Marte Me Espera escrita por ChatterBox


Capítulo 2
Capítulo 2 - O homem engravatado e desconhecido


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaarrrrrr queridaaaaaas(os)
Estou de volta, como prometi, pretendo postar todos os dias. :) Gostei muito dos reviews, adoro lê-los, me empolga.
Talvez uma outra fic minha esteja saindo em breve, mas n se preocupem, essa continua firme e forte.
Boa leitura.
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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JOGUEI MINHA MOCHILA NUM CANTO QUALQUER DO QUARTO E FUI correndo até a gaveta onde deixei meu convite, e só sosseguei quando o tinha nas mãos. Tinha medo de chegar no quarto e não o encontrar mais ali, e de repente notar que tudo aquilo não passou de um sonho ou uma alucinação.

Mas não, era um grande alívio toda vez que o encontrava intacto no mesmo lugar, soltava sempre um suspiro angustiado e me sentava na cama, onde fazia sempre o mesmo, clicava na luz verde no topo da esfera e fitava o holograma flutuando as duas opções: Aceito e Não Aceito. Nunca conseguia clicar nenhuma das duas, apenas ficava passando os dedos perto de cada uma, e deixando-o parado, enquanto pensava se devia mesmo pressioná-lo, e acabava sempre mudando de ideia, mudando o dedo de lugar feito uma abobada, a cada minuto.

Faziam três dias que não conseguia pensar em nada, ia para a escola, e para o trabalho e nem sequer tinha tempo de ocupar minha mente com outra coisa se não o que deveria resolver sobre aquilo.

Até Prof. Crambell estranhara, vez ou outra me encontrava e ficava intrigado com minha mudança de comportamento. Estava sempre falando rápido e desastrada, desde o que aconteceu. Aparentando muito nervosa e desnorteada.

Mas ele não se atrevera a perguntar o motivo, como homem educado e reservado que era. Apenas tentava se demonstrar o mais prestativo possível, caso precisasse da ajuda dele. Provavelmente pensando que devia estar passando por algum grande problema no momento que estava causando meu desembalo aqueles dias.

Me sentia mal por não estar mais dando muita atenção a um gênio como ele. Mas não conseguia mais me preocupar com as pesquisas ou com a astronomia, antes de conseguir me determinar.

Se ao menos pudesse pedir um conselho a ele, contar toda a verdade, seria com certeza um grande impulso. Confiava extremamente na opinião e na sabedoria do Professor e tudo que ele me dissesse para fazer, com certeza eu faria sem repudiar.

Mas não podia contar para ninguém, eles foram claros no aviso: Se contar para qualquer pessoa, eles iriam saber e a mensagem se destruiria. Acabaria com minha chances de ir, e também me taxaria como louca, já que não haveria qualquer pista de que o convite foi real, ou existiu um dia.

Não tinha escolha, senão que eu mesma escolhesse o que fazer.

E depois de várias noites mal dormidas e tardes atordoadas, eu sentia que finalmente tinha me decidido. Embora fosse loucura, um impulso estava me fazendo acreditar de que era o certo aceitar.

Peguei a esfera, olhei ao redor para ter certeza de que ninguém estava olhando, ou próximo ao quarto, e assim que tive confiança de que ninguém olhava eu cliquei na luz verde.

E com os olhos fechados, repeti na minha mente “Seja o que Deus quiser”. E pressionei a opção no holograma: Aceito.

E vupt. A esfera começou a transmitir outra mensagem em forma de holograma, o diretor da Academia Jake Marion outra vez, com seu ar de sabedoria apareceu de novo, sorrindo.

- Parabéns, Amelia Boson, você tomou a decisão certa. A partir de agora, deve prestar atenção nas seguintes instruções: - abri bem os olhos para ter certeza de que não perderia nenhum detalhe. – Amanhã, um de nossos assessores irá lhe visitar. Não precisa ter medo, ele não irá machucá-la e não irá interferir em qualquer situação sua, seu trabalho, é tomar os próximos passos por você para que você seja finalmente apta a embarcar conosco. Não precisa saber agora quem é, quando ele chegar, você irá saber. Boa sorte, e até a próxima”.

