Alvo Potter E O Mensageiro De Boráth escrita por Amanda Rocha


Capítulo 12
Nada é por acaso


Notas iniciais do capítulo

Então, lembrem que eu disse que uma nuvem negra de azar costumava pairar sobre minha cabeça? Pois é, ela voltou. Acreditem quando digo que sou a pessoa mais azarada do planeta, porque eu sou. Lembram que o meu computador tinha quebrado? Então, eu consegui arrumar ele e aí, certo dia, meu pai derruba ele no chão! É, simples assim! Acontece que agora eu voltei a escrever no caderno, só que não dá nem pra postar, porque eu entro só pelo celular! Mas eu vou ir numa lan house nem que seja uma vez por mês pra postar, se as lan houses do planeta Terra não entrarem em extinção, porque com o azar que eu tô, já não duvido de mais nada...
Então, ignorem o título ridículo do capítulo, eu fiquei sem criatividade pro título desse. Mas enfim, boa leitura, nos vemos lá embaixo!



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Outubro já estava se despedindo, no entanto, um ventinho chato e gelado já passeava pelos jardins da escola, dando sinais de uma pequena tempestade de neve que logo, logo iria cair. Chovera o dia vinte e nove inteiro, o que deixara os garotos desanimados, mas, felizmente, conforme a noite foi caindo a chuva também foi cessando. Já era madrugada e, coberto por agasalhos e casacos, Alvo e Carlos sobreavoavam o campo de quadribol na noite escura. Era praticamente impossível ver um palmo à frente, mas Rosa achara um feitiço muito útil com o qual conseguira acoplar as varinhas dos meninos em sua vassoura. O que já era alguma coisa, mesmo que o feixe de luz que os iluminava não fosse lá muito forte. Os olhos de Alvo pesavam, e seus ombros e pescoço doíam, afinal, já estava montado na vassoura há mais de duas horas. Porém, os dois continuavam treinando. Até porque dera muito trabalho convencer Fred a lhes ajudar a abrir o armário de vassouras e conseguir caixote com as bolas de quadribol.

– Uma última vez? - gritou Alvo, após acabar de rebater um balaço bem na direção de Carlos, mas este foi rápido e rebateu-o para longe.

– É, acho que sim! - confirmou o amigo.

Rosa estava sentada na arquibancada com uma enorme capa de viagem e um bisbilhoscópio de bolso ao seu lado. A garota estava com um lampião em uma mão e a varinha em outra e, mesmo assim, ainda olhava para os lados toda a hora, desconfiada.

Quando, finalmente, os dois haviam conseguido guardar os balaços (o que não fora fácil), Rosa saiu correndo, aliviada na direção deles.

– Achei que estava ótimo! - disse ela à Carlos, sorrindo. - Você sabe, pelo que deu pra ver...

Alvo e Carlos carregavam a grande caixa de madeira com as bolas de quadribol, um segurando em cada lado.

– Bom, treinamos o máximo que podíamos, não é? - comentou Alvo. - E, acho que você tem chances. Qual é, o Malfoy nem é grande coisa...

– Bom, isso é... - concordou Carlos. - Mas se ao menos tivéssemos treinado durante o dia...

– Ah, mas ninguém treinou. - tranquilizou-o Rosa. - Com aquela chuva... E também, você é o único que usou o campo antes do teste, já está com vantagem!

Carlos deu um sorriso, confiante. Mas Alvo bem sabia que ele estava nervoso...

– Sabem, acho que o time da Grifinória está bem forte. Se você entrar, com certeza teremos grandes chances de vencer o Campeonato! - alegrou-se Rosa.

– É, minha mãe diz que o que importa é dar o seu melhor, se os outros não gostarem de você assim, é porque não entendem nada de quadribol. - Alvo contou. Depois, pensando melhor, acrescentou: - Se bem que ela disse antes de ter sido rejeitada pelos Chudley Cannons, mas...

– Peraí, sua mãe foi rejeitada pelo Chudley Cannon? - perguntou Carlos, fascinado, como se ser rejeitado por um time tão bom quanto este fosse a melhor honra que alguém pudesse ter.

