Paradise On Hell escrita por Gilbert


Capítulo 17
Almost the first time


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse capitulo ta bem mais romântico que engraçado, eu admito. Na verdade não ta nada engraçado.. Mas eu acho que vocês vao gostar. Espero.
Qualquer reclamação sobre, eu sou todo ouvidos.
Não se esqueçam de comentar e, se quiserem, recomendar, eu ficaria muito feliz.



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Coloquei meu travesseiro na cara, tentando ignorar o ataque de pânico da Elena. Ela batia as mãos no colchão, batia as pernas e rangia os dentes. Parecia um cachorrinho com medo, e isso seria muito engraçado se essa não fosse a situação.

– Da pra parar? – Pedi por fim, e ela me lançou um olhar mortal.

– Você deveria estar surtando também! – Ela falou.

Revirei os olhos.

– Você sabe onde estamos? – Perguntei, olhando em volta.

Era um quarto bonitinho, arrumadinho, nada parecido com o quarto de hotel que eu estava dividindo com o Klaus. Elena também olhou em volta, forçando a memória, até que arregalou os olhos.

– Cacete, a gente ta na minha casa! – E o ataque de pânico voltou. – Será que meu pai viu a gente chegando? Ahhh não...

Dessa vez eu não consegui segurar o riso, ela era bem engraçada quando estava desesperada. Mas a minha risada só fez com que ela ficasse ainda mais irritada, e começasse a me bater com toda a sua força. “Não provoca, ela é estressada e tem um tapa que dói”, repeti na minha cabeça.

– Para com isso sua maluca. A gente nem sabe direito o que aconteceu! – Falei, e ela parou, forçando a memória de novo.

– Eu não lembro de n a d a. Não sei o que fizemos, não sei como viemos parar aqui. E isso tudo é culpa sua.

– Se você se sente melhor colocando a culpa em mim, tudo bem... Mas aí no fundo você sabe que a culpa é de nós dois. – Ela bufou.

– Você ta vestido? – Perguntou.

Passei a mão pelo meu abdome até...

– Sim. – Disse.

– Sério? – Ela deu um sorriso.

– Não! – Admiti e seu sorriso desapareceu.

– Eu ia perguntar onde estava minha calcinha, mas.. – Ela apontou pra cima, e a calcinha estava pendurada no ventilador.

De novo eu segurei o riso. Não queria apanhar mais.

Eu tinha certeza que tínhamos transado.. E eu sei que pra ela isso pode ser ruim, mas pra mim foi ótimo. No fundo eu estava bastante feliz por ela ter perdido a virgindade comigo, por eu ter sido o primeiro a toca-la, mesmo que não lembrasse. E ela nem deveria estar fazendo essa cena toda, porque no fundo eu sei que ela sabe que isso iria acabar acontecendo, se estivéssemos bêbados ou não.

– Por que você ta sorrindo seu idiota? – Ela perguntou e deu um tapa, menos forte, no meu braço.

Eu nem tinha percebido que meus lábios haviam se curvado em um sorriso. Mas o motivo dele ter acontecido, eu sabia.

– Se eu te falar o porquê, você vai ficar com raiva, e vai me odiar ainda mais. – Disse. – Apesar de gostar, um pouco, de mim.

Elena ficou um pouco vermelha, e se escondeu debaixo das cobertas. Eu revirei os olhos e fiz a mesma coisa.

Poderia ter aproveitado o momento para olhar o resto do corpo dela debaixo do edredom, mas não consegui desgrudar os olhos do rosto dela. Ela virou pra mim, mas manteve os olhos fechados. Provavelmente por vergonha, ou por estar reprimindo a vontade absurda de me bater.

– Olha, eu sei que você ta meio confusa com tudo isso que aconteceu..

– Que não deveria ter acontecido. – falou ainda com os olhos fechados.

– Tá, que seja.. Mas é melhor que tenha acontecido comigo! Pelo menos você sabe que eu não vou sair correndo, te deixar sozinha e nunca mais te ligar. – Eu disse. – E sinta-se especial quanto à isso, porque é o que eu costumo fazer. – Admiti, e ela finalmente deu um meio sorriso.