Só isso. Foi só. O que me deixou perplexa. Eu esperava mais instruções, mais informações, qualquer coisa que não me deixasse naquela dúvida cruel de agora.

Depois disso, a esfera apenas desativou o holograma e flutuou novamente, saindo pela janela em velocidade máxima até desaparecer no céu, enviando a minha resposta para a Academia.

E se ela não chegasse? E se o assessor não viesse? E se não conseguisse identificá-lo e dessa maneira, ele acabasse voltando para Marte e me deixando ali? Se houvesse algum problema que me impedisse de sair daquele lugar? E se, e se, e se... Era muito para me preocupar. Era uma tragédia.

Calma Amelia, Calma”, pensei. Respirando fundo e tentando manter-me no meu eixo. Não conseguia evitar, era muita tensão para que eu pudesse aguentar, mas precisava ser forte e continuar na linha.

Eu tinha que descansar e confiar de que tudo daria certo até a manhã seguinte.

Quando levantei de novo aquela manhã, estava decidida e ficar calma. Talvez aquilo não fosse tão importante. A final, quais as chances de alguma escola marciana querer me levar para o espaço? Mesmo que aquilo não desse certo, teria até sorte por não ter conseguido. Seria o sinal de que não era para ser mesmo. Poderia dar errado para que tivesse a chance de me livrar de algo horrível que poderia me acontecer lá.

Mas logo que pisei os pés no chão rangente do dormitório, a porta bateu e a Irmã Claire chamou meu nome:

 - Amelia Boson, - olhei para ela, ainda um pouco sonolenta e me surpreendi, estava sorrindo levemente de satisfação, o que com certeza devia parecer algo fora do normal. – Alguém está aqui para lhe ver.

Minha sobrancelha levantou. Quem estaria ali para me ver? Estava sozinha no mundo desde que meus pais se foram.

Me levantei e fui para o banheiro.

 - Daqui a dez minutos na sala de entrevistas.

Irmã Claire avisou, fechando a porta devagar. Ah, mas é claro.

Alguém estava querendo me entrevistar. De vez em quando acontecia, algum casal idoso ia visitar o orfanato e tinham de me conhecer, interessados em adotar algum órfão mais velho. A maioria das vezes escolhiam outros adolescentes, os mais bonitos e menos esquisitos que eu. De preferência aqueles que não eram interessados em astronomia e não passavam a maioria do tempo com o olho enfiado num telescópio.

Só mais uma entrevista rotineira, nada de extraordinário ou fora do normal até o momento (fora o sorriso da Irmã Claire, é claro, mas ele podia ser explicado pela a felicidade de ter a possibilidade de se livrar de mim).

Vesti uma roupa qualquer e desci as escadas de madeira até a sala de entrevistas, num corredor apertado do lado direito.

Enquanto isso, eu me lamentava por dentro, queria acreditar que ainda poderia ver o assessor por ali, mas aquele dia começara normal de mais para que continuasse acreditando nisso.

Bati três vezes de leve na porta, tentando abrir um sorriso para ao menos não assustar quem quer que fosse o meu visitante, mas estava complicado.

 - Entre, querida.

Irmã Claire respondeu do lado de dentro, ainda mais simpática que o normal. Estava começando a desconfiar, só a entrevista não poderia ser o motivo de tanta gentileza da parte dela, mas tentei deixar para lá e abri a porta da sala.

Lá estava uma mesa de quatro cadeiras, e um homem sentado. Estava engravatado e bem arrumado, parecia mais jovem que o normal, cerca de 27 anos, barbudo, cabelos castanho-escuros. Olhos verde-esmeralda e usava um brinco na orelha direita. Sorria, amigavelmente.

Irmã Claire estava de pé ao seu lado. Quando me viu, tocou no ombro dele sorridente e informou:

 - Esse é um Doutor Parks. Charlie Parks. – olhei-o enquanto ele acenava. Cheguei a virar para os lados, a procura de uma suposta esposa dele, mas não, estava sozinho. – Ele era amigo de seu pai, é um grande empresário e está à procura de uma filha. – e continuava cheia de satisfação e orgulho. Mas eu apenas fiz uma careta de má vontade. Meu pai não tinha nenhum amigo empresário, muito menos ele. Nunca o vira mais gordo. – Quando soube que seus pais tinham morrido e você tinha vindo para cá veio ao seu encontro. Quer te levar para casa.

