Paradise On Hell escrita por Gilbert


Capítulo 19
You got me all to yourself


Notas iniciais do capítulo

Não vou pedir desculpas pela demora porque foi proposital.. Eu sou preguiçosa.
Enfim, espero que gostem, e POR FAVOR ME DEEM UMA LUZ: Vocês querem Stebekah ou Stexi? Aliás.. Vocês querem Stefan e Lexi juntos ou só amizade? Eu pensei em só amizade, mas quero sugestões..
E obrigada pelos comentários. ♥



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ELENA’S P.O.V.

Deixa eu fazer um breve resumo da semana: UM SACO.  Aulas chatas, alunos novos chatos, regras novas chatas. Tudo chato. Principalmente pela nova “lei” da escola de que é proibido celular durante o horário das aulas. Agora, me respondam uma coisa: o que eu deveria, supostamente, fazer durante as aulas de espanhol? Prestar atenção não é uma opção, aliás.

Só tinha uma coisa boa no meio de tudo isso (e não é o damon).. Rebekah mudou de quarto. Ela foi dividir o veneno com a amiguinha nojenta, na verdade eu não conheço a garota, mas é lider de torcida. Todas são nojentas.  Tudo bem que eu já tava começando a me acostumar (acostumar, não gostar) dela, mas nada melhor que voltar a ficar só com as minhas frescas.

- Eu não aguento mais andar com você nesse estado.. Recomponha-se mulher! – Caroline falava enquanto entrava no quarto.

Me sentei na cama e tentei prestar atenção sobre o que estavam falando.

- Eu to triste, O.K.? – Bonnie disse, com voz de choro.

- Mas ta dramática demais até pra mim.

Eu até entendia o lado da Bonnie mas, se a Caroline, Rainha do Drama, falou isso, a coisa devia estar bem feia mesmo. Já que, no geral, era sempre a Carol que estava choramingando, seja por uma unha quebrada ou por causa de garotos.

- Ainda bem que não sai com vocês. – Abri um sorrisão pras duas.

- Sempre agradável e conveniente... – Caroline resmungou.

Revirei os olhos mas fingi não ter ouvido.

- Caroline sabe que eu estou triste, você não acha, Elena, que se eu a encomodo tanto ela poderia simplesmente me deixar de lado?

- TÁ VENDO? É DESSE DRAMA QUE EU TO FALANDO. – Carol falou um pouco mais alto, apontando o dedo pra Bonn. – Faz ela parar.

A loira azeda se jogou na cama e enfiou a cara no travesseiro, e eu joguei uma almofada com força na cabeça dela.

- Bonnie meu amor, eu entendo o seu sofrimento, mas escuta: O MUNDO GIRA MINHA FILHA. Tua vida não acabou por causa de um garoto. Você vai continuar vivendo, até o dia da sua morte, o que é bem óbvio. – Respirei fundo, e continuei. – E Caroline, você é a unica pessoa que não pode falar NADA, porque até um tempo atrás tava sofrendo por causa do TYLER! E o Tyler é muito pior do que o Jeremy. Enfim.. Escutem a titia Elena, vamos viver em harmonia.

- Olha quem ta falando de harmonia..

- Mas ela ta certa! – Pela primeira vez da vida, Carol me defendeu.

Depois disso eu voltei a ignorar as duas, como faço sempre, e fiquei ouvindo musica e lendo uma revista de moda qualquer que tava em cima da cama da Caroline. Não “lendo” já que não tem nada pra ler nessas porcarias, fiquei apenas folheando e procurando defeitos nos rostos aparentemente perfeitos das modelos. O incrível é que eu sempre achava.

Sem querer, enquanto folheava, vi uma data na revista: 09/08

- Carol.. – Chamei, enquanto me sentava na cama novamente e tirava os fones do ouvido. – Essa revista é de hoje? Quer dizer... Hoje é dia nove?

- Pera. – Ela pegou o celular e chegou na tela. – Sim.. Por que?

- Nada...

Na verdade era Tudo. Minha cabeça começou a girar. Eu precisa de ar fresco..

Sem dizer nada, me levantei da cama às pressas e fui correndo para o lado de fora, de um jeito desajeitado e sem prestar atenção em muita coisa que estava em minha volta, e só parei quando esbarrei em um armario, e com armario eu quero dizer um cara bem grande e quase cai no chão.