– Eu só to meio frustrada, tenta entender... Não parece, mas eu tenho tipo, um milhão de sentimentos presos aqui dentro, presos com cadeado e tudo mais.. Eu sempre discordei disso de, tipo “Oi vamos transar depois de uma noite de bebedeira, porque, sabe, minha virgindade não é nada”. Eu gosto de romance à moda antiga, do tipo conhecer um cara que vai beijar a sua mão antes de beijar sua boca. Que se liga mais no seu sorriso do que no seu corpo. E, eu to tão impressionada de ter me.. Apaixonado – Nessa hora ela balançou a cabeça, mas eu não interrompi. – Por alguém que seja exatamente o oposto disso tudo. Você é exatamente o oposto de tudo o que eu sempre quis pra mim. Você é aquele idiota da escola, que eu sempre peguei e descartei, só pra ter uma moral com as minhas amigas. E agora eu sou tão dependente de você que.. Droga. – Ela virou de busto e enterrou o rosto no travesseiro.

Eu queria falar tanta coisa pra ela, porque apesar de eu ser exatamente isso que ela havia falado, com ela eu era diferente. Eu sentia isso. Eu agia como um idiota exatamente por isso. No fundo eu só estava assustado, exatamente como ela.

Mas quando ia abrir a boca, alguém bateu na porta.

– ELENA! – Era a voz de Caroline. – Faz o que tu tem que fazer por que: FUDEU.

– Droga. – Ela murmurou. – Eu deveria te mandar pular a janela, se você morresse seria lucro, mas fica debaixo da cama, e só sai quando eu falar “EU ODEIO IDIOTAS”, ok?

Balancei a cabeça positivamente.

Elena rapidamente colocou um pijama e saiu do quarto. Eu fiquei sozinho, pensando sobre tudo o que tinha acontecido, e fantasiando como realmente foi.

ELENA’S P.O.V.

Parei de pensar, bem.. Naquilo, e me concentrei na merda que provavelmente iria acontecer. Sai do quarto e Caroline estava me esperando na porta, com as mesmas roupas de ontem e a maquiagem toda borrada. Bom, se eu fiz merda, ela fez duas vezes pior.

– O que houve? – Perguntei, fingindo um bocejo. Eu não ia contar pra Carol o que havia acontecido agora, ela poderia deixar na cara enquanto conversássemos com meu pai.

– Presta atenção: a gente foi numa festa, eu encontrei o Klaus e você se sentiu mal e veio embora. Eu sai com Klaus e os pais dele, e dormi no apartamento deles, no sofá. Por isso só cheguei agora.

Decorei isso na cabeça, e nós duas fomos até a sala, onde meu pai e a sebosa máster estavam nos esperando.

– Comecem a falar. – Meu pai falou.

– John, eu já te disse.. Elena veio embora porque se sentiu mal, e eu dormi na casa do Klaus.

Me joguei no sofá e fiquei encarando eles com a maior cara de sono possível.

– E você, mocinha, o que tem a dizer sobre isso? – Ele perguntou. – E sobre a porta do quarto trancada a noite, e seus, hm, gritos?

PUTA QUE PARIU.

Pensa Elena, pensa...

– Bom.. Me desculpa por ter passado mal e vindo embora, me desculpa por ter passado mal durante o sono, e eu não lembro de ter trancado a porta. – Dei um sorriso amarelo.

Por sorte eu sabia mentir muito bem. Aprendi isso quando respondia “ta tudo bem” sempre, depois que minha mãe tinha morrido principalmente.

– John, sinceramente, você está exagerando. – Até que enfim a sonsa falou uma coisa inteligente.

– Eu não to, essas crianças..

– CRIANÇAS NÃO PAI, PARA COM ISSO, QUE MERDA! A gente não fez nada de errado – “fez sim”, pensei. – Para de agir como se fosse o fim do mundo, só porque a gente foi numa festa.

– Não a festa que tinham dito que iriam.

– Lógico, a outra era chata, essa era legal. Lide com isso! – Falei.

Eu tava nervosa, eu não queria ter vindo nessa viagem, eu não queria ter ido na festa.. Olha as merdas que aconteceram quando fui forçada a fazer algo que eu não queria.

