Alvo Potter E O Mensageiro De Boráth escrita por Amanda Rocha


Capítulo 13
Finalmente Hogsmeade


Notas iniciais do capítulo

Então, guys, como vão? Para compensar a demora pra postar, aqui está um capítulo gigante, mas REALMENTE gigante. Há algum tempo os leitores já vêm me pedindo para voltar com os capítulos grandes de antes, e aí está.
Então, nesse capítulo teremos um certo idiota que os amantes de Romione odeiam (não, não é o Krum shauhsuahs) e que virá para atrapalhar a vida do Alvo... E também um grande personagem aparecerá, não vou dizer quem é, mas se querem uma pista ele gosta de bodes...



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Exatamente como Alvo previra, logo na manhã seguinte o assunto mais comentado na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts era a substituição do artilheiro do time de quadribol da Grifinória. Alunos de todas as Casas - e quando se diz todas as Casas, eram todas mesmo, até mesmo Lufa-lufa que não era muito ligada em cada lancezinho que acontecia com os times adversários ficou sabendo. A notícia pareceu espalhar-se tão rápido quanto a ansiedade dos alunos pela primeira visita à Hogsmeade. Que, eventualmente, seria hoje.

A maioria dos alunos do terceiro ano nem dormiram e, os que conseguiram tal façanha, madrugaram e ficaram conversando animados na sala comunal da Grifinória desde as cinco da manhã. Alvo Potter fora um destes. Após um esquisito sonho onde Brubock lhe dizia “ele os levará” inúmeras vezes, o garoto não conseguira voltar a dormir. Ele, juntamente de Rosa, Carlos e mais alguns colegas ficaram sentados em volta da lareira.

– Ah, com certeza eu vou passar o dia na Dedosdemel! - comentou um sorridente Jordan Télfis.

– Besteira. - Clívon cortou-o. - Não vale a pena passar o tempo todo em uma loja só. Eu vou é visitar cada partezinha de lá!

– Comigo dois. - concordou Alvo. - Não é todo dia que se vai à Hogsmeade.

Dennis Finnigan, que ainda estava estranho com Alvo desde a história do Louco, logo desdenhou:

– Ah, como se você não pudesse ir visitar o povoado qualquer hora que quisesse.

– Desculpe. Como é? - perguntou Alvo, tentando manter um tom calmo para evitar mais confusões.

– Isso aí. - confirmou Dennis. Jordan e Clívon se olharam nervosos. - Você é rico o suficiente para morar em Hogsmeade se quiser. Ele apenas se mexeu na cadeira, segurando a vontade de dar uma boa resposta ao colega.

– Ah é - Rosa tomou à frente. E Alvo, deve-se admitir, ficou muito grato por isso -, porque dinheiro é só o necessário para se ir à Hogsmeade. Não precisa de tempo disponível, ainda mais para pais Aurores que mal conseguem folga no Ministério, não é?

– E já começou a se exibir... - Dennis rebateu.

Rosa levantou-se perplexa.

– O quê? - exclamou, com a voz bem aguda, como sempre ficava quando a garota se exaltava.

– Relaxa, Rosa. - Carlos a acalmou. - Afinal, o pai dele também é um Auror!

Dennis mexeu na gola da camisa, nervoso, à procura de uma resposta.

– É... Bem... Mas não um bem sucedido! - ele disse, enfim.

– Ah, e a culpa é nossa? Talento é uma coisa da genética, meu querido! - Carlos lhe respondeu.

Alvo segurou uma risada e voltou-se para Dennis:

– Escuta, você tem algo contra mim? - perguntou, simplesmente.

– Bem, se é pra ser sincero, é, tenho sim. - afirmou ele. O garoto se surpreendeu com tamanha cara de pau. Ele só perguntara por perguntar, Dennis devia ter um pouco de bom senso e responder algo como "não, eu é que sou muito idiota".

– Ótimo, então você pode guardar isso pra você. - Rosa retorquiu, lançando um olhar feio ao garoto.

– A boca é minha! Vou falar o que quiser! - ele retrucou. Carlos imediatamente se levantou e Alvo já previu o que ia acontecer.

– Acho que preferia você quando era um puxa-saco falso! - ele soltou.

Fez-se um silêncio e ele quase pôde ouvir os "uhhh" que se formavam nas cabeças dos ali presente. Por que sempre que ele falava alguma coisa desse tipo sempre havia aquele silêncio constrangedor?

Aconteceu muito rápido: cerca de um segundo depois, todas as pessoas desataram a falar, todas ao mesmo tempo. Alvo não sabia identificar o que era, mas ouviu seu nome e imediatamente se meteu naquela confusão eufórica, a fim de se defender de seja lá o que for que estavam o acusando.

Mas que bagunça é essa?! - Tiago, ou melhor, um mendigo, se meteu no meio dos alunos, carregando um cobertor nas costas.

– Acontece que o burro do Dennis...

– ... Veio me acusando assim e acabou...

–... Mas ninguém tá nem aí pros meus sentimentos e...

– ... A culpa toda é desse almofadinha aí que só...

– SILÊNCIO! - Tiago bradou, em uma imitação muito mal feita de Dumbledore. - Primeiro, Almofadinhas sou eu. E segundo, o que diabos vocês pensam que estão fazendo com esse falatório todo à essa hora da madrugada?

– Na verdade, são seis e meia... - disse uma voz lá no fundo.

Instintivamente, todos se viraram e deram de cara com Scorpius Malfoy, que estava sentado em uma poltrona bem no fundo, com um livro surrado na mão.

– De onde foi que você saiu? - Carlos indagou.

– Eu estava aqui o tempo todo! - defendeu-se o loiro.

Tiago revirou os olhos.

– Não importa! - ele replicou. - Essa barulheira toda está atrapalhando o meu estudo e...

Alvo se engasgou.

– E-Estudo? - gaguejou ele, massageando a garganta. Um leve rubror apareceu no rosto de Tiago, e ele bagunçou - ainda mais -, os cabelos rebeldes.

– Bem... Os NOM's estão chegando e... - ele tentava se explicar, meio nervoso. - Ah, eu quero ser alguém na vida, e daí?!

– Poxa, quem diria que eu veria você preocupado com esse tipo de coisa, hein? - comentou Alvo.

– É, engraçadinho, mas agora, podem me explicar, um de cada vez, o porque dessa algazarra toda?

E, assim, eles explicaram a Tiago que estavam todos muito ansiosos pela ida a Hogsmeade e que Dennis começou a falar desaforos sobre Alvo - o irmão não pareceu muito interessado nessa parte -, que estavam tão ansiosos que mal conseguiram dormir.

– Ah, então é isso... Bem, se vocês querem um conselho e, prestem atenção, Tiago Sirius Potter não sai por aí revelando seus truques à qualquer um, precisam ir na Dedosdemel primeiro. Todos os alunos estúpidos dessa escola correm direto pra Zonko's, e exatamente à uma hora vão todos para a Dedosdemel comprar as sobremesas e nessa hora a loja fica lotada.

Todos ouviam o que Tiago dizia atentamente, Jordan Telfis até anotava os conselhos em um bloquinho de notas. A animação era tanta que Tiago ficou com eles até a hora do café. Claro, que mal se aguentava em pé depois disso, mas o que vale é a intenção.

O Salão Principal estava bem agitado esta manhã, como quase todas as outras. As quatro mesas compridas cheias de alunos eufóricos estava com os pratos do café da manhã servidos, porém ainda sem a comida (coisa que Rosa achava bem desnecessária, pois podiam muito bem ouvir Neville enquanto comiam).

