A Escolha Do Guerreiro escrita por Yui


Capítulo 9
Destino Final – Palácio de Jade


Notas iniciais do capítulo

Bem, demorei mas postei.
Não tenho muito o que dizer aqui, então os deixo ler.

Boa leitura.



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Tigresa ainda estava atônita com o que acabara de ouvir. Sua boca estava semiaberta e sua respiração, entrecortada. Tentava articular palavra, mas por sua surpresa, nenhum som foi feito. Apenas quando seu irmão abriu a boca é que foi retirada de seu estado. Ele disse:

– Então, elas vão junto com Tigresa...

– Sim, por quê?

– E eu? Quero aprender também, poxa!

– Calma, um dia chegará sua vez. Cada coisa a seu tempo.

– Ah!

– Zu, seja maduro se quiser algum dia disputar meu lugar – disse Tigresa sorrindo ao irmão.

Ela sim sabia o quanto ele desejava ser o líder e acabar com essa maldita guerra entre clãs. A felina voltou a colocar seu semblante sério.

– Quando poderei ir? – Agora ela se dirigia a seu pai.

– Amanhã mesmo, à primeira hora da manhã, vá à casa de suas amigas. Até onde eu sei, elas já estão de malas prontas.

– Já?!

– Sim, foram avisadas antes, quis te fazer uma surpresa – sorriu.

– E não imagina o quão surpresa e fiquei e nem a minha felicidade. Obrigada, pai – se levantou e abraçou Feng.

O tigre ficou estático por segundos com o corpo de sua filha apoiado sobre ele. Finalmente reagiu e a envolveu com seus braços, sorrindo e de olhos marejados.

Tigresa era mais próxima a ele do que de Ming, sempre foi, mesmo depois de tal mudança de comportamento, devido à todos os planos que os pais tinham para ela apesar de sua vontade. Isso era algo que nem eles poderiam mudar, era por razões maiores e alheias à vontade deles. Para sua proteção e cumprimento de uma promessa da qual nem se quer sabiam os motivos reais, apenas imaginavam que era por um capricho daquele imperador do passado.

A cena foi estranha para Zhuang, visto que sua irmã não demonstrava nada. Nesta situação era diferente. Ela iria seguir um caminho que levaria a seu sonho de ser mestre, mesmo que isso fosse apenas para poder defender Guangzhou ou ajudar nas estratégias de defesa da China de seu futuro marido, o príncipe.

Da janela da sala de jantar, alguém os observava com o semblante triste e lágrimas ameaçando correr pelo rosto. Esse alguém era Ming-Yue.

Ver sua filha demonstrar tal afeto pelo pai era um pouco estranho, por conta de todas as brigas com ambos. Ela sentia falta de Tigresa abraçando-a e chamando-a de mãe com alegria, querendo mostrar-lhe movimentos de kung fu que aprendeu. Sentia falta dos sorrisos da filha, da espontaneidade dela, da felicidade que era tê-la por perto. Agora, a simples aproximação era sinônimo de discussão.

Admitia que Tigresa era igualzinha a ela quando mais nova, entretanto, ela não teve tais motivos para ser fechada, apenas se dedicava ás coisas que acreditava.

Abaixou a cabeça e saiu de lá antes que a vissem. Entrou pela porta principal e subiu diretamente as escadas para o quarto sem ao menos ser percebida. A meditação lhe havia feito bem, mesmo com a culpa voltando a incomodá-la com a cena que vira.

Já havia tomado banho no vestiário do templo, aproveitando que não havia ninguém por perto, então, apenas trocou de roupa, colocando sua camisola longa para dormir. Se deitou e fechou os olhos tentando afastar toda aquela sensação ruim e o gosto amargo em sua boca por conta de sua má relação com Tigresa. Ming sabia que um dia elas poderiam se acertar, só não sabia quando.

Voltando á sala de jantar, a felina soltou-se do pai e voltou à comer. A mesa ficou em silêncio.

Zhuang ainda sentia surpresa pela reação, ainda mais porque ela continuou sorrindo durante o jantar. E por um momento Feng acreditou que ela finalmente havia aceitado seu destino e sentiu alívio, ao menos até ela falar:

– Não acredito que serei uma mestre de kung fu! – Comentou ela contente terminando o jantar. Disse com a inocência infantil que às vezes ressurgia quando tocava seu tema predileto.

