Blackberries escrita por Blue B


Capítulo 44
Capítulo 44




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/378191/chapter/44

Todos saíram da sala do conselho e tomaram rumos diferentes.

Sasuke levou Naruto de volta para o Hospital de Suna com Gaara e Sakura no seu encalço. Kakashi e Kankurou foram para a cozinha pegar algo para comer, e Shikamaru e Temari seguiram para os quartos em passos lentos e silenciosos.

—Temari-san – Shikamaru chamou a garota um pouco hesitante. Ele esperava que ela o encarasse com um olhar irritado ou o ignorasse, mas ela apenas o olhou, curiosa, o que abaixou a guarda do moreno. – C-Como está seu braço?

Shikamaru sacudiu a cabeça, se perguntando por que estava gaguejando como um idiota. Isso era a cara do Naruto, não dele.

Temari se surpreendeu com a pergunta. Nunca esperaria que Shikamaru se preocuparia com ela, mas afinal de contas, eles não eram inimigos, então não seria tão estranho ver o garoto tendo algum interesse no bem estar dela, mesmo que muito repentino e sem nenhum grito enfurecido. Talvez isso fosse fruto da forte pancada na cabeça que levara mais cedo.

—Está sarando. – Temari levantou seu braço envolto em curativos. – E a sua cabeça? – Ela perguntou e Shikamaru a encarou, com uma expressão confusa. – Eu fiquei sabendo que você levou uma pancada forte na hora da explosão, então... – Ela deixou sua voz morrer e Shikamaru demorou um instante para perceber que a garota não iria falar mais nada.

—Ah... – Ele piscou, se achando muito estúpido por não ter entendido logo de cara o que ela estava tentando dizer. – Eu só estou com um pouco de dor de cabeça, mas pelo menos o mundo ao meu redor parou de rodar descontrolado.

Temari riu um pouco e Shikamaru se sentiu estranhamente satisfeito ao ouvir a risada da garota.

—Ainda bem que está bem. – Ela sorriu sinceramente para ele e o ato foi recíproco.

Um clima tenso se formou entre os dois quando perceberam o que estavam fazendo, mas preferiram não falar nada sobre aquilo.

—Quando vocês irão voltar para Konoha? – Temari quebrou o silencio desconfortável.

—O mais rápido possível. – Shikamaru respondeu. – Shiori precisa treinar para as finais do Chuunin Shiken e ficar aqui não será uma boa. – Ele fez uma careta. – Apesar de que não podemos simplesmente abandonar Suna como ela está. Sabemos muito bem como é ter a nossa Vila destruída à zero e também sabemos que todas as perdas que Suna teve hoje serão difíceis de recuperar.

—Obrigado Shikamaru! – Temari disse e os dois pararam de frente à porta do quarto do garoto. – Tenha uma boa noite!

—Você também! – O garoto disse vendo a garota já desaparecer no corredor.

Ele suspirou e adentrou o quarto, indo direto para a cama.

***

Sasuke levou Naruto para seu quarto sendo seguido por Sakura, enquanto isso, Gaara seguiu na direção do quarto de Ayame.

A mulher estava desacordada na cama, ligada à vários aparelhos e tubos de sangue e soro. Gaara suspirou com a cena, triste.

Ayame fora o motivo inicial para ele se tornar um ninja, ao invés de apenas se manter trancado em casa se odiando por ser quem era. Ela, com seu jeito explosivo e irritante algumas vezes, conseguira convencer o garoto de que ser um ninja consistia em ter força e coragem. A força ele já tinha e a coragem ele conseguira depois das palavras da mulher.

Ela servira como ponto de referencia depois que Naruto abrira seus olhos para o mundo, mostrando-o que não estava sozinho no mundo e que poderia ter amigos se quisesse. Ayame fora sequestrada da Vila de Konoha na época da Segunda Grande Guerra Ninja quando tinha apenas 7 anos e, mesmo tendo conhecimento disso, fora capaz de amar a Vila de Suna como se tivesse nascido lá, e como se seus ninjas nunca a tivessem feito mal.

Gaara se aproximou da cama da mesma, passando um dedo levemente sobre a bochecha da mulher, sentindo a pele quente dela e se aliviando com aquilo.

—Acorde logo, nee-chan... – Ele sussurrou, mesmo sabendo que ela não responderia. – Acho que encontramos sua irmãzinha.

***

O tempo passou rapidamente e oito dias depois do confronto contra Ogami, os shinobis de Konoha voltaram para a Vila.

O prédio do governo de Suna já tinha sido reparado, as pessoas que tinham sido transformadas em zumbis acordaram e estavam fazendo tratamento psicológico e Ogami morrera por conta de uma hemorragia interna, quando vários de seus ossos quebrados perfuraram várias artérias importantes.

—Você tem certeza sobre o que estão dizendo? – Tsunade perguntou, encarando Kakashi, Sasuke, Shikamaru e Sakura à sua frente.

—Não estaríamos aqui se não tivéssemos certeza. – Kakashi disse. – Eu pretendo levar Arcana Nova assim que seu braço estiver totalmente curado até Yamanaka Inoichi para vermos o que o garoto sabe sobre si mesmo e seus poderes.

—Não poderíamos apenas pergunta-lo? – Sakura perguntou, um pouco indignada com a forma que seu sensei trabalharia. – Acho que leva-lo até Inoichi-oo-san seria muito extremo.

—Eu já tentei isso, Sakura, mas ele não consegue lembrar e ficou até um pouco perturbado por conta disso. – Kakashi disse. – Não quero perturbar Nova ainda mais.

