Sedução Da Noite escrita por Leelan Schaffer


Capítulo 20
AM ou FM?


Notas iniciais do capítulo

Why is it all so complicated?
Baby, it should be simple
It's all in my mental
— Chris Brown



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Sentimentos, Alexya decidiu, poderiam ser classificados como as ondas de freqüência de rádio. Ela poderia classificá-las drasticamente em dois grupos: AM e FM.

Sendo, é claro, AM a miríade de sentimentos ruins e depressivos e FM os sentimentos alegres, festivos e amorosos. Apenas simples como isso soa.

Como os sentimentos seriam as ondas de radio freqüência, nossos corpos seriam como pequenos aparelhos de som, prontos para sintonizar AM ou FM conforme nossos caprichos.

E então, tem aquele dia que já começa errado. Você acorda atrasada, seu celular tocando alegremente só pra te lembrar que você está, de fato, atrasada e então pra ajudar a gasolina do seu carro está nos limites da reserva, o que te atrasa mais um pouco por que você tem que passar no posto a fim de não ficar a pé por falta de gasolina.

Típica manhã AM.

Pra colaborar com o clima de eu-quero-me-arrastar-para-a-minha-cama-novamente tem a lavagem de carros em uma parte do estacionamento da Faculdade. O carro de Melanie com o porta malas aberto para deixar que o som flua das potentes caixas de som em uma batida inebriante que move as lideres de torcida no ritmo da musica enquanto elas lavam os carros – aproximadamente vinte, pelo que Alexya conseguiu contar – que já haviam sido deixados ali.

Eram, fiquem pasmos, apenas sete horas da manhã.

Apenas mais um dia no paraíso. Alexya pensou desgostosa.

Alexya se move com destreza ao redor de suas colegas de equipe até onde Melanie distribui baldes com esfregões e sabem-se lá mais o que.

Fosse o que fosse, cheirava incrivelmente bem.

Suas colegas de equipe lançavam sorrisos e saudações em direção a Alexya e ela acenava e sorria em reconhecimento.

Claro, seus sorrisos eram superficiais. Ainda andava na merda da AM.

Alexya pegou um balde e esfregão de Melanie e se moveu a um dos carros para começar a trabalhar. Geralmente ela apenas supervisionaria e cuidaria do dinheiro junto com Melanie, como a capitã antes dela havia feito junto a ela, mas ela sabia que se estivesse ao redor de Melanie por mais de alguns segundos sua amiga iria puxar algum tipo de conversa.

Ela não queria conversar.

Apenas... Ela precisava fazer algum tipo de serviço manual que viria fácil para ela sem que ela precisasse pensar muito a respeito para que sua mente pudesse vagar a territórios totalmente indesejáveis, como a briga com Lucian noite passada.

Deus, ele estava sob a sua pele.

Alexya não lembrava de alguma vez ter chorado tanto em sua vida, certamente não por um cara que supostamente ela não gostava.

Mas na noite passada Alexya dirigiu lentamente de volta a sua casa, seus olhos embaçados pela constante choradeira. Ela havia se arrastado até sua cama, abraçado um travesseiro e chorado por mais uma boa hora antes de finalmente cair no sono e dormir.

Graças a Deus em seu rosto não haviam marcas da merda de noite que ela teve, caso contrário ela teria Melanie em seu cotovelo perguntando o nome do cara que supostamente ela deveria matar.

Melanie era esse tipo de garota.

Alexya se pegou sorrindo enquanto imaginava a pequena e bonita Melanie olhando duramente para Lucian e ameaçando chutar a merda pra fora dele por tê-la feito chorar.

Seria uma coisa pra se ver, realmente.

Mas, por mais ferida que Alexya pudesse estar se sentindo, ela não poderia culpar Lucian em tudo. Ela tinha arrastado isso pra ela no final.

Deus... Ela não poderia dizer o que a havia ferido mais: As palavras duras de Lucian ou Camilla em seus braços.

Alexya se surpreendeu ao ver que em um súbito acesso de raiva havia rasgado o esfregão em dois, como se fosse o pescoço de Camilla que ela tinha em suas mãos.

Ela soltou um audível suspiro.

Bom, agora ela poderia trabalhar com as duas mãos...