- Não olha por onde anda? – Perguntei, mas quando olhei pra cima encontrei com a cara feia do Tyler. Rindo. – Não tem graça, palhaço.

Levantei e dei um tapa no ombro dele, que se encolheu ao meu toque. Mas ele não parou de rir.

- Cara, eu queria ter uma camera e ter filmado isso, em camera lenta. Tu devia ter visto o seu rosto durante a queda. – Mais risinhos insuportáveis.

- Cara, eu queria ter uma camera pra me filmar enquanto te mato. – Ameacei e apertei os olhos.

Não tava com humor pra aturar idiotices. Definitivamente não estava.

- Talvez os meus, impossivelmente, longos cílios tenha me atrapalhado a ver. – Ele falou e piscou o olho duas vezes, bem rapido.

Em que lugar eu tinha visto essas palavras mesmo?

- Mas o que isso tem a ver, retardado? – Perguntei.

De todas as idiotices que o Tyler falava, acho que essa se superou.

- Não nada.. É só que eu acho que meus cílios enormes combinam com meus ardentes olhos cinzentos. Você não acha Elena?

AI. MEU. DEUS.

- Tyler, você ta lendo 50 tons de cinza? – O encarei boquiaberta.

- EU SABIA!!! O LIVRO É SEU. – Ele explodiu em gargalhadas.

- Como assim? – Cada vez eu me perdia mais nessa conversa estranha. – Eu não escrevi o livro, se é isso que ta dizendo.

- Nossa, Elena, você é mais lenta que eu.. To dizendo que achei seu livro. Debaixo do seu colchão. VOCÊ LÊ PORNÔ!!!! – Continuou rindo.

EU NÃO ACREDITO QUE ESSE IMBECIL ENTROU NO MEU QUARTO PRA MEXER NAS MINHAS COISAS.

- Você é idiota? EU VOU TE MATAR! – Comecei a dar vários tapas seguidos nele, mas ele não parava de rir. – COM QUE DIREITO VOCÊ ACHA QUE PODE FICAR FUÇANDO AS MINHAS COISAS SEU MALDITO?

- Você só ta estressadinha porque anda lendo pornô escondido. Sapeca! – Ele apertou os olhos, mas não conseguiu conter o risto por muito tempo.

- Pra sua informação, 50 tons é um livro que muita gente lê, e quase nunca é pra ficar se masturbando. Seu porco, idiota.

- AHAM, CLARO QUE É.

Bufei e deixei ele com a risadinha insuportavel sozinho. Tyler foi a primeira pessoa, em toda a historia da humanidade que até hoje é conhecida, que conseguiu, em poucos minutos, me irritar mais do que o Damon. Pelo menos ele quase me fez esquecer a data de hoje e tudo o que eu estava setindo. Bom, quase.

Mais tarde estávamos todos reunidos na sala de televisão/jogos. Tyler ficava encarando Klaus e Caroline o tempo todo, mas ambos pareciam não ligar. Pra falar a verdade, aquilo estava me incomodando mais do que a qualquer um. Bonnie tava comendo pra espantar a tristeza. Ela vai ficar gorda se continuar assim. Rebekah passou, olhou, mas não parou ali depois que viu que Stefan tava feliz, jogando uma merda de joguinho. Já eu, decidi não surtar por causa de datas, não neste dia.

O que eu mais fiz durante todo o tempo, foi tentar arrumar a droga de um cabelo em pé atrás da cabeça do Damon. E o cabelo não ficava certo.

- PARA DE MEXER A CABEÇA, MERDA. – Quase berrei.

Passei a lingua na mão e quando eu fui tentar passar na cabeça dele, pra ajeitar, ele segurou meu pulso.

- Nem pense nisso! Que nojo. – Fez uma careta.

Eu o encarei e revirei os olhos.

- Como ousa ter nojo de mim? Tem bastante baba minha no seu organismo nesse momento. – Falei, e ele fez cara de nojo, fazendo com que Stefan risse e Tyler também. – Pois bem, não te beijarei mais.

Passei a mão com baba no rosto dele, perto da boca, fazendo-o resmungar um palavrão. Depois me sentei o mais longe possível dele no sofá.

- Quanto drama.. – Ele cruzou os braços no peito.

Como resposta, lhe mostrei a língua.