– É, vai ser muito legal e depois você pode me ensinar os golpes – disse Zhuang animado.

– Claro!

Feng percebeu que ela já se havia esquecido do motivo do treinamento. Wu certamente disse que era para terminar a formação, mas era por algo a mais. Deixaria o tema de lado para não estragar a alegria dela.

– Filha, você se lembra do Palácio de Jade?

– Ah, um pouco, apenas do palácio. Não me lembro dos mestres.

– Bom, talvez os reconheça quando chegar.

– Sim.

– E você fez amigos lá, lembra-se?

– Hm, não... – “eu fiz amigos lá? Se foi realmente isso, por que nunca mais entramos em contato?”, pensou ela.

– Está bem. Mas me lembro que fez amizade, com um urso e uma serpente.

– Certamente nem devem estar lá ainda. Terminei. Vou arrumar as malas.

– Está bem.

– Boa noite, Ti.

– Boa noite, Zhuang – ela se aproximou do irmão e deu-lhe um beijo na testa, na marca central que era como a sua.

Saiu da cozinha deixando seus pai e irmão felizes com sua reação. A velha Tigresa estaria voltando? Será que Zhuang conhecerá aquela antiga face de sua irmã?

No Palácio de Jade, todos haviam se retirado à seus quartos, fosse pra dormir ou meditar.

Apenas um ser continuava acordado. O panda caminhou até a cozinha, estava pensativo e nem prestava atenção ao caminho. Sentou-se na cadeira à ponta da mesa depois de pegar algumas bolachas de Macaco.

Diversas coisas passavam por sua cabeça: as visitantes do palácio, os carnívoros misteriosos no extremo sul do país, Akame, a vontade dela de permanecer com ele e já idealizava um futuro, seu treinamento que avançava cada vez mais e seu pai cobrando visitas. Os bandidos que frequentemente visitavam o vale, às vezes um ou outro viajante que solicitava ajuda.

Era realmente muita coisa, mas ele, como o guerreiro bárbaro que era, daria conta. Só precisava definir realmente suas prioridades.

“Oogway vive me dizendo que na vida há mais que kung fu, eu entendo, mas não consigo decidir o que tem que me importar mais que esses golpes irados que eu aprendo”, pensou ele. “E Mestre Shifu vai me mandar correr pelas escadas do palácio se eu fizer algo que envergonhe ele quando elas chegarem”

– Quem será que são elas? – Perguntou ele, deixando de lado a bolacha mordida de lado – são tigresas, mas será que elas são como os outros tigres?

Os últimos desses felinos dos quais Po teve notícia eram egoístas. Os encontrou no último torneio que visitou em uma cidade afastada do vale que reunia membros de várias academias da China. Alguns tigres brancos e outros de pelagem laranja. Ao menos aqueles com os quais conversou, não demonstravam a humildade que um guerreiro deveria ter. Outros lhe foram simpáticos, mas não pôde conversar muito com eles devido a responsabilidade que tinha com outros guerreiros e fãs, além de ter que ministrar um treino de kung fu com eles naquele local.

Em todas as espécies, até na dele próprio e em todos os lugares há aqueles que são de má índole ou que não enxergar nada além de si mesmos. Nos treinos que dava em cada templo, em cada academia ensinava que isso não era desculpa ou motivo para desistir, só deveria dar mais vontade de continuar. Mas, apesar disso, essa era uma situação um pouco desconfortável, até porque queria ajuda-los a melhorar e eles não lhe darem ouvidos e se diziam melhores do que ele.

Po não ligava. Lutava para servir a China e porque era apaixonado por kung fu, mas isso o incomodava porque isso só os impedia de crescer como guerreiros.

Não via a hora passar metido nesses pensamentos. Esperava que fossem diferentes, até porque, acabou pensando, seria bom para Víbora ter outras fêmeas por perto, independente do tempo que ficassem no palácio.

Logo depois, Akame invadiu sua cabeça. Ela era gentil, tímida, amigável e quando se soltava, era sempre um amor, mas não era o primeiro amor dele. Não se lembrava exatamente quem, mas houve uma menina quando ele era apenas um filhote, foi depois de conhecer sua amiga. A única coisa da qual se lembrava era dos olhos âmbares.