– Até mesmo a manhã parece diferente, não é? - comentou um Carlos animado. - Pensem só, daqui uns trinta anos ainda vamos lembrar desse dia! Não é emocionante?

Alvo riu.

– Tem razão. - concordou e, no mesmo instante, a imagem de Brubock passou por sua cabeça, o fazendo lembrar de certa ocasião nem tão agradável quanto podia ser...

– Al? - perguntou Rosa. - Que foi?

Alvo os encarou e deu o que ele achava ser um sorriso normal, porém nessas horas ele esquecia que não sabia disfarçar e que seu sorriso estava, na verdade, mais lembrando um hipogrifo com doninhas demais na boca do que uma pessoa sorrindo.

– Hm... - fez Carlos, que o observou por um tempo e depois, aparentemente não achando aquilo grande coisa, desviou a atenção para a mesa da Sonserina.

Rosa, porém, continuava encarando Alvo seriamente. O garoto sabia que não poderia esconder sua preocupação de Rosa por muito tempo, mas valia a pena tentar. Os dois provavelmente nem lembravam mais daquela história toda, e Alvo não queria que eles pensassem que ele estava se borrando de medo do que iria encontrar em Hogsmeade e, consequentemente, acabar estragando todo o clima de animação daquele dia tão esperado.

"Bom dia, alunos, professores!" saudou Neville, lá da mesa dos professores. A voz de Neville fez Alvo distrair-se e, teve que admitir, até lhe deu uma certa segurança. "Como sabem, hoje é dia de visita à Hogsmeade e... Apenas para o terceiro ano em diante!", ele lembrou, apontando para Fred Weasley que deixou escapar um risinho.

– Sempre desconfiado... - retrucou o garoto, emburrado.

"Eh, então, como já foi avisado, só irão os alunos que tiverem a autorização dos pais ou responsáveis. Os que não tiverem ou esqueceram, ficam aqui no castelo junto com os outros. Também é bom lembrar que..." Um grande barulho de asas farfalhando interrompeu o diretor. Centenas de corujas irromperam o grande salão, derramando suas cartas e embrulhos de diversos tamanhos para seus determinados remetentes. Uma coruja deixou uma carta cair bem em cima do prato de Alvo, e este logo a abriu e começou a ler, estranhando a letra.

Filho! E aí, como estão indo as coisas? Draco continua pegando no seu pé? Qualquer coisa é só dizer àquele mané que Rony Weasley vai dar uns bons corretivos naquela cara pálida se ele não te deixar em paz. E Neville comentou que você ficou bem desapontado por não ter ficado no time da Grifinória, eu não o deserdarei por isso. Se serve de consolo, eu mesmo, embora não pareça, não era tão talentoso assim em Quadribol quando entrei em Hogwarts, você tem muitos anos pela frente. E outra, sempre esperei por esse momento, e agora que você já tem idade quero incumbir você dessa tarefa árdua (não ligue as palavras cheias de frescurinha, sua mãe está me fazendo escrever desse jeito, disse que é algo sobre etiqueta) e nada simples: Scorpius Malfoy é um piltantra salafrário que está à procura de divertisão com os que não são idiotas como ele, e é seu dever proteger sua irmã que, apesar de ser uma ótima bruxa, é demasiado ingênua para esses orifícios.

Alvo parou por um momento. Orifícios? Seu pai havia bebido quando escreveu aquilo?

Enfim, você lembra do que aconteceu a ela há dois anos, não deixe que isso aconteça de novo e eu te dou três galeões por mês.

P.S. Não conte à sua mãe sobre essa parte do dinheiro, ela acha que isso deve partir espontaneamente (isso tá certo?) do seu instinto fraterno. Com amor, papai. Se cuida, Hugo!

Alvo deu uma gargalhada ao ver o final da carta. Imagina se eu fosse ruivo, pensou. Esticou-se e estendeu a carta para Hugo.

– É do seu pai. Veio parar comigo por engano.

Ele se ajeitou no banco e olhou ao redor procurando sua carta e logo Lilí lhe entregou um envelope. Já ia ler quando Neville retornou a falar.

"Ahn, então, Guelch e Margarete vão os guiar até o povoado e lhes dar maiores informações. Lembrem que todos devem voltar para o castelo antes de escurecer. Senão, os monitores ficarão encarregados de irem busca-los. E, para os que ainda nunca visitaram o povoado, se quiserem uma dica de loja para visitarem, procurem pela Mandrágoras&Mais, uma ótima loja de plantas, acreditam que até tem plantas importadas direto do Himalaia? É, esses dias mesmo eu consegui uma Euachtãna de lá, em perfeito estado, e veio dopada, é claro, mas se vocês quiserem saber..."

– Quando ele começa não para mais. - Tiago se esticou para cochichar com Alvo e os garotos. - Eu podia ir lá em casa pedir pra Ketwch me preparar um sanduíche de manteiga de manteiga de amendoim e voltar que ele ainda estaria falando.

Eles riram.

– Manteiga de amendoim? - estranhou Carlos.

– É, uma coisa que se passa no pão, é coisa de americano, e Tiago adora. - Alvo explicou.

Alguns minutos depois (que mais pareceram horas) Neville terminou o discurso e o café da manhã apareceu nos pratos. Clatinie, que ficara esperando pacientemente pela comida, encarapitada no ombro do dono, comeu mais que Alvo, que estava ansioso demais para colocar algo na boca. O mesmo não podia ser dito de Rosa, que comia com veracidade sua torrada. Já Carlos, ficara de jejum propositalmente para sobrar mais espaço para os doces da Dedosdemel. Enfim, não demorou muito e todos foram para o pátio.

– Aqui, aqui, me deem as autorizações! - berrou uma atarracada Margarete, com toda a má vontade do mundo.

Os alunos, auxiliados pelos monitores, formaram uma fila única e iam entregando suas autorizações para a subdiretora e iam se dirigindo para os portões, junto com Guelch. Rosa segurava o papelzinho como se fosse a coisa mais importante da sua vida.

– Só não quero perder, ué! - respondeu ela aos olhares intrigados de Alvo e Carlos.

A fila andava e o nervosismo dos meninos só aumentava. Max Connó, que estava na frente deles, quase começou a chorar quando não achava sua autorização. - Estava aqui! - ele exclamava, procurando desesperadamente pelos bolsos, enquanto Margarete não demonstrava um pingo de compaixão pelo garoto.

– Estava, eu o vi agora mesmo! Mamãe assinou e colocou na minha mochila!

– Ah, mamãe colocou, é? - debochou Scorpius, que estava um pouco atrás, junto com sua turma. Max Connó corou violentamente, mas não disse nada. Alvo virou-se irritado para encarar o garoto e, quando este olhou orgulhoso para os amigos, ele percebeu na hora o que estava rolando.

– Ótimo, você perdeu. O castelo fica feliz em tê-lo nesse dia lindo para se divertir em um povoado. - Margarete replicou, com um sorriso amarelo no rosto gorducho.

– Mas ele não perdeu! - Alvo defendeu. - Não, foi o... Foi...

Mas Carlos fez um sinal de "corta" com a mão rente ao pescoço, ao que Alvo entendeu que não valeria a pena. A subdiretora ergueu a sobrancelha, e Alvo balançou a cabeça, vendo o pobre Max, o grandão trapalhão, sair derrotado e tristonho.

– Próximo. - Margarete disse, arrancando da mão de Alvo a sua autorização. Os três passaram pela professora e ele deu um último olhar zangado à Malfoy.

– Não adiantaria. - Carlos argumentou. - Não temos provas, e de qualquer jeito, o "precioso" dela não sofreria nada.

