Sasuke e os outros aspirantes à ANBU voltaram para o quartel e contaram sua experiência na espionagem de Arcana Mondo.

—Eu esperava mais, mas pelo menos não foram percebidos pelo homem. – Byakuya disse sem demonstrar nenhuma emoção. – Vocês foram aprovados.

Os shinobis – agora ANBU – não demonstraram muitas emoções além de alívio ou contentamento. O máximo de alegria que algum deles demonstrou foi Yamato, que deu um sorriso fraco, talvez já acostumado com aquilo.

Yoruichi se aproximou de Sai, com seis máscaras na mão, o entregando uma.

—Sai, seu número será 7 e sua posição será Uma. – Byakuya disse e Sai pegou a máscara, fazendo uma reverencia rápida à Yoruichi, que sorriu. Ela rapidamente seguiu para o próximo. – Yamato, seu número será 4 e sua posição será Mi. Uchiha Sasuke, seu número será 3 e sua posição será Ne. Nara Shikamaru, seu número será 10 e sua posição será Saru. Hitsugaya Toushirou, seu número será 9 e sua posição será Tatsu. Fujiwara Toki, seu número será 11 e sua posição será U.

Yoruichi voltou para seu posto. Todos seguravam suas máscaras, analisando cada detalhe do novo rosto que iria adotar. Talvez fosse isso que Sasuke precisava. Uma nova identidade, uma nova vida. Ou pelo menos a ilusão disso. Ele sabia que nunca iria esquecer tudo o que fizera e acontecera no passado, mas pensar que talvez Itachi e seus pais estariam felizes se o vissem agora amenizava um pouco a dor.

—Antes de mais nada, eu gostaria de explicar como funciona o sistema na ANBU. – Byakuya recomeçou, atraindo a atenção de todos novamente. – Nós nos organizamos em um sistema de hierarquia, ou seja, seus números foram escolhidos de acordo com suas habilidades. Quanto mais próximo do zero seu número for, mais forte você é. Seu número pode mudar de acordo com sua evolução em Rank ou se algum novo membro for mais forte que você. – Byakuya fez uma pausa, esperando que alguém fizesse alguma pergunta. – Também é preciso salientar que de agora em diante, você só receberá ordens de um membro ANBU de força maior ou da Hokage. É estritamente proibido usar seus próprios nomes durante batalhas, para isso que é dado nomes às suas posições.

“Droga, eu não acredito que vou ter que receber ordens do idiota do Sasuke!”, Shikamaru pensou, tentando não expressar nenhum sentimento. “Se eu soubesse, nem teria vindo...”

—É também importante informar que o Rank de suas missões será definido de acordo com sua posição no esquadrão, assim qualquer discussão sobre missões será completamente inaceitável. – Byakuya continuou e deu um suspiro. – Espero que tenham entendido.

E com isso, ele desapareceu, sendo seguido pelos outros ANBU veteranos.

***

Shiori correu na direção de Kakashi, tentando atingi-lo de punhos fechados. O homem desviava graciosamente, deixando a garota com raiva.

Eles dois decidiram treinar e então foram para a clareira onde haviam feito os testes anteriores. Shiori parecia um pouco fora de forma e realmente estava. Passara uma semana sem fazer nenhum esforço físico além de treinar Ryuu e andar pela Vila, isso já era o suficiente para deixa-la enferrujada, visto que todos os dias ela estava treinando, mesmo antes de se tornar uma shinobi.

Kakashi tentou atingi-la com um chute, mas ela se protegeu com o braço e recuou, sua respiração ofegante indicava cansaço.

—É melhor pararmos por hoje. – Kakashi relaxou e olhou para o céu, vendo as pesadas nuvens de chuva que se aproximavam e vendo também que o sol já havia se posto. – Amanhã poderemos treinar com Ryuu também.

—Certo. – A garota disse, assentindo com força como Kakashi gostava. Por um instante, ele se perdeu no balanço de seus cabelos, mas logo voltou à consciência, corando e pigarreando para disfarçar.

Os dois caminharam em direção à Vila, calma e silenciosamente. Ambos estavam perdidos em seus próprios pensamentos, mas isso não incomodava o outro. Só a presença um do outro já era o bastante para faze-los se sentir bem.

Mal perceberam quando a noite caiu e os jovens da Vila começaram a sair de suas casas. Shiori não havia combinado nada com ninguém, por isso que ela não estava com seu costumeiro grupo.