- Ela não vai te beijar, mas depois vai apagar o fogo lendo o livrinho pornô. – Tyler comentou e começou a rir.

Nesse momento, eu praticamente rosnei. Por sorte, ou azar, não achei nada pontudo ou pesado o bastante pra acertar a cara dele.

- Como assim? – Praticamente todos que estavam na ali perguntaram juntos. Até Bonnie tirou os olhos da comida pra me encarar.

- O que foi? – Perguntei.

- Você que deveria responder.. – Caroline falou, como se fosse algo muito óbvio.

- Não é pornô.. É 50 TONS DE CINZA, CARALHO. Metade do mundo ja leu. – Me defendi.

- Tem razão, não é pornô apenas.. É pornô pra tia velha! – Damon falou, e todo mundo começou a rir. Menos eu.

- HA HA HA, muito engraçado, inclusive vai tomar no cu!

Me levantei estressada pra pegar mais café e ignorei o “calma amor” do Damon. Eu demorei mais do que deveria pra colocar o café expresso no copinho. Apertei bem devagar e fiquei admirando o líquido quentinho caindo lentamente e deixando o copo também quente.

- Sabe, Elena.. Eu sei que você curte pornô, mas não precisa ficar lendo. Se quiser eu te empresto filmes. – Tyler surgiu atrás de mim, pegando também um copinho pra por café. – Ah, e admitir que no fundo você curte umas safadezas.

Deixei o copo de café no balcão, temendo que perdesse a cabeça e jogasse o café nele, e me virei:

- Sabe, você tem razão. Eu curto umas safadezas.. – Me aproximei dele, e ele foi chegando pra trás. – Inclusive eu to com um tesão por você agora mesmo. Eu to queimando de tesão.. Você é tão gostoso! Vamos, tire a roupa, vamos fazer umas loucuras, aqui e agora! – Eu estava a poucos centimetros dele, e segurando pra não rir de sua cara.

- Não posso, eu to com medo no momento. – Ele falou com a voz esquisita e os olhos arregalados.

- Você é alguma garotinha? Vamos, tire a roupa! – Passei a ponta dos dedos no peito dele.

- Medo me broxa!

Ai não consegui e explodi em gargalhada. Mas não sem antes dar um empurrão nele contra o balcão.

- Vê se para de me encher o saco, idiota.

Peguei meu copinho de café e voltei a me sentar, longe, do meu futuro ex namorado.

- O Tyler é mesmo um idiota. Se fosse eu já tinha te beijado. – Damon falou, mas eu ignorei e bebi meu cafézinho. – Claro, que ele perderia o amigo. Mas mesmo assim... – Continuei ignorando. – Na verdade eu faria muito mal em te beijar. Você é um saco. – Olhei pra ele e sorri amarelo. – Mas é difícil resistir à essa boca.

Nesse momento olhei para o outro lado pra ele não me ver sorrindo de verdade.

Meu sorriso durou pouco, assim que vi a criatura mais insuportável do planeta passando pela porta e parando bem a nossa frente. Lexi e seu ar de superior. Fiz questão de não esconder meu descontentamento e a olhei com a cara mais amarrada possível.

- Não precisa me olhar desse jeito, eu vim pra falar com Stefan.

Bufei e olhei pro lado, e nesse momento senti Damon chegando mais perto até passar os braços pela minha cintura. Eu deixei pra empurrá-lo depois que ela saísse dali.

- O que quer comigo? – Stef perguntou. Eu achei estranho isso, já que sequer sabia que eram amigos.

- A gente pode conversar lá fora?

Fiquei mais surpresa ainda quando ele sorriu largo e se levantou, a abraçando, como se ela fosse algo muito precioso na vida dele. Não deu nem um minuto depois que passaram pela porta, para:

- DESDE QUANDO ELES SÃO AMIGOS? – Caroline e Bonnie perguntaram juntas, tirando as palavras da minha boca.

- Eles passaram o restinho das férias o tempo todo juntos. – Tyler falou, com a boca cheia de torta de morango.

- Que porra.. Isso vai dar merda! – Damon falou. O encarei e fechei a cara. – O que foi?

- Ta com ciumes por acaso? – Perguntei, cruzando os braços.

- Não é isso, é só que... – Caroline e Klaus deram uma risadinha, fazendo-o parar. – Que que foi?

- Nada, é que é impressionante sua capacidade de estragar as coisas. – Klaus foi quem falou.

