- Rachel... O que foi isso? - se afastou generosamente dela, estática com tudo aquilo.

- Fui eu lhe mostrando que meu sentimento é recíproco. - segurou-a pelos ombros, não queria sair dali.

- E aquele garoto? - perguntou, fechando a expressão.

Rachel deu uma gargalhada, fazendo com que Quinn fizesse uma careta. Ela poderia voltar a mostrar revolta, mas a risada da morena era tão sexy...

- Você é uma idiota, Quinn Fabray! A idiota mais linda de todas, mas é uma idiota... O garoto que viu comigo não é meu namorado, na verdade ele tem noiva e eu não tenho interesse algum em conquistá-lo. Foi ele quem bateu no meu carro, estava apenas me dando carona enquanto o carro não volta da mecânica. - terminou a frase suspirando, como consequência de sua risada debochada.

Quinn estava boquiaberta. Não conseguia acreditar que guardou tanta raiva por um engano. Após o espanto, começou a se sentir estúpida, a garota mais estúpida de todas. Ela quase perdeu Rachel antes mesmo de tê-la, por uma tolice.

- Meu Deus... - pôs as mãos sobre a boca - Rach, me desculpa! Eu te chamei de muitas coisas agora, coisas das quais você não merecia ser chamada. Céus, como eu sou infantil! - lamentou.

- Bem... Eu realmente acho que você deveria pensar melhor antes de agir, mas te ver enciumada foi tão fofo que eu te permito a continuar desse jeito. - brincou com ela.

Seus olhos se encontraram. Eles diziam muita coisa naquele momento, era o melhor meio de comunicação que elas tinham. Rachel pôs sua mão sob a têmpora de Quinn e acariciou ali, chegando mais perto.

- Eu nunca senti isso antes... - encostou sua testa sob a testa dela, sentindo sua respiração em sua pele.

- Quinn, nós precisamos conversar. - pediu.

A loira virou às costas para ela, com medo de que aquela conversa pudesse se significar uma queda de volta para a realidade, um "mas" ou "porém" em algo que estava parecendo ser certo. Ela não queria a realidade de volta, queria mesmo é que aquela fosse sua realidade. Mas ela não podia ser tão covarde assim, não podia recuar quando finalmente tinha conseguido o que desejava. Então sentou-se no sofá, e chamou a morena com a mão que por sua vez, obedeceu.

- Sei que temos muito a conversar, e eu te devo respostas. Então, comece! - preparou-se para ouvir o que ela tinha a dizer.

- Você não têm ideia do quanto isso é novo pra mim... -  soltou, sendo o mais sincera que podia.

- Na verdade eu sei, já tive que passar por esse processo de aceitação. - segurou a mão da morena, tentando confortá-la.

- Não Quinn, é diferente, muito diferente! Você passou por isso porque começou a sentir desejo por garotas, por todas as garotas à sua volta, tanto que você já se relacionou com muito mais de uma garota. Já eu... Estou passando por isso por sua causa! Eu nunca cogitei gostar de garotas, você é a primeira a mexer comigo assim. Eu não entendo o que é esse meu desejo repentino por garotas, mas entendo o que estou sentindo e isso é algo sério.

- O que estou sentindo também é sério... - afirmou, certa do que dizia.

- Isso nós veremos com o tempo. Mas quero que esteja ciente de tudo o que estou arriscando por você. - disse dura - Sabe, meu relacinamento com Finn me deixou algumas lições. E logo veio você... Que bagunçou minha cabeça muito mais do que ele fazia quando eu era apenas uma garotinha insegura... Isso não tem lógica!

- Vai mesmo lembrar de Finn agora? - ergueu a cabeça, serrando os dentes.

- Quinn, não vai encanar com isso, vai? - indigno-se.

- Vou! Não é certo me comparar com ele, não tive culpa se ele te magoou.

- Céus! - exclamou, levantando-se do sofá e sendo puxada de volta por Fabray, que se viu estar indo pelo caminho errado e reparou seu erro em uma fração de segundo.

- Me desculpe, me desculpe... Sou uma ignorante. - desviou o olhar.

- Tudo bem... Não é ignorante, Fabray! Mas tem que me ouvir. - pediu.

- Eu passaria horas te ouvindo; mesmo se fosse sobre Finn ou algum desabafo sobre como eu posso ser idiota... Sendo você a dona da voz, eu estarei satisfeita. - confessou, encostando as costas no sofá para se sentir mais a vontade.

- Essa Fabray é nova pra mim... - brincou.

- Pra mim também, nunca tive oportunidade de conhecê-la antes! - sorriu, radiante - Rachel, você precisa saber que isso também significa muito pra mim. Você me conhece desde o Mckinley, sabe que nunca corri atrás de ninguém por amor, não corri atrás nem mesmo dos meus pais ou de Beth! Você despertou um lado em mim que eu não conhecia. - afirmou com coragem.

- E enquanto você fez nascer em mim um desejo desconhecido por garotas... - disse Berry.

- Você fez nascer em mim uma garota apaixonada! - concluiu Fabray.

Por um lado, Quinn sentia como se fosse uma menininha do colegial. Pernas tremendo, borboletas no estômago e uma vontade imensa de impressionar a pessoa por quem se interessava. Por outro, nunca havia se sentido tão a vontade e íntima de alguém, mesmo que com pouco contato. Rachel senti-se honrada pela oportunidade  de se sentir amada daquela maneira. Era a primeira vez que aquilo acontecia, que alguém a fazia se sentir mulher. Tomou a liberdade de deitar sua cabeça sob o peito da loira.

- Eu quero ir devagar... - continuou Quinn.

- Como você preferir!

- Você é especial, é a primeira vez que vivo isso, quero viver um momento de cada vez.

- Viveremos um momento de cada vez! 

- Sei que você deve estar se sentindo como se arriscasse muito, mas eu vou lhe garantir que isso não seja um risco. Me sinto tão sortuda por você ter me dado uma chance mesmo depois do meu ato de insegurança...

- Você é Quinn Fabray! - levantou a cabeça, olhando em seus olhos - Não se sinta sortuda porque qualquer pessoa te daria quantas chances você achasse que fosse preciso. - piscou, tocando seu nariz e depositando um beijo em seus lábios, que deu chance a um beijo maior.

- Fico feliz por poder conversar com você. - dedilhou sobre sua bochecha, acariciando ali.

- Otimo! Da próxima vez que tiver raiva de mim, converse comigo e não quebre as coisas... O apartamento é alugado, sabia? - brincou, causando em Quinn uma gargalhada divertida.

As coisas pareciam se ajeitar. Quinn finalmente conseguiu se abrir sobre seus sentimntos para com Rachel e ela estava tão apaixonada que  recebeu generosamente, sem pensar no passado que as distinguia ou nos erros de Fabray. As coisas estavam indo para seu devido lugar.