A Escolha Do Guerreiro escrita por Yui


Capítulo 8
Notícia


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas
Devem estar bravas porque eu deixei as fics de lado, mas não deixei não. Pc quebrou e voltou esse fim de semana, estou há três dias escrevendo esse capítulo pra vocês e o fiz comprido (eu acho que está grande ha ha).

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/372135/chapter/8

O dia brilhava no Vale da Paz. Os guerreiros do Palácio de Jade já estavam despertos no corredor cumprimentando seu mestre. Até certo panda que costumava acordar bem mais tarde com os amigos gritando em seus ouvidos, chegou ali um minuto depois dos outros. Estava quase pontual.

“Finalmente ele está conseguindo acompanhar a rotina do palácio”, disse Shifu sem conseguir evitar um sorriso percebido por Po que, ainda inclinado, perguntou:

– Mestre, o que foi? – Sorriu também.

– Estou vendo que está se adequando aos horários, nem tanto, mas na medida do possível.

– Ah, sim.

– Parabéns, Po – disseram os furiosos.

– Bem, tomem café da manhã, mestre Oogway já está nos esperando – disse Shifu virando as costas para seguir rumo à cozinha, sendo acompanhados pelos alunos.

Desde que Po chegou, Shifu mudou, todos mudaram. Se uniram mais. Tai Lung aceitou bem a vinda do guerreiro que Mestre Oogway predisse e o tem como outro irmão mais novo, só que esse era gordo, fofo e desajeitado, lutando à sua maneira desajeitada e sempre dando o melhor de si para vencer.

O leopardo das neves estava feliz porque seu pai adotivo sorria ainda mais depois de eliminadas as ameaças da China. A chegada de Po trouxe paz ao panda vermelho que era preocupado por aquele que receberia o Pergaminho do Dragão já que não era seu filho. Se tornou mais caloroso, mais repleto de emoções, auto controle e mais sábio por ser mais compreensivo e estar de acordo com o fluxo das energias universais.

Depois, o ataque de Shen que quase liquidou os Cinco Furiosos e o Dragão Guerreiro e agora a história com os carnívoros que ninguém sabe quem são, de onde são e se é apenas matança o que pretendem.

Mesmo com esses acontecimentos, o mestre não se abalou em sua paz interior. Conseguia controlá-la até certo ponto. Havia momentos em que ele pensava ser impossível se concentrar.

Chegaram na cozinha. Mestre Oogway estava sentado à ponta da mesa segurando seu bastão e olhando sorridente para os demais guerreiros. Todos, exceto Po, tomaram assento enquanto o panda cozinharia.

– O que querem hoje?

– Me surpreenda – disse Macaco cruzando os braços por trás da cabeça e colocando as pernas em cima da mesa, sendo apenas observado pelos outros e fechou os olhos.

Víbora estava enrolada num assento ao lado dele, olhou a cadeira de Macaco de cima a baixo com uma expressão neutra e pediu:

– Macaco, tire os pés da mesa, seja educado.

– Depois eu tiro.

– Por favor.

– É melhor obedecer – disse Louva-a-Deus que estava em cima da mesa à frente deles, apenas vendo a cena e preocupado pelo amigo.

– Já tiro já.

– Vai, antes que ela...

– Já tiro – interrompeu o amigo e soltou uma leve risada.

A serpente deu mais uma olhada no amigo e deixou sua cauda escorregar da cadeira até a parte de trás da cadeira empinada. Passou a ponta de seu corpo por ali com rapidez e isso bastou.

Ele tentou se endireitar e não adiantou. A cadeira foi ao chão e ele logo depois, acabou rolando até parar sentado e encostado em um armário. Os outros caíram na gargalhada.

– Te avisei – disse o inseto.

– Ai! Meu traseiro... – se levantou, ajeitou a cadeira e se sentou novamente com cuidado – não faço mais isso.

– Bom mesmo – respondeu Víbora.

Enquanto Mestre Oogway ria, Shifu negava com a cabeça o comportamento de seus alunos e Po voltava a atenção à panela, ainda rindo.