– Longa história, Carlos, longa história...

Os três foram andando de volta para o castelo na penumbra da noite sob a luz das estrelas. Eles abriaram os enormes portões de entrada o mais silenciosamente que puderam e já iam fecha-los quando Rosa deu uma repentina esclamação:

– Espera!

– Shhh! - fizeram Alvo e Carlos, imediatamente ao taparem a boca dela. A garota deu alguns muxoxos e, ao soltarem ela, apontou para a porta:

– Por que acham que fizeram - cochichou, preocupada.

– Ah, deixa eu ver... - começou Carlos, fazendo cara de pensador. - Talvez seja por que nem todo mundo saiba atravessar a parede?

– A porta não! - retrucou Rosa. - Não estava trancada quando saímos. Por que trancaram agora?

Os três olharam para a porta à procura de uma resposta, como se esta fosse lhes dizer o porque de estar trancada.

– Talvez - arriscou Alvo - o Guelch só tenha se esquecido de trancar àquela hora. E depois lembrou...

– É, deve ter sido isso... - concordou Carlos, enquanto empurrava os amigos adiante. Ele não parecia preocupado ou sequer interessado no mistério da porta. Alvo e Rosa trocaram um rápido olhar antes de subirem as escadas. Para Carlos aquilo era apenas uma porta trancada, mas para os outros dois já era motivo de preocupação, ainda mais para Alvo que dissera aquilo mais para convencer a si próprio do que aos outros.

Eles pararam na frente do armário de vassouras e, o mais rápido que puderam, usaram a chave mágica de Fred (um produto da Gemialidades Weasley que ainda estava em teste, mas que o garoto afanara algumas amostras do escritório do pai, afinal, uma chave que abria todos os tipos de portas que não fossem trancadas com magia não era algo que se achasse todos os dias) para abrir a porta e, após guardarem a caixa com as bolas de quadribol, seguiram o caminho.

– Está vendo? - disse Carlos, ao chegarem ao andar da Grifinória. - Deu tudo certo.

– É, certo até demais... - desconfiou Rosa.

– O que pode acontecer? Já estamos aqui - tranquilizou-a Alvo, e puxou a capa que os cobria. Como estava enganado...

– E de qualquer jeito...

– Onde é que vocês estavam? Saíram há quase três horas, seus encrenqueiros! - interrompeu a Mulher Gorda.

– É, também te amamos - respondeu Carlos, revirando os olhos. - Agora deixa a gente entrar, vai, ovo de basilisco!

– Senha incorreta. - disse a Mulher Gorda lentamente, como se se deliciasse com cada palavra que pronunciava.

– Não, é sim! - contestou Rosa, tirando uma papelzinho do bolso e apontando-o para o retrato: - Dennis Finnigan me deu hoje de manhã!

– Acontece - tornou o quadro fazendo pouco caso para o papel de Rosa - que a Prof.ª Claepwack teve dificuldade em decora-la, então alteramos a senha.

Carlos jogou os braços para o alto, irritado:

– Ah, e me diga quando ela não tem dificuldades em decorar alguma coisa? E depois vem ela com aquele papinho "Connor, decore esses feitiços, Caio, decore essas questões!" - exasperou-se o garoto numa perfeita imitação da voz da professora.

E quem se importa?– guinchou Rosa. - Estamos presos aqui do lado de fora! Vamos morrer!

– Não, calma - disse Alvo, coçando a cabeça e pensando em uma saída. - Olha... Se você nos deixar entrar aí dentro... Eu juro que isso fica só entre nós, sabe...

– Sem senha não entra... - cantarolou a Mulher Gorda.

Alvo e Rosa deram muxoxos idênticos e ao mesmo tempo, e Carlos, por incrível que pareça, os puxou, calmamente, para um canto mais afastado e colocou os braços por cima dos ombros dos amigos, os forçando a fazer o mesmo. Os três pareciam jogadores de futebol americano combinando táticas e jogadas antes do jogo.

