Paradise On Hell escrita por Gilbert


Capítulo 16
The Hangover


Notas iniciais do capítulo

Me matem se quiser, eu demorei por pura preguiça uashdaushd Mas enfim, espero que curtam, deixem comentários, apesar do capitulo não ter ficado engraçado ou.. Wtvr.
Obrigada pela paciência.



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– Então a nossa guerra vai dar um tempo? - Perguntei, enquanto abraçava sua cintura e caminhava ao seu lado pela praia.

– Não sei se isso seria possível...

– E por que não? - A encarei, e ela estava sorrindo de uma meneira que nunca tinha antes.

– Ficaria sem graça. Eu odeio romance! Ele são sempre iguais, sabe? É chato, repetitivo.. Clichê.

– Comédias romanticas são legais. Tem um final feliz e tudo mais..

– Não me fazem rir. Eu gosto de finais tristes. - Disse satisfeita, e depois sorriu largo. Eu ri daquilo, era o tipo de coisa que só ela teria coragem de dizer, e na verdade, ela tinha razão.

Ela fez uma careta, eu dei um meio riso e segurei seu roso, dando um selinho. Depois ela revirou os olhos.

– O que foi? - Perguntei.

– Isso.. Vai ser chata a nossa... relação!? Se você me chamar de "amor", eu te mato. - Ameaçou. Dei um meio sorriso.

– Mata nada, Amor. - Provoquei.

– Cala essa boca.

– To calado, Amor. - Elena bufou.

Ela me deu um tapa no ombro, com força. Eu não podia me deixar esquecer disso: além de difícil ela era/é violenta. Muito. Mas agora era meio que justo ficarmos "de boa", pelo menos no possível.

Nunca imaginei, quer dizer, até imaginei mas não pensei que seria possível. Tipo... Eu e Elena. Nós. Acho que ninguém dava muita esperanças pra isso. Claro que não estávamos namorando, noivos, casados. Mas estávamos juntos, e isso era o suficiente pra mim. Ter aquele sorriso dela direcionado a mim, sem uma piadinha sarcástica ou uma cara feia.

– Você é insuportável.. Porque eu decidi ficar contigo? - Ela perguntou, rindo.

– Você ta comigo?

Esse era um daqueles momentos raros em que Elena Gilbert ficava vermelha de vergonha. A bochecha dela corava, a sobrancelha dela arqueava um pouco e ela desviava o olhar. Era bem engraçado, pra falar a verdade.

– Então.. Amanhã eu tenho que ir pra.. Algum lugar, encontrar meu pai e a nojenta da mãe da Carol, você não vai me ver. Há Há.

– Incrível sua capacidade de mudar de assunto! - Falei e ela me ignorou. - Mas, que pena que não vou te ver.

– Mais ou menos né!? - Ela mordeu o lábio inferior, fazendo uma cara que eu tinha apelidado de "Wild one". Era um tipo de provocação.

– Você vai morrer de saudades. Vai sentir falta dos meus beijos, de tudo!

Ela apertou os olhos e me encarou.

– Não!

– Ah é? - Ela balançou a cabeça negativamente e soltou uma risadinha. - Então ta. - Tirei minhas mãos de sua cintura, e cruzei os braços no peito, fingindo estar bravo.

– Vai fazer drama?

Não respondi.

– Qual é... - Continuei quieto e olhei pro outro lado. - Damon!

Apertei os lábios.

– Sabe, quando você fica com essa cara de bunda, você fica feio. Perde todo o encanto que supostamente você tem! Sério. Para com isso, volta a ser "quase" bonito. Vou te dar um pé na bunda..

– Cala a boca.

Falei, interrompendo a falação da "Senhorita Eu Sei Te Enlouquecer." Ela tava falando rápido e fazendo cara de drama, eu não iria resistir por muito tempo.

– Isso, falou comigo! - Sorriu vitoriosa.

– Você é muito chata..

– E você não consegue ficar sem falar comigo!

– Você não consegue ser ignorada, fica com o orgulho ferido e enche o saco. - Sorri e ela fechou a cara. - Mas continua linda.

