Alvo Potter E O Mensageiro De Boráth escrita por Amanda Rocha


Capítulo 10
O curioso aviso


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, eu postei esse capítulo mais cedo que o normal - não demorei um mês dessa vez XD - porque a primeira temporada, Alvo Potter e o Medalhão de Prata chegou aos quatrocentos reviews! Na verdade, já passou um pouquinho, mas eu tinha esquecido de avisar kkkk Enfim, mesmo assim são QUATROCENTOS REVIEWS! Nunca que eu ia imaginar ter tantos comentários assim... Muita obrigadaa à vocês, leitores queridos que comentam sempre *w*Este capítulo é dedicado a minha querida Srta Alguma Coisa, que recomendou a história. Honey, espero que goste desse capítulo!E nesse tem um pouco de suspense e mistério pra vocês...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/368067/chapter/10

Sim, em pouco menos de duas semanas de aula, Alvo Potter já estava odiando Adivinhação. O pior de tudo era que, se ainda fosse apenas as coisas chatas da matéria tudo bem, mas não, a professora, bem como o pai lhe avisara, não parava de predizer coisas perigosas sobre ele.

– Ela disse que você vai morrer? – perguntou Rosa, na manhã de quinta-feira.

– Não com todas as letras. – ele admitiu. – Mas também me dizer “seu destino será horrível, querido” não é nada muito animador.

Carlos e ela concordaram, talvez porque já sabiam bem que Alvo era uma pessoa muito pessimista e quando se tratava de seu futuro, ele podia ficar horas teimando que não havia chances de ele sobreviver. “Você e o Tiago são mesmo irmãos. Um mais teimoso que o outro...”, dizia Rosa.

A outra matéria nova que Alvo estava tendo esse ano era Runas Antigas, e era tão chata quanto Adivinhação.

– Você não entende o quanto isso é importante para os bruxos? Para você, Al? – Rosa retorquiu.

Alvo entendeu na hora que o fato de ser importante para ele aprender Runas Antigas estava ligado a Bob Rondres.

– Eu não vou sair pelo mundo procurando Horcruxes, Rosa. – ele respondeu.

Rosa virou para os dois lados e parou, meio nervosa.

– Eu não quis dizer que você seja uma Horcrux, Al, eu só... – ela começou, mas não pareceu achar as palavras certas para terminar.

– Ele também não está criando Horcruxes. – o garoto resmungou, não dando bola para o pequeno incômodo em seu estômago que sempre vinha quando ele falava dessas coisas. – Não é o tipo dele. Ele é orgulhoso demais para admitir que precise de segurança quando o mundo inteiro está o perseguindo. Criar Horcruxes seria como aceitar o fato de que você é mais fraco do que eles.

Carlos parecia estar perdido na conversa, porque coçou a cabeça e, apertando os olhos, concordou lentamente. Rosa olhou para os lados novamente e depois mudou de assunto:

– Ainda não começou a temporada de quadribol, não é?

– Não. – respondeu Alvo.

– Hugo gostaria de fazer o teste. Na verdade, papai meio que o obrigou, mas ele faria de qualquer jeito...

Hugo e Rosa eram outros que logo que chegaram já conseguiram o ódio de Draco, e Alvo, podia-se dizer, fora o culpado por isso.

Certo dia, ele acabara se atrasando para entregar o trabalho sobre os barretes vermelhos – que, na verdade, ele havia esquecido de fazer e estava improvisando um pequeno texto na aula – e só o concluíra duas horas depois.

– Ele nunca vai te deixar entregar. – Rosa avisou.

– O prazo era até quinta-feira. Ainda estamos na quinta-feira, não é? – ele respondeu e saiu no meio da aula de Feitiços para entregar o trabalho.

Entrou afobado na sala, interrompendo a aula do primeiro ano.