– É o seguinte - cochichou Carlos, como se a Mulher Gorda estivesse interessada na coonversa deles. - Eu conheço bem esse tipinho de retrato. É só você adoçar a fofucha ali que ela nos dá a informação. E Al, você é o doce.

– Como é que é? - perguntou o garoto, com a sobrancelha erguida.

– Shhh! - fez Carlos, fazendo sinal com a cabeça para o quadro. - É no sentido figurino, cara!

– Figurino? Imagino que você esteja querendo dizer "figurado"- corrigiu Rosa, com um risinho.

– Tanto faz, dá no mesmo! - retrucou o maior, girando os olhos para o alto.

– Não, não! - rebateu Rosa - Sentido figurado é algo sarcástico no qual usamos uma palavra diferente para dar o efeito desejado na frase. E sentido figurino quer dizer sentido de roupas, o que faz de... -

A questão aqui– interrompeu Carlos, fazendo um gesto com as mãos - é que o Alvo é famoso, diz pra ela que você consegue um autógrafo do seu pai ou coisa assim...

O que? - ele exclamou. - Não, não! Eu não vou usar o meu sobrenome pra ganhar vantagem!

Carlos passou a mão no rosto, como se o estivesse limpando. - Tá bom, Sr. Humildade, então o que fazemos?

Alvo encolheu os ombros em resposta.

Cerca de dez minutos depois Alvo e Rosa estavam sentados no chão contra a parede, com a capa de invisibilidade servindo de cobertor, enquanto Carlos ainda estava de pé, a cabeça apoiada de frente para o quadro, e continuava chutando senhas aleatórias na tentativa de que alguma delas fosse a verdadeira:

– Hipogrifos ferozes?

– Não.

–Dragões saltitantes?

– Não.

– Euachtunia?

– Euachtãna.- murmurou Rosa, num tremendo bocejo.

– Isso mesmo - concordou Carlos, com a voz cansada.

– Não, não e não. - respondeu a Mulher Gorda, já irritada. Ela segurava o rosto com as mãos e piscava miúdo. Alvo não fazia ideia de quanto tempo Carlos ainda ficara tentando, mas pareceu uma eternidade.

A luz do luar adentrava o saguão pela janela do corredor. E foi com essa visão que Alvo adormecera, com a lua e as estrelas iluminando os seus sonhos...

***

– Ei, cara! Levanta! - foi a voz que acordou Alvo de seus estranhos sonhos sobre figurinos.

– Não, você que visite um alfaiate... - resmungou Alvo, virando o corpo para o lado.

– Aquilo ali na cara dela é baba? - perguntou uma voz de menina que parecia bem distante. Alvo não sabia dizer se era sonho ou realidade, sua cabeça latejava tanto... E ele só dormira por algumas horas. Talvez só mais cinco minutinhos...

Ele sentiu algo cutucar sua bochecha e, imediatamente, abriu os olhos. Ao fazer isso, teve que segurar para não dar um pulo ao dar de cara com toda (realmente toda) a Torre da Grifinória reunida e o encarando. Scorpius Malfoy estava mais à frente, a varinha erguida, provavelmente fora ele quem o cutucara.

– O que está acontecendo? - Alvo perguntou, levantando-se lentamente.

– Boa pergunta, Bela Adormecida. - riu Annie Ellóick.

– Bela o quê? - Alvo olhou confuso para os alunos. - E o que... O que todo mundo tá fazendo aqui?

– O que você tá fazendo aqui, você quer dizer - retrucou Malfoy, apontando para is três (Carlos ainda dormia à sono solto, e dava alguns roncos de vez em quando, enrolado na capa da invisibilidade; e Rosa continuava sentada no chão, olhando atônita para as pessoas). - Por que passaram a noite aí? Eu sei que os Weasley mal tem dinheiro para comprar um colchão, mas aqui em Hogwarts nós...

– Cala a boca, Malfoy! - Alvo o cortou. - E vê se acha alguma coisa de útil pra fazer além de cuidar da vida dos outros!