– Me respeite Elena! Eu sou seu pai..

– Exatamente por isso eu to falando. Eu não vou ser sempre a sua garotinha pai.

– John, vamos dar uma volta, você esfria a cabeça, e depois a gente conversa melhor. – Jenna sugeriu.

Eu peguei meio pesado, mas com a historia que Caroline contou, não tinha motivo nenhum pra ele ficar desconfiado.

Tá, eu sei que tinha, mas foda-se.

Meu pai concordou em dar uma volta com a namoradinha, e deixou eu e Caroline sozinhas na sala. Ela me olhou tipo “Ufa” e eu dei de ombros. Se ela estava com essa aparência horrível, eu imaginava como eu estava, já que não lavei o rosto, não penteei o cabelo, nem escovei os dentes.

– O que aconteceu ontem? – Ela perguntou.

– Eu não faço ideia. – Admiti.

Só tinha certeza de uma coisa que havia acontecido...

– Eu acordei ao lado do Klaus no hotel dele, por sorte estávamos vestidos. Foi um milagre eu saber o endereço pra voltar pra casa. Não a tempo.. – Caroline bufou. – O que houve com você?

Aí eu me lembrei que Damon provavelmente estava esperando o meu sinal no quarto.

– EU ODEIO IDIOTAS. – Gritei.

– Eu sei que você odeia mas...

Antes dela terminar a frase, Damon passou por nós, usando apenas a bermuda e descalço. Ele me deu um selinho rápido e saiu correndo pela porta.

– Mas o que...? – Carol estava boquiaberta.

– Bom, você acordou do lado do Klaus, eu acordei do lado do Damon. – Falei.

– E vocês estavam vestidos?

Balancei a cabeça negativamente e ela levou as mãos até a boca.

– Que merda. – vociferou.

– Sim.

Falei que não queria tocar no assunto e fiquei surpresa de Caroline ter concordado. Nós tomamos café da manhã e depois fomos tomar um banho, já que estávamos um lixo.

Eu preferi tomar banho de banheira, em água bem quente, pra tentar relaxar. Eu não estava triste por ter acontecido com o Damon, porque parte de mim queria que acontecesse.. Eu estava confusa pelo modo como tudo aconteceu. Eu imaginava isso tudo tão diferente, e a realidade estragou meus sonhos. Novamente. Eu já deveria estar acostumada com isso, mas não estava. Eu era – respira – uma garotinha. Uma idiota garotinha amedrontada.

“Vira homem Elena”, eu repetia pra mim mesma. Mas não tem jeito. Big girls don’t cry, e eu por mais que tentasse não chorar, estava chorando. Então eu sou apenas uma garotinha indefesa.

Eu chorava por gostar do Damon, por ter cometido um erro gigantesco numa noite de bebedeira. Por não lembrar do que deveria ser a noite mais especial da minha vida.. Eu chorava por ser tão imatura a ponto de odiar a namorada do meu pai, só por ser namorada dele. Eu chorava por estar totalmente perdida dentro de mim, no labirinto do meu coração. Chorava por não conseguir admitir o quanto eu amava o idiota do Damon. E.. Nossa, eu chorei por todos os erros, por todas as merdas que eu já fiz, por todas as merdas que eu ainda iria fazer. Eu soltei todos os sentimentos que eu tinha prendido desde a morte da minha mãe.

Sai do banho completamente nova, completamente diferente. Eu me sentia diferente. Como se o banho fosse uma chave mágica pra eu guardar meus problemas, e eles tivessem descido pelo ralo quando a banheira esvaziou.

Coloquei uma calcinha e sutiã e saí do banheiro, com a toalha amarrada na cabeça. Em cima da cama meu celular tava piscando com “Cabeçudo msg. Texto” que dizia “Me encontre no central park as três, tenho uma surpresa”. Só respondi um “ok” e uma carinha feliz. Por mais que eu não quisesse ver a cara dele, eu não ia resistir e iria acabar aparecendo mesmo.


STEFAN P.O.V.

– Então, eu acho melhor a gente dar um tempo. – Falei, suspirando pesado.