Fazia tempo, porém já conhecia Akame. E por aqueles dias, ele se dedicou à passar com aquela nova amiga, afinal, foram poucos e tudo voltou à normalidade. Exceto pelo fato de Akame ter ficado com ciúmes e chateada por isso. Não a culpava, a escolha foi dele.

Pediu ao mestre Shifu e à Tai Lung o endereço daquela menina para mandar-lhe mensagens, mas eles não souberam ou não puderam informar. Aquela lembrança era nublada para ele.

Pediu aos céus que essas fossem estudantes legais com ele e com os guerreiros do palácio e, especialmente, que Akame não as enfrentasse.

Acabou dominado pelo sono e dormiu em cima da mesa utilizando seus braços fofos como travesseiro.

Tigresa estava terminando de arrumar sua bolsa para a viagem e estava a ponto de deitar quando bateram à porta.

– Entre.

Para sua surpresa, era seu pai.

Ele entrou lentamente e ela se sentou no centro da cama para espera-lo.

– Alguma coisa errada?

– Não filha – respondeu ele se sentando à frente dela – eu só quero conversar.

Tigresa se surpreendeu. Seu pai querendo conversar...

– O que é?

– Só quero dizer... você vai sozinha com Seyoung e Shaohannah, quero que você aproveite a viagem como da última vez. Você vai passar mais tempo lá, espero que seja bom pra você – disse com um sorriso.

– Ah, obrigada. Acho que vai ser bom sim, deixar... toda essa... responsabilidade de lado um pouco. Focar numa coisa que eu gosto tanto...

– Você vai passar pelo rio de prata.

– Ahn?

– Lembra da lenda Qi Xi?

– Aquela que você costumava me contar desde que voltamos do Vale da Paz.

– Exatamente.

– Lembro sim. Você conta ela pro Zhuang quando ele pede.

– Sim... você vai passar por aquela ponte no Rio de Prata que separa a China. Seja nessa situação de treinamento ou no seu casamento, por mais tempo que passe longe de casa, ainda vai poder nos encontrar, ainda vai estar ligada a nós... vou sentir sua falta, filha.

A abraçou de surpresa e ela logo correspondeu sabendo que não o veria por um tempo.

– Bem, vou deixar você dormir. Só vim te desejar boa noite. Quero fazer como quando você era filhote.

Ela sorriu e se deitou. Ele a cobriu com a manta azul e deu um beijo na marca central de sua testa. Apagou as velas do criado mudo.

– Boa noite, pai – disse ela já sonolenta.

– Boa noite, minha pequena – respondeu ele saindo do quarto.

Horas depois, o sol começou sua nova jornada. Iluminou o império pouco a pouco. Ao primeiro raio de sol, Tigresa se levantou e se aprontou para tomar café da manhã.

Encontrou seus pais e irmão e tomaram café em paz, pela primeira vez em meses.

Todos a acompanharam até a academia. Lá, ela encontrou seu avô, seus colegas e suas amigas, as três receberam um mapa das patas de Feng para se despedir. Antes que pudesse dizer mais, apareceu An para se despedir.

– Acho que é agora que acaba tudo – disse ele um pouco triste – agora você começou o trajeto pra chegar ao seu destino. Não podemos ter mais nada.

– É verdade, mas eu sempre vou lembrar de você e do que tivemos. Obrigada por tudo.

– Digo o mesmo, mas sempre seremos os amigos que fomos desde criança e você minha eterna namorada.

Ela corou um pouco e sorriu a ele. Estava a ponto de iniciar sua viagem, mas não pôde ir sem antes mestre Wu dar uma palavra de bendição.

– Tigresa, aproveite as oportunidades, cada um faz seu caminho. O destino já tem muito com o que se preocupar, dê uma mãozinha. Quem faz o caminho é você, ninguém mais pode viver a sua vida. Então, me prometa que vai viver.

– Obrigada, mestre. Prometo que vou tentar - sorriu.

– Ótimo, já serve ha ha. E sei que cumprirá essa promessa, nunca faltou com a palavra.

E horas depois, já se fazia noite. No extremo sul da China, longe da província de Guangdong, o céu era nublado e ameaçava chover, com uma garoa ainda fina.

Por entre a escuridão das florestas surgiu um grupo de olhos sanguinários observando o vilarejo próximo.

