

 - Ah, à propósito, meu nome é Marianna.

Ela pareceu ter dado conta de que ainda não tinha se apresentado e ofereceu a mão para que apertássemos.

 - Sou a Amy.

 - Eli.

Marianna ficou um pouco sem graça diante do dentes torcidos de Eli, mas conseguiu disfarçar. Eu escondi uma risada.

 - Acho bom que já chegamos, - Marianna manifestou-se outra vez, despontando mais reclamações. - o meu assessor é um gordo preguiçoso, ficou a viagem toda comendo uns doces gordurosos marcianos e meu cabelo agora tem cheiro de óleo.

A vi abrir a boca de novo, na intenção de falar mais, quando Gage chegou, interrompendo na hora certa:

 - Vamos, meninos. É por aqui.

Chamou, seguindo o caminho pelo estacionamento. Gage devia ter uma pele mais grossa e ser mais resistente ao frio por ter nascido num planeta que é mais distante do sol. Atravessar todo aquele pátio de pouso, repleto de veículos voadores desconhecidos levou um pouco de tempo.

Mas finalmente estávamos lá. Entramos por uma porta que se abriu sozinha, após reconhecer um bracelete prateado no pulso de Gage, e nos encontramos numa enorme sala de recepção. Onde havia um balcão bem em frente, acomodando uma recepcionista loira e sorridente, atrás dela, haviam dois elevadores de portas mais largas que o normal. Acima deles estava uma placa que dizia: “Funcionários e professores”, e outra que dizia: “Alunos e afins”.

Ao entrarmos ali, estranhamente sentimos que a temperatura estava agradável, e estava mais fácil de respirar. Provavelmente eles tinham um climatizador potente dentro da escola especialmente para nos receber, e liberavam oxigênio por ele.

Gage permitiu que tirássemos os casacos e as máscaras, mas as botas ainda eram obrigatórias. Deixamos ali no chão, Gage não reclamou sobre isso.

Alguns outros assessores se juntaram à Gage, vindo do estacionamento, mas só ele permaneceu conosco. Os demais subiram pelo elevador dos Funcionários, o que me deixou abismada foi a rapidez com que subiram, assim que as portas se fecharam, em questão de segundos se abriram e não estavam mais lá.

 - Vamos por aqui, alunos.

Chamou Gage, indo em direção ao elevador de “Alunos e Afins”, enquanto eu ainda encarava o elevador ao lado vazio, boquiaberta e trêmula.

  - Espero que esse elevador não nos triture e nos transforme em patês.

Ouvi Marianna dizer, entre os outros alunos que nos seguiam.

 Me pus para dentro dele ainda oscilante. Meu cérebro me dizia para sair dali, mas resolvi confiar em Gage.

Vi que algum dos meninos pensou em se encostar nas paredes do elevador, para descansar os pés talvez, mas Gage nos surpreendeu, soltando um trovejo:

 - Não... – todos pararam, imóveis, encarando-o, em alarde. – Toquem... Em... Nada! Principalmente nesse elevador, em hipótese Alguma.

Ordenou ele, misterioso, deixando o garoto inexato. Fiquei assustada. O que Gage queria dizer com isso? Por qual motivo não podíamos tocar em nada? Estava tão amedrontada que olhei para os lados, para ter certeza de que não estava encostando nas paredes.

Mas não tive tempo de pensar, O Gage tocou o dedo num identificador de digitais, e o elevador tomou impulso, num vulto, quase tirando minha alma do corpo.

E antes que pudesse fechar os olhos, a porta se abriu e estávamos no primeiro andar.

 - Este é o primeiro andar. – contou ele. – É aqui que vão estudar. Aqui ficam as salas de aula, então é bom conhecerem bem cada canto em pouco tempo. Ou vão sofrer muitos atrasos. E vale repetir: Ainda não podem tocar em nada.

Ralhou. Toda aquela postura séria de Gage estava me deixando surpresa, não era esse Gage que eu conhecia. Mas com certeza dentro da escola, ele devia ser mais formal; pensei.

 - Sigam-me.

Andou pelo corredor frio de mármore, que se expandia a cada passo que dávamos, revelando várias portas da cor branca, com uma luz verde acesa no topo, que devia ser o identificador de alunos, provavelmente receberíamos um bracelete como o de Gage quando chegássemos no dormitório.

 E uma multidão de estudantes passou por nós, quase nos atropelando, todos vestidos do mesmo jeito. As meninas vestiam um vestido branco justo no busto, que era coberto com um suéter azul-marinho gola V, que continha o brasão da Academia no peito; a saia do vestido era rodada, um pouco acima do joelho. Os sapatos eram de salto da cor preta, estilo scarpin.

Os meninos vestiam um suéter como o das meninas, azul marinho com o brasão no peito, com uma camisa social branca por dentro, e calças e sapatos sociais da cor preta.

Pareciam desprezar a nossa presença ali, saíram apressados, conversando aos risos até sua próxima aula, cada um com sua pilha de livros.