– Ei, ei, ei! Que bagunça é essa? - perguntou Tiago, saindo do meio da multidão de alunos e erguendo o broche de monitor como um policial trouxa. - Eu, o monitor, vou tirar três pontos de cada um se não pararem com essa zoeira agora e voltarem para seus afazeres!

– E vai tirar pontos da sua própria casa, tio Percy? - debochou Dominique que, Alvo não sabia como, mas fora parar no meio dos alunos.

– É, da minha pró... Ei, peraí! O que diabos você está fazendo aqui? Não cansa de xeretar a vida alheia, querida? Dominique revirou os olhos, as não disse nada.

Outra coisa incrível sobre Tiago que Alvo nunca iria entender: eram poucas as pessoas que discutiam com Tiago Sirius Potter, pois sabiam que quando se tratava de boas respostas afiadas , ninguém era melhor que ele, então logo desistiam. - Tudo bem, galera, circulando, vamos lá! - ordenou Daniella.

Os alunos obedeceram e saíram murmurando. Scorpius deu um último olhar feio à Alvo e depois seguiu arrastando os pés, junto de Dominique.

– Tá bom, maninho, agora me explica por que você se meteu em confusão e não me chamou? - perguntou Tiago, escorando-se numa parede.

Alvo bufou, chutou a perna de Carlos, na tentativa de acorda-lo - o que não funcionou, pois ele apenas virou-se para o outro lado -, e Rosa se levantou lentamente.

– Não foi bem uma confusão... - começou ela, em meio a um bocejo.

– É, fomos treinar quadribol ontem à noite com o Carlos - prosseguiu Alvo, cutucando o amigo que, por sua vez, se recusava a abrir os olhos e apenas resmungava palavras sem sentido.

– Só que quando voltamos a... A Mulher Gorda nos disse que... Haviam trocado a senha... - explicou Rosa, com certo esforço, enquanto tentava erguer Carlos pelos ombros. - AI, ACORDA, SEU PREGUIÇOSO!

Foi somente quando a garota o soltou - após muito esforço ela havia conseguido o levantar a pouco mais de dez centímetros do chão -, fazendo com que o amigo caísse de bunda no chão, foi que Carlos acordou.

– Ai! - exclamou ele, irritado. - Já ouviu falar em delicadeza? É bem comum em meninas!

– Meninas frescas. - retrucou Rosa.

– Pois então seja uma.

– Seja uma você!

– Ei, parem com isso! - interrompeu Tiago. Depois, consultando o relógio no pulso, apontou-o para os garotos e franziu a testa. - Estão vendo? São nove e meia já! Vão se atrasar para o café!

– Não enche, Tiago. - resmungou Alvo, se espreguiçando.

– Olha aqui, maninho - o irmão se voltou para o garoto, fazendo o que em sua mente deveria ser uma pose autoritária, e falou: - Eu sou o mais velho, e ainda sou o monitor, portanto...

– Para de bancar o mandão! - interrompeu Daniella o puxando. Se fosse outra pessoa a cortar o seu barato, Tiago provavelmente largaria um sermão sobre como isso era prejudicial para sua memória, já que, certamente, ele ficaria tão incrédulo que pudesse ter tal atrevimento à ponto de interromper Tiago Sirius Potter que com certeza esqueceria do que estava falando. Mas, por alguma razão que Alvo não entendeu, o garoto não se deu ao trabalho nem de retrucar e apenas seguiu a amiga. Havia algo estranho ali, mas os olhos de Alvo pesavam demais para que ele se preocupasse com aquilo. Pelo menos não agora...

Os três saíram para o Salão Principal para tomarem café. Ou melhor, Rosa tomou café, os outros dois estavam demais com o teste para conseguirem enfiar algo na boca.

– Vocês não vão comer nada mesmo? Desse jeito vão acabar caindo da vassoura e vão ficar sem vaga nenhuma. - comentou Rosa, de boca cheia.

– Puxa, obrigado, Srta. Pessimista, isso é muito animador - respondeu um Carlos emburrado. Rosa estava pronta para retrucar, mas achou melhor simplesmente voltar a comer.