– Ah, professor eu... – mas sua voz foi sumindo enquanto o professor fechava a cara. Ele deu uma rápida olhada em volta e viu os primeiranistas o olharem com admiração. Hugo e Lilí acenaram e uma menininha exclamou:

– Alvo Potter, O Escolhido!

Ele ficou meio nervoso com isso, mas com certeza o pior foi a cara de Draco. Ele teve uma súbita vontade de sair correndo dali, mas não, já estava ali, eram só algumas palavrinhas.

– Eu só... – ele começou. – Só queria entregar o meu trabalho sobres os barros vermelhos. Barretes! – corrigiu.

Alguns alunos riram. Ele estendeu o trabalho para o professor, mas este não pegou. Ao invés disso, deu um sorriso desdenhoso.

– Então você entra aqui em minha sala, atrapalha minha aula e vem pedir para que eu aceite seu trabalho? O senhor está ciente de que eu não estou mais dando aula ao terceiro ano, Potter?

– Ahn, sim, eu só... Achei que talvez o senhor aceitaria porque, bem, o prazo é até quinta-feira, e ainda é quinta-feira, então...

– Ah, ora essa, vejam isso! Então o audacioso Potter acha que está tudo bem me entregar o trabalho uma hora e meia depois da nossa aula porque ainda é quinta-feira, não é? Esqueceu de fazer o trabalho, Potter? Estava metido em encrencas com seu irmão, imagino. Ou apreciando sua preciosa primeira página do Profeta Diário?

Ele sentiu as bochechas esquentarem e negou.

– Não, senhor. Apenas me esqueci, mas... Aqui está.

– E você espera que eu aceite? – o professor ergueu a sobrancelha. – Ah, imagino que ter a metade da família nessa escola lhe deixe seguro o suficiente para se achar o bambambã, não é, Potter? Ser filho do grande Harry Potter não te dá o direito de se achar...

– Invejoso... – Hugo murmurou, baixo o suficiente para que somente Alvo, que tinha o ouvido muito apurado, ouvisse. Infelizmente, quando se tratava de ferrar com os alunos que odiava, o Prof. Malfoy fazia o possível e o impossível.

– O que foi que disse, Weasley? – Hugo encolheu-se na cadeira e desviou sua atenção para uma mancha em seu pergaminho. – Acha que tenho inveja do Potter? Ah, mas não vejo razão para invejar um grande idiota que...

Não fala do meu pai! – Alvo guinchou, juntamente de Lilí.

Draco abriu um largo sorriso, se divertindo com o atrevimento dos dois. Alvo, que já sabia bem no que ia dar, nem retrucou mais. Ah, e é claro, aquela resposta eliminou completamente as chances que ele tinha de entregar o trabalho sobre os barretes vermelhos. E também, a partir dali, Hugo e Lilí ganharam o ódio do professor. “Bem vindos ao time”, foram as palavras de consolação de Tiago.

– É o que eu digo. – Rosa disse, desanimada. - Os Weasley são azarados, e todos os que estão ao nosso redor pagam o pato junto...

Alvo foi obrigado a concordar.

O que o mantinha motivado era o primeiro passeio a Hogsmeade, que seria dali duas semanas. Hugo e Lilí, para variar, fizeram um fiasco dizendo que era uma grande injustiça que eles não pudessem ir também, exatamente como fizeram quando não puderam ir a Hogwarts.

O terceiro ano era bem puxado. Talvez fosse porque estava ficando mais preguiçosa, assim como o pai, mas Rosa já não estava tão animada para as aulas. Até reclamava mais das aulas de História da Magia, havia esquecido de fazer dois trabalhos de Poções, e toda a vez que ia ler um livro nas horas vagas acabava dormindo logo na segunda página. Aquilo deixava Alvo preocupado, se até mesmo Rosa não estava dando conta de toda aquela matéria, quem dirá Carlos e ele...

Annie e Clarissa, que eram nascidas trouxas, também estavam realmente apavoradas com a quantidade de deveres que tinham no final do dia.