Alvo suspirou e tentou tirar aquele pensamento da cabeça. Atravessaram os portões e o vento que soprou os cabelos negros do garoto o deu um ar novo, um ar de felicidade e um leve tom de esperança: a esperança de, talvez apenas por um dia, ser um garoto comum.

Guelch ia levando grupos de alunos separadamente até o povoado. A estrada até lá era cheia de pedregulhos, sem nenhuma paisagem rodeando além das árvores e alguns morros que eram visíveis dali. Logo a ruazinha de pedras abriu-se para uma ruela e foi possível avistar as diversas lojas que havia ali. Estavam em Hogsmeade.

O zelador grunhiu alguma coisa e os três se olharam sem entender. Com apenas um olhar e um sorriso, o trio saiu correndo para a primeira loja que iriam visitar, conforme Tiago os aconselharam.

Alvo só estivera pelo povoado uma vezinha rápida quando vieram visitar com a família, alguns anos atrás, mas nem chegaram a entrar em loja alguma, Harry não queria estragar a "emoção de ir pela primeira vez com a escola".

A Dedosdemel era uma loja de pedra, com telhados verdes e dois grandes vidros de exposição dos mais novos produtos, eram como dois tubos grandes e largos, com grades verdes em volta, como uma janela. Nenhum dos três sequer parou para ver os novos doces e promoções do mês em exposição naquelas vitrines, adentraram correndo as enormes portas verdes, que já estavam abertas à espera dos alunos, e se surpreenderam ao ver que realmente estava vazia.

– Nossa... - Carlos sussurrou, admirado com todos aqueles doces na prateleira. A loja era ainda maior por dentro.

– É mágico, não é? - comentou uma senhora gorducha, atrás do caixa. Alvo nem a havia notado ali. Usava um avental verde onde se lia "Dedosdemel" em letras brancas que pareciam glacê. A senhora tinha bochechas rosadas e cachos louros debaixo de uma redezinha branca, um ar muito convidativo. - Eu sei, eu sei... Já estou acostumada com essas carinhas surpresas ao entrarem pela primeira vez em minha loja... Às vezes até mesmo depois de muitas visitas! - ela deu uma risadinha e fitou os três com um sorriso cativante no rosto.

Alvo sentiu vontade de abraça-la, ela lembrava a sua avó Molly.

– Ah, é realmente incrível aqui! - Rosa concordou, após uma breve pausa.

A senhora assentiu e Carlos, que nem havia prestado atenção no que ela dissera, continuou a revirar as prateleiras. Alvo se juntou a ele. Era um festival de cores para os olhos dos garotos. Milhares de doces, de todos os tipos, de todos os tamanhos e dos sabores mais estranhos possíveis até os mais saborosos. Delícias gasosas, chicles de baba e bola, uma prateleira só para bombons, todos meticulosamente enfileiradinhos e organizados, sabores que Alvo nem imaginava existir, Pastilhas Animal (saquinhos transparentes com várias pastilhas que, quando a pessoa comia, emitia um som de um animal diferente, até agora o bicho mais esquisito que Alvo pegara fora uma galinha), dois enormes barris em cada corredor cheios de feijõezinhos de todos os sabores, que eram vendidos à dois galeões por quilo, tabletes de nugá e...

Febricolates! - exclamou Alvo, apontando para os chocolates na prateleira.

– Ah, sim, vieram direto da Gemialidades Weasley! - informou a senhora. - O próprio Sr. Weasley veio fechar acordo com a loja. O contrato é um produto deles por mês aqui, nada mais justo, não acham? E esses Febricolates saem como loucos...

Alvo e Rosa se entreolharam rindo com o tom de orgulho na voz da dona ao dizer "o próprio senhor Weasley". Os três pegaram tudo o que podiam carregar, mais de três cestos cheinhos de doces cada um, mas não poderiam levar aquelas sacolas para todo o lado durante o dia inteiro.

– Caramba, Tiago não me disse o que eu faria com todas as compras... - Alvo observou, olhando suas cestas.

– Ah! - Rosa lembrou, tirando a mochila das costas. - Quase me esqueci! Mamãe mandou hoje de manhã pra mim, podemos levar aqui.

Carlos revirou os olhos.

– Ah, claro, coloque suas coisas aí, aproveite e guarde seu egoísmo em usar ideias que só beneficiam você... - reclamou ele, mal humorado.

Alvo, que já havia entendido o que Rosa queria dizer, deu uma risadinha e foi pagar suas coisas.

– Acontece que o meu egoísmo - Alvo a ouviu dizer - realmente caberia inteiro aqui, e ainda sobraria espaço para o meu orgulho porque está enfeitiçada, Feitiço Indetectável de Extensão, já ouviu falar?

– Na verdade, não. - Carlos respondeu, emburrado.

Rosa sorriu, vitoriosa.

– Conte-me uma novidade... - ela desdenhou e o amigo lhe apontou a língua. - Funciona assim, você coloca o que quiser aqui dentro e não irá pesar. Também cabe tipo umas mil coisas, então é bem útil. Mamãe usou enquanto procurava Horcruxes o que, pelo jeito, você também não sabe, não é?

– Ah, mas pra você é fácil. - retrucou o outro. - Cresceu ouvindo essas histórias, eu cresci ouvindo sobre Goku e as esferas do dragão, o que é bem legal, por sinal, mas nem real é.

Goku? - Rosa estranhou.

– É, coisa dos trouxas. E uma muito boa...

Os três foram para o caixa pagar e, quando Carlos tirou alguns galeões do bolso, Alvo percebeu que talvez tenha sido insensato demais ao comprar todas aquelas coisas. O amigo começou a contar seu dinheiro e dar olhares rápidos para a sua cesta cheia, calculando o quanto custou.

– Eh... Tudo bem, isso aqui fica... E isso também... - disse ele, tirando da cesta os tabletes de nugá e o pirulito-super-sobremesa. Alvo e Rosa se olharam rapidamente e os dois pensaram no mesmo.

– Carlos, ahn... - Alvo começou, sabendo que tinha que usar as palavras certas para não ferir a dignidade do amigo. - Você quer que eu te dê... Ou empreste algum dinheiro pra...

– Mas olha só que comovente! - exclamou uma voz lenta vinda de trás.

– Ah, fala sério! - exclamou Rosa, sem nem ao menos se virar.

Alvo olhou para a porta e viu um certo grupo de alunos que não lhe agradava nem um pouco. Scorpius entrou gingando por entre os corredores, as mãos nos bolsos, e os olhos indo direto para os galeões contados na mão de Carlos.

– Mendigando dinheiro, Cattér? - debochou o loiro. - E o solidário Potter não perde a oportunidade, não é?

Alvo apontou o dedo para Scorpius e já ia lhe dar uma boa resposta quando a senhora no caixa a interrompeu.

– Com licença, querido! Disse Potter? Você é Alvo Potter?

Em geral, Alvo não gostava nem um pouco dessas ocasiões onde as pessoas praticamente babavam e ficavam o encarando como se ele fosse um cristal muito valioso ou coisa assim, mas, desta vez, até que valeu apena, apenas para ver o sorriso sumir do rosto de Malfoy e dar lugar a um olhar de desgosto.

– Ah, então nós já vamos. - Rosa disse, colocando mais dois galeões na mão de Carlos, o mais discretamente que pôde. Este pagou à mulher e, com um último olhar feio para o grupinho de Malfoy, o trio saiu. Já haviam quase atravessado a porta quando a senhora os chamou:

– Ei, esperem, meus queridos! - a voz rouca os fez parar. - Aqui, docinhos por conta da casa! Para os primeiros fregueses do dia! É uma tradição...