Não foi até Josh chegar por trás dela e enlaçar seus musculosos braços ao redor da cintura de Alexya que ela percebeu o quão cansada se sentia.

Já havia limpado cinco carros e o sol acima de sua cabeça estava a pino, trazendo uma insistente dor de cabeça por insolação sobre ela.

– Oi amor. – Ele murmurou em seu ouvido. Carinho gotejava nessas duas pequenas palavras.

O estomago de Alexya se apertou em um nó quando ela percebeu que de repente, não era Josh que ela queria ter com os braços ao seu redor e sussurrando em seu ouvido.

Merda, Alexya! Controle-se! Sua consciência gritou pra ela.

Alexya forçou um sorriso enquanto se virava para encarar seu namorado. Um cara lindo, inteligente, carinhoso e que ela realmente não merecia.

– Oi Josh. – Ela disse de uma forma doce, mas incrivelmente contida.

Ele pareceu não notar que o sorriso de Alexya não era genuíno ou que ela não estava agindo de forma normal ao seu redor, o que de certa forma era bom. Ela não precisava machucá-lo mais do que já havia ao lhe dar uma passagem só de ida para o mundo sobrenatural.

– Vim te roubar um pouco. Vamos almoçar juntos, o que você acha? – Ele perguntou, seus olhos brilhando de excitação.

Como se concordando com a idéia de Josh, o estomago de Alexya resmungou audivelmente, fazendo com que ela corasse loucamente.

Bom, nada mais poderia ser tão constrangedor, não é?

Josh sorriu largamente ao ouvir aquilo. – Eu acho que isso é um sim, certo?

– Claro. Mas embora eu ame um bom prato de comida, eu estou com um súbito desejo de batatas fritas e Milk Shake de chocolate. Pode ser? – Ela olhou pra ele, buscando por aprovação.

Enquanto não poderia se afundar em uma poça de auto-piedade e comer litros e litros de sorvete em sua cama, enquanto chorava assistindo reprises de alguma série cafona e romântica, ela poderia certamente se permitir algumas fritas e Milk Shake.

Era quase a mesma coisa, pelo que ela se importava.

– Soa como um plano pra mim. – Ele deu de ombros. – Delicioso, posso acrescentar.

Alexya estava agradecida por Josh ter momentos de alimentação ruim sem reclamações quando ela pedia para ele acompanhá-la. Ela sabia que assim como ela, ele deveria se manter comendo coisas saudáveis na maior parte do tempo.

Era tudo sobre um corpo saudável com os atletas.

– Você veio de carro? – Alexya perguntou, enquanto corria os olhos pelo estacionamento procurando pelo Stylo vermelho de Josh.

– Não. – Ele sacudiu a cabeça negativamente com um sorriso. – Vim de moto. E sim, você pode dirigir. Apenas, tente se manter no limite de velocidade, ok?

Os olhos de Alexya logo se acenderam como lâmpadas natalinas. – Eu não posso te prometer o que eu não vou cumprir. Mas eu prometo não ser pega, se isso te faz mais tranqüilo.

Josh jogou a cabeça para traz em uma gargalhada que fez o nó no estomago de Alexya se dissolver completamente.

Ah Josh. Doce, doce Josh.

– Claro amor, isso me tranqüilizaria um bom tanto.

Alexya e Josh seguiram em direção a moto, enquanto Alexya gritava por cima do seu ombro para Melanie que ela estava indo almoçar com Josh, e que logo estaria de volta.

Melanie só moveu as mãos em um gesto claramente conhecido como “Ok. Some daqui.”. Mas essa era Melanie e Alexya já estava acostumada ao jeito da amiga.

Quando Alexya deu partida na moto de Josh, 650 cilindradas rugiram em resposta aos seus pequenos movimentos no acelerador.

Ela trocou a marcha e arrancou, sentindo o vento bater contra seu corpo enquanto ela acelerava penas ruas em direção ao Mc Donalds, deixando no estacionamento da Faculdade todas as suas duvidas e medos.

Era uma sensação incrivelmente libertadora e tranqüilizadora.

Finalmente, Alexya pode se sentir sua ‘rádio interna’ mudando para uma FM.


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Notas finais do capítulo

Alexya pode até falar sobre garotos x futebol, mas ela também tem suas paixões... Motos! *-*