Rebekah olhou pro teto, contou até dez, e depois olhou pra mim, com os olhos marejando.

– Eu também acho. Infelizmente. As coisas não são mais como eram antes... Acho que a gente ficou tão colado que agora enjoou. – Ela falou.

Eu tive que concordar. E aquela melação toda não enjoou só a nós dois, enjoou a todos que andavam com a gente. Damon, Tyler, Elena... Até a Lexi, que não era tão minha amiga assim, tinha me dito que era chato ver a gente junto o tempo todo.

Me despedi da Bekah, e sai andando sozinho, pra pensar e relaxar. Por mais que eu quisesse ter uma companhia, Damon estava em NY, Tyler estava em.. Eu não fazia ideia. Então eu tive que lidar com isso de “me myself and I”.

Minha vontade de ficar sozinho foi interrompida por..

– BU!

Tyler gritou, enquanto dava um tapa no meu ombro.

– E ai viado. – Ele disse. – quais as boas?

– O que tu ta fazendo aqui?

– Dando umas voltas, to entediado. – Ele fez cara de triste e eu revirei os olhos. – Vamo no Chave’s?

Chave’s era uma lanchonete que a gente curtia ir, porque ele deixava a gente beber, e também porque a comida era boa e barata.

– Bora, ué. – Falei, tentando parecer animado.

– Tu ta desanimado em mano! – Tyler comentou, enquanto caminhávamos até nosso destino.

– Terminei o namoro. – Contei.

– Ah, Tefinho, mas um motivo pra tu comemorar. – Ele deu um sorriso tão largo que parecia que ia rasgar suas bochechas. – Namoros são perca de tempo, e de mulheres!

– E teu lance com a Caroline?

– TE PROÍBO DE FALAR O NOME DELA!

Levantei os braços em forma de rendição e ele me deu um soco no ombro. Eu ia revidar, mas preferi não. Tyler era sensível demais quando tocava no assunto da Caroline, como se ele tivesse apaixonado.. Mas todo mundo sabia que era tudo fogo nos fundilhos.

Entramos na lanchonete, e quando fomos pendurar os casacos, uma menina gritou:

– Tyler! É você? – Ela se aproximou.

O idiota se escondeu atrás dos casacos e fez sinal para que eu não falasse nada.

– Eu consigo te ver aí atrás. – Ela disse e cruzou os braços.

Mas ele insistiu em sussurrar um “shhh” pra mim. Eu dei de ombros, me virando pra menina e lançando um olhar de piedade. Ela bufou e saiu do estabelecimento. Tyler suspirou aliviado.

– Ufa, essa foi por pouco. – Ele sorriu.

Revirei os olhos e dei um tapa na cabeça dele.

– Ela era bonita. Você é burro ou o quê? – Mas que pergunta óbvia que eu fiz.

– Ela tem um problema na..

– Não quero saber. – Falei e ele riu.

Nós conversamos sobre o Tyler tomar jeito em relação a garotas, sobre ele esquecer a você-sabe-quem e partir pra outra. Comemos, bebemos cerveja amanteigada e depois fomos pra casa dele jogar vídeo-game. O bom disso tudo é que eu não fiquei sozinho por muito tempo.. Provavelmente se eu tivesse ficado, teria ligado pra Rebekah, e estragado o “dar um tempo”.

Damon me ligou, e eu coloquei o telefone no viva-voz.

– E ai mano. – Eu e Tyler falamos juntos.

– Aconteceu uma merda.. – Ele disse.

– O que?

– Bebi demais e acabei transando com a Elena. – A voz dele saiu meio falhada.

– Mas desde quando isso é uma merda? Tu descobriu que é gay? – Tyler provocou. – Pelo menos tu deu uma pimbada. – Dei outro tapa na cabeça dele.

– O problema é que nenhum de nós lembra direito o que aconteceu.

– Transa de novo sem estar bêbado. – Tyler sugeriu.

– Não acredito que vou falar isso: mas eu concordo com ele. – Disse.

– Vamo ver né.. Mas em, tenho que desligar, Klaus ta chegando!

– VOCÊ FOI PRA NY COM ELE? COM O KLAUS? NÃO FALA MAIS COMIGO, EU QUERO DIVORCIO! – Tyler falou.