Sem se quer se importar com aquele estúpido tratado de paz com o imperador, se aproximaram sorrateiramente das casas, estavam agachados. O líder ia na frente e agradecia às palavras de seu espião: a princesinha se foi de viagem. Somente ficaram seus pais e seu irmão.

Foram se aproximando cada vez mais das casas e, mesmo de onde estavam, observavam o comércio fechar e os moradores dirigirem-se para suas casas. Então, deu sinal para atacar.

O grupo correu em várias direções sem alvo certo, apenas queriam agir como se sentiam bem... sendo carnívoros.

Os moradores do vilarejo corriam tentando proteger-se e a suas crias, mas alguns não escapavam da agilidade feroz dos que os perseguiam. Ver o medo daquela gente era ridículo para eles. Não deveriam gritar ou correr, já que da mesma maneira seriam mortos. Bom, ao menos a maioria.

O líder parou em meio à rua principal observando com superioridade aquilo que foi capaz de crias. Trouxe para fora de cada integrante de seu bando o carnívoro aprisionado. Deveria ser assim. Nenhum ser daquelas espécies deveria se privar de seus instintos.

Agora, com a saída da princesa de Guangzhou, era hora de agir. Essa era a deixa para o início de seus planos e fazer cumprir sua vontade naquela terra. Já chega de seguir ordens, as leis da natureza são as que imperam de verdade ali e não se deve ir contra a natureza, não é?

Dois dias se passaram e elas foram à passo rápido a seu destino.

Já passava da hora do almoço e já haviam comido no caminho. Estavam prestes a entrar no Vale da Paz e o coração de todas se acelerava.

– Ai, eu vou finalmente conhecer o Palácio de Jade... – disseram as gêmeas.

–... e o Dragão Guerreiro! – completou Shaohannah.

Seyoung e Tigresa se entreolharam e depois à mais velha das gêmeas.

– O quê? Disse algo errado?

– Você só pensa nisso! – Respondeu Seyoung.

– Ah, mas é que ele é o maior guerreiro da China e eu ouço tanta coisa dele, o acho incrível! Quero ver se é como dizem. Falam que as aparências enganam e esse guerreiro representa bem esse ditado.

– Ok, veremos.

– Gente, presta atenção – disse Tigresa – estamos chegando na vila.

Assim foram e entraram no Vale da Paz pela rua principal. O nome parecia fazer jus ao local, que não demonstrava nem um pouco de desordem. As três olhavam cada detalhe, em especial Shaohannah e Seyoung.

– Ah, é aqui que o Dragão Guerreiro vive! – Comentou Shaohannah animada e com os olhos castanhos brilhando de emoção.

Ela sabia que o mestre fora criado num restaurante na rua principal. Fez o possível para saber tudo dele e quando passaram por tal estabelecimento, as outras duas felinas fizeram o possível para continuar seu caminho, prometendo a ela voltar assim que se alojassem no templo de kung fu.

Conforme passavam, os cidadãos as encaravam e cochichavam. Alguns maravilhados, outros temerosos. Ignorando comentários que podiam ser ouvidos se aproximaram das escadarias que levavam ao palácio. Mil degraus.

Ah, disso Tigresa se lembrava. Ao olhar para as amigas, uma de cada lado seu, estavam boquiabertas com a altura da montanha e a quantidade de degraus para chegar lá.

Tigresa riu um pouco e foi a primeira a começar a subida. As outras duas a seguiram e foram em uma velocidade suportável até que se ouviram gritos no vale e elas olharam para baixo, porém estavam quase no final para descer e ajudar. De repente, uma voz se fez ouvir:

– Vamos lá, pessoal! – Era uma voz masculina vinda do palácio.

A voz chamou a atenção, mas não tiveram tempo de raciocinar e sair do caminho. A única coisa que viram foram enormes olhos verdes, muito próximos, antes de alguém dizer, ou melhor, gritar:

– Cuidado com as tigresas! – Uma voz feminina e logo depois um barulho semelhante ao de um chicote.

E foi então que uma bola branca e negra foi vista passando por cima da cabeça das três, sendo depois resgatado por uma ave, enquanto outros animais passavam ao lado delas.

– Gente, o que foi isso?! – Perguntou Seyoung.

– Não sei – respondeu Tigresa.