 - Tudo bem, Amelia? – perguntou, naturalmente. Mas ainda não me convencia, não havia qualquer chance dele ter sido amigo do meu pai. Assisti-o levantar e erguer a mão no ar para me cumprimentar. – É o prazer estar finalmente te conhecendo, ficarei honrado em te levar para casa.

Encarei a sua mão suspensa, ainda com a sobrancelha em pé, e muito desconfiada, mas resolvi apertá-la para fingir que estava tudo bem, queria ver até onde aquele mentiroso iria.

Quando toquei sua mão áspera senti um choque, um raio de energia passou da minha mão até chegar na minha cabeça, onde ouvi uma voz dizer no meu cérebro “Sou o seu assessor”.

Parei, petrificada e de boca aberta. Ainda demorando a processar a informação. Então é isso “Não precisa saber agora, quando ele chegar você saberá”. E soube. Eles tinham todo o plano formado.

Provavelmente, aquele homem iria supostamente “me adotar”, quando na verdade iria me levar direto para Marte, onde ficaria a partir daí. Brilhante. Nem o governo, nem o orfanato, desconfiaria do meu desaparecimento. Quem sabe após alguns anos, quando alguém me procurasse, se me procurasse.

 - Eu adoraria te conhecer melhor.

Continuou ele. E só a partir daí percebi que estava parada e imóvel com a cara abestalhada segurando a mão dele há mais de dez minutos.

 - Ah, - me corrigi, soltando finalmente a sua mão. Ainda olhei para a Irmã Claire, para checar se ela tinha notado algo. – Também adoraria te conhecer melhor, quanto tempo, não?

Sorri, falsamente, esperando que Irmã Claire caísse no meu teatro, ela era burra como uma porta, foi fácil enganá-la.

 - Muito bem. - Sua voz quebrou o silêncio. – Vou sair da sala para que possam ficar a sós e conversar melhor. Boa sorte.

Saiu e nos deixou ali, um olhando para a cara um do outro, sem saber bem como começar. Mas ele já devia ser experiente nisso, quebrou o silêncio por conta própria:

 - Na verdade meu nome é Gage.

 - Gage? – ri um pouco. – Nome diferente.

 - É, a nomenclatura das pessoas em Marte não são muito parecidas com a terráquea. Você logo se acostuma.

Sentou-se na cadeira. Não tinha qualquer postura de “assessor”, parecia altamente confortável e informal, esbanjando um sorriso divertido.

 - Mas então, o que vamos fazer agora? Vai me adotar, supostamente? E só?

 - Bom, é. Mas vai demorar um pouquinho, sabe que essas coisas demoram, vou ter que tomar algumas providências para adiantar a papelada, e tornar tudo mais simples... Mas não se preocupe, em algumas semanas, você estará em Marte. Meu planeta.

 - Ok. – sentei na mesa. E fiquei um tempo pensativa, será que...? – Você por acaso não teria...?

 - Umas fotos da Escola?

Adivinhou, rindo.

 - É.

Ri de volta, um pouco sem graça, não queria parecer estar desconfiando deles, mas estava.

 - Isso é bem normal no meu trabalho, geralmente quando eu chego, os terráqueos sempre estão querendo ver alguma coisa que prove que estão indo pra um lugar seguro, não se preocupe, você não é a única.

Contou ele, enquanto tirava algo de dentro do bolso do paletó. Eu sorri, aliviada por não estar desagradando. Ainda era muito curioso o quanto eles eram parecidos com humanos normais e terráqueos, achei que pessoalmente, acharia alguma coisa diferente neles, mas não, eram perfeitamente comuns.

Esperava que não estivessem vestindo uma roupa, um disfarce ou algo assim, seria bem chocante.

Foi então que ele mostrou um pequeno objeto, do tamanho de um botão, metálico. Pousou no meio da mesa e tocou o dedo, suavemente.