– Beijos garotas! – Damon provocou e desligou o celular.

O resto do dia se resumiu com Tyler reclamando de Klaus, Caroline e Damon.


DAMON’S P.O.V.

– Vai sair? – Klaus perguntou, escovando os dentes.

– Vou encontrar a Encrenca. – Respondi.

Eu tava meio nervoso, admito. Tão nervoso que não percebi que tinha colocado um cadarço de cada cor no tênis. Tão nervoso que esqueci de trocar o cadarço para que ficassem da mesma cor.

– Daqui a pouco a Carol chega aí também. Vamos assistir uns filmes e.. Bom, quando você tiver vindo, manda mensagem? – Pediu.

– Hmm, entendi, mando sim!

– Beleza então.

Me olhei no espelho, dei uma piscada pra mostrar confiança a mim mesmo, e sai do quarto de hotel. Rumo ao Central Park. Ela curtia romance à moda antiga.. Não curtia romance clichê. Ela vai ganhar um romance estilo Damon Salvatore. O que isso significava? Eu não tenho certeza, mas não era algo muito ruim. Considerando que eu nunca fiz isso com nenhuma outra garota, que eu nunca li isso em livro nenhum, clichê não é.

1, 2, 3... 30 minutos eu fiquei sentado na grama do parque, esperando ela chegar e com aquela pontinha de duvida se ela realmente viria, até que finalmente ela apareceu, com uma camisa xadrez por cima de uma blusa branca, short detonado e aquele olhar que ela sempre dava quando me via.

– Oi cabeção! – Ela disse séria, mas depois sorriu.

– Pelo jeito já ta bem de novo né?

– Maravilhosamente bem.

Sorri pra ela, e peguei sua mão, levando-a até meus lábios e beijando-a. Em seguida lhe dei um selinho.

– “Beija a sua mão antes de beijar a sua boca”. Se eu não me lembro, era isso que você queria. – Falei e depois pisquei.

– Ah, entendi, você quer me conquistar numa tarde romântica? – Ela me olhou com sarcasmo e eu ri.

– Não reclama. Só, curte.. Qualquer coisa depois, se tu conseguir, me chuta!

Ela concordou com a cabeça.

– A ideia é boa.

– Então... Eu tinha pensado em um piquenique, mas seria muito clichê, então.. – Peguei a minha bola no chão. – Topa jogar futebol? – Perguntei, sorrindo de lado.

– Não acredito! – Ela riu. – Eu até topo... Mas só nós dois?

– Futebol Americano adaptado.. Eu jogo pra você, você joga pra mim, quem deixar a bola cair perde.

– Então se prepara pra perder. – Ela disse, jogando sua bolsinha no chão, e colocando a sandália junto.

– Há. Isso seria mais divertido se estivéssemos na praia, semi-nus, até porque areia é melhor que grama. – Ela riu.

– É só tirar a camisa, campeão. Você adora fazer isso mesmo.

Revirei os olhos.

Drive - Train ou Someday - The Strokes (N/A: escolham qualquer uma das duas, eu fiquei indecisa. Ou entao, toca uma e depois a outra hehe)

Ficamos cada um no nosso ponto, em um lugar estratégico perto da bolsa da Elena, mas longe das pessoas, pra que a bola não as acertasse. Me aproveitei que Elena estava fazendo um coque, para começar a jogar.

– UM DOIS TRÊS JÁ! – Joguei a bola, que acertou seu braço e caiu no chão.

Ela terminou o coque, me lançou um olhar irritado e devolveu a bolada com toda a força, e se eu não tivesse colocado a mão, ia acertar bem nas minhas bolas.

– Para com a palhaçada. – Ela disse. – Agora que o jogo começou.

Mostrei o dedo do meio, e ela fez a mesma coisa. Então, antes que começássemos a discutir de novo, joguei a bola pra ela devagar, mas ela devolveu com duas vezes a força. Mas eu consegui pegar.

– Achei que o objetivo do jogo era se divertir e não tentar matar o coleguinha. – Provoquei.

– Achei que o objetivo do jogo fosse um ganhar e o outro perder. – Ela mostrou a língua.