Continuaram observando de onde estavam e viram aqueles animais chegarem rapidamente ao centro do vale. Com a visão aguçada que tinham, conseguiram vê-los enfrentando um grupo. Aqueles seriam assaltantes ou qualquer outra classe de malfeitores? E esses que passaram por elas, seriam os mestres do Palácio de Jade?

Era perceptível que eles estavam lutando lá embaixo.

– Ajudamos? – Perguntou Shaohannah.

– Acho que não. Já estão lutando e não parecem precisar de ajuda. Veja.

Menos de cinco minutos ali e já observaram o povo agitado ao redor dos lutadores. Visto isso, seguiram em frente para apresentar-se ao Grão-Mestre e seu discípulo.

Minutos antes dentro do palácio, Po e os Cinco Furiosos treinavam em equipe. Hoje o mestre Shifu já havia feito sua sessão de treinamento apenas com o Dragão Guerreiro na gruta enquanto os demais ficavam aos cuidados de Tai Lung e Oogway.

Os trabalhadores do palácio montaram taboas no pátio de treinamento para se passarem por adversários. Neste ponto, os guerreiros e mestres tinham que, em grupo, acabar com eles no menor tempo possível, visto que Shifu lhes deu uma situação problema.

Deveriam derrotar usando sua velocidade máxima, com a restrição de guardar um pouco de sua energia para algum caso emergencial e a rapidez se devia a ter que resgatar reféns.

– Vai ser moleza – disse Po – se prepare pra sentir o trovão!

Então Tai Lung apoiou Macaco para que pulasse lançando Víbora a alguns oponentes, ambos dando golpes com a intenção inicial de que os adversários ficassem mais concentrados – se fossem nocauteados, não teria problema também, mas esse não era o intuito ainda. O leopardo correu a atacar outros e empurrá-los para o meio do pátio ou mesmo derrota-los.

Garça arremessou Po para frente antes de voar em velocidade com a mesma função dos outros dois companheiros. Louva-a-Deus estava em suas costas e girando no ar, o inseto caiu em cima dos bandidos pintados nas taboas para imobilizar suas articulações com acupuntura e a serpente os imobilizou com seu corpo enquanto os outros cercavam.

Apenas terminavam o exercício, ouviram gritos vindos do vale.

– Vão – ordenou Shifu.

Os mestres estavam saindo, justo no momento em que Zeng aterrissou desajeitadamente próximo à Shifu e Oogway.

– M-mestre... argh... as, as felinas... a princesa e as... amigas estão quase nos portões.

– O quê?! – Olhou para os alunos – esperem!

Tarde demais, já haviam saído e com toda a adrenalina de correr atrás de bandidos acabaram por não ouvir o mestre.

– Relaxe, meu amigo. Eles não são tão descuidados como para causar colisões com elas – disse a velha tartaruga gentilmente tocando o ombro esquerdo de Shifu.

– Está bem, mestre. Espero que esteja certo.

Lá fora, Garça já havia avistado os bandidos e avisou a Tai Lung.

– Vamos lá, pessoal! – Gritou Po sem notar o que estava à frente de todos.

– Cuidado com as Tigresas! – Alertou Víbora.

Po estava praticamente na cara da primeira que o encarou com surpresa por milésimos de segundo, até que a serpente deu um golpe nele antes que colidisse com ela e o fez voar, justo ao tempo que ela mesma pudesse desviar pelo lado esquerdo das três felinas. Garça o apanhou no ar e levou para baixo.

Louva-a-Deus passou por entre elas, Tai Lung e Macaco à direita.

“Serão elas?”, pensou Víbora continuando seu trajeto.

E já lá embaixo, os bandidos eram um grupo de dez lobos que estavam atrás de dinheiro e até fizeram alguns animais reféns para conseguir. Não tinham a intenção de machucar ninguém, apenas eram ambiciosos – como se não fosse o bastante conseguir o que se quer do jeito errado.

Nenhum deles se deu conta da bola de pelos branca e preta que caia do céu, até que atingiu aquele que parecia ser o chefe da matilha e todos os outros soltaram reféns e sacolas com as pilhagens para socorrê-lo.

Po rolou até parar de pé, de frente a eles em posição de defesa. Os furiosos se colocaram em posição em ambos os lados do panda e esperaram até uma reação dos inimigos.

– Vocês são burros?! – Gritava o alfa sendo erguido por três lobos com os outros observando preocupados – era pra vocês terem ficado com o dinheiro. Desse gorducho eu cuido sozinho.