Estávamos prestes a discutir de novo, então segurei sua cintura e a beijei de novo. Elena era mais bonita calada, e ainda melhor quando me beijava. Quando nos beijávamos era como se toda essa confusão não fizesse sentido. Realmente não fazia. Era mais ou menos assim: se um respirava errado, o outro ia esfregar esse erro na cara pra sempre. Eramos dois cabeças dura, com gostos parecidos e diferentes ao mesmo tempo. Dois bicudos não se bicam... Mas eu estava disposto a arrancar o meu "bico", por ela. Por mais estranho que isso soasse.

Ela parou de me beijar e me encarou.

– O que é isso? Quer dizer.. Não, o que é isso? - Ela fez uma cara de duvida, mas me parecia que ela já sabia a resposta.

– Isso são duas pessoas se beijando, se é o que quer saber. - Respondi.

Como resposta ela revirou os olhos. Tipico.

– To falando disso entre a gente.

– Você tem que complicar? - Perguntei, e ela ficou quieta. - São apenas duas pessoas, se beijando, o que pode levar a alguma coisa maior, no futuro...

– Não pode ser só duas pessoas se beijando? E que se gostam.. - Ela praticamente suplicou. - Esse "algo a mais" meio que me deu um frio na barriga.

– Você se arrependeu de ter dito que gosta de mim? - Perguntei, com a voz mais triste do que pretendia.

– Não é isso.. Eu só preciso de um tempo pra digerir isso!

– O resto das férias ta bom? - Ela balançou a cabeça como um "sim". - Você quer que mantenhamos isso em segredo? - De novo um "sim." - Mas eu posso te beijar enquanto pensa? - Perguntei, chegando mais perto. Ela fez o mesmo "sim" novamente, mas dessa vez com um sorriso nos lábios.


ELENA'S P.O.V.

Mais tarde já estávamos arrumando as malas para irmos embora. Minha cabeça tava a mil.. Era muita coisa pra absorver.

Talvez não fosse tanta coisa assim, mas era tudo diferente. Quer dizer, ia ficar tudo diferente. Eu não sabia nem o que pensar... Toda aquela declaração. Eu sempre fui desconfiada em relação a sentimentos masculinos sobre as mulheres, e toda vez que baixei a guarda eu me ferrei. Só que agora, eu estava realmente com medo que desse errado. No fundo, apesar de todo a raiva que eu sinto do Damon, eu não queria estragar o que tínhamos. Eu sempre soube que gostava dele.. Mais do que eu deveria, mais do que eu imaginaria gostar, mas eu tava lidando bem com a situação já que, eu pensava, que ele não sentia nada. E "bum", tudo mudou.

– ELENA! - Caroline gritou, me assustando.

– VAI A MERDA! Não grita desse jeito quando eu to distraida. - Falei, me recompondo. - O que foi?

– Bipolar.. Nada, é que você ta colocando as suas calcinhas dentro da mochila de comida! - Ela riu. - Ta com a cabeça aonde?

"Num idiota aí.."

– No meu pescoço. Só to... Distraida pensando na viagem com o papai e sua mãe. - Foi uma boa desculpa.

– Não vai aprontar nada lá em? - Ela me reprovou com o olhar.

EU não estava pensando em nada pra fazer lá.. Nada além de fazer do restinho das férias da madrasta um inferno. Tinha passado uns bons dias sem pensar nesse maldito casamento, mas eu não queria que acontecesse. Eu odiava aquela sebosa, odiava a ideia dela ser minha mãe, e por mais que eu tenha me acostumado com a loira azeda, eu não queria ela como irmã. E não precisava do meu pai ainda mais distante...

De qualquer maneira, dessa vez se eu fosse ter alguns planos, eles não incluiriam a ajuda da Caroline! Aquela lá só servia pra atrapalhar mesmo.

– Fica tranquila, não vou fazer nada. - Respondi por fim.

Meu "capetinha" interior quase gritava de felicidade. Enquanto o "anjinho" ficava repetindo: "Pare de ser egoísta."

Quem vocês acham que eu escuto mais?


(...) 5 HORAS DEPOIS

Estávamos no avião, em direção a Nova York.. Fiquei meio decepcionada com o lugar, porque achei que meu pai iria querer algo mais "família", ou uma praia, sei lá. Mas no funo eu estava feliz.. A cidade que nunca dorme. NY era aquele lugar mágico que todos gostariam de conhecer, e eu com certeza passaria menos tempo perto do casal maravilha, mas o pouco tempo que ficasse perto deles, seria o bastante pra Jenna me odiar. Se é que já não odiava..