– É, o que me conforta é saber que nas escolas dos trouxas é bem pior... – Clarissa disse, num longo suspiro e voltou ao seu dever de Herbologia.

Na sala comunal da Grifinória, os alunos do terceiro e quinto ano ficavam acordados até tarde todas as noites terminando deveres.

– Terceiro e quinto anos... Os mais difíceis que existem... – Tiago resmungava. Alvo concordava plenamente, embora se lembrasse muito bem de achar isso sobre cada ano que passara em Hogwarts.

Mas os alunos do quinto ano realmente padeciam com vários livros até tarde da noite, pois aquele era ano de NOM’s. Tiago, Matt, Daniella recorriam para Suzanna, que lhes explicava toda a noite a matéria do quinto ano.

– Como é que você sabe de tanta coisa? – Matt perguntou, num bocejo.

– É simples, está tudo aqui nos livros, basta ler as entrelinhas, oras. – ela dizia, encolhendo os ombros. Outra que não parecia medir esforços para entender a matéria era Alice, embora isso ainda fosse uma grande incógnita, pois ela ficava lendo durantes horas os livros de cabeça para baixo.

– Nem questione... – Tiago dizia para Fred. – Tal Luna, tal Alice...

Mas talvez para Tiago e Daniella realmente fosse pior, pois os dois, além de terem que aprender toda a matéria do quinto ano, ainda tinham que cuidar de seus deveres de monitores. Matt parecia um pouco enciumado quanto a isso, sempre que tocavam nesse assunto ele fechava a cara e ficava olhando para o teto, embora Tiago estivesse deixando bem claro que ser monitor era uma coisa bem chata – o que Alvo suspeitava que fosse apenas para animar o amigo.

Fred, por outro lado, curtia seu segundo ano tranquilamente. Ele até mesmo conseguiu a fama de defensor dos fracos e injustiçados. Essa história toda começou com Max Connó, um garoto do terceiro ano que parecia ter medo até da própria sombra. Alvo lembrava bem que no primeiro ano Scorpius lhe entregara as Caixas Mágicas e o garoto ficara completamente traumatizado. O único problema é que no último verão, Max crescera demais, estava maior que Alvo, e andava todo desengonçado como se ainda não tivesse se acostumado com a altura. Certo dia, porém, Max acabara se metendo em confusão com os alunos da Sonserina – não que ele tivesse feito alguma coisa, afinal, não era preciso provocar para se dar mal com os sonserinos – e Fred, que gostava de se meter na briga dos outros para “ajudar”, se enfiou no meio deles e disse que se não deixassem o garoto em paz ele ia mostrar a fúria Weasley. Alvo não fazia ideia de como ele conseguia essa fama, porque ele próprio podia dizer que iria mostrar a fúria dos Potter e todos cairiam na gargalhada... Outra que se tornara a “protegida” de Fred, fora Nicole Dursley. A garota sofria muito por ser nascida trouxa, e Fred a acompanhava para todos os lugares, o que Alvo achou totalmente desnecessário já que ele dissera que ficaria de olho nos sonserinos para ela, mas resolveu não falar nada...

Outra aula que Alvo achava uma completa perda de tempo era Astronomia. Ele simplesmente não via razões para aprender coisas como a distância que cada lua de Júpiter tinha uma da outra, sem falar que a Prof.ª Margarete vivia o adulando o tempo inteiro. Sua irmã, Morgan, a subdiretora, odiava tanto Alvo quanto Margarete o amava. Às vezes Alvo se confundia com as duas, pois eram gêmeas e a única coisa que lhes permitia diferenciar uma da outra era a feia verruga que Morgan tinha bem no meio da testa, afora isso elas eram idênticas. Mas Alvo sentia-se grato por não ter mais aulas com Morgan de voo, pois de professores que o odiavam ele já estava cheio.

À caminho da aula de Runas Antigas, Alvo teve que aguentar Rosa tagarelando sobre como se sentia culpada sobre o dever de casa de DCAT.