Ótimo, uma briga entre os dois logo pela manhã era tudo o que Alvo precisava para um bom dia... Alvo sempre ficava nervoso antes de um teste, ainda mais quando se tratava de um teste de quadribol. Toda a sua família - que, pode se dizer, era um bom número - eram fãs de quadribol. Sua mãe até mesmo já jogara profissionalmente, e os outros todos tinham um talento natural para o esporte. Os Weasley praticamente nasceram em uma vassoura. E isso, somado ao fato de que ter entrado para o time de quadribol da Grifinória era uma das coisas que o garoto mais se orgulhava de ter conseguido desde que entrou para Hogwarts, definitivamente lhe dava uma certa pressão. O Salão Principal estava uma euforia só.

Todos pareciam muito animados em parte porque as aulas da manhã foram canceladas em função dos testes, e também porque teriam os testes, e Alvo achava aquilo um pouco egoísta da parte deles , afinal ele estava bem nervoso no momento. Ou melhor, um tanto ansioso. Após três anos ele já não tinha mais motivos para ficar nervoso com esse tipo de coisa. Fala sério, seu pai nessa idade já lutava contra centenas de dementadores. Enfim, ele apenas achava que o resto dos alunos deviam demonstrar um pingo de compaixão com os jogadores que, certamente, estavam preocupados com sua permanência no time. Ou pelo menos era o que Alvo esperava...

– Tudo bem, dez e meia. É agora! - Carlos disse, após consultar o relógio pela milésima sétima vez.

– Vai com calma, é só um teste. Não quer dizer nada - Alvo explicou, tentando tranquilizar tanto Carlos quanto ele próprio. - E, olha, não importa qual seja o resultado, vamos apoiar um ao outro, ok?

– Desencana, Al! - Carlos lhe deu um tapinha nas costas.- Esse teste tá no papo!

***

A sala comunal da Grifinória estava em completo silêncio. Todos - realmente todos - estavam reunidos À volta da lareira, onde, na poltrona, um menino magricela de treze anos encarava as chamas crepitantes. A cabeça apoiada nas mãos e os olhos verde vivo frustrados. Carlos e Rosa estavam sentados nos braços da poltrona, um de cada lado, apenas davam tapinhas solidários nas costas do amigo. Palavras não eram necessários, ou melhor, simplesmente não haviam palavras que não fossem fazer Alvo ficar ainda pior.

– Se vocês me deixarem expli... - começou Pedro Lepos.

– É, é, mas você não pode. - Tiago imediatamente o cortou.

– Mas eu ia...

– Não!

– Eu só...

– Nem pense nisso!

– É que...

NAF! - Tiago deu um grito agudo e repentino agudo e repentino que fez alguns rirem.

Pedro sentou-se novamente , emburrando, e a sala ficou em silêncio mais uma vez. Os alunos apenas trocavam olhares, alguns de pena, outros ainda se olhavam, desconfortáveis, e se sentindo mal com o que acabara de acontecer.

– Será que podemos parar de fingir que estamos surpreso com isso? - perguntou Scorpius, quebrando o silêncio.

– Não, e fica na tua, ô Cara Pálida - respondeu Tiago.

Tiago! - reprendeu-o Daniella, olhando incrédula para o garoto.

– Ok! - Tiago girou os olhos para o alto. Depois (e aquilo foi bem estranho), virou-se para Malfoy e, em seu mais delicado tom de voz, disse: - Foi mal aí, Malfoy. Você poderia, por favor, compartilhar conosco a sua, eh... Opinião?

Tudo bem, tinha algo muito estranho rolando ali. E até Alvo, que estava no mais fundo do poço da dor e humilhação, pôde perceber aquilo com clareza. Mas, mais uma vez, Alvo estava ocupado demais para pensar sobre aquilo. Ele fora substituído!

– Qual é, o Potter não é nenhum astro do quadribol... - tagarelava Scorpius. Ficara tão empenhado em ajudar Carlos a conseguir um lugar no time que acabara esquecendo de garantir o seu...

–... Ele já deixou de meter umas goles mesmo quando o goleiro estava do outro lado do campo e os aros bem debaixo de sua fuça...