Caroline tava dormindo do meu lado, fazendo um barulho insuportável com o nariz, mas seu rosto estava feliz. O motivo do rosto feliz era "adeus umidade, olá cabelo bom". Eu sentia falta do guaxinim na cabeça dela, porque agora eu não tinha mais tantos motivos pra fazer piada. Bonnie não quis vir, preferiu ir até o Jeremy, conhecer a família dele.. E eu, não queria estar aqui. Por mais constrangedor que fosse, eu queria estar do lado do cabeçudo. Essa vontade que estava sentindo era tão constrangedora, que eu sentia até meu cérebro rindo do meu coração e estremecia na cadeira macia.

Eu tentei fazer de tudo pra não pensar nele, mas infelizmente não foi possível. Coloquei os fones de ouvido, mas sempre uma frase de uma musica qualquer me lembrava dele. Tentei assistir um filme de ação, mas os olhos do ator eram azuis, assim como os olhos do Damon. E se eu tentasse dormir, tinha certeza de que ia acabar sonhando com ele. Minha vontade era mata-lo por ter me feito ficar assim. Eu odiava gostar dele.

– Porque ta tão inquieta? Ta atrapalhando meu sono! - A Loira azeda reclamou.

– Foda-se - Sorri amarelo.

Meu humor nunca era bom, e agora não tava muito melhor.

– Quando você morrer de stress eu vou sentir falta de ser maltratada. - Não respondi, então ela continuou. - O que aconteceu?

– Nada. - Falei.

– Aconteceu sim, eu te conheço..

Respirei fundo.

– Damon me beijou e disse que gosta de mim! - Falei de uma vez, porque no fundo eu sabia que ela ia ficar me enchendo com isso o resto da viagem.

– É só isso? Mas isso a escola toda já sabia. - Ela revirou os olhos. - E você também gosta, para de ser tão chata!

– Eu não sou chata... Eu só não gosto de gostar de ninguém!

– Então você gosta! - Ela bateu palminhas e abriu um sorriso enorme. - Eu sabia.

– Cala a boca.

Me virei na cadeira pra não ter que encarar a Caroline e aquele sorrisinho na cara dela. O jeito mais rápido que achei pra evitar conversas foi fingir que tava dormindo, mas ficava dificil, pois tinha um pirralho chutando a minha cadeira.

Bufei alto pra ver se a criança se tocava e parava, mas isso só o incitou a fazer mais. Já sem paciência, me virei na cadeira e dei um tapa na cabeça do moleque, sem nem olhar se os pais dele estavam do lado, mas por sorte, o pai dele estava dormindo.

– Ai. - Ele choramingou.

– PARA. DE. CHUTAR. A. DROGA. DA. CADEIRA! - Falei pausadamente, lançando um olhar mortal pro individuo.

– Eu vou contar pro meu pai. - Ele mostrou a lingua.

– Não tenho medo! E se contar vai apanhar mais ainda. - Mostrei a lingua também.

Idade mental: seis anos.

O menino fechou a cara, mas sossegou as pernas, só então eu me acalmei.

– Precisava disso tudo? - Caroline perguntou, me reprovando com o olhar. - Era só uma criança!

– Não provoca, to mais calma agora. Mas se quiser, faço a mesma coisa com você. - Ameacei.

– Eu to falando... Seu stress ainda vai te matar.

Não costumava ser tão estressada assim, mas os últimos acontecimentos ajudaram nesse meu gênio que antes estava adormecido. Acho que eu deveria começar a tomar um calmante, suco de maracujá... Porque do jeito que tava, nem eu tava me aguentando.

– Foi mal. - Respirei fundo. - Eu vou ser mais calma, quer dizer, se você merecer. - Falei, e ela riu. - To falando sério!

– Eu até apostaria com você, mas não quero te ver perdendo. - continuou rindo.

– Bora apostar então..

Caroline ficou pensativa por um segundo, e depois abriu um sorriso diabólico.

– Tenho uma ideia melhor: pra cada palavrão e piadinha sarcástica de mau gosto, você me paga dois reais.

– Dois reais?

– Por que? Acha que não consegue? - Provocou.

Apertei os olhos. Eu adorava um desafio e odiava perder.

– Feito. - Falei entredentes, e apertamos as mãos.

"Isso não vai prestar" falou uma voz chata dentro de mim. "Você vai explodir". Preferi ignorá-la.