– Eu realmente acho que errei a questão sete... Tenho absoluta certeza que errei... – ela dizia.

– Então você errou. – Carlos disse, num tom que provavelmente ele achou ser tranquilizante.

– Mas eu posso ter acertado, sabe, talvez os barretes vermelhos realmente sejam encontrados somente no norte da Europa, não no Sul... – retorquiu Rosa.

– Então você acertou. – Carlos revirou os olhos.

– Mas e se... – Rosa começou, mas Carlos a interrompeu.

– Rosa, por favor, eu realmente não quero ficar pensando nisso, ok? Você errou, não podemos fazer nada, então aceite a verdade e poupe-se da dor!

– Mas eu não tenho certeza se errei porque...

– Então seja feliz com sua resposta certa, mas eu não quero ficar pensando nisso e me lembrar que errei a metade do dever!

Alvo também não gostava de ficar pensando em trabalhos após entrega-los. Especialmente esse de DCAT, já que a resposta atrevida que ele dera ao professor acabara com suas chances de poder entregar o trabalho, não que ele já tivesse muitas, é claro...

A professora de Runas Antigas, a Prof.ª Maggdoll, era uma mulher baixinha e gorducha, seus cabelos grisalhos já eram calvos, e ela tinha uma enorme falha no topo da cabeça. Alvo não suportou ela no instante em que a conheceu. E ela também não gostou nada de Alvo...

– Vamos lá, falem-me um pouco sobre vocês. – disse ela, no primeiro dia de aula, embora não parecesse estar nem um pouquinho interessada nisso.

Mia Sobith, uma menina extremamente chata e metida que divide o dormitório com Rosa, começou a contar toda a sua vida, como se alguém se importasse.

–... Mas ele foi mordido por um cachorro e morreu, e também tinha um sapo, mas ia ser um vexame se eu aparecesse com ele por aqui, então eu dei para o meu primo. – a garota terminou, sorridente. Maggdoll forçou um risinho e olhou em volta:

– Então, alguém mais quer me contar mais alguma coisa? –porém, ninguém falou nada então Mia desatou a falar novamente:

– Ah, a nossa turma é mesmo quieta na frente dos professores, só que quando vocês saem é que começa a bagunça... Não é, Alvo?

Alvo demorou até perceber que estavam falando com ele, e foi preciso que Rosa o cutucasse.

– Hã, o que?

Mia soltou uma risadinha para Alvo e voltou-se para a professora.

– Eles não são de assumir o erro na frente dos professores, é claro. – ela disse.

Alvo olhou incrédulo para Carlos e Rosa, mas a professora, porém, soltou um belo sorriso, pela primeira vez desde que chegara.

– Então ele é o bagunceiro da turma, é? – perguntou ela, satisfeita com a cara de Alvo. -Bom saber, muito bom saber...

Alvo teve vontade de lhe dar uma resposta muito mal criada, mas resolveu ficar quieto.

– Na verdade o Alvo é um dos melhores alunos. – defendeu Annie. Clarisse concordou. – Ele sempre sabe todos os feitiços.

Alvo sentiu-se grato por cinco segundos até Malfoy olhar os dois e começar a rir daquilo, e ele sabia bem o por que... Suas bochechas coraram, mas para a sua sorte a professora – que não parecera acreditar muito naquilo - já voltara a falar:

– Mas nós não estamos na aula de Feitiços, não é? – riu a professora. Sua risada parecia inocente, mas por alguma razão Alvo não sentia nenhuma vontade de rir junto com ela.

A primeira aula de Runas Antigas fora um fiasco. Bom, pelo menos para Alvo, que não achava a matéria nada interessante e a professora muito menos. Rosa, por outro lado, ficava animada a cada vez que acertava as palavras que a professora falava e esta lhe concedia, de má vontade, um ou dois pontos para a Grifinória.

– Só podia ser da Sonserina... – resmungou Carlos. – Ela, o Draco e a Chollobull, não sei qual é o pior.