– Tá, já chega, vamos comer... que ajuda, Po?

– Valeu, Tai Lung, pega uns pratos ali pra eu por a sopa.

Tai Lung tomou os pratos que ele pediu e aproveitou para colocar copos e servir o chá.

O café-da-manhã foi servido e o panda sentou-se a outra ponta da mesa. Comiam em silêncio até que Zeng entrou em velocidade pela entrada da cozinha batendo o corpo na porta aberta.

– Mes... mestre... mestre Shifu! – O último chamado foi um grito dentre os sussurros e a respiração descompassada.

– O que foi Zeng? – O panda vermelho levantou-se rapidamente e numa velocidade assombrosa chegou perto do ganso.

Todos o encaravam entre surpresos e apreensivos enquanto o ganso voltava a respirar normalmente.

– Ch-chegou... essa carta pro senhor e... pro Mestre Oogway.

Estendeu a asa direita, enquanto a esquerda estava apoiada em Shifu, e entregou um pergaminho encapado com tecido dourado à pata livre do mestre.

– Obrigado Zeng.

– De nada... ai... essas emergências vão me matar – comentou virando as costas para sair.

– Emergência? – Perguntou Shifu.

Zeng virou-se para ele com receio. “O que foi que eu disse?”, pensou.

– É...

– Quem veio?

– Um ganso mensageiro, de Guangzhou, província de Guangdong.

– Hm, está bem. Pode ir.

O ganso se foi tão rápido quanto chegou, depois reclamava de falta de ar. Mestre Shifu voltou a seu assento, já havia acabado de comer, mas queria levar a mensagem mais próximo da velha tartaruga para que fosse lida por ele também.

Após um período de silêncio, todos estavam curiosos para saber de que se tratava, afinal, para que tanta urgência?

– De que se trata a mensagem, Mestre Shifu? – Perguntou Garça.

Shifu fez um sinal com a pata para que esperasse. Todos na mesa se entreolharam novamente e depois aos mestres.

– Eh... parece que teremos três novas estudantes aqui – disse mestre Oogway com sua inabalável expressão levantando os olhos aos outros.

– Exatamente, três tigresas. Chegarão em uns dias, no máximo, em uma semana – disse Shifu relendo a carta.

Três estudantes?

– Sim, Víbora, três estudantes. São felinas de Guangzhou.

– Ainda bem que não vou ficar mais sozinha com eles aqui?

– Não gosta de ficar com a gente, Víbora? Você, minha irmãzinha... – disse Tai Lung levando as patas ao peito fingindo estar ofendido.

– Tai Lung, eu também preciso conviver com alguém parecida comigo.

– Como parecida? São três felinas!

– Eu quis dizer fêmeas, Tai Lung. Pensa um pouco.

– Você é fêmea?

Todos ficaram em silêncio assustados com a careta de Víbora. Enquanto isso, Louva-a-Deus e Macaco seguravam a risada com as patas/pinças na boca.

– Não me provoca – disse a serpente de forma pausada, silvando ao final da frase.

– Já chega.

A voz firme de seu mestre se fez ouvir e a velha tartaruga apenas riu.

– Logo elas chegarão, não quero que se comportem como crianças... – olhou para o panda que o encarava com dúvida – não o tempo todo.

– Ahn?

– Não é nada pessoal, Po, mas tente não irritá-las.

– Mal posso esperar pra elas chegarem. Certeza que o Tai Lung vai apanhar – comentou o inseto.

– Você também – disse a ave.

– Ai, eles não tem jeito mesmo – comentou Shifu.

– Acalme-se, velho amigo. Todos precisamos brincar, rir e sorrir, faz bem e não dá rugas.

– Será que elas sabem lutar? Quero ver se elas conhecem minha audaciedade, meu estilo panda... wa-ta! – Po se levantou e se colocou em pose de luta.

– Ah – o panda vermelho suspirou e depois aclarou a dúvida do panda – elas sabem sim, lutam na academia Zhuang e uma delas é discípula do mestre Wu que...