Sem pensar duas vezes, Rosa saiu correndo e praticamente arrancou os doces das mãos da dona e voltou vitoriosa para fora. Somente quando tiveram certeza de que estavam longe o suficiente para que os garotos não ouvissem, eles começaram o disparo contra Scorpius.

– Que garoto idiota!

– Estúpido, quem ele acha que é?

– Só porque tem dinheiro. Odeio esses almofadinhas ricos. - Carlos retrucou e, um segundo depois, tratou de concertar. - Ah, bem, vocês entenderam... Não vocês, ele é que... Ah, vocês entenderam!

Alvo deu uma risadinha e Carlos colocou a mão no bolso e puxou dois galeões de lá e os estendeu à Rosa.

– Toma. - disse ele. Rosa fingiu não ver e o ignorou.

– Al, você não acha que deveríamos ir... - começou ela, mudando de assunto.

– Toma! - insistiu Carlos, erguendo ainda mais alto a mão.

–... No Três Vassouras, tomar a nossa primeira Cerveja Amanteigada em Hogsmeade e... - continou ela.

Rosa! - o garoto se irritou.

– Não! - a prima de Alvo replicou. - Não vou aceitar, eu te dei o dinheiro, não vou pegar de volta!

– Eu não sou um mendigo! Não preciso do dinheiro dos outros! - Carlos rebateu, já estava vermelho.

Alvo, que, com três anos de experiência, já sabia muito bem o que iria acontecer, apenas observou.

– Não disse que você era um mendigo!

– Mas está me dando dinheiro, eu tenho dinheiro! Não tanto quanto você, mas tenho o suficiente! E também dignidade!

– E você quer uma salva de palmas por isso? Eu também tenho, mas não fico negando dinheiro!

– Eu não neguei, só estou te pagando de volta então pega!

– Não pego coisa nenhuma!

– Pega!

Não!

A imagem dos dois se encarando mortalmente pareceu à Alvo dois dragões ferozes em meio a uma briga sangrenta por um pedaço de carne.

Depois de um tempo, Alvo conseguiu a façanha de fazê-los se distrair com as lojas de Hogsmeade (Rosa não pegou o dinheiro) e, por um milagre, eles tiveram um dia normal. Bem, tão normal quanto podia ser para esses garotos azarados...

Foram à Casa dos Gritos (Alvo e Rosa levaram um bom tempo para explicar para Carlos que a casa não era realmente mal-assombrada, e que era Lupin que produzia os gritos que assustavam as pessoas, pois o garoto, embora fosse muito corajoso, estava meio receoso de chegar mais perto); ao correio (Annie, que tinha levado uma máquina fotográfica para mostrar à família como era um povoado inteiramente bruxo, tirara uma foto dos meninos e estes resolveram parar para enviar a foto aos pais); à Trapobelo Moda Mágica (Carlos meteu na cabeça que havia visto uma camiseta do Chudley Cannons com o número do seu jogador favorito, Jonas Keep); e, por fim, Alvo achou que talvez pudessem ir em um certo lugarzinho...

– O Cabeça de Javali?! - repetiram os dois, abismados.

– É. - afirmou Alvo, os olhos fixos em no grupinho de Malfoy, um pouco mais à frente, que dava gargalhadas e olhavam para trás toda a hora. - Ia ser legal irmos lá...

– Al, aquilo lá só é frequentado por gente doida! - Rosa disse, como se explicasse para um bebê. - E nós íamos tomar a primeira cerveja amanteigada de Hogsmeade no Três Vassouras, lembra?

– É e já tá quase na hora do almoço! - Carlos lembrou, apontando para o relógio no pulso. Alvo coçou a cabeça.

– Não, é que... Na verdade eu tava pensando em outra coisa. Sabe, ouvi dizer que o Malfoy tem medo de um certo bruxo...

Rosa e Carlos ainda não entenderam. Alvo contou a eles que ouvira, sem querer, que Scorpius tinha medo de Dumbledore (Dumbledore?! - exclamara Carlos, perplexo. - Tudo bem que ele até que é bem sinistro com a barba e tudo o mais, mas quem tem medo dele?).

Ele estava à caminho da biblioteca, procurando por Rosa, quando ouviu a voz de Scorpius e resolveu mudar o rumo de seu caminho. Já ia se virar para ir embora quando ouviu um nome que chamou sua atenção:

– Dumbledore? - perguntou Dominique. Alvo se esgueirou por entre o corredor para poder ouvir melhor.

– Fala baixo! - repreendeu-o Malfoy. - E eu tenho meus motivos. Minha família... Não era muito chegada a ele.

– Poxa, que sorte - disse a garota. - Minha família idolatra o cara. Mas ainda não entendi, por que você tem medo dele?

Shhh! - fez Scorpius. - Escuta, eu só não me sinto à vontade ao lado dele... E esse assunto morre aqui!

Alvo saiu rindo dali. Com certeza aquilo iria servir para alguma coisa...

– Mas... Vamos mesmo fazer isso? - perguntou Rosa, insegura. - Quer dizer, é Hogsmeade, e, também vale mesmo a pena n...

A resposta veio antes mesmo que ela pudesse responder. Como estavam abaixados para discutirem o plano, o trio nem percebeu quando uma bola de neve veio voando à toda velocidade e acertou em cheio a cabeça de Rosa, deixando seus cabelos cheio de pedacinhos de gelo.

– Aí, Weasley! - berrou Malfoy, em meio à risadinhas. - Vê se pinta o cabelo de branco! Já tira essa cor horrível da sua cabeça e ainda mostra bem a sua personalidade de uma velha solteirona!

Alvo e Carlos, por puro estinto, agarraram os braços da ruiva para impedir qualquer confusão, porém, Rosa não tentou se desvencilhar. Seus braços estremeceram e ela apenas grunhiu:

– Cabeça de Javali!

Não foi preciso pedir duas vezes. Os dois saíram quase correndo para alcançar Rosa, que caminhava à passos firmes e furiosos rumo ao início do vilarejo. Alvo e Carlos trocavam olhares nervosos e, ao mesmo tempo, divertidos, mas nenhum falou nada, tinham certeza de que a cabeça de Rosa devia estar fervilhando de xingamentos à Malfoy, e não ia ser um dos garotos que iria despertar a fera. O trio foi voltando para as lojas iniciais, onde haviam poucos alunos, até chegarem em uma encruzilhada.

– Você sabe... Sabe onde é? - perguntou Carlos, encarando as três ruelas. Alvo não tinha certeza. Viera ali só uma vez, há muito tempo atrás.

– Bem, acho que é ali. - Alvo apontou para a da direita. - Ou ali... Se bem que lá...

– Ah, me sigam de uma vez! - interrompeu uma Rosa irritada, puxando os dois pelos braços e os arrastando pela estrada do meio.

– Uhh, garota de atitude! - debochou Carlos, a amiga se virou e, com apenas um olhar, calou o outro. Alvo revirou os olhos. Esses dois viviam brigando, feito cão e gato, por que não podiam ser amigos normais como ele? Mas tudo bem, porque naquele dia nada iria irrita-lo. Ou pelo menos era o que ele pensava. Mas como estava enganado...

A ruela onde ficava o Cabeça de Javali não era muito extensa. O pub ficava bem no meio e, após andarem um pouco eles deram de cara com um barzinho feito de madeira escura e envelhecida, de dois andares. As janelas com vidros empoeirados - um deles escrito "lava-me" -, como se permanecessem a maior parte do tempo fechadas. Uma placa acima da porta dizia "Cabeça de Javali" em letras garranchosas, como se alguém escrevesse com pena direto no letreiro. Logo acima do letreiro havia uma cabeça de javali empalhada com grandes olhos laranja de vidro e dentes caninos amarelados e incrivelmente afiados, era como se o javali estivesse rindo.