– Ah, cuida não – respondeu Po.

– Há! Estão em menor número. Podem até ser os Cinco Furioso e você o “Dragão Guerreiro” – zombou do título –, mas não passa de um urso gordo e desajeitado. Vocês não são páreo pro meu bando.

Tai Lung grunhiu e Víbora silvou.

– Cão que ladra não morde – comentou a serpente.

– Ah, que medo, a serpente sem veneno. O vai fazer com a gente? Nos morder com sua gengiva de bebezinho? – Disse um dos lobos, ocasionando que os outros rissem dela.

– Eu vou mostrar.

Víbora foi a primeira a atacar e enrolou seu corpo no braço do lobo que zombou dela e o fez golpear a si mesmo. Os outros tentaram ajudar, mas foram impedidos pelos demais guerreiros.

Tai Lung dava golpes com suas palmas no peito de um deles até nocauteá-lo e o que veio atacar por trás, foi presenteado com um chute que o mandou ao ar e quando caiu, abriu uma cratera na rua. O leopardo havia apoiado as patas no chão para ter mais impulso no golpe.

Macaco trabalhou em conjunto com Po. Um atacou o primata que o golpeou com sua cauda e lançou em direção ao panda que deu uma barrigada para devolvê-lo, acertando os outros dois que se aproximavam para atacar.

Louva-a-Deus aproveitou-se de sua velocidade e se aproximou do alfa que tentava fugir com o dinheiro.

– Onde pensa que vai? – O inseto estava parado em cima de uma sacola com dinheiro.

– Aonde acha que vou?

– Pra Chorh-Gom.

– Quero ver se consegue. Aposto um prato de macarrão que não.

Tentou golpeá-lo com uma outra sacola e com as duas em seu poder, se pôs a correr. Entretanto ele não sabia exatamente a velocidade do inseto. Louva-a-Deus chegou até ele em um segundo e o fez cair. O logo tentou se levantar e bater com a palma da pata no inseto, mas chutado e rolou.

Novamente tentando levantar, conseguiu ficar agachado como um caçador encarando sua presa e Louva-a-Deus nem se importou. Sem conseguir acompanhar com os olhos a velocidade do oponente, o lobo alfa tentava apanhá-lo e não conseguiu. Até que foi lançado ao ar por um chute do pequeno e apanhado por Garça que o girou dando mais chutes e o mandou ao chão.

Antes de encostar no solo, foi pego por Macaco e lançado em cima da pilha de ladrões nocauteados gemendo de dor.

O inseto se aproximou dele apenas para dizer:

– Consegui, você me deve um prato de macarrão.

– Mandou bem, amigo – disse Po.

– Que isso, amigão.

O povo do vale chegou até eles agradecendo como era de costume e os ajudando a amarrar os bandidos para enviá-los a Chorh-Gom.

Algum tempo depois, quando os guardas rinocerontes chegaram para levar os novos prisioneiros, eles retornaram ao palácio, mas não sem antes parar para que Po visse seu pai e como ele estava. Grande foi sua surpresa ao encontrar Akame ali com ele.

Ela insistiu em ir com ele ao palácio, mas ele disse que não era hora. Novas alunas chegariam e ele deveria esperar com os outros, não poderia sair com ela.

– Por favor... – implorou ela com sua melhor face de inocência.

– Ah... para, não faz essa cara. Depois eu venho te buscar pra te apresentar as novas estudantes.

– Está bem. Até mais tarde – despediu-se.

Com isso, caminharam lentamente pela escadaria para que o panda não se cansasse tanto. Depois de trinta minutos chegaram às portas e passaram pela arena, foram para o pátio de treinamento e lá encontraram seus mestres e também três felinas de costas para a entrada.

Shifu percebeu sua aproximação e disse:

– Ah, vejo que voltaram! Por favor, alunos, quero que se coloquem em formação de apresentação.

Passaram pelas felinas depressa sem olhar para elas e se colocaram ao lado direito de Shifu, já que do seu lado esquerdo estava o Grão-Mestre.

– Bem – começou lentamente a sábia tartaruga – eu já lhes dei as boas vindas, mas acredito que meus alunos também gostariam de fazê-lo. Esses tão os Cinco Furiosos: mestres Víbora, Macaco, Garça, Louva-a-Deus e o líder, mestre Tai Lung, filho do meu discípulo e amigo Mestre Shifu que já conheceram. Os considero como meus netos ha ha. E este é Ping Po, o Dragão Guerreiro.