Alvo não gostava de acordar cedo, e em aulas entediantes como estas seu cérebro parecia simplesmente sair voando de sua cabeça. Tanto que ele foi pego de surpresa quando a professora chamou o seu nome:

– Potter? Potter, você tem algum problema de audição?

Ele despertou de seu transe de pensamentos – todos eles envolviam sua cama quentinha e aconchegante que o esperava a alguns andares dali – e olhou para a professora tentando não parecer completamente perdido.

– Hm... Professora?

– O senhor pode me dizer o que está escrito na primeira linha? – ela apontou com a varinha para o quadro. Alvo apertou os olhos. Outra coisa que ele odiava era ter que forçar a visão e, talvez precisasse de óculos – ou talvez era apenas a enorme vontade de dormir que ele estava neste momento -, mas ele demorou para focalizar as letras.

Nepil chubujo vykik jviyps Boráth. – ele leu, a língua enrolando a cada palavra.

Alguns riram.

– Não brinca! – a professora zombou. – Perguntei sobre a tradução. Acabei de dizer a turma o que significa, Potter.

Ele evitou olhar para o restante da sala e sentiu os olhos pesarem ao olhar novamente para o quadro. Nepil, talvez quisesse dizer Neville em Runas Antigas. Não! Nomes não podem ser traduzidos para as runas. Chubujo, ele não fazia ideia do que fosse.

– Desculpe. – murmurou. – Não sei.

A professora soltou um muxoxo de satisfação.

– Mas é claro que não sabe, e nem vai saber se continuar nesse seu mundinho da lua, Potter. Vamos, acorde e preste atenção na minha aula. – Alvo endireitou-se na cadeira e mexeu levemente a cabeça em concordância – Nepil, como está na listagem das palavras inicadas com a consoante “n” e com duas vogais no meio, significa, na maioria dos casos, uma palavra de cinco letras. Nesta frase, nunca. É possível ver a semelhança, já que a maioria das palavras da nossa língua é oriunda das Runas Antigas, aí a importância de estudarmos as...

– Achei que a maioria das palavras da nossa língua viessem do grego e do latim. – Clarisse disse.

Maggdoll soltou uma risada sarcástica.

– Trouxas e sua mania de quererem saber de tudo.

Clarisse ficou visivelmente ofendida, já que era nascida trouxa. Alvo acabara de oficializar sua antipatia pela professora.

– Eles criam inúmeras desculpas para não admitirem que a magia existe, mesmo estando bem debaixo de seus narizes. – prosseguiu ela. – É claro que temos uma grande quantidade de palavras vindas do grego e do latim, mas agora lhe pergunto: de onde veio a grande influência que o grego e o latim sofreram?

Rosa ergueu a mão.

– Esta foi uma pergunta retórica, minha cara. – a professora disse, fazendo a mão da garota abaixar no mesmo instante. – Todos sabem que as Runas Antigas afetaram consideravelmente línguas mundialmente conhecidas como o grego e o latim e...

– Mas, professora, isso não é possível... – Rosa começou, mas a professora lhe interrompeu:

– Não, não, mocinha, eu estou dizendo que foi assim, a senhorita está dizendo que sabe mais do que uma especialista em runas como eu? – ela ergueu a sobrancelha. Rosa sacudiu a cabeça. – Pois bem. Agora copiem o que vou ditar.

Com a cabeça cheia de coisas chatíssimas como as primeiras tribos germânicas, o Furthark e mais alguns outros alfabetos rúnicos antigos, Alvo já havia se esquecido completamente que a professora iria lhe cobrar a frase que pedira para ele traduzir no início da aula. Infelizmente, quando a professora também parecia ter se esquecido disso, Scorpius fizera a besteira de lembra-la. Alvo teve uma imensa vontade de enfiar uma meia na boca do garoto quando ele começou a falar.