– Caramba, que coisa mais... Sinistra. - comentou Rosa, encarando a cabeça do animal.

– Mas até que evoluiu bastante desde a primeira vez que eu vim... - ponderou Alvo, lembrando do quão caído o lugar era, as madeiras se soltando da porta, um desenho de javali em vez do próprio animal empalhado.

– Nossa, se agora está evoluído nem quero imaginar como era a versão antiga. - Carlos riu.

Os três se olharam e Alvo foi o primeiro que entrou. Pelo que o pai lhe falara, O Cabeça de Javali era um pub velho, caindo aos pedaços, e muito mal frequentado, Harry até advertira o filho de ir para lá - porém, com o fato de Tiago ter simplesmente ignorado isso completamente, Alvo achou que talvez quebrar as regras às vezes não poderia ser tão ruim assim. Quem dera estivesse certo... -, mas o que Alvo viu lá dentro foi totalmente diferente do que ele imaginara. Por dentro, o lugar era completamente iluminado e limpo. As paredes mescladas de laranja e branco, dando a impressão de que estavam em um McDonalds (uma lanchonete dos trouxas muito conhecida que Alvo já visitara várias vezes com sua turma, antes de vir estudar em Hogwarts); mesinhas brancas com banquinhos laranjas e um enorme balcão de madeira envelhecida no interior da grande sala; o teto também era feito de madeira, e a aparência era a mesma que a da porta, parecendo que ia cair à qualquer momento;

Não havia muita gente ali, porém todos eram bruxos mais velhos, vestindo capas de viagem pretas que lhe cobriam o corpo inteiro e outros tipos de roupas esquisitas como chapéus de animais, como os que usavam antigamente. Todos conversavam baixo, como se estivessem tratando de assuntos muito secretos. Alguns até fizeram uma cara de desaprovação quando viram três bruxinhos de treze anos de idade entrado no bar que, pelo jeito, era frequentado, principalmente e, quase exclusivamente, por adultos. Todos tinham um ar estranho, exceto por...

– Tiago! Daniella! - exclamou Alvo, correndo até uma mesinha mais afastada. - O que vocês estão fazendo aqui?

Os dois, muito surpresos, viraram-se rapidamente.

– Ahn, nós...

– Nós só...

– Estávamos...

– É, só isso...

– E... Espera aí! O que vocês estão fazendo aqui? - Tiago perguntou, apontando para eles. Alvo tentou pensar em uma boa desculpa, mas se tinha algo que ele não sabia fazer era mentir, então resolveu ficar quieto, de modo que ficou um silêncio acusador, sendo que os outros dois também não responderam nada. Tiago ergueu a sobrancelha e Alvo fez o mesmo, achando que isso talvez o fizesse parecer menos suspeito.

– Bom, nós - começou Tiago - Estamos resolvendo uns assuntos.

– Mesmo? Sem o Matt? - Carlos estranhou, olhando ao redor.

– É. - afirmou Daniella. - Sem o Matt. Estamos... Resolvendo coisas de monitores.

– Ah, nós também! - Alvo disse e, dando-se conta do que acabara de falar, acrescentou: - Bem, não sobre monitores, é claro, mas sobre... Os... Nossos... Assuntos.

Todos olharam para ele como se ele tivesse acabado dizer que era um hipogrifo. É, pensou ele, eu devia mesmo calar minha boca nessas horas...

– Bom, então nós vamos... - começou Daniella.

– É, vão e a gente...

– É, vocês podem...

– Ir indo...

Os três saíram o mais normalmente que puderam.

– Essa foi por pouco... - suspirou Carlos. - E você, Boca Grande, "Resolvendo os nossos negócios"? Não tinha algo melhor para dizer como falar que estávamos contrabandeando pena de fênix?

Alvo revirou os olhos e eles foram até o grande balcão de madeira, onde um jovem rapaz, que parecia recém-formado, lia um jornal, distraidamente.

– Eh... Olá! - chamou Rosa. O rapaz abaixou o jornal e Alvo notou que ele usava roupas bem... Extravagantes. Usava um chapéu cheio de lantejoulas prata brilhantes, uma camiseta social branca com um cachecol vermelho e calças jeans apertadas e também vermelhas. Alvo até já vira trouxas com roupas parecidas, mas bruxos? Tudo bem, que a maioria já nem usava túnicas e aqueles "vestidões", mas ele nunca vira algo do tipo.

– Ah, sim, queridos? Querem alguma coisa para beber? Hidromel? Cerveja amanteigada? - disse ele, colocando duas garrafas no balcão.

– Ah, não, obrigado. - recusou Alvo. - Na verdade viemos v...

Me sacode, meu Gridewald! - berrou o rapaz, repentinamente. Ele pôs as mãos no rosto e olhava para Alvo como se tivesse visto um fantasma. O garoto até olhou para trás, mas então percebeu que o problema era ele próprio. - Você é...

– Aham. - respondeu Alvo, colocando a franja novamente por cima da cicatraz. Sempre que ficava nervoso ou ansioso, acabava mexendo no cabelo deixando o raio vívido em sua testa aparecendo, coisa que ele não gostava muito. - Então, nós só viemos falar com...

– Ai meu Grindewald divo, eu não acredito que Alvo Potter está bem aqui na minha frente! Estou pas-sa-do! - ele ergueu a mão e, lentamente, tocou o ombro de Alvo, como se para ter certeza de que ele era real. Carlos teve que se virar para evitar um ataque de risos e Rosa dava muxoxos e lhe lançava olhares feios. Alvo, notando os olhares dos outros, rezou para que Tiago não tivesse visto aquilo, ou iria ficar lembrando-o dessa cena por uns oitenta anos.

– Ah, você sabe me dizer onde está o Sr. Dumbledore? - perguntou Alvo.

O rapaz largou o ombro de Alvo (que soltou um suspiro de alívio), e ergueu a sobrancelha.

– O velho Abe? - estranhou ele. - Ah, o Abinho está lá em cima, cuidando dos bodes, provavelmente. Vão lá, podem subir...

Alvo saiu quase correndo dali, arrastando um Carlos pelo braço, que não parava de rir e queria ficar mais um pouco conversando com o barman. Os três subiram a escadinha lateral que dava para uma sala mal iluminada e que cheirava a... Cavalo.

– É cheiro de bode. - corrigiu Rosa. O segundo andar do Cabeça de Javali era todo feito com a mesma madeira quebradiça e envelhecida a única luz que iluminava a sala era a que vinha de uma das janelas.

Um velho senhor, vestindo uma túnica cinzenta por baixo de uma capa de viagem estava debruçado em um bode que dava gemidos baixos. Aberforth nem havia percebido quando os três entraram.

– Olá! - Alvo disse, pigarreando.

No momento em que o senhor virara, Alvo usou todas as suas forças para não parecer muito surpreso (ou até, embora ele não quisesse admitir, um pouco assustado), infelizmente o mesmo não podia ser dito sobre Rosa, que até deixara escapar uma exclamação.

O senhor era a imagem escarrada de Alvo Dumbledore. A barba, o rosto, as feições, os olhos azuis penetrantes. Tudo. Com certeza era mais novo, pois agora aparentava ter a mesma idade do Alvo Dumbledore do quadro, que ele conhecera em seu primeiro ano em Hogwarts.

Aberforth se virou e ergueu a sobrancelha.

– Ãh, eu sou A...

– Alvo Severo Potter. - completou o senhor, interrompendo Alvo. Sua voz era cansada, mas havia um tom de desafio em cada sílaba que ele pronunciava. Algo que lembrava Tiago... - E Rosa Weasley, naturalmente.

