Sedução Da Noite escrita por Leelan Schaffer


Capítulo 19
Uma ficção não ficcional...


Notas iniciais do capítulo

Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você
Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
Curam (não)
E essa abstinência uma hora vai passar
— Pitty



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– Merda, eu nunca vou sair da primeira pagina desse jeito. – Alexya resmungou, arrancando mais uma folha do caderno.

Era a sétima folha até agora.

Ela estava sentada confortavelmente na sala de Lucian, seu caderno e uma caneta em suas mãos.

– Se você continuar arrancando as folhas a cada três linhas, provavelmente não vai sair mesmo. – Derek disse a ela, seus olhos nunca deixando o jogo de futebol que passava na Tv.

Meninos e futebol, ela nunca iria entender isso.

– Você fala como se fosse fácil! Eu começo a escrever isso e quando leio o que eu já escrevi tudo que eu vejo soa como blablablablá. Ugh, eu vou reprovar em escrita criativa por que eu sou uma idiota sem idéias. – Alexya jogou a cabeça para trás e ficou admirando o teto.

Olá, gesso. Não tinha te visto ai em cima...

– Escrita criativa, huh? Não soa muito difícil pra mim. É tipo, só você escrever qualquer bobagem, colocar um mocinho, uma mocinha, um vilão e BUM! – Ele faz um gesto expansivo com as mãos. – Você tem um Best-seller. Ah, no final o vilão tem que morrer e o mocinho e a mocinha tem que ficar juntos, se não você terá leitores fulos com você. – Ele diz, ainda sem tirar os olhos da TV.

A questão é: A coisa é mais difícil do que Derek faz parecer.

Já fazia três horas que Alexya tinha chegado na casa de Lucian, e como seu mestre estava ocupado em algum tipo de reunião, ela aproveitou pra colocar em dia seu trabalho de escrita criativa.

O que ela tinha até agora? Nem o maldito título!

Alexya arremessou uma das bolinhas de papel na cabeça de Derek, fazendo com que ele olhasse pra ela.

– Se você vai me dar lições sobre escrita, o mínimo que você deve fazer é olhar pra mim enquanto fala. – Ela reclama.

Derek estava jogado no Puff que ficava próximo a porta – Realmente, era só onde Alexya poderia se lembrar de vê-lo sentado confortavelmente. – vestindo apenas Jeans e meias. Seu cabelo bagunçado como se tivesse ele tivesse passado as mãos várias vezes.

Em seu pescoço um par de perfurações deixava Alexya saber que Sabina havia se alimentado dele antes de ir pra reunião.

A mente de Alexya girava em torno disso, se afastando do conto que deveria estar escrevendo.

Sobre o que seria a tal reunião?

Quando ao chegar Alexya perguntou a Derek, ele havia dado de ombros e dito “Coisas de vampiros, eu acho. Sabina não me disse muita coisa.”

Ela podia sentir que Lucian estava na casa – provavelmente no escritório – mas ela não podia ouvir nada da sala. Também não ouviu quando passou lentamente em frente ao escritório, usando a desculpa de que ia ao banheiro.

– Certo, sobre o que você precisa escrever? – Derek perguntou, virando toda a sua atenção pra ela.

Alexya olhou para a folha em branco do seu caderno, como se ele fosse dar as respostas a ela.

– Sobrenatural, basicamente. E eu tenho que ser a personagem principal, infelizmente. – Alexya murmurou com desgosto.

Enquanto muitas das suas colegas deviam estar soltando suspiros por ser a personagem principal de uma trama sobrenatural, Alexya não conseguia se imaginar nem como personagem coadjuvante. Ela apenas não era esse tipo de garota.

Derek soltou uma gargalhada e então Alexya virou toda sua atenção sobre ele.

– O que, no mundo, é tão engraçado? – Ela perguntou exasperada.

– Você tem que escrever sobre vampiros? Talvez lobisomens? – Derek perguntou com um sorriso travesso no rosto.

– Bem, sim! É isso que sobrenatural significa, Derek. – Ela olhou pra ele com sua melhor expressão de “dã”.

– Olhe ao seu redor. – Derek fez um gesto abrangente. – Você e eu somos escravos de sangue de vampiros. O cara que mordeu seu namorado é um Lobisomem. O que mais você precisa pra escrever o conto?

Bem, se fosse colocado dessa forma...

– Ótimo, eu vou fazer sobre como minha vida se tornou uma loucura por que eu fui estúpida o suficiente pra sair pra dançar. Sem problemas ai. Mas e a porra do final, como é que fica? – Ela perguntou. – Não é como se todo esse drama de escrava de sangue fosse acabar da noite pro dia. Eu ao menos não vejo um fim chegando tão cedo.

Derek deu de ombros. – Simples. No final você se casa com o vampiro, no caso, Lucian.