– Eu ganhar e você perder.

Joguei a bola, mais forte dessa vez, só que ela conseguiu pegar. Ela apertou os olhos, ameaçou jogar uma vez, duas, e da terceira jogou com tanta força que a bola foi parar no topo de uma árvore.

– Ótimo..- Murmurei.

Nós fomos até a árvore, e Elena estava rindo.

– Tu perdeu amorzão. – Ela disse.

– Não. Perde se a bola cair no chão, no caso ela ta na árvore, e da seu jeito de pegar. – Eu disse.

Ela revirou os olhos e deu um chute em um galho, fazendo com que a árvore balançasse e a bola quase caísse. Então ela chutou novamente, e a bola caiu. Mas eu consegui pegar antes que ela acertasse o chão.

– Pensa rápido. – Joguei a bola, que por pouco ela não pegou.

Elena correu com a bola e de longe jogou novamente pra mim, acertando minha cabeça e indo pra frente. Eu corri um pouco e me joguei pra que ela não acertasse o chão. Me levantei com a bola na mão, joguei ela um pouquinho pra cima, e depois dei um chute com força em sua direção. Fiquei impressionado quando ela acertou o pé na bola, fazendo com que ela subisse com menos velocidade, e caísse exatamente nas suas mãos.

– Onde aprendeu a jogar bola? – Perguntei.

– Tanta coisa que você não sabe sobre mim. – Ela disse, jogando um beijo no ar, e depois chutando a bola com toda a força em minha direção.

A bola bateu na minha barriga, me fazendo cair sentado, com a bola no meu colo.

– Essa foi quase. – Ela disse, comemorando.

– Cansei de brincar. – Falei.

– Só porque ia perder. Deixa de ser bicha. – Ela revirou os olhos.

– Ah não..

Apertei os olhos e fui correndo até ela, que correu de mim. – Vem cá Elena. – Ela gritou por socorro, mas eu consegui alcança-la, abraçando-a por trás e fazendo cócegas. O Som da risada dela era tão gostoso de ouvir.

– Pára Damon.. Eu.. Vou.. Te matar. – Ela disse, em meio as risadas.

– Repete comigo: O Damon é um gostoso. Aí eu paro. – Falei, continuando com as cócegas.

– Jamais. – Ela disse.

– Então eu nunca vou parar.

– Não, por favor.. – Continuei. Ela já tava ficando cansada de rir. – Ok.. O.. Damon.. É Um.. Nojento. – Revirei os olhos e não parei com as cócegas, então ela falou. – Um gostoso.

– Ta vendo, não foi tão difícil. – A virei pra mim.

– Eu te odeio.

– Você me adora.

Coloquei uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, mordi sua bochecha e em seguida beijei sua boca. Diferente de todas as outras vezes, dessa vez a gente parava pra sorrir durante o beijo, com a respiração ofegante e os corpos suados. Eu sugava seu lábio inferior e ela mordia o meu. Foi um beijo gostoso, diferente. Foi como se a noite passada e toda a merda que fizemos tivesse sido apagada.

Ela parou o beijo com um selinho.

– E agora? Qual a sua ideia para uma tarde romântica nada clichê?

– Vem comigo. – A puxei pelo braço.

Pegamos a bola, a bolsa e a sandália dela, e saímos do Central Park em direção à uma loja de discos antigos que tinha ali perto.

– Curte rock clássico? Ou discoteca? – Perguntei, enquanto entrávamos na loja.

– Os dois. – Ela respondeu.

Quando eu era criança e tinha um relacionamento saudável com a minha família, ia direto a lojas de discos com meu pai. Comprávamos vários, às vezes de artistas que nem sabíamos o nome, ou que não conhecíamos a carreira. Em casa eu tinha uma coleção do Elvis, e já tinha decorado praticamente todas as musicas, ouvia até o disco ficar riscado demais pra tocar novamente.

– Que tal? – Levantei um disco dos Beatles, que dizia “carreira completa.”

– Legal... Eu tenho uma queda pelo George. – Ela disse.