O botão então, fez um barulhinho, como um “bip” e projetou uma foto em forma de holograma, bem na nossa frente.

Era a foto de um prédio esquisito, era branco, tinha várias janelas de vidro, mas era curvado, como no formato de uma onda para os lados.

 - Essa é a escola?

Me certifiquei.

 - É. – confirmou. O olhar orgulhoso. – Design arrojado não é? Daqui há algumas décadas também vai chegar aqui na Terra.

 - Como sabe?

 - Tem alguns estudos, dos quais você também vai participar e aprender; sobre a evolução do seu planeta e do nosso. Nosso planeta começou a processo evolutivo cerca de um século antes do seu, por isso tem tecnologia mais avançada. Mas ainda assim são muito parecidos.

 - Pois é, sempre achei que fossem verdes. – brinquei, mas ele não achou muita graça, então eu fiquei séria de novo. – Mas é melhor saber que são quase que iguais a nós.

 - Nem tanto.

Retorquiu, um pouco sombrio, me fazendo ficar um pouco tensa.

 - Mas não se preocupe. – continuou. -  a diferença não é tanta. Logo saberá de tudo. Tem mais algumas fotos aqui, veja.

Arrastou o holograma para os lados e mostrou uma foto de um quarto muito sofisticado, camas redondas, escadas metálicas circulares, levando à um primeiro andar simbólico, onde haviam alguns armários brancos com fechaduras. As camas ficavam embaixo do primeiro andar, na sombra, o que protegia da luz do sol vinda de uma janela enorme de vidro, que tomava toda uma parede do lado direito. Alguns games desconhecidos e muito complicados estavam espalhados no meio do quarto, uma área de lazer pequena acomodava algumas estantes de livros e poltronas de diferentes formas, como nunca havia visto antes.

Meus olhos brilharam de fascinação.

 - Esse é um dos dormitórios das meninas.

 - Meu deus, estou saindo de um quarto mofado para todo esse luxo. – falei, impressionada. Mas uma pitada de preocupação me invadiu logo depois. – Hm... Será que vou me acostumar com minha vida lá? Tenho medo de querer voltar para o meu planeta.

- Não se preocupe. – ele discordou, e desligou o holograma com as fotos. – Você vai adorar, todos adoram. Acredite. Você terá chance de conhecer jovens como você, de vários países que também perderam os seus pais, além de adolescentes marcianos. Vai ser incrível, e se precisar de ajuda, pode me pedir.

 - Você vai estar lá? – arregalei os olhos, esperançosa. – onde vai estar?

 - Por perto. – tranquilizou. – Todos os estudantes precisam estar em contato com seus assessores, eu que vou ajudar em tudo que precisar. Agora, finja que está muito animada para ser minha filha, a Irmã Claire deve estar voltando.

E passaram-se apenas alguns minutos antes dela bater na porta e entrar, com o olhar sorrateiro sobre nós, cheia de curiosidade.

 - Acho que vai dar tudo certo, Irmã Claire. – me pronunciei. – Eu nem acredito que vou ter um pai tão cuidadoso e amigável.

Sorri teatralmente, lançando um olhar falsamente ingênuo para Gage.

 - Sem dúvida. Estou muito feliz. Apenas alguns papéis e processos, e em alguns meses estarão sendo muito felizes.

Ela anunciou, altiva, tentando esconder o sorriso de admiração que esbanjava para Gage, sem dúvida devia estar achando-o um cavalheiro pela forma que se vestia e falava, desde que cheguei ela já estava abobada encarando-o como um ídolo.

Me levantei e abracei Gage, me despedindo, adorando estar enganando a Irmã Claire com aquela farsa.

Fora da sala um alívio me ocorrera. Finalmente, tinha me esquecido que realmente aquilo estava acontecendo. O meu medo já não existia. Estava verdadeiramente indo estudar em Marte e nada me impediria.


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Notas finais do capítulo

Reviews??????
Espero q estejam com paciência, pq o carinha q ela vai gostar só vai aparecer no quinto capítulo, mas prometo impressionar. e AVISO: Essa fic não vai focar somente no romance, já tramei um suspense, mistério, ação, pra colocar no meio tbm, espero que gostem :)
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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