- Não, quer saber? Fica ai com seu ciumes, eu vou me retirar. E NÃO VENHA ATRÁS DE MIM. – Falei e saí dali o mais rápido possível.

Não porque eu estava com ciumes do ciumes dele. E sim porque não estava com saco pra essas coisas. E eu lembrei que faltavam uma hora para o outro dia. E lembrei da maldita data.

REBEKAH’S P.O.V.

Eu não acredito.. A gente mal termina e ele já está com outra?

Stefan e Lexi estavam cada vez mais próximos, e eu sei que ele diz que “é só amizade”, eu deveria acreditar. Mas simplesmente não dá. Homem e mulher não podem, aliás, não conseguem ter uma amizade saudável.  Sempre um quer pegar o outro, e na maioria das vezes não conseguem se controlar.

Confesso que tava doendo ver ele feliz com outra. Eu sei que isso é até meio egoísta de se dizer, mas no fundo eu queria que ele fosse feliz só comigo. Com nada mais atrapalhando... Como era antigamente.

- Oi. – Uma voz chegou atrás de mim e me fez pular de susto.

A risadinha chata do meu irmão começou a sair.

- O que você quer Elijah? Me matar? – Perguntei, com a mão no coração.

- Não quero te matar.. – Ele se abaixou ao meu lado. – Quero matar seu namoradinho..

- Ex namoradinho. – Corrigi. – O que ele te fez?

- Ele ta se atracando com a minha mina.

Apesar de eu não gostar disso também, tive que rir. Elijah sempre fora apaixonadinho na Lexi, desde que o conheço por gente, mas achei que já tinha superado essa fase..

- Sua mina? SUA? – Ainda não conseguia controlar a risada.

- Deixa de ser idiota.. Corna mansa!

- EPA! A gente terminou antes disso.. E eles nem tão se pegando. – Falei – São só amigos.

Na verdade eu quis dizer isso mais pra mim do que pra ele. Só que nesse exato momento, eles deram um abraço tão demorado, que fez Elijah rosnar e me deu vontade de vomitar.

- Tá legal, eu preciso de acabar com essa amizade colorida dos dois. – Ele falou e saiu, pisando forte e com raiva.

- Espera.. Eu vou te ajudar.

DAMON’S P.O.V.

Tá certo, a Elena é difícil.. Já era pra eu ter acostumado com isso a essa altura do campeonato. Pois bem, acostumei mais ou menos. Tipo uns dez minutos atrás, quando ela teve seu show de ciúmes nas entrelinhas de sua expressão, e falou “não me siga”, eu sabia que eu deveria segui-la, e foi o que eu fiz. O problema é que ela não estava em lugar nenhum do colégio, e eu não tinha saído muito depois dela.

E eis a dúvida: quando ela some pra não ser encontrada, ela quer que eu a encontre?

De qualquer maneira, eu perguntei pra todas as pessoas que eu encontrava pela frente, e nenhuma tinha visto ela. Elena não tem nenhum poder de se teletransportar, pelo que eu saiba, então ou as pessoas não percebem a presença dela, ou ela mandou todos mentirem. Minha ultima esperança foi o “nosso canto”, mas para a minha decepção, ela não estava lá também.

Quando já tinha desistido de procurá-la, e estava voltando para o meu quarto, eu ouvi um barulho estranho, quase de choro, vindo de um canto perto da entrada para o ginásio. Eu segui o som, e lá estava a perdida: deitada na grama, no meio de duas árvores e..

ELA TAVA CHORANDO?

Uma coisa que eu nunca pensei que veria era Elena Gilbert, a Senhora de Pedra, chorando. E isso fez com que meu coração ficasse destruído.

Me aproximei devagar, para não assustá-la.

- Quer companhia? – Perguntei e me sentei na grama, ao seu lado.

Ela ficou numa tentativa em vão de secar as lagrimas e olhar pro lado. Como se eu já não as tivesse visto escorrendo pela sua bochecha.

- Não quero, vai embora. – Falou com a voz embargada.

- Então tá.. – Fingi que ia levantar, mas ela me interrompeu, se sentou e puxou meu braço.

- Não..

- Se decida!