(...) MAIS ALGUMAS HORAS DEPOIS


– PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI! - Gritei enquanto passava pela porta.

– Precisa do escandalo?

– Não, mas eu to acostumada a fazer isso.

Sempre que eu chegava em casa, eu gritava meu pai e ele vinha com um sorriso enrugado me receber. Mesmo que estivesse com raiva, nervoso, cheio de trabalho, ele sempre vinha. Eu sei que eu estava "brava" com ele, e a gente não se falava direito fazia algum tempo, mas eu nunca ia parar de fazer isso. Não importava a minha idade. Aquele sorriso dele foi o que me fez superar, ou quase superar, a morte da minha mãe.

Pra minha decepção: nada de abraço, nada de sorriso, nada de meu pai. Parece que as coisas realmente mudaram.

Nervosa, chutei a minha mala pela sala, enquanto Caroline fechava a porta do apartamento. Um gigante e lindo apartamento, admito.

– Olha, tem um bilhete aqui. - Carol falou. - "Filhas, a gente saiu pra comprar comida, já voltamos."

– "Filhas". - Fiz careta ao pronunciar.

– Para de ser chata.

Eu ia xingar, mas aí lembrei da maldita aposta e xinguei só em pensamento. Xinguei tanto que tinha algumas palavras que eu nem sabia se existia, mas se não existissem, deveria.

Me joguei no sofá que havia ali, e liguei a televisão.

– Você não vai tirar a sua mala do meio do caminho. - Ela perguntou.

– Não!

– Ok.

Caroline deu de ombros e deixou as três malas dela ali também, em seguida se juntou a mim no sofá, colocando os pés pra cima e tentando prestar atenção na televisão.

– Eu achei que eu era a rebelde. - Falei e ri.

– Sem ironia! - Ela alertou.

– Nah, você falou sem "sarcasmo e xingametos", não falou nada sobre ironia. - Me defendi, revendo as palavras que ela tinha usado. Ela fez a mesma coisa.

– Ah.. De qualquer forma, eu não vou ser a filha perfeita só pra tentar apagar suas merdas. Se vai ser ruim, eu também vou.

– Achei que você tinha se acostumado com esse casamento.

– É.. Mais ou menos...

Interrompendo a fala da Caroline, a maçaneta da porta girou, fazendo um barulho chato. Logo depois o casal sorridente apareceu, com várias sacolas de compra nas mãos e sorrisos insuportáveis na cara. Ele tava dando o sorriso que costumava dar pra mim, pra ela. Automaticamente fiz uma cara de nojo, mas Caroline me deu uma cotovelada fazendo com que eu voltasse ao normal.

– Olá garotas. - A sem sal falou.

Caroline correu para abraçar a mãe, e meu pai se aproximou de mim.

– Oi estranha! - Ele brincou, e eu ignorei. - Ainda vai continuar sem falar comigo?

– Sim. - Falei e virei a cara.

Meu pai, digo, John deu um risinho baixo e, de surpresa, me abraçou, praticamente me esmagando no sofá.

– Ai pai, você não é magro sabia!? - Falei, com dor por todo o corpo, mas ele não parou com o abraço.

– Senti sua falta. - Ele falou.

– Eu não. - Menti.

– Eu sei que sim.

Não consegui me segurar por muito tempo, então o abracei de volta, e foi uma cena "bonita", até a hora que eu escapei dos braços dele.

Não cumprimentei a Jenna, nem olhei muito tempo pra ela. Era como se ela fosse a "Medusa" e qualquer contato vizual fosse me transformar em pedra. Pelo menos eu pensava nela assim, então não queria arriscar. Era uma boa desculpa pra dar para o meu anjo interior, enquanto o capetinha pulava de felicidade.


Digamos que o nosso dia foi normal, sem aquelas paradas chatas de fingir que eramos uma família legal, até porque acho que ninguém tava nesse clima ainda. Jenna tentou puxar assunto comigo, mas eu fui seca, até que ela desistiu. Eu sei que eu não deveria tratá-la assim, porque ela virará minha madrasta.. Mas quem liga? Eu não pedi pra ela namorar o meu pai, e roubar ele de mim.

Sem querer eu acabei numa discução comigo mesma "Mas você tem o Damon". Eu não tinha o Damon, eu queria ter o Dam.. Eu NÃO queria ter o Damon.

