Naruto, Temari, Yamato, Shikamaru, Shiori e Nova se amontoavam no mesmo quarto da enfermaria, já que a maioria dos cidadãos de Suna haviam sido transformados em zumbis e estavam isolados nos outros quartos.

Naruto havia passado por uma cirurgia para a reconstituição de algumas costelas que foram quebradas com os socos de Sasuke e passado por uma minuciosa sutura do profundo corte em sua barriga, enquanto Temari havia feito uma sutura simples em seu corte no braço.

Yamato havia feito uma imobilização de seu braço machucado, assim como Nova – que havia machucado o braço enquanto lutava com os zumbis – e Shiori que estava apenas cuidado dos arranhões nos joelhos e colocando uma compressa em seu ombro esquerdo, que não estava tão bem quanto ela imaginou.

Shikamaru estava apenas em observação por conta da forte pancada na cabeça que levara na explosão, e já estava ficando irritado com isso.

A porta do quarto se abriu e Sakura entrou. Ambas suas mãos estavam enfaixadas, demonstrando o esforço que a garota fizera para salvar Naruto.

—Bem, tenho boas notícias para vocês. – Ela disse sorrindo e depois olhou para Naruto, fazendo uma careta. – Bem, pelo menos pra maioria de vocês.

—Diga logo, Sakura-chan! – Naruto pediu e ela sorriu abertamente novamente.

—Vocês receberam alta. – Ela disse e Naruto levantou os braços, feliz. – Menos você, Naruto.

—Por que não? – O garoto choramingou. – Eu já me sinto bem.

—Pelo simples fato de que você quase morreu e que passou por uma cirurgia delicada! – A garota gritou. – Não pode sair por aí andando como se nada tivesse acontecido.

—Mas aqui é muito chato... – Naruto choramingou novamente.

—Apenas durma! – Ela gritou e deu às costas, saindo do quarto, mas ainda foi possível ouvir a garota resmungando. – Santo Cristo...

Os outros começaram a sair de suas camas, acenando e dando sorrisos de consolo à Naruto. Enquanto eles saiam do quarto um a um, Sasuke entrou de cabeça, completamente constrangido, não com o que acontecera mais cedo, mas com sua reação. Ele não conseguia encarar ninguém nos olhos sem achar que eles pensavam que ele era um idiota descontrolado.

—Hey, Sasuke! – O loiro sorriu ao ver o amigo entrar.

—Oi, Naruto. – Sasuke disse ainda sem encarar o amigo. – Me disseram que eu quebrei suas costelas. Me desculpe!

—Não se preocupe com isso. – Naruto sorriu. – Você sabe que eu me curo rápido.

Um minuto de silêncio desconfortável se abateu sobre os dois e Naruto percebeu que Sasuke queria dizer algo, mas certamente achava que o momento não era oportuno. “Sasuke e seu perfeccionismo...”, o loiro pensou, rolando os olhos.

—Aconteceu algo? – O loiro perguntou, a fim de tirar logo o que estava na cabeça do moreno.

—Kakashi encontrou algo. – Sasuke disse e Naruto o encarou confuso. Ele rolou os olhos e suspirou. – É sobre a morte dos pais da Shiori.

***

Shiori entrou no quarto que havia sido reservado para ela no prédio do governo. Nem todo o prédio havia sido destruído na batalha contra Ogami e, o que havia sido, já estava sendo reparado no momento.

Shiori suspirou, pensando no ódio que sentira do garoto mais cedo. Agora ele parecia não existir mais. Não que ela estivesse simpatizando com ele, não, nunca, mas agora que Naruto estava são e salvo ela não tinha mais uma ânsia incontrolável para derramar seu sangue.

—Shiori-chan! – Ryuu saiu de trás da cama, mancando e Shiori imediatamente correu em sua direção, o pegando no colo e pela primeira vez percebendo que o pequeno dragão estava ficando pesado.

—Ryuu! – Ela sentou na cama com o animal no colo. – Você se machucou na batalha? Por que não disse? Eu teria o levado para o hospital comigo.

Ela colocou o dragão cuidadosamente sobre a cama e foi até sua bolsa que tinha trazido de Konoha, pegando um kit de primeiros socorros que Sakura havia distribuído entre eles antes de partir.

Shiori rapidamente retirou um rolo de gaze e uma espátula que inicialmente era feita para aplicar uma pomada contra queimaduras, mas como a pata de Ryuu era consideravelmente pequeno, ela achou que aquilo serviria por um tempo.

—Isso não é nada, eu estou bem. – O dragão sorriu enquanto ela pegava sua pata e começava a imobiliza-la. – Estava preocupado com você, Shiori-chan.

—Por que? – A garota perguntou concentrada na pata do pequeno dragão.

—Por que eu me importo com você. – Ryuu disse inocentemente e Shiori parou, o encarando. – Você é como uma mãe para mim.

—Você fala coisas profundas demais para a maturidade que tem. – Shiori disse, terminando a imobilização de sua pata.

—Eu só disse a verdade. – Ele disse ainda inocentemente, mexendo a pata imobilizada e percebendo que não conseguia dobrar as articulações.

Shiori deitou na cama ao seu lado, encarando o teto e pensando novamente sobre tudo o que vira mais cedo.

Lembrou de Ayame e teve certeza novamente que vira a mulher com o Sharingan. Mesmo de relance, ela reconheceria aquele doujutsu exclusivo dos Uchiha de longe.