– Mas ninguém lembra do Geroge. É sempre “John Lennon, a lenda e musicas marcantes. Paul McCartney, teorias da conspiração e o cata gatas. Ringo Star, feio, magrelo, porem talentoso.” – Eu disse. – Ninguém lembra muito do George.

– É por isso que eu tenho uma queda por ele. – Ela sorriu. – E que tal esse?

Ela segurava um disco escrito “The Rolling Stones – Exile On Main St.”

– Eu prefiro o Beggars Banquet. – Falei.

– Então a gente vai levar Exile On Main St. – Ela piscou e eu revirei os olhos.

Saímos dali com o disco dos Rolling Stones e dos Beatles, e com um qualquer que tinha a capa engraçada e nenhum nome.

– E agora? – Ela perguntou, enquanto caminhávamos lentamente na calçada.

– Starbucks? – Sugeri.

– Starbucks.

Fomos andando até o Starbucks, e Elena pediu um café duplo e eu um cappuccino de chocolate. Eu não curtia muito o gosto do café puro, já Elena parecia que era meio dependente do café. Na escola volta e meia ela tava com um na mão. Eu curtia cappuccino, Milk shake, tudo que fosse bastante doce. Ela era dependente do amargo e eu do doce. “E é pela diferença que eles se completam”.

– Já ta ficando tarde.. Eu acho melhor eu ir embora, antes que Caroline de um ataque, junto com meu pai. – Ela disse, levantando-se.

– Eu te levo até em casa.

– Você que sabe..

Saímos do estabelecimento e deixamos o dinheiro e a gorjeta em cima da mesa.

Caminhamos em silencio até o prédio dela. Em geral eu não gostava de ficar muito tempo quieto, mas dessa vez isso não me incomodou. Eu tava distraído demais sentindo sua mão entrelaçada na minha e seus dedos fazendo um carinho tímido nas costas da minha mão.

– Chegamos. – Ela disse, soltando a minha mão. Eu coloquei as mãos no bolso. – Obrigada pela tarde romântica nada clichê. – Ela disse, sorrindo.

– Disponha. – Respondi, também sorrindo.

Ela me deu um selinho demorado de despedida, passou as mãos no meu cabelo e sussurrou um “tchau”. Fiquei parado observando ela andando pra longe, até que ela parou no meio do caminho, olhou pra cima e depois se virou pra mim novamente.

– Não quer... Subir? – Perguntou.

Eu sorri, sem responder nada, me juntei a ela. Pegamos o elevador e em fim chegamos no seu apartamento. Ela abriu a porta devagar.

– Pai? – Chamou, enquanto entravamos. – PAI??? – Nenhuma resposta. – Carol? – De novo, sem resposta. – Bom, acho que estamos sozinhos. – Fechou a porta.

– Tem um bilhete aqui. – Apontei para a mesinha de centro.

Elena pegou o bilhete e o leu, depois deu um sorrisinho.

– Meu pai foi numa festa com a sebosa e volta lá pela madrugada, e a loira azeda só chega mais tarde.

– Hmmm.. – Tentei ao máximo afastar os pensamentos mais pervertidos, sem sucesso é claro.

– Vou deixar isso aqui no quarto e já volto. – Ela disse.

Enquanto ela ia até o quarto, eu fui até a cozinha beber um pouco de água.


ELENA’S P.O.V.

Coloquei os discos dentro do armário, e quando fechei a porta, ouvi duas batidinhas na porta do quarto.

– AI MEU DEUS. – Levei a mão até a boca.

Damon estava apenas de blusa e cueca, com a calça na mão. Tentei não olhar muito pra baixo, e encarar apenas o seu rosto.

– Aconteceu um probleminha.. – Ele falou, envergonhado.

– Imagino!

– Não, é sério.. Eu derrubei água na calça. – Se explicou.

– Ah.. Já tava achando que ia abusar de mim ou algo do tipo. – Falei. – Coloca a calça ali no banheiro, pendurada no Box, pra secar.

Ele fez o que eu mandei, e depois se sentou ao meu lado na cama.

– Isso é estranho. – Eu disse.

Realmente era.. Muito, muito estranho.

– Fecha os olhos e me beija, que isso passa. – Ele falou, com a voz rouca.