– Ah, mas é verdade! – ela exclamou. – Obrigada por me lembrar, Sr. Malfoy. Vamos lá, Potter, você não vai escapar! Pode vir até aqui.

– Aí? – Alvo se assustou. – Eu posso traduzir daqui, obrigado...

– Não, não, creio que você saiba muito bem fazer aqui, para toda a turma.

Indignado com as risadinhas de Malfoy e os irmãos Jofrey, Alvo levantou-se desajeitado e caminhou até a professora, ciente que a maioria da turma o assistia como a uma atração em um circo.

Maggdoll fez uma espécie de mesura para o quadro e depois cruzou os braços esperando que Alvo começasse. Ele limpou a garganta e ficou de costas para a turma, para evitar que ele acabasse pagando papel de idiota – não que isso fosse adiantar muito.

– Hm... Nepil é... Nada, eu acho... Não... Nunca, porque se parecem, certo? E tem aquela coisa de associação das cinco letras...

A professora era uma mistura de riso e decepção. Riso porque Alvo estava se atrapalhando a cada palavra que tentava explicar e decepção porque, com certeza, esperava que ele não soubesse nada.

Ele ia dizendo cada palavra e dava uma rápida olhada para o relógio no pulso. Faltavam três minutos... Dois...

– E, hum... Jiviyps seria uma espécie de pomba, não é? Uma ave ou algo assim... E Boráth... Boráth, é... Bom, eu...

– Vamos lá, Potter. – disse a professora, consultando o relógio. Pelo visto, ela pretendia fazê-lo terminar a tradução antes que acabasse para que todos pudessem ver o “espetáculo”. – Boráth é a última.

– Certo... Boráth... – ele pensou e puxou na memória, mas por mais que forçasse ele não se lembrava o queria dizer essa maldita palavra. – Eu não lembro.

– Então deduza. – Maggdoll revirou os olhos. – Já fez as outras, deduza esta última.

Alvo desejou que já tivesse batido o sinal.

– Certo, eh... Nunca deixe... A pomba ou a galinha levar o... Ovo?

Neste exato momento, para sua felicidade, o sinal tocou e abafou as gargalhadas dos alunos da sonserina. Alvo, aliviado, virou-se para pegar seu material quando a professora o chamou.

– Ah, Potter, quero que fique aqui.

– Por que? – ele se arrependeu de perguntar isso no mesmo instante em que terminou. Maggdoll o devorou com os olhos.

– Porque quero lhe dar uma pequena ajuda em minha matéria. – ela disse, quase num sussurro. Alvo sentiu um arrepio na espinha ao olhar diretamente em seus olhos e resolveu não falar nada.

Carlos e Rosa passaram por ele e lhe deram tapinhas solidários enquanto ele se sentou na cadeira da frente e ficou esperando a turma sair.

– Levante-se, Potter. – ela ordenou, quando a sala esvaziou. Ele obedeceu.

– Sim?

– Pelo que vi você tem dificuldade em minha matéria. – ela disse, como se sentisse prazer em dizer aquilo.

– Na verdade é a primeira vez que estou vendo Runas Antigas, então... – ele começou, mas foi silenciando quando a professora fez um gesto como se espantasse uma mosca.

– Ah, não é desculpa. Veja os garotos Jofrey e o menino Malfoy, pegaram muito bem as minhas dicas.

Alvo achou que ela estava brincando, pois os irmãos Jofrey, além de se parecerem com dois lagartos extremamente altos e corpulentos, eram tão inteligentes quanto estes. Malfoy também era outro que mal sabia diferenciar acônito licoctono e acônito lapelo – não que Alvo soubesse -, mas ela não deu indícios de estar brincando então Alvo apenas fingiu não ter ouvido a última parte.

– É, acho que tenho um pouco de dificuldade. – ele admitiu de uma vez, quando ela começou um discurso chato sobre como ela sempre teve aptidão para Runas Antigas.