Seus olhos foram da ruiva para Carlos, que esperava ansioso que o senhor dissesse seu nome também, mas isso não aconteceu, então ele estendeu a mão, mal-humorado.

– Carlos Cattér.

Aberforth apertou a mão do garoto e deu um sorriso fraco. Depois, coçando a barba, olhou curioso para os três. - Ah, Sr. Dumbledore, nós viemos... - Alvo começou, mas logo parou. Não fazia ideia do que falar. Para falar a verdade, nem pensara no que falar exatamente, e achou que dizer "Olá, poderia assustar nosso colega Malfoy para nós? Obrigado, tenha um bom dia!" seria muita falta de educação de sua parte, então resolveu ficar quieto. Rosa, irritada, inventou uma desculpa:

– Nós queríamos falar com o senhor. - disse ela, naturalmente. Às vezes Alvo se surpreendia com o seu talento de inventar coisas assim, de uma hora pra outra, e fazer parecer verdade. O velho senhor pareceu intrigado, como se não fosse muito procurado para uma conversa, ainda mais por três garotos de treze anos em pleno dia da visita à Hogsmeade. Por um instante, Alvo achou que ele ia negar e manda-los embora dali agora mesmo, mas ele apenas assentiu.

– Bem, acho que Bessie pode ficar sem mim, por um tempo... - ele se virou, pensativo, para o bode que, pelo visto, era uma cabra.

– Que diabo de nome é Bessie? - Carlos sussurrou. Antes que Alvo pudesse responder, Bessie deu um longo gemido. Tão triste que chegava dar dó.

Dumbledore, imediatamente, voltou a debruçar-se sobre a cabra.

– Calma, querida, está tudo bem... - ele murmurava, enquanto acariciava a cabeça do animalzinho. Ele se levantou e encarou os garotos: - Cuidem dela por um instante.

O velho saiu por uma portinha e os três, meio hesitantes, sentaram-se à frente do bichinho. Rosa, com pena, fez carinho em sua barriga. Logo depois Alvo, seguido por Carlos. A pobrezinha pareceu gostar e, com certo esforço, deu uma lambida na mão da ruiva. Dumbledore voltou com um saquinho. Tirou de dentro um biscoito laranja e o colocou no focinho da cabra, que, enjoada como parecia estar, abocanhou-o de má vontade.

– Biscoitos de abóbora do verão! - exclamou Carlos, fascinado. - Caramba, não vejo um desses há anos!

Aberfrorth olhou para Bessie, que parecia muito agradecida pelos carinhos que o garoto fazia em sua barriga. Depois atirou o pacotinho para Carlos.

– Pode ficar, Bessie não pode comer essas porcarias quando está doente.

Carlos guardou-o, feliz e Aberforth se virou, novamente.

– E não vai demorar, espero? - ele perguntou. - Bessie está doente, precisa de mim.

– Ah, não, senhor. Vai ser rápido. - Rosa garantiu. Dumbledore grunhiu alguma coisa e fez sinal para eles seguirem escada abaixo. Os três trocaram olhares enquanto desciam, pensando em que fariam para mostrar Aberforth à Malfoy.

No andar de baixo, Tiago e Daniella continuavam conversando e dando risadas altas, Alvo ia lembrar de perguntar o que diabos os dois estavam tramando. Talvez uma peça em Matt...

Eles andaram por entre as mesas, Aberforth cumprimentava, satisfeito, sua clientela, que havia aumentado consideravelmente desde que os garotos subiram para cima, o que surpreendeu Alvo. Achava que o Cabeça de Javali atraía má fama, mas pelo jeito havia mudado...

Já estavam saindo quando o barman os chamou.

– Ei, psiu!

Eles se viraram e, com um desconforto na barriga, Alvo viu que o rapaz estava encarando ele.

– Que foi, achou que eu ia deixar você ir embora assim? Como meus amigos vão acreditar que Alvo Potter esteve aqui em meu pub?

– Seu pub uma ova! - resmungou Aberforth. Depois voltou-se para os garotos e acrescentou: - Contratei esse barman há alguns meses e ele se acha dono do meu velho Cabeça de Javali. Tudo bem que minhas juntas já não são como eram antes... - Ele bateu nas próprias costas e deu um sorriso admirando as mesas cheias. – Mas tenho que admitir que essa reforma que ele fez...

– Teria ficado ainda melhor se me deixasse mudar a frente - replicou o barman, ajeitando o chapéu nada chamativo. Depois virou-se para Alvo e estendeu a mão: - À propósito, acho que não sabe o meu nome. É Darren, querido, mas pode me chamar de Dar.

Alvo apertou a mão do barman e olhou feio para Carlos que lutava contra um novo ataque de riso.

– Ahn, eu fico com Darren - ele respondeu, depois virou-se para Aberforth. - Podemos ir? Não temos muito tempo, sabe...

Darren se despediu de Alvo com um tchauzinho que arrancou algumas risadas dos clientes. Carlos não parava de debochar e o garoto tentava, desesperadamente, mudar de assunto.

– E então... O que a Bessie tem? De repente o olhar de Dumbledore ficou triste, e seus profundos e cansados olhos azuis desviaram-se para o chão.

– A mãe morreu no parto - ele explicou. - Bessie já não nasceu muito saudável, a pobre cabrinha...

Alvo entendia o quão apegado ele devia ser a seus bodes. Afinal, não tinha mais família. Era solitário, convivia apenas com desconhecidos que vinham beber em seu pub. Bem, eles e Darren...

– E você já usou suco de brubotúberas? - perguntou Rosa. Aberforth pareceu surpreso com o fato de uma garota dessa idade saber sobre esse tipo de coisa, ou simplesmente que alguém soubesse algo sobre bodes.

Dumbledore, enfim, balançou a cabeça afirmando tristemente. Os quatro foram andando pelo povoado enquanto conversavam. Se bem que "conversavam" não era bem a palavra certa, já que eles mais ficavam em silêncio do que falavam alguma coisa. Felizmente, tinham Rosa, que era ótima em puxar assunto.

– Ah, meu pai me falou sobre essa... - dizia ela. Os dois conversavam sobre a Batalha de Hogwarts enquanto Alvo e Carlos trocavam olhares preocupados. Quanto tempo levaria para Aberforth perceber que não havia um assunto super importante a ser tratado entre eles? -... Gosta mais da parte em que vo... Em que todos se unem pelo mesmo objetivo!

Aberforth sorriu, o olhar vago, como se sentisse saudade dos velhos tempos. Depois seu sorriso foi desaparecendo e seus olhos se encontraram os de Alvo, que sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Era espantoso, mas aos penetrantes olhos azuis do homem, assim como os do irmão, pareciam enxergar muito além daqueles assustados olhos verdes. Pareciam enxergar a sua alma. E, exatamente como se pudesse ver o que o garoto estava sentindo, Dumbledore piscou os olhos lentamente e disse:

– Mas as pessoas não se unem mais pelo mesmo objetivo. Muito embora o mundo esteja dividido novamente. Parece que tudo está ocorrendo outra vez... - ele ergueu o braço e apontou a mão ossuda para a cicatriz em forma de raio na testa de Alvo. - Mas seria tolo de sua parte pensar que terá a sorte de seu pai, Alvo Potter.

– Peraí! - o garoto exclamou. - Sorte? Tá dizendo que o meu pai teve sorte?

Apesar do tom de Alvo ter sido um tanto que atrevido, Dumbledore continuou tão impassivo quanto antes.

– Ele sobreviveu - argumentou Aberfoth, baixinho. Ele voltou a olhar para o fim da rua e continuou: - Sobreviveu muitas vezes...

– É, e também quase foi morto muitas vezes! - retrucou Alvo.