Scorpius tinha certa razão. Muitas vezes ele podia ter arriscado um gol, mas não o fez, por pura insegurança...

–... Era só uma questão de tempo até isso acontecer, E até me surpreendo de não ter sido no primeiro jogo...

E o mais estranho de tudo isso era que ele não fora trocado por alguém que soubesse todos os nomes de todas as jogadas, ou por alguém que treinou a vida inteira para esse tipo de coisa. Não, ele fora substituído por...

–... Cattér! - Malfoy completou sua linha de pensamentos. - Quer dizer, se fosse para trocar, que fosse por alguém que realmente soubesse jogar, não é?

– É verdade... - concordou Dennis Finnigan, quase inconscientemente.

– Ei! - exclamou Carlos.

– Mal aí, cara, pensei alto demais - desculpou-se o outro.

– Como é?! - Carlos se levantou. - Escuta seu duas-caras até pouco tempo atrás você nem queria chegar perto do Alvo para não manchar sua reputação com o... O... - ele virou-se para Alvo e este tentou usar ao máximo suas habilidades em conversa por olhar para dizer à Carlos que, pelo amor de Merlim, não mencionasse a fase do Louco e começar aquele drama todo novamente. - Bem, você devia parar de meter o bedelho onde não é chamado e ir explodir alguma coisa por aí!

– Do que é que você tá falando? - Dennis também se levantou. - Talvez você queira que eu exploda alguma coisa pra você?!

– Ei, meninos, meninos, nada de brigas se eu não estiver nela! 0 Tiago se entrepôs entre os dois no exato momento em que o coro de "briga, briga" começou, o que causou alguns "ahh" e "estraga-prazer".

Carlos e Dennis pareciam dois cachorros de rua se encarando mortalmente. Alvo revirou os olhos e se levantou.

– O Scorpius tem razão. - admitiu. - Como é que é? - exclamaram Carlos e Malfoy ao mesmo tempo. Alvo passou a mão pelos cabelos e olhou para o teto à procura das palavras certas. - Não precisam... Não precisam continuar com essas caras de surpresa.

– Ah, maninho, assim fica difícil! - disse Tiago entre dentes, fazendo um sinal de corta com as mãos.

– Não, vamos ser realistas! - Alvo continuou, se voltando para os alunos. - Eu não era o melhor jogador do time, nem nunca fui. Só dei a sorte de não ter aparecido melhores artilheiros antes...

– Nunca achei que fosse dizer isso, mas concordo plenamente com vo... AI! - gritou Scorpius , quando Fred lhe deu um tapa na cabeça.

– Boa, moleque! - sorriu Tiago, porém Alvo bufou. As pessoas não podiam nem fazer um drama sossegadas hoje em dia... Ele voltou a sentar na poltrona e, antes de começar a encarar o fogo, encontrou o olhar do irmão, e este imediatamente entendeu.

– Tudo bem, pessoal - disse ele -, agora todos circulando. É isso aí, e sem reclamar. Amanhã todos acordamos cedo.

Com o canto do olho, Alvo viu a sala comunal se esvaziar até restar somente três pessoas ali. Ele apenas piscava, os pensamentos à mil, esperando que um deles falasse alguma coisa e, ao mesmo tempo, desejando que não falassem nada.

– Ahn... - fez Carlos, quebrando o silêncio. Alvo esperou por um longo discurso que o fizesse sentir-se melhor, mas não veio. Nem mesmo uma palavra, apenas o silêncio.

– Alvo - Rosa começou -, o que o Carlos está tentando dizer é que...

– Que aquilo foi só um teste idiota e que o Pedro não faz a menor ideia do que está fazendo. Que ser um bom jogador faz parte da minha genética e que não é um teste estúpido que vai mudar isso. E, além do mais, posso fazer o teste ano que vem. É, eu sei. - Alvo completou, no tom mais monótono que encontrou.

– Eh, na verdade, não. - discordou Carlos, sério. - Eu ia dizer que sou muito melhor que você e que foi be...

Carlos! - Rosa deu um chute no amigo.