—Ayame-chan é bem parecida com você, Shiori-chan. – Ryuu disse como se estivesse lendo seus pensamentos.

Ela assentiu e devaneou sobre isso.

Além de ter o mesmo nome que sua irmã mais velha, Ayame parecia muito fisicamente com Shiori, sem contar que sua irmã fora sequestrada por ninjas de Suna durante a guerra. Eram coincidências demais, mas mesmo assim ela ainda não queria dizer com certeza que ela era sua irmã perdida, até mesmo por que ela nunca vira sua irmã de fato.

Resolveu esquecer aquilo e descansar. O dia fora longo e ela se sentia como se tivesse sido jogada em uma moedeira gigante.

Como se lesse seus pensamentos novamente, Ryuu se deitou ao lado de sua domadora, e logo foi acarinhado por um abraço frouxo. Adormeceram ambos instantes depois.

***

Sasuke adentrou a sala do conselho carregando Naruto, que parecia bem demais para quem havia quase morrido mais cedo.

Kakashi, Sakura, Shikamaru, Gaara, Temari e Kankurou já estavam na sala à espera dos dois para começarem aquela reunião particular.

Assim que os dois sentaram em seus lugares – Naruto sem nunca largar o pedestal que segurava uma bolsa de sangue que estava diretamente ligada à veia de seu braço esquerdo –, Gaara começou a falar.

—Nos reunimos aqui à pedido de Hatake Kakashi-san. – Gaara disse formalmente, como um verdadeiro Kazekage faria. Temari rolou os olhos para tamanha formalidade desnecessária depois de tudo o que eles passaram nas ultimas horas. – Poderia, por favor, explicar o motivo dessa reunião repentina.

Kakashi havia dito apenas à Sasuke sobre o conteúdo do pergaminho que havia encontrado com Ogami, embora não tenha entrado em detalhes. Seria melhor mesmo ter deixado para contar tudo na reunião.

—Eu sei que todos aqui estão cientes que Ogami carregava um pergaminho que ele roubara daqui, do prédio da justiça. – Kakashi começou e Gaara assentiu.

—Inclusive um de nossos shinobis de confiança está agora mesmo conferindo os arquivos em busca de danos ou desaparecimento de pergaminhos importantes. – Gaara completou, interrompendo Kakashi, mas o homem não pareceu se importar com a intromissão do Kazekage.

—Eu tive a audácia de olhar o conteúdo do pergaminho e descobri que era uma carta de prisão para Arcana Mondo. – Kakashi disse e todos o encararam, esperando que ele tirasse suas conclusões. Shikamaru parecia um pouco mais chocado do que ansioso. – Você confirma essa informação, Kazekage-sama?

—O que está querendo dizer, Kakashi? – Temari interrompeu o irmão, que levantou uma mão para que ela se acalmasse.

—Sim, Kakashi-san, eu confirmo que Arcana Mondo é um fugitivo da lei de Suna. – Gaara respondeu calmamente. – A ANBU de Suna descobriu que ele estava fazendo experiências com crianças e Suna o enviou uma carta de prisão, mas como nunca encontramos provas concretas de seu crime, não pudemos fazer nada. – O garoto fez uma pausa e encarou o homem mascarado. – Mas por que está tão interessado em Arcana Mondo?

—A lei de Konoha está o investigando. – Kakashi respondeu. – Ainda não temos certeza, mas desconfiamos que ele está envolvido na morte de Uchiha Kame e Uchiha Amu, os pais de Shiori-san.

—De qualquer maneira, é melhor manter nossos olhos ainda mais abertos para ele. – Shikamaru se intrometeu. – Ele já se meteu em uma confusão com uma Vila que não tinha nada a ver com ele e agora está se metendo em uma confusão com outra Vila. É visível que ele não seja flor que se cheire.

—Ele agora está sob o olhar de duas Vilas e, o melhor, sabemos exatamente onde ele está. – Sasuke disse, prepotente. – Apenas temos que continuar com as investigações como antes e poderemos provar que ele é culpado. – Ele deu um sorriso malicioso e todos o encararam assustados, principalmente os Jounins de Konoha.

—Ou inocente. – Sakura sugeriu, pondo uma mão próxima a mão de Sasuke.

O moreno desfez o sorriso e abaixou a cabeça, envergonhado por ter tido mais um lapso de insanidade como tinha antes, quando ainda estava dominado pelo ódio e dor.

—Desculpem... – Ele pediu tão baixo que se todos não estivessem em silêncio e prestando atenção nele, ninguém teria o ouvido.

Naruto levou uma mão até o ombro do amigo, esperando ser repelido pelo outro, mas dessa vez não foi. Sasuke parecia indiferente ao seu toque, ou talvez esse era seu jeito de acolhe-lo, Naruto nunca poderia dizer.

—De qualquer maneira, - Shikamaru continuou, quebrando o clima tenso que havia ficado na sala logo depois da pequena cena que Sasuke protagonizara. – É melhor agirmos antes das finais do Chuunin Shiken começarem ou não poderemos mais mantê-lo em Konoha de forma sutil e teremos que nos valer da lei para isso acontecer. A melhor forma de agir é deixa-lo pensar que nós não sabemos de nada e que ele está livre, quando na verdade é apenas mais um prisioneiro.

—Você está certo, Shikamaru. – Kakashi disse. – A pior parte será apenas esconder isso dos genins.

O garoto fechou os olhos e suspirou, assentindo e concordando com o homem. Realmente seria difícil esconder uma informação tão importante dos genins.