– O que? Mas de jeito nenhum! Eu não vou me casar com um maldito sanguessuga! – A voz de Alexya sobe uma oitava, ficando extremamente fina.

– Por que não? – Derek pergunta razoavelmente.

– Por que ele é... Ele é... – Alexya tateava em sua mente por algo ruim que fosse motivo pra não se casar com Lucian. – Mulherengo e... Frio. De qualquer forma, ele está morto, e isso nem deve ser legal.

Derek levantou uma sobrancelha pras justificativas dela. – Alexya, a gente ta falando sobre o conto, lembra? Você iria se casar com ele... No conto.

Oh... Merda.

– Certo. Bom, eu acho que da pra usar isso, essa coisa do casamento. Deve dar. – Ela disse debilmente, enquanto sentia suas bochechas incendiarem.

– Agora é só escrever. – Derek disse com um sorriso, certamente feliz por ter ajudado.

– Sim, escrever. – Ela murmurou enquanto começava a escrever furiosamente na folha em branco. De repente, as idéias começaram a fervilhar em sua mente e Alexya nem piscava, com medo de afastá-las.

Ela escreveu e escreveu pelo que pareceram horas, mas uma olhada em seu celular mostrou que só haviam se passado cinqüenta minutos.

Alexya se espreguiçou no sofá, suas costas estalavam conforme ela se movia. Tinha guardado seu caderno e caneta na bolsa e estava indo até a cozinha. Por incrível que pareça, escrever um conto de 15 folhas – de caderno, e com letra media, claro. – fez com que ficasse completamente sedenta.

Ela estava passando em frente ao Escritório quando as portas se abriram e Sabina saiu de dentro seguida por dois homens – vampiros? – loiros.

A pequena vampira ruiva estacou no meio do corredor quando a viu.

Alexya tentou desviar, continuar seu rumo até a cozinha, mas Sabina a segurou pelo braço.

– Só um minuto, eu quero falar com você. – Ela disse de forma fria, e Alexya poderia ver os pelos do seu braço se arrepiando.

Bem, ela tinha certeza de que não ia gostar nada da conversa.

Os vampiros loiros seguiram em direção a porta como se uma Sabina não tivesse parado no meio do corredor para ter um tête-à-tête com Alexya e tão logo eles saíram e a porta se fechou, o aperto de Sabina no braço de Alexya se intensificou.

Isso vai deixar hematomas...

– O que você pensa que está fazendo? – Sabina virou aqueles incríveis olhos verdes para Alexya.

– Nesse momento, indo na cozinha pegar água, por quê? Quer que eu te traga algo? – Alexya respondeu com um sorriso doce.

Sabina apertou o braço de Alexya mais forte e ela teve que se conter pra não tentar puxar o braço de seu agarre.

– Não banque a engraçadinha comigo, fedelha. Eu não sou Lucian e eu certamente não tenho metade da paciência que ele tem com você. – Ela olhou de forma irritada para Alexya.

Sinceramente, pra uma mulher uma cabeça mais baixa que Alexya, ela parecia bem imponente.

– Eu realmente não sei aonde você quer chegar com isso, sanguessuga. – Alexya disse com tanto desprezo quanto conseguiu reunir em uma só frase.

Foda-se. Se ela a chamaria de fedelha ela certamente poderia chamá-la de uma coisa ou duas.

– Fique longe de Lucian, é só o que eu vou te dizer por agora. Se você machucá-lo mais do que você já fez, eu te parto em duas com os dentes, entendeu? – Sabina vociferou pra ela.

– Considerando que ele é meu mestre, ficar longe é humanamente impossível. Mas eu não preciso te dizer isso, não é mesmo. Você já sabia. E quanto a machucá-lo... Ele é bem grandinho já, ele sabe se cuidar. – Ela sorriu travessamente.

Claro, por dentro o estomago de Alexya estava fazendo Looping, e ela poderia sair correndo a qualquer momento da casa de Lucian sem olhar pra traz, se ela não fosse tão malditamente louca.

Não que ela deixaria Sabina saber sobre isso...

Sabina deu um passo mais próximo de Alexya, suas presas a mostra e um olhar completamente assassino em seu rosto.

– Sabina. – A voz de Lucian soou atrás da vampira. – É o suficiente.

Como se um interruptor tivesse sido acionado, o rosto de Sabina volta ao mau humor normal e qualquer traço de raiva se esvai de seu rosto. As presas tinham se retraído.

Obrigado, obrigado, obrigado Jesus.

Sabina se move em direção à sala, lançando um ultimo olhar que dizia que ela estava de olho em Alexya.

Bem, isso era horripilante.

Alexya afastou seus olhos de Sabina e os pousou sobre Lucian. Seu mestre.

Por incrível que pareça, a perspectiva de ser escrava de sangue de Lucian já não era tão malditamente enlouquecedora quanto foi a dois dias atrás.