– Não se preocupe, você só precisa rever o que eu falo e gravar que palavras começadas com letras do começo do alfabeto provavelmente significarão para nós palavras começados com letras do fim do alfabeto. Então, Potter, deduzindo por essas palavras que você já traduziu com minha ajuda, diga-me o que quer dizer Boráth.

Alvo respirou fundo e olhou para aquela palavrinha escrita no quadro-negro com um olhar tão suplicante como se a palavra pudesse lhe sussurrar seu significado. Ele pensou em tudo, mas a única conclusão que chegava era que Boráth queria dizer ovo.

– Por que você ainda insiste com esse maldito ovo, menino? – ela já estava irritada, e Alvo achou aquilo muito injusto já que fora ela mesma quem pedira para ele ficar ali.

– É que Jiviyps é galinha ou pomba... Não é? – ele tentou explicar.

– Jiviyps quer dizer voo, Potter, voo. – ela suspirou e sentou-se na cadeira olhando para ela. – E Boráth, Potter? Vamos, nunca deixe o voo levar o...?

Alvo já ia responder ovo novamente, mas teve certeza que se fizesse isso a professora iria lhe bater então ele abriu a boca várias vezes, mas não disse nada.

Tempo, Potter! – ela lhe disse. – Será que é tão difícil deduzir uma palavra? Nunca deixe o o voo levar o tempo se você traduzir palavra por palavra, mas para eles seria nunca deixe o vento levar o tempo, ou com a nossa adaptação: o tempo voa! Simples, não é? Mas como você tem um pequeno probleminha com o tempo eu sugiro que escreva no quadro negro “Boráth quer dizer tempo” até isso entrar na sua cabeça.

– Mas eu... – Alvo começou, mas achou melhor parar. Pegou a varinha e antes que pudesse começar a professora a confiscara de sua mão.

– Sem varinha, Potter, pegue um giz na minha gaveta. – ela disse, e sentou-se na cadeira para observa-lo.

Alvo deu um longo suspiro e tirou uma caixinha com giz, e começou a escrever. Sua mão tremia, talvez porque estivesse com raiva por ser o único a não estar se divertindo nos jardins da escola ou mesmo porque estava sendo observado. Isso era algo que ele odiava. Sentia-se como um animal em um zoológico. Depois de ocupar todo o quadro negro, ele fez um sinal para a professora e esta veio conferir. Alvo tratou de se ocupar guardando o giz porque olhar diretamente nos olhos dela dava-lhe uma sensação estranha. Ela fazia um barulhinho com a boca enquanto verificava, mas Alvo levou um tremendo susto foi quando ela soltou uma exclamação repentina. Ele se assustou e acabou derrubando a caixa de giz no chão, espalhando giz e sujando toda a roupa.

Maggdoll o olhou e soltou uma espécie de risada pelo nariz. Alvo apressou-se em juntar os gizes e passar a mão na roupa, embora ele soubesse que não ia sair.

– Hm... Já posso ir? – ele perguntou, as bochechas coradíssimas. A professora olhou para o quadro satisfeita e depois assentiu. Alvo pegou a mochila e saiu às pressas dali.

“Ótima aula de Runas Antigas”, ele pensava enquanto descia as escadas, “realmente ótima...”. Bom, uma coisa era certa, Alvo nunca mais esqueceria o significado de Boráth.

Ele cruzou com Molly no corredor. A ruivinha andava rigidamente e com uma excelente postura.

– Olá, Alvo. – ela cumprimentou, formalmente. Ela o olhou de cima a baixo e parou o olhar em sua blusa amarrotada e suja de giz e deu um muxoxo de reprovação. Alvo revirou os olhos.

– Olá. – murmurou, e voltou a andar. E essa agora. Alvo não gostava nem um pouco de ter metade da família na escola. Ele sentia-se vigiado vinte e quatro horas, era como se não importa onde fosse sempre teria um Weasley lá.