Todos pareciam normais, me fazendo soltar um suspiro aliviado. Mas de repente algo me chamou atenção. Quando olhei na direção de uma garota que de início aparentava ser perfeitamente normal, mas meu coração deu um pulo quando ela levantou um rabo fino, comprido e arroxeado com uma ponta em formato de seta.

- Mas o quê...?

Blefei, amedrontada, desviando na garota com cautela.

 - Irado meu...!

Ouvi a voz rouca de Eli exclamar, com os olhos brilhando para a cauda. Devia ser daqueles que adoravam coisas fora do comum, e a sua camisa preta com o desenho de um alienígena verde no centro podia confirmar isso.

Continuamos andando, nos desviando dos alunos até chegar em outro elevador, igual ao outro, este tinha o fundo de vidro, que permitia-nos ver todo o outro lado do andar, onde estava o refeitório extenso, cheio de mesas, e os estudantes alegres, comendo em grupo.

Olhar aquela satisfação no rosto dele me dava uma pitada de medo, e outra de esperança. Queria tanto quanto era possível, me encaixar naquele lugar, levando em conta que estar ali estava sendo um sonho, tinha de fazer o máximo para que este desse certo.

As portas não demoraram em se abrir, como era de se esperar. Desta vez saímos num corredor encarpetado, que se dividia em dois, para o lado esquerdo e direito.

 - Tudo bem, é aqui que nos separamos. As meninas para a direita e os meninos para a esquerda. Vão entrar cada grupo, na porta número 5 de cada corredor. São os seus dormitórios. Lá vão encontrar outros estudantes, e esperar até que chegue alguém. Boa sorte. Espero que todos obedeçam.

- A gente se vê.

Eli se despediu, dando um tchauzinho preguiçoso e seguindo com os outros três meninos do grupo. Eu segui pela direita, após dar um aceno e um sorriso para Gage, que voltou para o elevador. Me juntei à Marianna e à outras duas garotas. Uma delas era ruiva com cabelos longos e extremamente encaracolados e rebeldes; a outra era um pouco mais alta que eu, tinha um par de óculos de grau no rosto e fios castanhos.

Passamos por quatro portas até a número 5. E ao abri-la, eu me vi no cenário da foto que Gage me mostrara.

O quarto era muito maior do que eu imaginava.Tinha cerca de dez camas espalhadas, circulares, e a luz do sol que vinha da janela de vidro que tomava toda a parede da direita, deixava uma sensação boa na pele, entrando em harmonia com o clima fresco que a Academia proporcionava, provavelmente com um ótimo sistema de ventilação.

Haviam mais meninas lá, elas sorriram ao nos ver, e nos cercaram, metralhando perguntas e risadinhas.

Eu fiquei um pouco confusa em qual responder primeiro, e me juntei a Marianna, me afastando um pouco do grupo para descansar um pouco, todas aquelas vozes estavam me deixando tonta.

 - Então, quem será que vai nos ver? – lancei a pergunta a Marianna, tentando ser amigável. Teria bastante tempo para conhecer as outras, só precisava de um intervalo. – Será Jake Marion?

 Ao pronunciar o nome dele, ela fez uma cara de deslumbre:

 - Ah, não sei, mas ele parece ser brilhante. Passar esse tempo todo, vigiando pacificamente órfãos terráqueos e trazê-los para aprender no seu planeta foi uma ideia genial.

Foi a primeira vez que a vi realmente interessada em algo que não fosse tirar aquelas galochas. A primeira impressão que tive de Marianna foi que era mimada e esnobe, mas depois do seu interesse por Jake Marion, podia ver que ela devia ser muito inteligente, por trás da fachada.

Ela também tinha traços muito finos, se era órfã, com certeza era de pais muito ricos. A pele era pálida, e o corpo era ereto e delicado, como o de uma princesa. Aliás, todas as meninas eram muito bonitas por ali, eu estava me sentindo um alienígena, por mais irônico que isso parecesse. Não que fosse feia, mas era comum.

 Olhei para trás e desejei me sentar em uma das camas, notei que uma delas estava muito arrumada, e intocada. Presumi que ninguém havia se apossado dela ainda. Me virei para caminhar até ela, mas infelizmente, tropecei em alguma coisa no caminho.

Meus braços voaram no ar, procurando no que agarrar e acabei me segurando no corrimão metálico da escada que levava ao primeiro andar.

Mas algo impressionante aconteceu. Minha mão pressionou contra o corrimão e ele amassou, se moldando na minha palma e se partindo ao meio, não evitando minha queda. Me esborrachei no carpete, mas não senti muita dor, e nem tinha tempo para me preocupar com isso, meus olhos estavam inertes observando o pedaço solto do corrimão de metal na minha mão, completamente torcido e amassado.

Como uma barra de metal não conseguiu me segurar? Como foi que a minha mão molenga de humana conseguiu fazer tamanho estrago?

Minha boca se abriu e produziu um sibilo, estava estagnada:

 - Mas como...?

E as outras meninas também exclamavam, espantadas, atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

Reviewws??? Desculpa a demora, é q saí o dia todo.
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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