– Noooossa! Discípula do lendário Mestre Wu que derrotou os antigos carnívoros?! Aquele que tem a velocidade e, e a ferocidade de, de um...

– Tigre?

– Isso!

– É Po, ele mesmo – respondeu Oogway achando graça.

– Bem, ele estudou com Mestre Oogway, agora sua melhor discípula estudará com ele e comigo.

– Caramba estre, quantos anos você tem?

– Po! – Gritaram os outros.

– O quê?!

– Isso não se pergunta – começou Víbora.

– Ainda mais pro seu mestre – disse o inseto.

– Ah, desculpa – respondeu ele brincando com os próprios dedos em cima da barriga.

– Agora é sério. Espero que não desrespeitem as alunas, as recebam bem. O pai de uma delas exigiu que tenhamos tato com ela porque não é qualquer tigresa.

– Quem é? – Perguntaram os furiosos e o Dragão Guerreiro.

– É a princesa de Guangzhou.

– Quem é?

Feng estava sentado em seu escritório, ciente de que era hora de almoçar. Precisava pensar em como dizer à filha que iria viajar ao Palácio de Jade para terminar seu treinamento para os festivais, além de pensar na defesa de filhotes e fêmeas grávidas contra os carnívoros.

Todos os tigres sabiam se defender por menos – ou nenhum – kung fu que houvessem aprendido. Mesmo assim, era válido pensar pelos que não podiam se defender como as crias e as gestantes.

Ele tinha a certeza de que seus filhos e sua esposa estavam fora, portanto estava fechado lá desde a saída deles.

Até que foi interrompido por alguém à porta.

– Sou eu, Hu.

– Ah, entre pai!

A porta foi aberta e o velho tigre entrou e se sentou sem esperar convite.

– E então, meu filho? Já falou com Tigresa?

– Bem, com ela não. Falei com Ming, na verdade avisei que vou enviar nossa filha pra lá.

– E ela, o que disse?

Feng olhou para o pai, olhou para todas as coisas ao seu redor. Estava sem graça em repetir o que sua esposa falou.

– É... ela, ela não gostou muito disso, digamos, mas não importa. Ela vai assim mesmo, ela e suas amigas. Depois de um tempo as meninas voltarão e ela continuará lá. Já enviei um ganso mensageiro ao palácio para avisar que dentro de alguns dias elas estarão lá.

– As amigas a quem se refere são Shaohannah e Seyoung?

– Sim, elas vão à passeio, para aprender mais kung fu e para que Tigresa se adapte.

– Entendo... – se levantou lentamente – bom, pelo menos uma vez você tomou a decisão certa com a sua filha.

– Não me diga o que tenho que fazer com minha filha.

– Sabe, eu tento te ensinar pra ela não passar o mesmo que eu, mas parece que você não enxerga. Passar bem.

– Já vai?

Hu olhou para trás parra encarar o rosto triste de seu filho. Não se deixou amolecer por isso, ele estava cometendo o mesmo erro que seu pai cometera consigo para não perder seus domínios, a diferença era que Feng temia pelo futuro da filha que era a herdeira de tudo e ainda prometida em palavras ancestrais ao filho do imperador. Poderia acontecer algo a ela a qualquer momento e Hu entendia essa preocupação, mas em vez de amenizar esse pesar da menina, ele pensava que afastá-la era melhor ideia.

Era provável, por sua personalidade, que ela não quisesse voltar, mas sua vontade não era nada. Vários animais dependiam da família de governadores de Guangzhou. Mas apesar disso, era a primeira decisão certa tomada por sua filha: ela teria algo glorioso e bom do que se lembrar em sua velhice, além de talvez libertar seus filhos dessa guerra camuflada.

– Não fico pro almoço. Espero que consiga falar com ela e que ela aproveite.

Saiu para seguir de volta para casa. Não queria mais conversar agora, queria ajudar a neta a se livrar dessas obrigações que ninguém merecia passar.

– AH!!!!