Com a cabeça fervilhando de respostas malcriadas que ele queria ter dado à Maggdoll, Alvo já ia passar reto quando ouviu um barulho e um lampejo vindo de uma sala de aula aberta. Ele hesitou e, depois de olhar para os dois lados, meteu a cabeça por entre a porta. Já ia voltar achando que era só um aluno quando o reconheceu. Os cabelos loiros e os olhos azuis brilhantes, o sobretudo que lhe ia até os pés e o deixava parecendo ainda mais baixinho. Ele segurava dessa vez, uma bolsa preta velha e surrada, onde ele havia acabado de guardar alguma coisa.

– Ah... Olá, Sr. Potter! – o garoto, surpreso, estendeu a mão para Alvo, que demorou até aperta-la.

– Hm... O que... Isso é um sonho ou...? – ele perguntou, porque tinha certeza que o garoto não era real. Primeiro ele aparecera em sua casa do nada e desaparecera e agora estava aqui em Hogwarts, sem falar que não devia ter mais que sete anos e não estava acompanhado de ninguém mais velho.

– Não, é real. – o garoto sorriu. – Eu não tenho mais muito tempo, mas precisava vir lhe entregar um recado, senhor. É muito importante.

Alvo piscou os olhos com força para conferir se não estava dormindo mesmo. Ele olhou para trás e depois vasculhou a sala com o olhar, talvez fosse só mais uma pegadinha de Scorpius ou mesmo de Tiago. O que aquele garoto estava fazendo ali? E qual era mesmo o nome dele? Brulho ou uma coisa assim...

– Brubock, senhor. – o garoto esclareceu e Alvo o olhou desconfiado. É claro, o garoto lia pensamentos, dissera isso na outra vez. Isso era muito estranho, muito estranho. – Desculpe, senhor, mas é que faz parte do meu trabalho.

– Trabalho? – repetiu Alvo. Um garotinho não podia trabalhar. – Do que você está falando? Eu... Eu não conheço você.

– Já nos vimos antes, senhor, sou Brubock. E o senhor é Alvo Potter. – o garoto assentiu e notou que ele havia ignorado a parte do trabalho propositalmente. – Eu preciso lhe entregar um recado muito importante, por favor, senhor, tome cuidado com o que o procura em Hogsmeade.

Alvo passou a mão pelos cabelos e fitou o garotinho.

– Hm... Certo. – disse, achando melhor não fazer muitas perguntas. Talvez ele estivesse perdido por ali. – Você está sozinho ou seus pais...?

– O senhor tem que se cuidar. – o garoto disse, o ignorando. – O mundo já não é mais o mesmo, e é ainda mais perigoso para o senhor, Alvo Potter. Ele o quer, e ele é muito engenhoso, não confie em nada que venha muito fácil, senhor, por favor, não confie.

– Olha, eu realmente não sei o que isso quer dizer, e não sei porque você está aqui, mas eu não... – ele começou, mas o garoto não lhe deu atenção e tirou um medalhão do bolso.

– Eu preciso ir, senhor... – ele disse, o consultando. - E não se esqueça do que eu disse, é muito importante.

– Ei, espere! Para onde você vai? – Alvo perguntou.

– Depois da batalha o viajante descansa. – o garoto disse apenas, e guardou o medalhão no bolso. Alvo ficou o encarando com a sobrancelha erguida esperando que ele lhe explicasse o que isso significava, mas o garoto puxou o capuz do seu casacão e nesse instante um lampejo invadiu a sala. Quando Alvo abriu os olhos o garoto já não estava mais lá.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eeeeta aviso louco, hein... Brubrock tem uns parafusos soltos na cabeça, isso sim... Mas então, gostaram da minha aula de Runas Antigas?? Espero que tenham gostado, porque eu estou ensinando coisas bem mas legais que as que vocês aprendem nas escolas trouxas u.u Mas meus queridos, não se acostumem com essa moleza de capítulo o tempo todo não, hein, o próximo vai demorar...#PartiuMandarMeuCurrículoPraHogwarts u_u