Andaram mais um pouco e chegaram no portal do distrito dos Uchiha. O portão estava aberto, denunciando a presença de Sasuke em casa. O garoto nunca fechava o portão, talvez por costume do passado, quando aquele distrito costumava ser povoado por várias famílias. Agora eram apenas ele e Shiori.

Shiori parou no portão e se virou para se despedir de Kakashi, mas se assustou com a aproximação rápida do homem. Eles estavam tão próximos que ela podia sentir o calor de seu corpo e aquilo a faz corar e abaixar o olhar.

            Kakashi, por sua vez, segurou o queixo da garota, com o objetivo de olhar para os ônix que eram seus olhos. Eles tinham uma espécie de magnetismo em relação ao homem, e ele só havia percebido isso agora.

Tomado pelo impulso, ele rapidamente juntou seus lábios, sentindo a pele quente de Shiori, mesmo por sobre a máscara. Ele podia sentir que seus lábios eram macios, quentes e molhados, e isso quase o fez perder a cabeça naquele instante.

Shiori se assustou com a ação do sensei, arregalando os olhos, mas assim que percebeu o que realmente estava acontecendo, ela se deixou levar pela tentação de ter o homem em seus braços. Não podia negar que havia gostado do beijo e também não podia negar que estava perdidamente apaixonada por Kakashi.

O homem se afastou, para a infelicidade de Shiori. Ele a olhou com receio e talvez medo também – ela não conseguiu identificar.

—Kakashi... – Shiori tentou dizer algo, mas foi interrompida pelo homem.

—É melhor você entrar ou pegará um resfriado nessa chuva. – Ele disse sério.

Shiori olhou ao redor, só percebendo agora a forte chuva que caia sobre eles.

—Nos vemos amanhã! – Ele começou a se afastar, enfiando as mãos nos bolsos como se nada tivesse acontecido. – Ja nee!

Shiori ficou ali, parada no portão vendo o homem se afastar até que ele sumiu na noite. Ela suspirou, confusa com tudo o que acontecera. Ele a beijou e depois agiu com indiferença! Isso não poderia ser pior!

Bufando, ela adentrou o distrito, batendo o portão ao passar e se arrependendo logo depois. Se Sasuke estava em casa, provavelmente ele estava dormindo, pois ela tinha certeza de que o dia do mais novo tivera sido cheio.

Ela se surpreendeu ao ver Sasuke e Ryuu sentados lado a lado na varanda, vendo a chuva cair.

—Shiori-chan! – Ryuu foi o primeiro a vê-la, se levantando e ficando eufórico em seu lugar, com sua cauda serpenteando atrás de si como se ele fosse um cachorro.

—Estávamos preocupados com você. – Sasuke disse num tom sério, se levantando também. – Eu cheguei há pouco tempo e Ryuu me disse que você tinha saído desde cedo. Estava quase contatando todo o esquadrão ANBU para preparar uma busca.

—Eu estava treinando com o Kakashi... Sensei... – Shiori disse, quase esquecendo o prefixo que sempre usava para chamar o homem. – Mas e então, como foram os testes?

—Foram chatos, tirando a parte de que eu agora sou o terceiro no comando da ANBU... – Ele deu um sorrisinho sugestivo para a garota, que não se animou mesmo.

—Hum... – Ela murmurou, tentando pensar em algo encorajador para dizer ao garoto, mas ela ainda estava confusa demais com o que acontecera instantes antes. – Acho que isso merece uma comemoração.

—Tanto faz. – Sasuke deu de ombros, entrando na casa e sendo seguido por Ryuu e Shiori, respectivamente. – Sabe, eu fiquei sabendo que o Kazekage chegará na Vila amanhã.

Ele se jogou no sofá e Ryuu pulou sobre seu estomago. Os dois comeram a tentar golpear um ao outro de brincadeira e Shiori tentou esconder o ciúme que sentia daquilo. Ela não gostava quando as pessoas eram carinhosas com Ryuu, pois ela sentia que aquele era seu trabalho.

—Kankurou, Temari e Ayame também vêm com ele. – Sasuke completou e Shiori ficou apenas na porta, ouvindo ele falar. Nunca tinha visto o garoto tão radiante.

—Hum... – Shiori murmurou de novo. – Sasuke-kun, eu estou indo tomar um banho. Se precisar de alguma coisa, é só me chamar.

—Ta bom! – Sasuke disse sem mudar sua atenção de Ryuu. Os dois começaram a trocar golpes com cada vez mais força e Shiori não esperou que a coisa ficasse séria para sair do cômodo.