O grito de Po foi ouvido em todo o palácio. Os furiosos e Mestre Shifu correram em seu resgate na areados estudantes. Mestre Oogway correu, porém não esperando que realmente fosse uma emergência. Bem, era, mas não do jeito que os guerreiros e o Shifu pensaram.

– O que foi Po? – Perguntou Víbora.

– Ele não responde – concluiu Tai Lung depois de algum tempo esperando resposta do amigo – pera, o que é isso?

Po tinha em mãos um pergaminho. Tai Lung o tomou e os braços do panda caíram inertes ao lado do corpo.

Ao ler o leopardo das neves esboçou um sorriso brincalhão que a sábia tartaruga já soube identificar o que é.

– O que foi, filho? – Perguntou Shifu.

– É, o que diz aí? – Perguntaram Garça, Louva-a-Deus e Macaco.

– Há! É uma carta daquela fã que vive saindo pra passear com Po.

Shifu espalmou a testa com ambas as patas e negava veemente com a cabeça enquanto murmurava:

– Eu não acredito que ele gritou por isso.

– Quem? A Akame? – Perguntou a serpente.

– Ela mesma – respondeu Tai Lung enrolando o pergaminho – então, vai sair com ela?

– N-não, não vou.

– Por quê? – Perguntaram todos extremamente surpresos.

– Eu quero treinar. Ela é legal e gosto dela, mas eu quero aprender mais da paz interior, mas também quero sair com ela, mas não vou por causa do treino. Não quero desapontar vocês – respondeu Po brincando com os próprios dedos em cima de sua barriga como costuma fazer ao estar envergonhado – eu quero ser um mestre por vocês.

Oogway o olhou com simpatia. Estava claro que a inocência ainda estava presente. Mostrava a pureza de espírito do panda.

– Um mestre deve treinar sempre de alguma forma para dominar o que pretende – disse a sábia tartaruga levantando sua pata e uma de suas garras, como sempre que vai ensinar algo aos alunos –, porém, nunca será um mestre sem ter coração.

Po o ficou encarando e teve uma ideia. Sorriu ao mestre, se curvou murmurando um “obrigado”.

– Vou treinar.

– Você sabe que ela vai vir te buscar, não é?

– Sei, Tai Lung, mas vamos ver se ela me acha com a minha dragãoguerreirisse em ação. Se ela conseguir me capturar, eu saio com ela. Há!

Dito isso correu o máximo que pôde até sair da ala dos estudantes, deixando seus colegas entre risadas – mesmo a velha tartaruga ria – e Mestre Shifu revirou os olhos e disse:

– É esse tipo de coisa que quero evitar quando a princesa chegar aqui. Não quero que o Palácio de Jade seja alvo de comentários desrespeitosos.

– Bobagem, meu amigo, nada disso vai acontecer... – respondeu Oogway com uma pata pousada nas costas de Shifu.

– Não vão me fazer passar nervoso? – Perguntou esperanço.

– Ah, isso... bem, não.

– Ah...

– Ninguém vai desrespeitar o Palácio de Jade, muito menos os mestres que aqui vivem.

– Está bem, mestre.

– Gente, eu acho que o Po tava mais seguro aqui – comentou Garça.

– É, ela nunca invadiria o quarto dele, ela respeita – agora foi o inseto.

– Ela vai acha-lo em menos de duas horas – comentou Shifu.

– Vamos apostar quanto tempo leva? – Foi o primata – quem ganhar, leva dez biscoitos meus.

– Aposto com Shifu! – Disseram Víbora e Tai Lung.

A serpente não era dessas coisas, mas aprendeu a ignorar e depois decidiu entrar em pelo menos algumas dessas brincadeiras para se enturmar mais já que ali só havia machos. Com o tempo se acostumou a participar e, no fundo, gostava.

– Ela vai acha-lo... agora.

– Ah!!!

– Achou – disse Macaco – vamos mestre, vou te dar os biscoitos.

– Ah, obrigado meu rapaz, adoro esses biscoitos. Eh... venham todos, vou dividir com vocês.