DROGA ELENA, VOCÊ PARECE LOUCA FALANDO CONSIGO MESMA!

Tá, chega. Eu não ganho uma discussão de mim mesma.

Pelo menos eu ganho no vídeo-game e na competição de quem-come-mais-pizza-sem-ficar-com-dor-de-barriga. Digamos que por causa dessa ultima, eu deveria ser uma baleia. Mas, sem contar com a minha "simpatia" e a vontade de xingar, o que eu não fiz graças a Caroline, eu tinha que estar feliz, afinal sobrevivi perto da bruxa. Meu pai ficou feliz, ao menos parecia feliz.. Devia estar comemorando o fato de eu não ter fugido de casa... Ainda. Mas também, eu não tinha pra onde ir.

E agora estávamos os quatro sentados em volta da mesa, tomando café da tarde, como uma típica familia feliz.. "Familia." Mas ninguém tava falando nada, até..

– E então, quais os planos pra hoje a noite meninas? - A Sebosa mãe perguntou, tentando puxar assunto.

– Não sei..- Carol respondeu, e eu fiquei apenas mordiscando meu pão.

– Vai ter uma festa em um clube novo que está inaugurando, aqui perto. - Ela sugeriu.

– Se a Elena topar.

Dei de ombros. Na verdade eu queria ir, mas não queria parecer animada e ela (Jenna) achar que eu era sua amiguinha. Eu não era, nunca seria, não importa quanto tempo leve ou o quanto ela pareça inofensiva. Aquela cara de sonsa boazinha não me enganava.

– Eu tenho certeza que você vai gostar. - Carol falou comigo.

Eu meio que senti um tipo de "aviso oculto" na voz dela, como se ela tivesse tramando algo. Eu não tinha certeza se era uma coisa boa, ruim ou péssima. Mas vindo da Caroline pode-se esperar qualquer coisa. E "qualquer coisa", na maioria das vezes, não era algo sensato.

– Por mim você pode ir. - Meu pai falou e depois sorriu, dando a sua benção.

Desde quando ele ficou tão liberal assim? Eu é que não ia reclamar.. Apenas sorri amarelo.


1 HORA ANTES DA "BIG PARTY"

– Você vai ter que me emprestar alguma roupa. - Alertei a Caroline enquanto encarava o teto, deitada na cama. - Nada muito rosa!

– Eu falei que era pra você trazer mais roupas, mas você nunca me ouve.

– Quem precisa de roupas quando viaja com Caroline, O Guarda-Roupa Ambulante?!

– Dois reais. - Ela fechou a cara e depois sorriu brevemente.

– O que?

– Aposta!

– Porra..

– Agora são quatro. - Ela riu e eu bufei. - Eu sabia que não ia demorar muito pra eu começar a lucrar.

– Cala a.. - Ela ficou na expectativa de eu terminar a frase e ter que lhe pagar seis reais, mas me controlei. - Para. - Falei por fim.

Peguei o dinheiro com a maior má vontade do mundo, e joguei em cima dela. Tudo em moeda, o que deve ter machucado um pouco. E se tivesse machucado, eu ficaria feliz.

– Enfim, eu te empresto a roupa e o sapato.. Já que você tem sito uma ótima garota ultimamente. - Ela riu.

– Olha, não é porque eu parei com o sarcasmo que você tem que abusar deles.

– Isso é só pra você ver como é te aturar. - A Loira azeda tava com a corda toda. - Mas vai tomar seu banho logo, porque falta pouco tempo pra festa, e eu sei que é charme chegar atrasada, mas não quero chegar lá amanha.

Como eu não queria entrar numa discussão sobre o quanto ela tava chata, resolvi obedecer e tomar meu banho. Um banho bem quente pra relaxar. Eu estava tão estressada que ia acabar explodindo, como uma bomba. Caroline tava certa, desse jeito eu ia morrer cedo. Deus, eu preciso aprender a ser mais feliz ou daqui a pouco vou ficar cheia de ruga de expressão.

Não.. Ruga não.

Resolvi parar de pensar e só tomar meu banho normalmente, lavar a cabeça, o corpo e não pensar. Se o Tyler consegue fazer isso eu também consigo. A água quente meio que levava os meus problemas (poucos, mas irritantes) junto enquanto escorria pelo meu corpo. Eu poderia ficar ali pra sempre, até que a minha pele derretesse. Até que todos os problemas parecessem pequenos. Até que...