Claro, não é como se ela de repente estivesse feliz com toda aquela situação, mas ela achava que poderia lidar com aquilo. Ao menos por agora.

– Hey você. – Ela disse a ele com um sorriso. – Eu estava me perguntando onde tinham te enfiado.

Lucian estava bonito essa noite. Não que ele já não fosse.

Inferno, o cara parecia um Deus grego pelo que Alexya sabia.

Mas ele vestia calças jeans negras enceradas, Camisa branca com os punhos dobrados até o cotovelo e havia deixado dois botões estrategicamente abertos.

Quente como o inferno é como ele parecia.

– Reuniões. – Ele respondeu sério. – Você certamente não pensou que eu simplesmente acordava para a noite e ficava esperando você vir até mim, pensou?

Woa. De vagar no humor ai camarada.

– Eu nunca pensei muito sobre isso, realmente. – Ela dá de ombros. – Mas faz sentido. Kyle comentou que você era o chefão de um clã de sobrenaturais. Era sobre isso a reunião?

– Era, embora eu não consiga ver onde isso te diz respeito. – Ele respondeu.

Puta merda, o que é que ele tem?

– Caramba Lucian, esqueceu a educação no quarto? – Alexya perguntou irritada.

Lucian soltou uma risada amarga. – O que? Você pensou que você ia vir até mim e eu ia te receber de braços abertos? Ou quem sabe com a língua de fora, como um cachorrinho?

O que é que tinha toda essa gente hoje? Racionamento de sangue?

– Eu... O que? Por que você ta dizendo isso? – Alexya soava tão confusa quanto se sentia.

– Ah, você realmente não sabe? Então deixa eu desenhar pra você. Você – Ele apontou o dedo em direção ao peito de Alexya. – fodeu comigo ontem, literalmente e em todos os sentidos. Gemeu igual a uma puta na minha cama enquanto gozava e depois teve a porra de uma crise de consciência e tentou sair escondida, como um moleque de faculdade! E ainda tem a cara de pau de aparecer aqui e fingir que nada aconteceu?

Alexya não poderia se forçar a falar mesmo que quisesse. Sua voz estava longe de ser encontrada, e sua garganta se fechava cada vez mais. Sabia que as lágrimas não estavam muito longe e era só uma questão de tempo.

– E então? Qual vai ser a desculpa agora? Que eu te arrastei pra cima pelos cabelos e te violentei? Ou que eu usei compulsão em você pra você desejar estar comigo? Você é uma maldita hipócrita, sabia? – Ele olhava duramente pra ela. – Fala aos quatro ventos que a Camilla é uma vadia, mas acontece senhorita oh-isso-foi-um-erro que no fundo, você não é muito melhor que ela. Você, mesmo tendo um namorado estava naquele maldito clube sozinha! Não que aquele idiota fosse te proteger de alguma coisa.

Lucian passou as mãos pelos cabelos, deixando eles completamente bagunçados.

– E sabe o que é pior? É que agora eu tenho um inferno pra mover por ter matado aquele vampiro inútil que te atacou. Os caras que saíram agora? Vieram me avisar que a maldita líder do clã dele, que acaba por ser a mãe do desgraçado, quer a minha cabeça em uma badeja de prata. Mas você se importa? Não, você não está dando à mínima. Não pro cara que te salvou de virar jantar num estacionamento mal iluminado. Mas eu não esperaria mais de você, visto que você não consegue nem lidar com as decisões que toma sem fugir.

– Lucian, me desculpa eu... – Mas ele levanta a mão cortando suas desculpas.

– Sai daqui. Eu quero passar o resto dessa noite fingindo que eu nunca te conheci naquela maldita boate. Só... Vai embora. Você já tem estado aqui por quatro horas e o laço de sangue não vai te machucar se você ir o resto da noite. – Ele disse, dando as costas a ela e subindo as escadas pro segundo andar.

– Lucian. – Alexya chamou, sentindo as lagrimas correrem por seu rosto.

– Apenas uma vez Alexya, faça o que eu digo. Vá embora. – Ele diz sem se virar.

Alexya se virou e correu porta a fora, em direção ao seu carro.

Provavelmente ela bateu a porta com mais força que o necessário, mas ela não se importava mais. Havia uma dor em seu peito que era desconhecida para ela, porém insistente.

Antes de entrar no carro, Alexya olhou para a parede de vidro do quarto de Lucian, esperando vê-lo tão devastado quanto ela.

Porém, o que viu ali trouxe uma nova onda de lágrimas junto com alguns espasmos.

Lucian tinha Camilla nos braços, em um beijo apaixonado.


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Notas finais do capítulo

É... Mesmo os vampiros tem sentimentos, as vezes. E ser segunda escolha não é algo que qualquer um vá lidar de forma tranquila... Pobre Lucian, pobre Alexya. Meu coração se parte junto com o deles...
E vocês, o que acham?