Não sabia porque, mas estava bravo com o homem à sua frente; talvez fosse porque já estivesse cansado das pessoas achando que ser O Eleito ou O Escolhido era uma coisa simples e fácil, ou talvez simplesmente porque Aberforth parecia estar contra ele, mesmo que no fundo só estivesse fazendo o que ninguém faziaa-lo sobre o quão duro o seu destino poderia e, provavelmente, seria. Ele não sabia explicar, mas algo em seu estômago parecia se revirar enquanto Aberforth falava.

– Ele não teve sorte, foi ele o tempo todo.

Dumbledore virou o rosto para Alvo e, por uma fração de segundo, o garoto achou que o homem estava bravo, mas depois viu que estava errado. Aberforth não estava bravo. Havia algo, sim, em seus olhos, mas não era raiva, muito pelo contrário, era algo que ponderava admiração. Parecia que ia dizer alguma coisa, mas o que exatamente era, Alvo não chegaria a saber, pois no exato momento em que Aberforth abriu a boca, seus olhos se fixaram em um ponto às costas de Alvo, e ele tornou a fecha-la.

Os três garotos se viraram e deram de cara com um certo grupinho de sonserinos, cuja frente era liderado por um menino loiro, pálido e assustado, que mirava, espantado, a figura alta ao lado de Alvo.

– Ahn, Scorp... - chamou Dominique, meio hesitante. - Vamos... Vamos indo? Porém, Scorpius não se mexeu, apenas continuou fitando Aberforth, como se estivesse olhando para um dragão de três cabeças, e sequer pareceu ter ouvido a amiga.

Dumbledore, no entanto, se voltou para os três garotos. Seus olhos miraram a cicatriz de Alvo.

– Boa sorte, Alvo Potter - disse o homem, baixinho, Sua voz era cansada, e pouco mais alta que um sussurro. - Precisará de sorte em sua jornada...

Aberforth lhes deu às costas e foi andando calmamente de volta a seu pub. Foi somente quando este já havia virado a esquina que Alvo, Rosa e Carlos se olharam, surpresos. Depois, ao se virarem, notaram que Scorpius ainda estava paralisado, olhando na direção em que Dumbledore se fora.

– Que foi? Viu um fantasma, Malfoy? - riu Rosa, quando os três passaram pelos sonserinos. Scorpius balbuciou alguma coisa, mas eles já estavam longe demais para ouvir.

– Viram aquilo?! - exclamou Carlos. - Foi incrível!

– É, eu sei - concordou Rosa -, Aberforth é tão... Sinistro.

– Aberforth? Quem liga pra ele? Tô falando é da cara do Malfoy! Al, você é um gênio! - disse um Carlos histérico, sacudindo Alvo pelos ombros.

Mas Alvo, assim como Rosa, apesar de feliz por ter dado o maior susto em Scorpius (e isso era algo que seria lembrado por muitos anos), estava mais preocupado com o que Dumbledore dissera.

– Bem... - ele começou. - Foi meio estranho. Quer dizer, pelo que o meu pai me contou ele... Ele deveria ter...

– Ah, qual é! - cortou Carlos. - Fomos os primeiros na Dedosdemel, ajudamos a Bessie, ganhamos os melhores biscoitos de abóbora que existem em toda a Grã Bretanha e ainda quase fizemos o Malfoy molhar as calças! Fala sério, esse deve ser o melhor dia da minha vida!

Rosa riu e Alvo suspirou.

– É, acho que foi legalzinho... - ele admitiu. E, quando Carlos olhou-o incrédulo, acrescentou: - Ok, ok, foi incrível!

O Três Vassouras estava trasbordando alunos lá pelo meio-dia então os garotos resolveram almoçar em outro lugar. Na verdade, os três concordaram que o pouco dinheiro que lhes sobrara após a visita à Dedosdemel seria melhor aproveitado em produtos da Zonko’s , então os garotos sentaram à sombra de uma árvore em frente à Casa dos Gritos – que não era, digamos, um dos pontos mais movimentados de Hogsmeade -, onde Alvo realizou uns de seus maiores sonhos: almoçar doces. Afinal, as únicas coisas que haviam comprado até então foram as guloseimas da Dedosdemel. Porém, infelizmente, quando foram à Zonko’s, Alvo e Rosa não foram muito bem recebidos. O Sr. Rukk, o balconista da loja, tentou lhes vender os produtos por mais do dobro do preço (como um bisbilhoscópio de bolso por 12 galeões), além de se negar a lhes dar o cupom de desconto por serem os centésimos visitantes da loja. Aquilo, com toda a certeza, se devia ao fato de que o tio deles era dono de uma das maiores lojas de logros de toda a Grã Bretanha e, há muito tempo, já havia batido a Zonko’s.

Aconteceu que, no final, após um pequeno chilique de Rosa sobre todas as coisas que podia levar de graça da Gemialidades Weasley, os três deixaram a loja sem comprar nada. Embora, é claro, antes de saírem, Carlos deixou “acidentalmente” que um Detonador Chamariz escorregasse de seu bolso.

Não estavam nem a cinco passos de distância quando a algazarra lá dentro começou. Felizmente, a rua estava abarrotada de alunos, e o Sr. Rukk provavelmente não os veria quando saísse para tentar encontrar os arruaceiros.

– Prontos para a primeira cerveja amanteigada em Hogsmeade? - perguntou uma Rosa, saltitante.

– Pronto! - responderam Carlos e Alvo ao mesmo tempo.

Numa animação só, os três adentraram o pub e pegaram uma mesa. Não havia muita gente, exatamente como eles imaginaram. Encontraram alguns conhecidos como Clívon Ridflan, que estava em uma mesa mais à frente junto com Jordan Telfis e Dennis Finnigan, que virou o rosto quando os avistou. Estava, também Matt, Suzanna e Alice, que faziam o pedido, porém nenhum sinal de Malfoy. Aliás, eles não o viram o dia inteiro, desde o encontro com Aberforth.

– Aposto meus últimos galeões que ele molhou as calças - comentou Carlos, enquanto revirava os bolsos da jeans à procura de algum dinheiro. - Aí ele e a gangue idiota tiveram que voltar ao castelo.

Os outros dois riram, afinal, pela cara de Malfoy era bem capaz...

Alvo juntou o dinheiro dos amigos e foi até o balcão.

– Ah, com licença, três cervejas amanteigadas p... Por...

Ele devia estar parecendo um idiota parado daquele jeito com a boca meio aberta e a mão estendida. Porém, quando a garçonete veio lhe atender ele simplesmente esqueceu o que estava fazendo. A moça era uma loira alta, com olhos azuis brilhantes e cachos dourados que lhe caíam pelos ombros. Não devia ser muito mais velha que ele...

– Três cervejas amanteigadas? - disse ela, pegando o dinheiro da mão de Alvo, que balbuciou alguma coisa parecida com "bluh" em resposta. - É pra já!

Ele sorriu abobalhado quando a moça deu uma risadinha e desapareceu em meio às estantes dos ingredientes.

– Puxa, você não quer um babeiro, não? - perguntou uma voz ao lado do garoto. Alvo se virou, saindo de seu transe e notou Suzanna sentada com os amigos.

– Ah! Eu... Não... É só... Eh... - ele gaguejou.

– Eu acho que você está hipnotizado pela beleza dela. - disse Alice, penetrando Alvo com seus olhos verdes, depois olhou para um ponto vago. - A beleza é tão venerada... Na minha opinião é algo tão fútil.

Alvo sentiu que suas bochechas coraram, então desviou o rosto.

– Ah, hum... Ela é uma veela? - indagou ele, tentando não parecer tão bobo.