– ELENA VOCÊ SE AFOGOU NO RALO?

Até que a insuportável da Caroline tirasse minha paz!

– JÁ TO SAINDO! - Eu ia xingar ela, mas não queria perder outros dois reais, então falei um "porra" baixinho.

– ACHO BOM MESMO, NÃO QUERO ME ATRASAR MUITO.

Af. Caroline era tão exagerada, que o unico jeito era ignorar.

Mais ou menos meia hora depois já estávamos prontas, não precisava dela me tirar do banho, nem encher o saco com horários e essas coisas. Eu usava um vestido preto decotado nas costas, e na frente, mais ou menos curto e salto. Caroline usava um vestido branco muito mais curto que o meu, muito mais decotado, exagerado e.. Ela conseguia fazer o look prostituta parecer legal. Outra coisa que me irritava na loira azeda: ela era bonita.

– Tchau pai. - Gritei enquanto descia as escadas e corria pra porta. Não queria que ele me visse, ia começar a encher o saco sobre o tamanho do vestido e eu não tava com tempo pra isso.

– Bye mãe. - Carol gritou.

Em menos de um minuto já estávamos dentro do elevador.. Mais um minuto já estávamos dentro do táxi rumo a sei-la-onde. Em geral eu não confiaria na Carol pra me levar em festa nenhuma, mas tava cansada de ficar naquele apartamento. Mas para a minha surpresa, o taxi estava indo em direção a uma rua que não tinha sinal nenhum de festa, e parou em frente a um hotel.

– É aqui a festa? - Perguntei sem esconder a decepção na minha voz.

– Só precisamos pegar uma coisa..

– Ah.. - Olhei pela janela tentando ver o que era a "coisa" e.. - NÃO!

– Sim. Shh, cala a boca! - Ela sorriu olhando pela janela.

– NÃO!!!!!

Antes que eu pudesse fugir, gritar por socorro ou, sei lá, Damon e Klaus entraram no táxi. Virei a cara e fiquei encarando o outro lado da rua.

– Olá garotas. - Eles falaram juntos.

Eu ignorei e Caroline deu um beijo no namorado.

– Eu chamei meu namorado para vir em NY, e ele trouxe um amigo. Espero que não se importe. - Ela falou comigo. Não respondi, só fiz um "joinha" e dei um sorriso amarelo.

Damon deu uma risadinha baixa e irritante, eu comecei a contar mentalmente, tentando acabar com a vontade de esganá-lo. Ele por acaso entendeu o "eu preciso de um tempo" como "venha para a minha viagem com meus pais"? Droga, cabeçudo...

As coisas melhoraram um pouco quando a tal festa se transformou em uma festa em uma boate barra bar. Por sorte eu tinha trago a minha identidade falsa e ser maior de idade me dava uma certa liberdade. Já que eu tinha que encarar essa situação, pelo menos eu estaria bebada.. Feliz.

A Boate era gigante, e tinha carrões e várias pessoas entrando e saindo. Eu esperava pessoas mais velhas, mas para a minha surpresa, a maioria ali eram da nossa idade. Ninguém que eu conhecia, tirando o idiota, o do sotaque sexy e a barbie mal feita, é claro.

– Foda! - Damon falou, e dava pra ver a empolgação na sua cara. Em seguida ele piscou pra mim e eu virei o rosto.

Rapidamente nós entramos, depois de mostrar as identidades falsas. Caroline teve uma dificuldade nessa parte, porque a dela dizia que ela tinha 21 anos, e ela não tinha gravado a data de aniversario. Já eu tinha a minha a muito tempo, sabia tudo o que tava escrito nela de trás pra frente.

Lá dentro, puxei Caroline pelo braço até um canto com menos som.

– Você. Me. Paga. - Falei e ela riu.

– Eu sei que no fundo você gostou, então.. DE NADA!

A louca saiu correndo e pulou em cima do Klaus e os dois dispararam pra pista de dança.

Antes que eu pudesse, sei lá.. Respirar, Damon me puxou pela cintura, apertando suas mãos, até que meu corpo se colasse no dele. Confesso que por um minuto eu fiquei sem reação, só encarando aquela boca. Mas depois que recuperei os sentidos tentei me livrar dele, só que ele era forte demais.