- Não me escuta quando eu te pedir pra ficar longe. – Sorri

A puxei pra mais perto de mim, mas ela preferiu se sentar no meio das minhas pernas, e eu a abracei por trás, fazendo com que ela deitasse a cabeça no meu ombro. Nós ficamos um tempo em silêncio e, apesar de eu não estar entendendo nada do que tava acontecendo, fiquei feliz pelo choro dela diminuir um pouco. Depois de já ter manchado minha camisa com suas lágrimas.

- Agora vai me contar o que houve? – Perguntei, quebrando o silencio.

Ela balançou a cabeça fazendo que sim e respirou fundo.

- É que amanhã, ou hoje, eu não sei que horas são.. Enfim, é aniversário da minha mãe, e eu fico meio sensível nessa data, porque comemorávamos juntas antes de ela morrer. E eu sei que eu já deveria ter superado, mas não superei e nunca vou superar, e se você me chamar de infantil..

- Ei.. – A interrompi. – Eu não te acho infantil por sentir falta da sua mãe, eu te acho até mais humana do que parece ser, na maioria das vezes.

Ela sorriu fraquinho e eu dei um beijo em sua bochecha, ainda molhada pelas lágrimas, e lhe abracei forte.

- A falta que eu sinto dela é enorme, e é mais ou menos.. Não, mais ou menos não, é inteiramente por isso que eu não conseguia aceitar o casamento do meu pai. Ainda não aceito, mas não vou me meter mais. Ele não tem que ser infeliz igual eu sou.

- Você é infeliz?

- As vezes eu me faço de durona e tal, mas na maioria das vezes é um caos aqui dentro. – Ela colocou a mão no coração. – Mas não acho que eu seja infeliz, eu usei a expressão errada.. Mas não tem uma palavra pra colocar no lugar.

- Eu até te entendo.. Minha família é cheia de problemas. Digamos que pros meus pais, não importa se eu to vivo ou morto, contanto que eu não faça nada pra arruinar o nome da família, tipo matar e ser preso, ta tudo bem. Se eu não ligar pra eles durante o ano todo, eles não me ligam... A não ser pra brigar.

- Mas pelo menos os dois estão vivos. – Ela falou, e a voz dela saiu trêmula e baixinha.

- Sim, mas eu acho que a dor é igual. Pelo menos você sabe que sua mãe te amava.

- Seus pais com certeza te amam, do jeito deles mas amam. – Ela fez carinho na minha mão, e foi uma sensação tão gostosinha.

Eu não sei como esse momento foi pra ela, mas por mim, poderia parar o tempo pra sempre e nos deixar naquela posição. Naquele momento era meio que: eu e ela sem o mundo. Mas o caso é que pra mim não fazia mais diferença falar dos meus pais, eu já estava me acostumando, já ela claramente não.

- Talvez você tenha razão. – Disse, por fim.

E de novo um longo silêncio entre nós. Mas ele não incomodava, era até reconfortante. Era uma das primeiras vezes que nós não brigávamos a cada segundo. Apesar da minha vontade de gritar “eu não te faço feliz?” quando ela disse que era infeliz, mas preferi ficar quieto. Eu ia estragar tudo igual sempre fazia.

Eu penso na Elena como um túnel  cheio de terra: tem que ir tirando a terra devagar, porque se for rápido demais, talvez você fique cansado demais na metade, e não consiga chegar do outro lado. E na situação que eu to, eu não posso arriscar afastá-la por querer mais do que ela pode oferecer no momento.

- Obrigada. – ela quebrou o silêncio dessa vez.

- Pelo quê?

- Por me aturar.. Não deve ser fácil.

- Não é mesmo. – mordisquei sua orelha de leve.

- Você é pior! – Ela apertou minha perna.

- Ah, eu sei que sou.

Ela se virou, sentando-se no meu colo, mas de frente pra mim, com as pernas em volta da minha cintura. Os olhos ainda inchados, mas com um sorriso largo no rosto. Envolveu meu pescoço com os braços no mesmo momento que eu envolvi sua cintura, e trocamos um beijo lento e demorado.

Nesse momento estávamos sendo apenas nós dois. Ela estava sendo ela mesma. Sem máscaras, sem fingimentos. E eu também era eu mesmo. E então eu soube que isso sempre será o que eu preciso: eu e ela. Eu poderia viver um infinito de nós dois.


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Notas finais do capítulo

Vou tentar não demorar pra atualizar, juro! ps: TENTAR, não me crucifixem se eu não conseguir.