Dentro do Salão de Treinamento Po estava caído no chão de barriga para baixo com alguém sentado em suas costas.

Era uma tigresa branca com listras acinzentadas. Seus olhos eram dourados e se destacavam. Vestia uma camisa dourada de mangas largas e compridas, gola alta e desenhos de flores de pêssego por toda a extensão e calças negras com faixas prendendo-a em sua cintura.

Akame era antiga amiga de Po. Antes de se mudar para o Vale da Paz por ordem de seu pai, ela vivia na província de Guangdong, mas por pouco tempo. Viajou com um ano de idade para perto do vale e agora escolheu viver ali. Era amiga de Tai Lung apesar de ele ser bem mais velho do que ela e ambos se atormentavam como crianças pequenas sempre que se viam.

Quando conheceu o panda no qual estava sentada, ainda eram filhotes e mesmo aí já demonstrava interesse por ele que, apesar de não a via como nada além de uma amiga, lhe havia dado uma chance por conta do carinho que sentia e visto que se conheciam a vida toda e talvez pudessem adotar algum filhote.

– Te peguei.

– De novo.

– Sempre – saiu de cima dele e depois estendeu a pata para ajuda-lo a levantar – bem, o que vamos fazer?

– Que tal treinar um pouco e a gente janta no restaurante do meu pai?

– Tá, pode ser, mas só se a gente puder passear na praça antes do jantar.

– E brincar com as figuras de ação depois?

– Feito! – Respondeu ela animada.

Adorava passar os dias com o panda. Nenhum tigre ou felino de Guangdong era como ele ou a tratavam bem por estar longe de sua origem ou ser amiga de um urso gordo e desajeitado – urso esse que se tornou o maior guerreiro da China –, portanto ignorava a diferença de espécies. Já fazia dois meses que saiam juntos assim e Akame estava feliz porque, mesmo que isso não durasse para sempre, teve a chance de ficar mais próxima daquele que era, antes de qualquer outra coisa, seu amigo.

O dia passou, até que rápido para quem estava treinando ou trabalhando. Já era o início da noite e na academia Zhuang Wu o treino não havia acabado.

Era dia de treino coletivo para avaliar as habilidades dos estudantes. Na arena ao ar livre, todos os tigres ali reunidos faziam o contorno de um círculo para observar as lutadoras da vez. Uma delas já havia derrotado An, um dos tigres mais fortes do sul.

Quem dava início e fim às lutas era a Grã-Mestre Ming-Yue, impedindo que passassem dos limites.

As próximas eram Genji e sua filha Tigresa, que estava invicta neste desafio.

– Vamos, Genji, coloque-se à frente dela e façam kin lai a mim e depois uma a outra.

Ambas felinas obedeceram e depois se encararam ainda com o corpo ereto.

– Posição de combate.

Novamente obedeceram Ming.

Bem à frente do público, Shaohannah e Seyoung torciam por sua amiga ao lado de Zhuang. Olhavam preocupadas porque sabiam dos desafios constantes de uma para a outra e que Genji poderia muito bem machucar Tigresa.

Para elas não seria surpresa alguma que isso acontecesse por ser inimiga declarada da princesa, porém também sabiam que a própria era a estudante mais dedicada de kung fu e dificilmente se dava por vencida.

Porém o príncipe estava até mais preocupado que as amigas de sua irmã. Genji tinha uma raiva infundada dela e queria se mostrar melhor e mais merecedora de tudo que era destinado à Tigresa, até mesmo ser a indicada ao desafio pelo comando das terras no festival. Só seria possível se mostrasse ser melhor e mais forte que o indicado da família real.

Tigresa deu um sorriso de canto de boca a sua oponente e estava em sua posição te defesa: a perna direita à frente e a esquerda atrás estendida, procurando dividir o peso do corpo; o braço esquerdo na horizontal à frente do tórax apontado à direita com a palma da pata aberta para frente, para conter qualquer ataque, e o braço direito estendido à frente na horizontal com o ombro e a palma da pata voltada para Genji.