– Me solta.

– Achei que a gente já tinha passado dessa fase! - Ele falou, depois me roubou um selinho e riu.

– Tínhamos. Mas eu pedi um tempo, e isso não é dar um "tempo". - Falei, e "Sem querer" dei um selinho nele, e sorri.

– Vamos nos divertir essa noite, como se fosse o ultimo dia de nossas vidas. Depois a gente decide o que faz.

Não me pareceu uma má ideia.

– Dança comigo?

Tava tocando uma musica que eu não fazia ideia de qual era, só sabia que era eletronica.

– Não.. Ta louco? Não tem nem como dançar isso a dois.

– Então vou dançar com outra! - Ele me provocou com um olhar do tipo "te desafio".

Ignorei e balancei os ombros. Ele continuou parado na minha frente por alguns minutos, até que desistiu e foi realmente procurar uma parceira. Eu fingi indiferença. Afinal, por favor, eu não sentia ciumes nem nada disso, muito menos do Damon... ESPERA! ELE ESTAVA COM TRÊS MULHERES? Mas que vadias, não tinha nem dois minutos que ele tinha ido procurar um par, e ele volta com três? Elas eram tão fáceis assim?

E ELAS ERAM UMAS BARANGAS!

Tentei olhar pro lado, tentei não olhar pra eles, mas infelizmente não deu certo. Meu olhar vacilava pra pista de dança e eu odiava ver aquele sorrisinho sacana do Damon dançando com as três. "Se controla Elena, se controla!" Eles estavam dançando em quatro, e eu disse que não tinha como dançar em dois...

Tu ta perdendo seu homem. - Caroline se materializou perto de mim, com uma garrafinha de ice na mão. Ela tava bebendo com canudinho, não ia demorar muito pra ficar alterada.

– Eu não tenho um homem! - Falei.

– ME POUPE! O ciumes ta estampado na sua cara. - Ela falou, mas saiu dali rapidamente, depois que Klaus a puxou.

O DAMON QUERIA UM MENAGE COM AS VAGABUNDAS OU O QUE?

Acho que meu botão do modo altomático ligou e quando vi já tinha puxado ele da pista de dança pela gola da camisa e o levado até uma parede qualquer.

– Eu não posso me divertir mais? - Ele perguntou, colando nossos corpos.

– Aquelas vadias estavam se aproveitando de você! - Falei e só depois percebi a idiotice que tinha dito.

– Sério? - Não respondi. - Por que fez isso Encrenca?

– PORQUE VOCÊ É MEU! - Tampei a boca depois que disse isso. - Finge que a frase que eu acabei de dizer, nunca foi dita.

Ele riu e depois me beijou, e eu correspondi na mesma hora. Deixei que a língua dele invadisse a minha boca e esqueci do mundo por um momento. Ele parou o beijo e colou sua testa na minha, olhando bem nos meus olhos.

– O que quer fazer então?

Era muita coisa acontecendo numa noite: Ataque de ciumes, declaração por indireta...

– Sabe o que eu realmente quero?

– Encher a cara? - Ele perguntou com um sorrisinho.

– Você realmente me conhece.. - Falei.

E foi exatamente isso que fizemos.

Hangover - Taio Cruz (N/A: eu sei que a musica é velha, mas foi a que eu lembrei na hora, coloquem pra tocar se quiser, mas eu acho que deveriam)

NARRADOR P.O.V.

Depois de alguns copos de vodka puro e garrafas de cerveja vazias, eles já estavam quase felizes demais. Elena queria dançar até suas pernas perderem os sentidos, e Damon queria beijá-la até seus lábios ficarem dormentes. Sentaram nos banquinhos bar e o Damon tava.. Aquele não era o Damon.

– DAMON! DAAAAAAAAAAMON. - Elena gritou procurando ele, mas sua vizão tava meio embaçada demais e as luzes piscando da boate não ajudavam muito.

– Olha pro lado sua tapada. - Damon riu e ela riu junto. Ambos estavam sem ter muita noção das coisas. - Barman, tequila por favor! - Ele pediu, praticamente tropeçando nas palavras. E por algum motivo ela tinha achado aquilo super engraçado.

O barman rapidamente encheu dois copinhos e colocou em cima do balcão.

– No três - Ela falou, e começou a contar, sem saber que numero vinha depois do outro. - DOIS, UM, QUATRO, TRÊS!

