E foi assim que começou o pseudo-namoro de Bárbara e Victor. Andavam de mãos dadas pelo campus, iam ao cinema, viam TV na casa dele ou dela algumas vezes no período da tarde, mas nada muito profundo. O prazer dela no meio disso tudo era que tinha aprendido a desfrutar do beijo e achava aquilo uma delícia. Sentia o arrepio que passava em cada milímetro da espinha. Victor era um rapaz muito bonito, com lindos e expressivos olhos verdes e cabelos cacheados que a gente só vê em comercial de shampoo e condicionador para crianças, além do mais tinha um ótimo senso de humor e a fazia rir, que era o que ela mais gostava. Os dias ao lado do rapaz eram divertidos e eles aproveitavam cada segundo juntos.

– Bom dia! – ele chegava sempre com um chocolate para ela, dizia que era para alegrar seu dia e deixá-lo doce, e ela amava. Sempre com um chocolate na mão, era muita sorte ela não estar lotada de espinhas!

– Bom dia! – beijou-lhe de leve e rapidamente, não faziam o tipo de dar show de carinho na rua ou no campus da faculdade.

– Vocês são lindos juntos, sabiam? – Bruna sorria com a cena. Ela havia apresentado os dois, sentia-se meio que madrinha daquele namoro.

– Claro que a gente sabe. – Victor disse fazendo graça e levando um leve tapa no braço, dado pela namorada.

O namoro podia ter sido menos morno, mas Bárbara não conseguia ser toda daquele momento bom que Victor lhe prometia. Por fim, depois de cotidianas tentativas para que desse certo, perceberam que não ia rolar, não ia passar daquilo. Chegaram ao fim.

Eles não eram aquela goiabada com queijo, arroz com feijão, baião de dois. Eram apenas aquele casalzinho de namorados que ambos se mantem por perto porque faz parte das convenções sociais ter um namorado. Como se o mais importante fosse mesmo corresponder às convenções sociais! Como se fosse necessário ter um namorado ou uma namorada porque alguém vai perguntar e você deve dizer que tem. Afinal, quem é que manda mesmo no coração da gente? Quem é que dá a ordem para que nos apaixonemos ou desapaixonemos por essa ou aquela pessoa? Ou mesmo que nunca nos apaixonemos, o que seria bem menos dolorido!

Enfim, o caso de Victor, o belo rapazinho dos cabelos de anjo, e de Bárbara, a moça sabor de chocolate, foi mais um desses casos de amor que passa, tão breve como fumaça.

Claro que eles vão se reencontrar, afinal estão no mesmo campus e o curso deles é longo, mas o coração deles não pertencem um ao outro, não é essa a história deles, foi apenas um capítulo.