Por sua vez, a outra tigresa estava com a perna direita estendida à frente e a esquerda flexionada apontando para sua própria direção. O braço direito imitava o esquerdo de Tigresa e o seu esquerdo estava flexionado cobrindo a barriga e ambas patas para sua oponente.

As duas estavam com a coluna perfeitamente reta, posturas impecáveis. Até aí não havia diferença entre as duas melhores lutadoras da província, exceto o brilho nos olhos delas. Nos âmbares de Tigresa era o brilho da competição e nos rubis de Genji, os da raiva. Venceria a princesinha a qualquer custo.

Aquilo para elas era mais do que um simples treino, mostraria qual das duas era a melhor lutadora, porém Tigresa queria apenas provar do seu poder, definir qual seu potencial verdadeiro.

– Prontas?

Ambas assentiram.

– Então, lutar!

Permaneceram paradas por alguns minutos, até que Genji perdeu a paciência e correu em direção à Tigresa e preparou um soco com a pata direita fechada – era seu forte, impossível de parar ou era isso que ela acreditava até então –, porém a felina apenas o parou o golpe com sua pata esquerda a centímetros antes de impactar com seu rosto. Genji suspirou surpresa e a princesa sorriu maliciosamente estreitando os olhos. “Será que nem dor ela sentiu?”, pensou.

O que ela não sabia era que Tigresa passara anos de sua vida acertando árvores e rochas para calejar suas patas e braços e agora não sentia dor, apesar de ainda ter um pouco de tato.

Então Tigresa fechou seus dedos em torno da pata agressora e agarrou o braço da oponente com o seu direito e a girou uma vez para soltá-la e fazer com que caísse de costas. Foi tão rápido seu movimento que Genji sentou-se atordoada e olhou ao redor.

“Que humilhação!”

Um rugido foi ouvido e logo se viu Genji novamente se lançando à Tigresa tentando acertá-la com chutes e socos consecutivos. A força daquela felina era imensa, entretanto a da princesa era maior.

Parava quase todos os golpes e os que a acertava, parecia não sentir. Até que se cansou de segurar ataques e se abaixou quando receberia um soco cruzado de esquerda. Ao se abaixar, apoiou as patas espalmadas no chão, impulsionando um leve giro para a direita para ficar de frente à ela e levantou as pernas para agarrar o braço de Genji. Entrelaçou as pernas e jogou o corpo para trás trazendo a tigresa consigo.

Caiu no chão em uma chave da qual Genji não sabia se libertar. Quando a soltou, Genji retraiu o braço e Tigresa lançou-se sobre ela para dobrar os braços dela para trás e mantê-la imobilizada.

– Me solta!

– Para nos defender, devemos usar o peso do nosso inimigo contra ele mesmo – respondeu Tigresa – portanto, não, não solto.

Ming-Yue se aproximou com expressão neutra, parecia que a oponente de sua filha desistira depois de alguns minutos de resistência. Estava a ponto de falar quando Tigresa afrouxou o agarre e Genji conseguiu morder seu braço.

Se libertou e empurrou Tigresa ao chão tentando imobilizá-la. Foi quando a princesa chutou o abdome desprotegido de Genji que a fez voar. Se levantou e quando a tigresa estava perto de cair, a princesa girou e parou novamente em sua postura inicial com a diferença que os braços foram para frente ao mesmo tempo para espalmar Genji com as patas abertas na horizontal, fazendo com que atingisse o muro do local e cair no chão rugindo, porém sem se mexer.

Todos ficaram em alguns segundos de choque olhando de uma a outra até que gritaram e aplaudiram a felina vencedora.

Ela voltara a sua postura inicial e sorria triunfante.

Ming-Yue se aproximou e parabenizou a filha, ambas fazendo kin lai uma para a outra e logo depois, chegou Mestre Wu.

– Tigresa, querida.

– Mestre – novamente o kin lai em respeito a ele.

– Seu treinamento termina aqui...

– Mas, Mestre Wu, não fizemos a cerimônia... – interrompeu Ming e chamou a atenção de Wu.