E viraram o copo. A bebida nem queimou na garganta, devido ao estado que estavam. A careta que os dois fizeram era por puro costume.

– Mais uma rodada. - Pediu.

– UHUL.

E foram uma.. Duas, três, quatro rodadas de tequila, flamejante e depois pista de dança. Não pararam de se beijar nem de se acariciar depois disso.

Damon agarrou Elena pela cintura, e começou a morder seu pescoço e dar alguns chupões, que com certeza ficariam roxos no outro dia. Em condições normais ela reclamaria.

EU TE AMO.– Ele falou, completamente fora de si, depois de um beijo.

EU TAMBÉM TE AMO.– Respondeu, antes de atacar seus lábios novamente.

Nenhum de nós dois faziam noção do que tinham acabado de falar e nem deram muita importância pra isso. Mas o fato é: a bebida destranca a portinha da honestidade. Eles estavam fazendo exatamente o que queriam fazer, mas que, se estivessem sóbrios, não fariam.

Eles só fizeram três coisas a noite toda: beberam, dançaram e se beijaram.

– Você viu isso? - Elena perguntou, com a voz estranha, enquanto caminhavam novamente em direção ao bar.

– O que? - Damon perguntou, coçando a cabeça.

– EU DANÇO MELHOR QUE TOOOOOOOODO MUNDO!

– Dançaaaaa, você é o Cara, Elena! - Ele disse, e ela riu.

– EU SOU O CARA! - Ela gritou feliz.

Caroline e Klaus estavam igualmente bêbados, mas Klaus tinha mais controle, então ainda conseguia cuidar de Caroline. Enquanto Damon e Elena, um cuidava do outro, incentivando um a fazer mais merda do que o outro.

Merdas to tipo: Elena dançando em cima de uma mesa vazia, Damon abrindo a camisa até a metade, acabar com uma garrafa de cerveja em menos de cinco minutos, até um selinho em Caroline Elena deu, e Damon tirou foto. Eles realmente pretendiam se divertir e esquecer um pouco a vida chata que estavam levando ultimamente.

So I can go until I blow up, eh
And I can drink until I throw up, eh
And I don't ever ever want to grow up, eh

I want to keep it going, keep keep it going..

I got a little bit trashed last night, night
I got a little bit wasted, yeah yeah
I got a little bit mashed last night, night
I got a little shhh faced it..

DAMON'S P.O.V.

Acordei no outro dia com uma dor de cabeça horrível, me recusava a abrir o olho e correr o risco de ficar cego com qualquer linha de luz que estivesse adentrando o quarto. Bom, tecnicamente eu não sabia que quarto era, só sabia que eu estava em uma cama, agora, como eu cheguei nela é um mistério. Eu não lembrava de quase nada da noite passada, tirando algumas partes nada especiais. Várias imagens aleatórias rondavam o meu cérebro, mas nenhuma fazia sentido algum. E.. Deus, minha cabeça ia explodir. Eu tomei um porre daqueles!

Ai meu Deus, o que aconteceu? Será que a Elena me viu bêbado? Droga... Ela era tão chata que ia fazer disso uma "grande coisa" e usar como desculpa pra não ter nada comigo. "Calma Damon, as vezes não aconteceu nada demais". Repeti pra mim mesmo, várias vezes, tentando me convencer. Mas só a minha voz dentro de mim já fazia minha cabeça latejar e eu dar um gemido abafado. Mas ainda estava com os olhos fechados. Se eu os abrisse provavelmente morreria.

Quando levei as mãos até a cabeça, meu cutuvelo esbarrou em algo. Alguém.. Devia ser Klaus, afinal a gente dividia o mesmo quarto. E eu tinha quase certeza de que eu estava no hotel.

– Klaus? - Perguntei, julgando que ele estivesse tão bêbado quanto eu e errou de cama.

– Hmmm.. - Um gemido de mulher. Eu conhecia aquele gemido...

Abri os olhos, pra ter certeza e.. PORRA!

– ELENA! - Gritei, fazendo com que ela acordasse num pulo.

– Damon? - Perguntou sonolenta. - Espera. - Ela estava caindo em si. - DAMON? O QUE? - Seus olhos se arregalaram. - NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAOOO!!!!!!!



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Notas finais do capítulo

quaisquer reclamações no meu twitter @forsmold3r obgd :)