– Ela? - riu Suzanna. - Ah, não, não...

– Embora pareça - completou Matt, que olhava sonhador na direção da garçonete. - É a sobrinha neta da Rosmerta. Acabou de se formar e veio ajudar a tia. Tão prestativa...

Matt deu um suspiro e Suzanna girou os olhos para o alto. Alvo ouviu a garçonete dizer para a tia que as cervejas amanteigadas haviam acabado, então sentou-se na baquenta de frente para o balcão, enquanto esperava que elas providenciassem.

– Aproveitando o dia, Potter? - perguntou uma voz a seu lado. Alvo se virou e viu um homem corpulento, grandão e de cabelos crespos, com grandes entradas nos lados da cabeça. Devia ter a idade de seu pai. Ele estalou os dedos e pediu uma garrafa de hidromel envelhecido em carvalho, que a Madame Rosmerta concedeu de má vontade. Depois de tomar um bom gole, ele se virou para Alvo, quem tentando lembrar se já conhecia o homem, esquecera de responder.

– Que foi, garoto? O papai não deixa você falar com estranhos? - Ele estendeu a mão. - Córmaco McLaggen, à seu dispor.

– Alvo P... - o garoto apertou a mão do homem, mas este o interrompeu antes que pudesse terminar de se apresentar.

– É, Alvo Potter, eu sei - McLaggen o cortou. Depois seus olhos cintilaram na direção da cicatriz do menino, e ele acrescentou: - Mas quem não sabe, não é?

Alvo forçou um sorriso. De onde o conhecia? Com certeza o nome McLaggen lhe era familiar...

– E o seu irmão? Já meteu fogo em casa? - perguntou o homem, displicente, voltando sua atenção para a garrafa de hidromel. - Hum... Não. - Respondeu Alvo, incomodado com o fato de um estranho saber tanto sobre ele. Muito embora Tiago já tentara...

– Moleque impertinente... - rosnou Córmaco. - E ainda acham que ele vai ser um dos bons um dia... Não passa de um metidinho.

– Ahn, ele é meu irmão - disse Alvo. O homem se virou mal-humorado para ele.

– E por acaso eu não sei? - resmungou McLaggen. - Eu e todo o mundo, não é? A "perfeita família Potter", todos querem uma igual e blá, blá, blá.

– Ah, família perfeita? - Bufou Alvo. - Não, não estamos bem longe disso...

Ele pensou em todas as brigas que tinham, em sua mãe dando berros para Tiago acordar, em Lilí falando coisas inconvenientes, e nele mesmo, pedindo conselhos ao pai sobre suposto duelo fatal e iminente. E, depois disso, perfeição não chegava nem perto de definir aquela família, se é que um dia já chegou...

Alvo espichou o pescoço e pôde ver a Madame Rosmerta manando a sobrinha aparatar até o depósito e pegar mais caixas de cerveja amanteigada, ao que a garçonete respondeu com uma cara feia, mas depois obedeceu e, com um giro, desapareceu.

– Argh! - fez McLaggen, dando outro gole em sua garraafa de hidromel. - O que diabos tem aqui? Tenho que ter uma boa conversinha com o chefe sobre essas coisas que tenho que passar...

Ele fez uma espécia de gargarejo e se voltou para Alvo.

– Escuta aqui, Potter - ele se levantou e apontou o dedo para o garoto. - Eu não gosto nem um pouco da sua fama.

– Ah, eu também não! - disse Alvo. Córmaco provavelmente achou que ele estava tirando uma com sua cara, pois bateu a garrafa om força no balcão.

– Eu não aturo falsidade de celebridade, garoto! - McLaggen tornou, baixinho, para não chamar a atenção. - Tampouco acho que você mereça toda essa admiração dessa gente idiota que vai virar as costas quando você voltar a dar ataques de loucura e ver o Rondres por todo o lugar.

– Ei! Eu vi ele! - defendeu-se Alvo. O homem cruzou os braços e sorriu. - Será? Bom, eu teria mais cuidado ao andar por aí... Escolhido. Ao dizer a última palavra, o bruxo puxou uma corrente de dentro da blusa e apertou a medalha de modo a ficar bem visível à Alvo, e o garoto mirou o objeto. Era de uma madeira escura e, marcado em tinta branca, estava entalhado um símbolo: uma varinha apontada para um relógio de parede. Alvo olhou confuso para McLaggen, mas este lhe deu um sorriso enigmático, como se quisesse dizer algo à ele, mas o homem simplesmente lhe deu às costas.

– Onde pensa que vai, McLaggen? - gritou a Madame Rosmerta.

Córmaco parou. Fez um aceno com a varinha e os galeões saíram voando de seu bolso até a mão estendida da mulher.

– Para o Cabeça de Javali - o bruxo respondeu. - Pelo menos lá as bebidas não tem esse gosto de xixi de duende.

E foi embora deixando Alvo parado feito um idiota, tentando entender o que acabara de acontecer.

Quando a garçonete lhe entregou as cervejas amanteigadas, Alvo voltou para a mesa dos amigos.

– Poxa, foi fabricar as cervejas? - reclamou Carlos.

– Eu tava... Tava conversando com um homem. - Respondeu ele, perdido em seus pensamentos.

Carlos murmurou alguma coisa e agarrou a garrafa.

– Juntos? - perguntou ele. Rosa assentiu e os dois deram o primeiro gole ao mesmo tempo, enquanto Alvo ainda mantinha a cerveja erguida na altura da boca. - Isso é... Perfeito! Parece até um gosto diferente...

Mas Alvo não estava ligando para isso. Os amigos estavam absortos em uma conversa animada, porém Alvo continuava mirando o nada. O que será que McLaggen queria dizer?

Mas foi somente quando Carlos começou a comer os biscoitos de abóbora do verão que uma lâmpada se acendeu sobre a cabeça de Alvo.

– Ah, só o Aberforth para nos dar essas raridades assim tão fácil... - comentou ele, de boca cheia.

– Espera! - exclamou Alvo, repentinamente. - É isso!

– Já nos vimos antes, senhor, sou Brubock. E o senhor é Alvo Potter. – o garoto assentiu e notou que ele havia ignorado a parte do trabalho propositalmente. – Eu preciso lhe entregar um recado muito importante, por favor, senhor, tome cuidado com o que o procura em Hogsmeade.

– É isso! – ele repetiu. – Era disso que o Brubock tava falando! Tem alguma coisa estranha com o Aberforth! E Córmaco McLaggen está envolvido!


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Notas finais do capítulo

#StayStrongBessie
Gostaram?? Gente, eu pesquisei muito sobre Hogsmeade pra escrever esse capítulo e havia uma grande polêmica sobre a Zonko's e a Gemialidades Weasley, e se vocês lembram, a Zonko's tinha fechado em 1996, quando a coisa começou a ficar feia, e aí os gêmeos abriram a loja mais ou menos nessa época, alguns dizem que a Zonko's abriu um ano depois, e há boatos de que seja filial, mas eu não encontrei nada oficial então, para não ter confusão, na minha fanfic, a GW não é uma filial da Zonko's, ok? É por isso que as duas têm essa rivalidade, o que resultou no Sr. Rukk querendo passar a perna nas crianças.
Mas e então, o que acharam? Aberforth está diferente? E o McLaggen? Por que disse aquilo para o Al? E o que diabos era aquele colar estranho? Quanto mistério... Mas o maior mistério é e sempre será este: Malfoy molhou ou não as calças?????
E o que acharam do capítulo gigante? Preferem assim ou menor? Eu, particularmente, não gosto de ler capítulos grandes pelo computador, mas vocês que sabem...
Enfim, se leu até aqui não custa nada comentar, né?