Scream - Usher (Corey Gray cover)

Aquela voz rouca que fazia com que todos os meus sentidos se perdessem. E ele sabia exatamente disso.

Fiquei surpresa com a rapidez com que eu fiz o que ele pediu. Eu o beijei, sem fazer charminho antes, sem nem pensar duas vezes. Apenas o beijei, e ele correspondeu rápido, como sempre fazia. Colocando uma das minhas pernas sobre a sua, e acariciando-a com a ponta dos dedos, fazendo com que todo o meu corpo respondesse a seu toque. Fazendo com que eu me arrepiasse até o ultimo fio de cabelo. Sua mão entrou pela barra do meu short e parou na barra da minha calcinha, acariciando ali também. Nossas bocas não se desgrudaram nem por um segundo, até que ele mordeu meu lábio e falou baixinho.

– Se eu to sem bermuda, você também deveria tirar esse short.

– Você faz isso por mim. – Eu disse, com a voz falhando e a respiração ofegante.

Ele me deitou mais em cima da cama, desabotoou meu short e o tirou com uma rapidez e facilidade impressionante. Depois beijou a minha perna, subindo até a minha barriga enquanto levantava a minha blusa, que eu o ajudei a tirar, até que seus lábios encontraram os meus novamente.

Virei a gente na cama, ficando por cima dele, com uma perna de cada lado de sua cintura, fazendo um pequeno movimento de “vai e vem” enquanto o beijava. Nesse momento ele tava queimando de desejo tanto quanto eu. Meu coração estava a mil, parecia que ia pular pra fora do meu peito a qualquer segundo. Beijei seu pescoço e depois o encarei.

– Sabe, eu gosto muito dessa camisa sua. Mas acho que você deveria tirar.

Ele fez isso rapidamente e, em seguida, eu passei minhas unhas, deixando um rastro visível por quase todo o seu abdome, fazendo-o gemer. Ele levou as mãos até o meu sutiã, desabotoando-o e eu deixei que ele escorregasse pelos meus braços. Desci a minha mão até a barra de sua cueca, ameacei tira-la mas, felizmente, ele fez isso por mim, e depois nos rodou na cama novamente, ficando por cima.

Ele tirou a minha calcinha, jogando-a longe, e depois beijando cada cantinho do meu corpo, fazendo com que eu gemesse baixo. Damon pegou um preservativo no bolso interno de sua camisa que estava em cima da cama e depois, cuidadosamente, posicionou-se em cima de mim.

– Esta pronta? – Perguntou, com a voz embargada.

Eu não consegui falar nada, parecia que minha voz estava presa na garganta e se recusava a sair. Então apenas sinalizei um sim com a cabeça.

Nossos olhos se encontraram, e eu me perdi por um segundo na imensidão azul dos olhos dele, que tinham me encantado desde quando eu pensava que o odiava. Eu não senti dor, senti apenas um prazer imenso e um enorme frio na barriga. Se o mundo acabasse ali, agora, eu não ligaria, desde que eu estivesse ao lado do meu cabeçudo. Meus gemidos se misturavam com o dele, enquanto eu arranhava as suas costas. Os movimentos ficavam cada vez mais rápidos e mais intensos.. Nesse momento eu me senti completamente dependente dele, e isso não me incomodava. Eu pertencia a ele, assim como ele pertencia a mim. Nós éramos parte de um quebra-cabeça todo errado, mas agora, parecia que nada jamais fora tão certo.

Eu senti prazer de formas tão diferentes. Era como se eu estivesse em outra dimensão, totalmente fora da realidade. Éramos apenas Damon e Elena, e todos os problemas que nos rondavam, agora, não faziam sentido algum.

Depois que consumamos o ato, eu deitei em seu peito, me sentindo completamente... Completa. Ele colocou seus braços fortes em volta de mim, mordiscou a minha orelha e depois sussurrou:

– Eu te amo.

Aquela frase saiu tão verdadeira que, se fosse qualquer outro dia eu ficaria nervosa e provavelmente fugiria dele. Mas, sem pensar, sem nem sentir as palavras saindo da minha boca, eu respondi com toda a sinceridade do mundo:

– Eu também te amo.


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