– AI! Foi brincadeira! - resmungou ele. - Só quis descontrair...

Rosa revirou os olhos e depois se virou preocupada para Alvo, que não estava nem um pouvo à fim de sentir aqueles olhares de pena.

– Olha, tá tudo bem, ok? Eu vou ficar bem, é sério. - ele foi logo dizendo.

– Ei, cara, a gente sabe que você deve estar chocado e tal, mas pode...

– Eu já disse que estou bem, Carlos! - Alvo o cortou, de um jeito um pouco mais grosso do que pretendia. Não estava bravo com Carlos, ou melhor, estava. Bem, não era exatamente isso. Era complicado... Não era culpa de nenhum deles, era culpa dele mesmo.

O trio se encarou em silêncio até que Alvo se sentisse pronto para dizer alguma coisa. O que, é claro, levou algum tempo, afinal, não é todo dia que se passa de um artilheiro para um torcedor. O pior de tudo é que, assim como no ano anterior, não houvera testes para artilheiro, o que deixara Alvo bem tranquilo. Porém, Carlos, que fizera teste para batedor, não fora melhor que Scorpius ou Fred. E, para a surpresa de todos, Pedro viu oque ninguém conseguia: as incríveis habilidades do garoto para ser um artilheiro. Ele conseguira a vaga sem fazer o teste. Exatamente como acontecera com Alvo.

– Eu sou um azarado - concluiu ele, finalmente. Depois, dirigindo-se aos amigos, acrescentou: - Qual é, eu sou O Escolhido, não preciso dessa vaga.

Os dois se olharam e deram um leve sorriso. Juntos, o trio subiu as escadas e parou em frente ao dormitório feminino.

– Ahn, gente?

– Sim, Alvo?

– Vocês sabem que só estou brincando, certo? - perguntou ele, inseguro. Rosa deu uma risada pelo nariz.

– Sim, Al, pode ficar tranquilo, nós sabemos que você não é um famoso arrogante - ela garantiu.

– Ah.... Tá, valeu! - Alvo agradeceu, aliviado.

A garota se despediu e os outros dois seguiram rumo ao seu dormitório.

– Carlos? - tornou ele, num tom sério.

– Que? - o amigo perguntou, meio receoso.

O moreno sorriu e respondeu:

– Vê se faz bastante gols, hein?

– Ah! É claro, pode deixar!

E foi assim que Alvo aprendeu a aceitar as coisas que aconteciam com ele. Nada era por acaso, e talvez Carlos fosse melhor para o time. Ele só rezava para que na manhã seguinte não fosse, novamente, a piada da escola...


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram do Alvo ter saído do time? Odiaram? Bem, como vocês sabem eu não gosto de nada muito clichê, e o filho de Harry Potter e Gina Weasley ser um astro do quadribol seria muito típico de heroizinhos por aí (à menos que se trate do Tiago, é claro :33). Mas enfim, lembre que tudo pode acontecer nessa história louca!
E eu queria postar o capítulo de Natal no Natal pra vocês lerem já com o espirito natalino, mas não vai dar T-T Mas, acreditem, o capítulo de Natal está recheado de surpresas terríveis e algumas ótimas, mas mais terríveis do que ótimas shaushaush
Então, tem um capítulo sobrando até o natal, porque se não fica tipo o Dia das Bruxas e direto o Natal, então eu vou fazer uma promoção com vocês. Como vocês sempre me dão ideias nos comentários, agora vocês podem criar o tema do capítulo antes do Natal! Não precisa ser focado no Alvo, tipo, vai ser pelo ponto de vista dele como todos os capítulos, mas pode ser voltado à um outro personagem. Pode ser qualquer tema, desde uma luta de gelatina até uma luta contra Bob Rondres (não, brincadeira, não cheguem tão longe assim :P), mas enfim, sejam criativos! A ideia mais criativa será escolhida e, é claro ganhará o crédito pelo tema do capítulo :3
Não esqueçam de deixar um review logo abaixo sobre o que acharam do capítulo e deixarem sua ideia, atée, potterheads!