—Concordo com sua escolha, Kakashi. – Tsunade disse, fechando os olhos por um segundo. – Nova é uma peça importante para esse caso, mas não podemos olhar para ele apenas como isso. Ele é um shinobi de Konoha e não podemos deixa-lo sofrendo.

—É isso que estou visando, Hokage-sama. – Kakashi disse.

—Mas e depois que o garoto souber da verdade? – Shikamaru perguntou, com uma expressão entediada, como sempre. – Não sabemos de sua reação.

—Podemos prende-lo. – Sasuke sugeriu. – Apenas por precaução. Não queremos interrupções enquanto sentenciamos aquele homem.

—Espera, estamos lidando com Arcana Mondo como se ele fosse um grande criminoso, mas ainda não temos nenhuma prova. – Sakura disse.

—Tudo o que temos aponta diretamente para ele, precisamos apenas das provas concretas de que aquele homem é mesmo o culpado pela morte dos Uchiha, assim como os experimentos contra as crianças. – Sasuke disse. – Enquanto não o temos, mantemos um olho nele de longe, como se ele fosse um criminoso. E, de fato, ele é um.

—Sasuke está certo. – Kakashi concordou. – Não podemos fazer nada com ele por que não temos provas concretas, mas assim que vasculharmos a mente de Nova, teremos essas provas.

***

Nova caminhava lentamente pelas rua de Konoha, indo na direção do Hospital de Konoha.

Já fazia um certo tempo desde que ele entrava naquele prédio para visitar a mesma pessoa e ele se sentia ansioso como na primeira vez que fora lá. Suas mãos suavam e ele agarrava o tecido do casaco que usava frenética e inconscientemente, procurando algo à que se apoiar.

Ele respirou fundo antes de dar o primeiro passo para dentro do prédio. Seu coração batia descontrolado e ele quase não percebeu a algazarra que estava no quarto de Naruto quando ele passou pelo mesmo. Ele viu um bela garota de longos cabelos negros e olhos de íris brancas ao lado de um garoto espalhafatoso que tinha dois caninos vermelhos pintados no rosto e estava acompanhado de um enorme cão branco. Os dois pareciam se divertir bastante junto com o loiro e Nova sentiu inveja deles, pois ele sabia que sua visita não seria tão animada quanto à deles.

Ele não precisou andar muito para chegar até o quarto onde tinha a palavra “Arcana” em kanji impresso em uma folha de papel colada na madeira branca da porta.

Ele respirou fundo duas vezes antes de rodar a maçaneta, adentrando o quarto bem iluminado.

O garoto loiro estava desacordado sobre a cama e ele foi o foco da visão de Nova pelos primeiros instantes, mas ele não pôde ignorar a garota de cabelos castanhos avermelhados de pé na janela, fazendo carinho em uma coruja que incrivelmente tinha as penas da mesma cor que os cabelos da garota.

—Já faz alguns dias que você não aparece aqui no hospital. – Felicita disse sem olhar para Nova. – Pensei que estivesse tão envergonhado por ser o culpado por Liberta estar assim, que não viria mais.

—Eu estava fora em uma missão. – Nova respondeu sério, enquanto fechava a porta atrás de si lentamente.

Já era difícil ter que encarar Liberta em um sono inacabável e saber que era por sua culpa, e Felicita ainda jogava na sua cara aquele fato. Ele não poderia se sentir pior.

—Sabe, Fel, – Ele começou, se aproximando da cama de Liberta e parando ao lado da mesma, encarando o rosto sereno do garoto. – nossos poderes não podem ser controlados. Por que ainda joga na minha cara que eu sou o culpado por isso tudo quando você mesma não consegue controlar seu poder?

Felicita foi pega de surpresa pelo garoto. Nova costumava engolir as coisas, mas desde que se tornara um genin parecia estar disposto a tomar seu lugar e mostrar tudo o que estava desgostoso.

—Meus poderes não afetam ninguém ao meu redor. – Felicita tentou se defender, mas o argumento do garoto era bom demais.

—Privacidade. – Nova disse, ainda encarando a face de aparência saudável de Liberta. – Seus poderes afetam nossa privacidade.

—Isso é diferente! – A garota soou, um pouco nervosa.

Nova resolveu ignorar a garota. Aquela discussão não iria levar à lugar já que Felicita nunca iria admitir que estava errada mesmo que soubesse disso.

Ele levou uma mão até os cabelos de Liberta, os bagunçando um pouco e imaginando que o garoto nunca o deixaria fazer isso se estivesse acordado. Talvez ele nem mesmo acalcasse a cabeça do loiro se ele estivesse acordado.

Sorriu tristemente com aquilo.

Pensar nesses tipos de bobagens nesses momentos era o que deixava Nova mais triste. As memórias de anos atrás, quando ele, Liberta, Pace, Debito e Dante jogavam bola no grande pátio da mansão que moravam no País do Pássaro. Quando eles brincavam com as crianças na igreja durante o Piccolino e Nova ficava apenas assistindo, por não saber como lidar com crianças. Até mesmo suas muitas e intermináveis brigas que agora eram motivos de nostalgia para o garoto de cabelos azuis. Ele desejava tanto fazer todas aquelas coisas com Liberta agora mesmo, como antes de toda essa coisa de shinobi começar.

Uma lágrima silenciosa escorreu do seu olho, pingando no lençol branco da cama de Liberta. “Acorde logo, meu amigo! Eu estou tão perdido sem os seus gritos.”, ele pensou e Felicita piscou ao ouvir aquele pensamento acidentalmente.

Parecia que entre socos e gritos era possível se formar uma amizade forte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Blackberries" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.