Todos se curvaram para elas.

– Olá! – Disseram os furiosos.

Víbora parecia animada e não parava de sorrir.

– Olá he he – disse Po, levando uma pata à nuca e começou a coçá-la. Estava com vergonha e não conseguia olhá-las nos olhos.

Seyoung e Shaohannah tinham as mesmas expressões de surpresa e admiração. “Ele é tão fofinho! Ao menos parece”, pensou Shaohannah. “Nossa, um urso panda! É tão diferente ver um urso panda lutando, saber que é o maior guerreiro da China”, pensava Seyoung. “Como será que ele faz seu estilo?”

“Esse é o temido e apreciado Dragão Guerreiro...”, pensou Tigresa olhando para Po com uma sobrancelha levantada e a boca entreaberta. Não pôde evitar colocar suas patas apoiadas nos quadris como se estivesse brava, mas essa não foi sua intenção.

Como se lesse os pensamentos delas – vai saber se não estava lendo mesmo –, mestre Oogway riu e Shifu se deu conta, e além disso, se deu conta do silêncio que se formava pela reação das jovens felinas.

– Bem, estas são as gêmeas Shaohannah e Seyoung – Shifu apontou para elas que se curvaram.

– Olá, guerreiros. É um prazer estar aqui – disse Seyoung.

– Olá. É um enorme prazer conhece-los... especialmente você, Dragão Guerreiro – disse Shaohannah com um sorriso bobo, que deixou Po nervoso e vermelho.

Ele finalmente conseguiu olhar ao menos para as duas, mas quando o fez, seu rosto adquiriu a cor de um tomate. Tudo isso fez com que os machos achassem graça, até mesmo Oogway parecia segurar o riso

– E esta, é a princesa Tigresa, de Guangzhou.

– Olá, mestres do Palácio de Jade. Para mim, é uma honra poder treinar com vocês – disse ela ao se curvar.

Quando voltou seus olhos se pousaram no panda ali presente. Não lhe era estranho, mas também não lhe caia bem. Como um panda gordo desses pôde ter ganho tal título de honra? Pelo que Shaohannah contou, qualquer guerreiro esforçado e bondoso poderia obtê-lo, porém o sortudo foi ele que nem se quer era um estudante dessa arte marcial. Por que então?

Ela estava ali lutando e querendo aproveitar sua chance e sempre treinou para ser a melhor guerreira possível e ele apenas contou com a ajuda do universo. Isso não foi justo.

Po a encarou e ficou surpreso. Por um minuto se lembrou daquela jovem que um dia veio até o Vale da Paz, uma com a qual fez amizade e até ganhou um beijo no rosto. A lembrança o fez ficar ainda mais vermelho. Seria ela a garotinha que foi seu primeiro amor na infância? Sendo assim ou não, já podia notar que não era mais uma garotinha.

– Po. Amigão, você tá bem? Mestre Shifu tá falando com você...

Macaco o despertou de seus devaneios e, envergonhado por isso abaixou a cabeça.

– Desculpe, mestre.

– Está tudo bem, Po – tocou o braço esquerdo do panda – só dizia que Víbora deve guia-las aos quartos dos estudantes para que se instalem e logo depois de eu e mestre Oogway mostrarmos o palácio a elas, vocês as acompanharão no jantar.

– Sim, mestre - respondeu.

– Ótimo. Agora, dispensados.


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Notas finais do capítulo

“O destino já tem muito com o que se preocupar, dê uma mãozinha.”
Eu não sei se algum de vocês reconhece esta frase, mas a retirei - não me lembro agora se está igual ou não - do filme Para Sempre Cinderela. É a frase que Leonardo da Vinci diz ao príncipe em uma cena já na terceira fase do filme (a primeira é a senhora e os irmãos Grimm, a segunda é a Cinderela pequena e a terceira já adulta, digamos).

Espero que tenham gostado do capítulo e deixem reviews com suas opiniões/críticas ou sugestões para a fic. Verei o que posso fazer para encaixá-las.
E gostaria que os leitores fantasmas também comentassem para que eu saiba se estão ou não gostando da história. Obrigada.

Até mais. o/



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