– Deixe isso pra lá. É o mestre quem decide e eu sou o mestre dela. – Virou-se para Tigresa novamente - você é agora mestre no estilo tigre.

Ela arfou e sorriu feliz, inclinou-se com os olhos fechados:

– Obrigada.

– Todos saúdem a Mestre Tigresa!

Todos os estudantes do local se curvaram a ela e depois a aplaudiram novamente.

– Agora há um novo passo de seu treinamento...

– Qual?

– Lutar contra e aprender um pouco a de outros estilos.

– Eu farei o que for preciso.

– Isso me alegra – sorriu – seu pai vai conversar com você à respeito da viagem, eu tenho certeza.

Tigresa ficou confusa com isso. Se tinha seu pai envolvido, poderia ter também sua mãe e se fosse assim, podia não ser boa coisa.

Voltou para casa cansada junto à Zhuang. Sua mãe ficara para ter certeza de que estava tudo em ordem para os trabalhadores da academia e já seguiria para casa. Ming-Yue não pensava em participar daquela conversa, assim pediu que seu marido a convencesse a ir.

Já em casa, ambos os herdeiros daquelas terras sentaram-se à mesa.

– Pai, a mãe não vem jantar?

– Não, meu filho, ela vai meditar hoje.

– Está precisando mesmo – disse Tigresa entredentes.

– O que foi agora? Brigaram de novo?

– Não, pai, só não quero falar com ela, anda muito estressada. Ah! Você tem que falar algo pra mim, não é?

– Sim. Você vai para o Vale da Paz.

– Onde?

– Vale da Paz – repetiu Feng pausadamente – vai estudar kung fu com o Grão-Mestre Oogway e seu discípulo, Mestre Shifu, dividindo turma com os Cinco Furiosos e o Dragão Guerreiro, apesar de que eles todos são mestres. Vai ser discípula de um deles e lutar ao lado dos outros.

Tigresa ficou sem palavras. Largou os hashi e encarava o pai com surpresa e então Feng continuou:

– Seyoung e Shaohannah vão com você para aprender também e você se adaptar. Elas voltarão e você, filha, ficará lá até terminar o treinamento com outros estilos. Vão ficar no Palácio de Jade.

Depois de passar o dia inteiro com Akame, o panda foi até o Pessegueiro Sagrado da Sabedoria Celestial. Sentou-se recostado na árvore com alguns pêssegos em seu colo.

Suspirou. Observava o vale sem perceber que alguém estava chegando.

– Está triste, Dragão Guerreiro?

– Uh! Mestre Oogway... – se levantou e se inclinou em respeito.

– Não é necessário jovem Po. Sente-se.

Ambos se sentaram na grama e o panda retomou as frutas. Estava comendo uma por uma e lentamente, coisa que a tartaruga nunca havia visto.

– Ainda não respondeu a minha pergunta, panda – comentou com a voz suave.

Po o encarou, tinha um olhar compreensivo como sempre.

– Bem, eu tô ansioso pra receber mais gente aqui. Não sei, mestre, mas eu não consigo dormir... espero que seja legal a visita delas. Não quero fazer nenhuma besteira, heh – riu sem graça coçando a nuca.

– E será, meu jovem, será. Não se preocupe, apenas seja você mesmo.

Oogway o acompanhou, comendo alguns pêssegos e admirando a noite no vale.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Akame: Bela.
A postura de Tigresa é defesa montada na base do arco e flecha (a postura das pernas dela se chama “arco e flecha”) e algumas posturas eu inventei (a da Genji é uma mistureba).

Como Tigresa reagirá a essa notícia? E suas amigas, será que Shaohannah está emocionada em ver seu ídolo?
Espero que tenham gostado do capítulo e não fiquem bravos comigo. Logo logo posto outro.
Comentem, deixem suas dúvidas ou críticas. Aos que tem e aos que não tem conta no fanfiction, espero que tenham gostado e continuem acompanhando.

Até mais. o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Escolha Do Guerreiro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.